terça-feira, outubro 19, 2010

Falso militar fez registro em nome de PMs

Falso militar fez registro em nome de PMs
Carlos Sampaio assinou documento em delegacia após perseguição com morte de ladrão na Ilha do Governador
Ana Cláudia Costa O Globo
 O falso tenente-coronel do Exército Carlos da Cruz Sampaio Júnior, preso na quinta-feira passada, registrou, como coordenador da Subsecretaria de Planejamento e Integração Operacional, um auto de resistência (morte em confronto com policiais) em agosto passado na 37ª DP (Ilha do Governador). Segundo seu relato, policiais do 17º BPM (Ilha) perseguiram um Palio que acabara de ser roubado no Jardim Guanabara. Na ação, ocorrida no dia 4, os PMs mataram um ladrão e feriram o dono do veículo. O falso oficial contou na delegacia que estava passando pelo local e presenciou a troca de tiros dos PMs com os ocupantes do veículo.
Ele disse que apenas viu o confronto e afirmou não ter atirado.
Há informações não confirmadas, no entanto, de que Sampaio estaria comandando a equipe do batalhão. Para fazer o registro, Carlos apresentou a falsa identidade do Exército.
O confronto aconteceu na Avenida do Magistério. Durante o tiroteio, o proprietário do carro, Daniel Lima Campos, de 29 anos, que tinha sido levado como refém, foi atingido por estilhaços.
O assaltante Jonas Cocco Pereira foi baleado e morreu no Hospital Paulino Werneck, na Ilha. Um terceiro ladrão, ainda de acordo com o relato do falso tenente-coronel, teria fugido para a Favela Parque Royal. No governo passado, Sampaio fez e assinou, em maio de 2005, um registro, na 36ª DP (Santa Cruz), de prisão de traficantes e apreensão de drogas. O falso oficial participou da segunda turma do curso de inteligência da Secretaria de Segurança Pública.
A secretaria não informou quem foi o responsável pela contratação de Sampaio. O órgão disse que, caso a sindicância aberta conclua que o contratante agiu de má-fé, ele poderá ser demitido. O falso militar trabalhava no mesmo andar que o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame. Entre 2003 e 2006, Sampaio também foi funcionário da Secretaria de Segurança.
O delegado Luiz Torres, que o indicou na época para ocupar um cargo administrativo, disse que o falso oficial jamais andou armado e nunca se apresentou como militar. Segundo o delegado, Sampaio fazia assessoria na área de informática.
Ontem, o coronel Mário Sérgio Duarte, comandante da PM, anunciou a instauração de uma sindicância interna para investigar o envolvimento do falso militar com policiais militares.
Ele disse que vai tentar descobrir por que Sampaio estava entre PMs participando de ações, como mostram vídeos e fotos divulgados pelo “Extra”.
O delegado Ricardo Dominguez, titular da 4ª DP (Praça da República), que investiga a atuação do falso tenente-coronel, disse ontem que vai fazer um levantamento de todos os registros de ocorrência assinados por Sampaio. Dominguez acrescentou que requisitou à Secretaria de Segurança a relação de todas as atividades exercidas por ele nos dois meses em que trabalhou no órgão.
Ainda esta semana, o delegado deve ouvir o pai do falso oficial, Carlos da Cruz Sampaio, que é militar do Exército.
Para entrar na secretaria, o falso tenente-coronel apresentou um currículo exemplar. Nas primeiras linhas, disse que é formado em Direito e pós-graduado na Universidade Gama Filho. A assessoria de comunicação da universidade, no entanto, informou que ele ingressou na no curso de Direito em 1986, trancou a matrícula e não retornou. Em depoimento a Dominguez, Sampaio reconheceu que não tem nível superior, apenas o ensino médio. Na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), consta que ele tem apenas uma carteira de estagiário.
COLABOROU Gustavo Goulart

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