quarta-feira, junho 30, 2010
EUA e China provocam temor sobre recuperação global e derrubam bolsas
EUA e China provocam temor sobre recuperação global e derrubam bolsas
São Paulo registra queda de 3,50%, e dólar tem alta de 1,57%, para R$ 1,811
Bruno Villas Bôas*
RIO, NOVA YORK, WASHINGTON e XANGAI.
Indicadores negativos sobre as economias chinesa e americana acenderam ontem o sinal de alerta sobre a recuperação econômica mundial. O clima de tensão derrubou a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), influenciada pela saída de investidores estrangeiros e a queda das commodities. O Ibovespa, principal índice da Bolsa, recuou 3,50%, maior queda desde 4 de fevereiro, aos 61.977 pontos. Já o dólar comercial subiu 1,57%, negociado a R$ 1,811, maior alta desde 4 de junho.
Na China, pesou a revisão do indicador antecedente da economia do país em abril, de 1,7% para 0,3%, pelo grupo de pesquisa americano Conference Board. Foi a menor alta em cinco meses. O número surpreendeu o mercado e somouse a outros sinais de desaquecimento da economia chinesa.
O indicador é calculado nos Estados Unidos, com base em dados como pedidos de auxíliodesemprego, custo de mão de obra, permissões para construção, entre outros. Busca antecipar uma tendência dos próximos seis meses para o país.
Segundo Maurício Molan, economista do Banco Santander, o indicador provocou uma nova onda de aversão a risco nos mercados globais, com temor de uma recuperação mundial mais lenta. Ele lembra que esse índice geralmente tem pouca relevância na agenda econômica: — O indicador serviu, na verdade, de estopim para vendas de ações pelo mundo, somado a sinais anteriores de desaceleração na China. Investidores constataram que realmente há motivo para preocupação
IPO de banco chinês pode levantar até US$ 441 bilhões Além disso, os investidores estão se retirando da Bolsa de Xangai a fim de reservar recursos para a abertura de capital do Agricultural Bank of China. Estima-se que a oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) do banco seja a maior do mundo. Xangai fechou ontem em queda de 4,3%. Analistas estimam que a oferta atraia entre 2 trilhões e 3 trilhões de yuans (de US$ 294 bilhões a US$ 441 bilhões). A subscrição para investidores pessoa jurídica começa amanhã.
Nos EUA, o índice de confiança do consumidor americano recuou em junho, após três meses consecutivos de alta, o que acentuou a queda das bolsas globais. O índice, também do Conference Board, ficou em 52,9 pontos em junho, contra 62,7 em maio.
— O consumo move a economia americana, e a queda do indicador foi forte. Afetou as bolsas americanas e, por tabela, a Bovespa — diz Hersz Ferman, da Yield Capital.
Empresas de Eike Batista têm queda de até 7% Empresas ligadas a commodities foram as que mais sofreram.
Entre as de maior peso no índice, a mais afetada foi a Vale. As ações ON (ordinárias, com direito a voto) e PN (preferenciais, sem direito a voto) recuaram, ambas, 4,83%. Isso apesar de a agência de rating Fitch ter melhorado a classificação de risco da mineradora, de “BBB” para “BBB+”.
Também tiveram forte queda as companhias de Eike Batista: MMX Mineração (7,33%), OGX Petróleo (6,90%) e LLX Logística (6,38%). Se incluída a OSX Brasil (-3,77%), empresa de estaleiros do empresário, as quatro companhias perderam R$ 5,05 bilhões em valor de mercado apenas ontem, principalmente por causa da OGX. Isso equivale a Light e Brasil Ecodiesel juntas.
Segundo especialistas, as ações dessas empresas são mais voláteis que a média do mercado.
Portanto, sobem mais nos momentos de alta e caem mais nos de perdas da Bovespa.
A queda do índice foi puxada por investidores estrangeiros.
Eles sacaram pelo menos R$ 480 milhões, considerando o saldo entre compras e vendas de cinco grandes bancos de investimento estrangeiros.
Esse movimento também afetou o dólar comercial. Segundo Luiz Eduardo Portella, operador do Banco Modal, a moeda americana não subiu mais ainda porque o mercado prevê uma forte entrada de dólares para a capitalização do Banco do Brasil (BB) e da Petrobras nos próximos meses: — Sem essas capitalizações, o dólar estaria provavelmente negociado acima de R$ 1,85. Se a Petrobras adiar novamente a capitalização, provavelmente vai faltar dólar e a moeda vai subir.
EUA: democratas desistem de imposto sobre bancos No início da noite, os democratas americanos retiraram do projeto de reforma do sistema financeiro o imposto sobre os bancos, a fim de conseguir a aprovação da lei. A taxa arrecadaria US$ 18 bilhões. Eles esperam, com isso, atrair um número suficiente de votos de republicanos moderados para aprovar o projeto a tempo do presidente Barack Obama assinálo em 4 de julho.
Ontem, temores de que a reforma não passasse no prazo derrubaram as ações de bancos americanos. Bank of America e Morgan Stanley caíram mais de 4%. O Citigroup recuou 6,75%, após despencar 17% e acionar o circuit breaker da Bolsa de Nova York, que informou estar investigando o fato. Dow Jones fechou em queda de 2,65% e Nasdaq, de 3,85%.
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