quinta-feira, setembro 02, 2010
Colonos judeus quebram moratória e retomam construção de colônias na Cisjordânia
Colonos judeus quebram moratória e retomam construção de colônias na Cisjordânia
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Horas antes do início da retomada das conversações de paz entre palestinos e israelenses em Washington, colonos judeus na Cisjordânia ocupada começaram novas construções, quebrando a moratória do próprio governo israelense --que congela as obras até 26 de setembro-- e aumentando os obstáculos ao sucesso do diálogo direto mediado pelos EUA.
O diretor da Yesha, entidade que agrupa os colonos, Naftali Bennett, disse que eles iriam começar a construir mais casas e infraestrutura pública em pelo menos 80 colônias erguidas nos territórios ocupados por Israel.
Os colonos ameaçaram ainda um golpe para depor o premiê Binyamin Netanyahu se ele não permitir oficialmente a retomada das obras após o fim da moratória no dia 26 de setembro.
A decisão de quebrar unilateralmente o acordo que previa o congelamento das novas obras foi tomada após a morte de quatro israelenses em Hebron, num ataque palestino, mas também tem a intenção de deixar claro que os colonos não devem aceitar as condições palestinas.
"A ideia é que a situação de fato [o congelamento] acabou", disse Bennet, criticando as conversações de paz patrocinadas pelos Estados Unidos, que qualificou como "embuste" e rejeitando a exigência dos palestinos de interrupção da expansão dos assentamentos em terras nas quais pretendem formar seu Estado.
"Quando eles [os palestinos] entenderem que os israelenses estão aqui para fiar e estão ficando cada vez mais fortes todos os dias, eles vão desistir", disse Bennett.
TENSÃO
A posição do líder dos colonos acrescenta mais tensão às negociações de paz que serão retomadas nesta quinta-feira nos EUA, e chegam um dia após o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, também ter dado indicações de que o congelamento das construções deve ser interrompido, contrariando a principal condição dos palestinos para o processo de paz.
O anúncio de Binyamin Netanyahu coloca um importante obstáculo ao sucesso da retomada das negociações mediadas pelo presidente americano Barack Obama.
O líder israelense e o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, retomam a partir desta quinta-feira as conversas diretas de paz, após 20 meses de paralisação.
A posição de Netanyahu contraria o tom positivo do ministro de Defesa de Israel, Ehud Barak, que anteriormente havia declarado que o país estaria disposto a abrir mão de Jerusalém Oriental para os palestinos, apesar de seu assessor ter negado a informação logo após o anúncio.
JERUSALÉM
Jerusalém é uma das questões centrais do conflito palestino-israelense. Israel conquistou na guerra de 1967 a parte oriental de Jerusalém, que estava sob controle da Jordânia, e depois a anexou como sua capital, numa ação não reconhecida internacionalmente. Por sua vez, os palestinos querem Jerusalém Oriental como capital de seu futuro Estado nos territórios da Cisjordânia e faixa de Gaza.
"Jerusalém Ocidental e 12 bairros judaicos que abrigam 200 mil pessoas serão nossos. Os bairros árabes, nos quais vivem cerca de 250 mil palestinos, serão deles", disse Barak, que ajudou nos trabalhos de preparação para a retomada do diálogo direto de paz, após 20 meses de paralisação, sob mediação dos EUA.
Em entrevista ao jornal israelense "Haaretz", Barak explica ainda que "um regime especial" regeria a antiga cidade --a parte mais disputada de Jerusalém e que abriga pontos sagrados para judeus e muçulmanos, o Muro das Lamentações e a chamada Esplanada das Mesquitas.
O plano exposto pelo ministro é muito similar ao negociado em 2000 na cúpula de Camp David, quando Barak era chefe de Governo, e que fracassou por sua rejeição ao retorno de todos os refugiados palestinos desde 1948, quando o Estado de Israel foi criado.
Barak assegura ainda que as negociações diretas estarão baseadas no princípio de "dois Estados para duas nações".
Segundo ele, o objetivo do novo processo de paz é "colocar fim ao conflito e a possibilidade de qualquer reivindicação futura". Para tal, devem ser considerados todos os aspectos cruciais, como a segurança israelense, a delimitação das fronteiras do Estado palestino, uma solução para o problema dos refugiados e a questão da disputa por Jerusalém, para muitos o ponto nevrálgico do conflito na região.
ATAQUE
Barak falou ainda do ataque desta terça-feira, no qual quatro israelenses foram mortos a tiros perto de Hebron, na Cisjordânia, entre eles uma mulher grávida. A ação foi reivindicada por um braço militar do grupo islâmico Hamas, que controla a faixa de Gaza e é radicalmente contrário à negociação com Israel.
O atentado deve reforçar o clima de pessimismo que cerca o esforço americano de aproximar israelenses e palestinos numa nova rodada do processo de paz a partir de hoje, em Washington.
"É um incidente muito sério", disse o ministro, acrescentando que o ataque foi uma "tentativa de impedir o início da negociação". O ministro adverte, no entanto, que o ataque não pode atingir ou abalar o esforço nas negociações de paz.
Além disso, abala a sensação de segurança gerada nos últimos meses pela cooperação entre as forças de Israel e da ANP (Autoridade Nacional Palestina), que administra a Cisjordânia. Foi o pior atentado contra civis israelenses em mais de dois anos.
As vítimas, todas de uma mesma família, moravam no pequeno assentamento de Beit Hagai, ao sul da cidade de Hebron, um dos principais focos de tensão entre israelenses e palestinos.
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