domingo, junho 27, 2010

Incômodos para quem?

Incômodos para quem?
Presidenciáveis fecham acordos com candidatos polêmicos para garantir tempo de TV e votos
Chico de Gois e Luiza Damé - BRASÍLIA

De olho no legado de votos e do precioso tempo dos partidos na propaganda eleitoral gratuita na TV, os candidatos à Presidência Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) se aliam a conhecidos expoentes da cena política brasileira cujo histórico é de escândalos, mas que têm um eleitorado cativo. Marina Silva (PV), cujo partido não conseguiu se unir a outros até o momento, tem menos indesejáveis em sua tribuna. Militantes e simpatizantes do PT e do PSDB não escondem a insatisfação, mas a maioria prefere ver nas parcerias polêmicas, e até indesejáveis, algo natural na política. Afinal, quanto mais aliados e mais tempo na TV, maiores as chances de conquistar uma fatia maior do eleitorado.
Esse pragmatismo é que define as parcerias que levarão Dilma e Serra a dividir palanques país afora com apoiadores que se destacaram nos últimos anos por desvios de todo tipo.
Políticos que poderiam ser alvos de uma ampla e irrestrita Lei da Ficha Limpa, em fase embrionária este ano.
Maior aliado de Dilma, inclusive com a vaga de vice em sua chapa, o PMDB também é um dos que mais lhe apresentam encrencas. Entre os políticos com uma ficha corrida de problemas ao lado da petista estão nomes como o deputado federal Jader Barbalho (PMDB-PA), candidato ao Senado. Ele teve de renunciar ao mandato de senador por causa de denúncias de desvios de verbas da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), entre outras irregularidades que envolveram até seus familiares.
Outro nome de histórico com problemas no palanque petista é o do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). No ano passado, ficou meses sob suspeição, depois que a imprensa revelou que sua fundação no Maranhão — que leva seu nome — recebeu patrocínios da Petrobras para projetos culturais, mas o dinheiro foi parar nas contas de empresas fantasmas ou da própria família.
Ao lado de Dilma estará também a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB).

Collor vai apoiar Dilma em Alagoas
Outro peemedebista com muitos votos, mas com uma trajetória de ações pouco ortodoxas, é o senador Renan Calheiros (AL), candidato à reeleição. A revelação de que uma empreiteira pagaria suas despesas pessoais o obrigou a renunciar à presidência do Senado, em dezembro de 2007. Junta-se à lista de peemedebistas o governador cassado de Tocantins Marcelo Miranda, candidato ao Senado. Miranda foi cassado, ano passado, por abuso de poder político e pode se tornar inelegível com a Lei da Ficha Limpa.
Fora do PMDB, outra presença polêmica no palanque de Dilma é a do senador e ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB), candidato ao governo de Alagoas. Embora o PTB esteja coligado com Serra, Collor vai apoiar Dilma, com o aval de Lula, que já o recebeu mais de uma vez no Planalto.

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