sexta-feira, novembro 05, 2010
Brasil sobe no IDH, mas educação patina
Brasil sobe no IDH, mas educação patina
País pula 4 posições no ranking, mas escolaridade trava desenvolvimento
Martha Beck, Flávia Barbosa, Cássia Almeida e Clarice Spitz
O Globo - BRASÍLIA e RIO
O Brasil subiu quatro posições no ranking global de bem-estar das populações em 2010, para o 73º lugar entre 169 países, segundo o mais novo Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH), que completa 20 anos e foi lançado ontem em Nova York. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) brasileiro, calculado sob a nova metodologia do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), passou de 0,693 para 0,699. A escala varia de zero, o pior, a 1, o melhor. A edição comemorativa de duas décadas faz uma avaliação do desenvolvimento nos últimos 40 anos e conclui: a educação é uma barreira ao progresso do Brasil e é a mais grave privação imposta à nossa sociedade.
A escalada brasileira de quatro posições foi o melhor desempenho no ranking no ano passado, segundo o Pnud. Os dados do IDH refletem o país de 2009 para a maioria dos indicadores.
O Brasil melhorou em todas as dimensões do desenvolvimento: saúde, educação e renda. Apesar dos elogios aos avanços inegáveis do país em 40 anos, especialmente na última década, o Pnud
— Estamos falando agora de olhar para as estatísticas com mais rigor.
O Brasil ainda tem muito o que avançar — afirmou o Comim.
Gasto com ensino é pouco, diz analista
Para Marcelo Medeiros, professor da UnB, o importante é avaliar se “o país está chegando onde deveria, diante do tamanho da nossa economia”: — O gasto com educação ainda é pouco se comparado com o gasto com a estabilidade macroeconômica.
Para a professora da UFRJ Lena Lavinas, o avanço de quatro posições do Brasil no ranking do IDH não reflete os avanços sociais vividos pelo país nos últimos anos, como “a forte redução da pobreza e da miséria”: — Essa posição não reflete a expansão do emprego, do ensino técnico e a inclusão no terceiro ciclo educacional. Sem contar o aumento nos gastos com saúde.
O indicador de anos de estudo, que substituiu a taxa de matrícula e de analfabetismo na dimensão educacional, caminha muito devagar, segundo a professora: a cada dez anos, acrescenta um ano à média do país.
Para o Pnud, tão importante para o desenvolvimento quanto gastos elevados e crescimento econômico são medidas com foco, continuadas e abrangentes, que dependem de decisão política. A experiência do Ceará com ações voltadas à infância é citada como exemplo, bem como os programas de transferência de renda.
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