quarta-feira, setembro 01, 2010
Um recorde que ninguém quer
Um recorde que ninguém quer
Jornal do Brasil
UM DOS TEMAS DISCUTIDOS ao longo da segunda-feira foi o recorde de arrecadação em impostos no país. Os brasileiros já pagaram estratosféricos R$ 800 bilhões em impostos federais, estaduais e municipais somente este ano, segundo o impostômetro da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). A marca foi atingida ontem exatamente 39 dias antes do que em 2009.
Segundo a ACSP, a previsão para a totalidade deste ano é que haja um novo recorde de arrecadação em comparação com o ano passado, que foi de R$ 1,09 trilhão. No último dia 17, a Receita Federal informou ter arrecadado R$ 67,973 bilhões em julho, recorde para o mês. O montante inclui os impostos e as contribuições federais e as contribuições previdenciárias ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).
Na comparação com junho, quando a arrecadação alcançou R$ 61,494 bilhões, foi verificada alta real de 10,54% (valores já corrigidos pela inflação). Em relação a julho de 2009, quando a arrecadação chegou a R$ 61,372 bilhões, corrigidos, houve crescimento real de 10,76%.
Pesquisa feita pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) em seis capitais mostra que, para 95,6% dos brasileiros, o valor cobrado em impostos no Brasil é muito elevado. O índice é ainda mais alto quando o quesito avaliado é a eficácia dos serviços oferecidos em troca dos impostos pelo poder público. Para 97,1% dos consultados, as cobranças são altas quando comparadas à qualidade dos serviços.
A pesquisa também mostra que poucos brasileiros sabem o quanto pagam realmente de impostos. Em torno de 70% dos entrevistados não souberam responder o percentual comprometido do salário todo mês com o pagamento de tributos especialmente os que vêm embutidos nos preços dos produtos que consumimos diariamente.
Um exemplo é a gasolina: em que 53% do seu valor são de impostos, taxas e contribuições. Ou ainda o que pagamos pelo micro-ondas (59%), celular (40%), e por aí vai.
Um dado curioso e, diga-se, absolutamente pertinente que surge com o estudo é que a população gostaria de ver o tema da alta carga tributária, o peso do imposto na vida de cada um, tratado na campanha eleitoral. Pelo que se viu até agora, a população vai ficar querendo, porque nem a situação nem a oposição têm gasto muitos segundos com o tema no horário eleitoral gratuito.
O cruzamento da pesquisa de ontem da ACSP com esse trabalho da Firjan mostra que os brasileiros não abrem mão, nos próximos quatro anos, de que se estabeleça uma política fiscal mais justa. Ou o próximo governo oferece mais retorno em saúde, educação, transporte e segurança o que seria o mais desejável ou, pelo menos, reduz a irritação dos contribuintes fazendo o mesmo com a carga de impostos.
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