quinta-feira, maio 06, 2010
Crescimento da demanda exigirá uma Belo Monte a cada 16 meses, afirma EPE
Crescimento da demanda exigirá uma Belo Monte a cada 16 meses, afirma EPE
O Brasil precisará de uma Belo Monte a cada 16 meses, se quiser atender ao crescimento da demanda de energia na próxima década. A projeção é da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que divulgou ontem o Plano Decenal de Energia (PDE) 2010-2019, que define as bases para o planejamento do setor. O documento calcula em R$ 951 bilhões a necessidade de investimentos em energia no Brasil até 2019.
A reportagem é de Nicola Pamplona e publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, 05-05-2010.
Os aportes serão necessários para acompanhar o crescimento da demanda total de energia (que inclui eletricidade, combustíveis e carvão), que será de 5,4% ao ano entre 2010 e 2019. Segundo a EPE, do volume projetado, 70,6% serão destinados às áreas de petróleo e gás. Já a geração e transmissão de energia elétrica receberão 22,5% do total. O restante será destinado a etanol e biocombustíveis. O estudo foi elaborado considerando um PIB médio de 5,1% ao ano no período. Nesse cenário, a demanda por energia elétrica crescerá também 5,1%, ou o equivalente a 3,3 mil MW médios por ano - Belo Monte terá 4,5 mil MW médios, ou seja, a cada 16 meses, o Brasil precisará de um bloco de energia equivalente ao da usina do Xingu. A EPE pretende suprir essa demanda sem apelar às usinas térmicas: a ideia é que, a partir de 2014, nenhuma nova térmica entre em operação. Para isso, o PDE prevê a construção de 35.245 MW em novas hidrelétricas até 2019. Desse total, 21.847 MW já estão contratados, como as usinas do Rio Madeira e Belo Monte. São 39 novas usinas, 20 delas com início de operações entre 2014 e 2016. Os projetos de maior capacidade estão na Região Norte, incluindo as usinas-plataforma do Rio Tapajós - a primeira delas, São Luiz do Tapajós, com 6.133 MW de potência, deve ser licitada já no ano que vem. Há ainda 14.655 MW de energias alternativas e 1.405 MW de Angra 3, com início de operações para 2015. O presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, acredita que haverá menos problemas no licenciamento de hidrelétricas do que no passado, alegando perceber "uma postura mais proativa" dos órgãos ambientais. "Já há um entendimento de que as hidrelétricas são melhores do que as outras alternativas", disse, referindo-se às térmicas. No setor de petróleo, a EPE espera que o Brasil torne-se grande exportador, com o desenvolvimento das reservas do pré-sal, e vendas de 2,2 milhões de barris por dia no mercado externo em 2019. Naquele ano, projeta o PDE, a produção nacional de petróleo chegará a 5,1 milhões de barris por dia, crescimento de 155% em relação aos 2 milhões de barris por dia atuais. O estudo prevê que, em 2013, o Brasil deixará de ser importador de derivados, atingindo o pico de exportação de 480 mil barris por dia em 2016 e fechando a década com vendas de 230 mil barris por dia. Haverá também exportações de diesel, que deve atingir os 35 mil barris por dia em 2019, por causa das novas refinarias da Petrobrás. A produção de etanol deve crescer 36,5% até 2019, atingindo os 64 bilhões de litros. De acordo com a EPE, o etanol vai continuar roubando mercado da gasolina, que terá queda de 20% nas vendas até 2019.
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