terça-feira, maio 04, 2010
Menina que teria sido agredida por procuradora rejeita psicólogo em avaliação
Menina que teria sido agredida por procuradora rejeita psicólogo em avaliação http://odia.terra.com.br/portal/rio/
Rio - Aparentando desespero e chorando muito, a menina de dois anos e dez meses, que seria adotada pela procuradora aposentada Vera Lúcia Gomes, teve sua avaliação psicológica interrompida, na tarde desta terça-feira, na Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV). A menina, que teria sido agredida por Vera Lúcia, evitou qualquer contato com os profissionais e só quis ficar ao lado de pessoas conhecidas do abrigo em que vive, depois de te sofrido agressões. De acordo com o psicólogo Gilberto Fernandes, responsável pela avaliação, ela evitou qualquer contato e ficou de costas para os profissionais que a atendiam. Para ele, a menina só aceitou uma escova de pentear os cabelos e não teve qualquer condição de continuar. A criança foi encontrada pelo Conselho Tutelar com sinais de maus-tratos na casa da procuradora em 15 de abril. A menina estava com olhos tão inchados e roxos que mal conseguia abri-los. Os psicólogos pretendiam fazer com que a menina fosse estimulada a falar sobre a agressão e os dias em que esteve vivendo na casa da procuradora, em Ipanema, Zona Sul do Rio. Os profissionais pretendiam usar desenhos e fazer brincadeiras para que a criança pudesse falar sem que fosse forçada, o que poderia agravar o trauma.
Novos passos da investigação A polícia agora considera dois caminhos para dar continuidade à investigação: no primeiro, o laudo feito por uma psicóloga do juizado passará por uma análise e existe a possibilidade de que seja utilizado. Na segunda opção, os profissionais tentariam entrevistar a menina no abrigo em que ela está vivendo, que é um ambiente de costume. Segundo autoridades policiais, o depoimento deve ser colhido com muita cautela e, para isso, uma pessoa qualificada deve ser designada. Em caso de constatação de violência, um relatório poderá ser usado na ação penal. A procuradora Vera Lúcia Santana Gomes, de 57 anos, foi indiciada por tortura e racismo pela 13ª DP(Copacabana). Segundo a delegada Monique Vidal, Vera Lúcia admitiu que xingou a menina de ‘cachorrinha’: “Ela disse que isso não é nada demais porque ela gosta de cachorro”. A delegada informou ainda que o exame de corpo de delito na menina mostra que as lesões são graves e foram feitas em dias diferentes. A menina foi morar com a procuradora em 12 de março. Desde então, segundo os depoimentos dos ex-funcionários à Justiça e à polícia, a menina começou a sofrer as agressões. Revoltados e submetidos a ameaças da procuradora, eles pediram demissão. “Já não aguentava mais”, revelou uma ex-empregada doméstica da procuradora. Apesar de ter apenas 2 anos, a vida dela nunca foi fácil. Abandonada duas vezes pela mãe biológica, a menina morou em abrigos quase todo o seu tempo de vida e há dois meses passou a receber as visitas da procuradora, depois de autorização da Justiça. Carinhosa, T. rapidamente se afeiçoou a Vera Lúcia, a quem já chamava de mãe. O novo lar confortável e a nova mãe pareciam ser perfeitos. Para conseguir a guarda provisória de menina, a procuradora passou por um rigoroso e longo processo. Durante um ano, ela participou de reuniões mensais com membros do Conselho Tutelar e profissionais da Vara da Infância, da Juventude e do Idoso, passou por avaliação psicológica e por uma pesquisa social até, finalmente, obter a habilitação para adoção, quando o juiz autoriza o candidato a ter visitas com a criança.
Vera Lúcia Gomes, procuradora aposentada acusada de tortura e agressão a filha adotiva | Foto: João Laet / Agência O Dia
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