sexta-feira, maio 14, 2010
Os Estados Unidos não estão no centro de tudo
Os Estados Unidos não estão no centro de tudo
13 de maio de 2010 | 19h26 - Paul Krugman – O Estado de São Paulo
Agora os republicanos resolveram se manifestar contra a participação dos Estados Unidos num resgate da Grécia – o que é interessante, levando-se em consideração que ninguém nos convidou a participar. (De fato, fazemos parte do FMI, que providenciará parte do dinheiro – mas trata-se de uma fração de outra fração e seria uma péssima ideia se os membros do FMI começassem a escolher os programas dos quais participarão.)
Deixando de lado a estupidez do protesto, o que mais me impressiona neste caso é o delírio – extremamente comum nos EUA, em especial entre a direita, embora isso não se restrinja a ela – de que estamos no centro de tudo, algo que emana da concepção equivocada do quão super nós realmente somos enquanto superpotência.
Fenômeno semelhante pôde ser observado nos preparativos para a guerra no Iraque, quando os seguidores de Bush estavam absolutamente convencidos de que poderiam intimidar os membros temporários do Conselho de Segurança da ONU a apoiar a guerra – aparentemente ignorando o fato de que, para muitos desses membros, a Europa é um mercado mais importante e uma fonte de ajuda muito mais importante do que os EUA.
O mesmo pode ser dito da disputa em relação à tributação do aço, quando o governo Bush se mostrou aparentemente ignorante do fato de a Europa ser um participante tão importante quanto nós no comércio mundial, além de ser absolutamente capaz de uma retaliação contra violações claras das regras comerciais. (A equipe de Obama é menos ingênua: está disposta a jogar duro, como por exemplo na questão dos pneus, mas toma o cuidado de não exceder aquilo que é permitido.)
E agora isso. Vejam, a Europa está em apuros – e parte da encrenca pode contaminar os EUA. Mas, basicamente, não estamos no centro desse problema: como vemos, nem sempre os EUA estão no centro de tudo.
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