sexta-feira, julho 02, 2010
Enchentes aumentam em 15% déficit habitacional em Alagoas
Enchentes aumentam em 15% déficit habitacional em Alagoas
Carlos Madeiro - Especial para o UOL Notícias - Em Maceió
As enchentes que atingiram Alagoas aumentaram o déficit habitacional no Estado em cerca de 15%. Segundo a Secretaria de Estado de Infraestrutura, 19 mil casas foram atingidas por conta das cheias dos rios entre os dias 18 e 19 de junho e terão que ser reconstruídas. O déficit habitacional no Estado era estimado, antes da tragédia, em 123 mil residências, saltando para 142 mil após dois dias.
O governo federal já anunciou que as casas serão reerguidas em uma área diferente daquela onde foram construídas, para evitar novas tragédias. Mas para fazer a reconstrução será preciso dobrar a meta apresentada pelo maior programa habitacional do país, o Minha Casa, Minha Vida.
Em março de 2009, quando lançou o programa, o governo federal prometeu construir um milhão das casas no país no triênio 2009/2011. Dessas, 19 mil foram destinadas ao Estado – coincidentemente o mesmo número de casas que foram destruídas. Cerca de 10 mil já tiveram projetos aprovados pela Caixa Econômica Federal, estão em execução ou já foram entregues.
Segundo o secretário de Estado de Infraestrutura, Fernando Nunes, as enchentes vieram como uma verdadeira “tsunami” contra a meta de reduzir o déficit habitacional em Alagoas nos próximos anos. “Você aumentar em mais quase 20 mil casas um déficit que já era grande, e de um dia para o outro, é outra tragédia, em especial para um Estado pobre como o nosso”, afirmou.
Nunes assegura que o Estado e os municípios não têm condições de bancar sozinhos os custos da reconstrução, que foram estimados em cerca de R$ 590 milhões. “É um valor alto demais, mas que estamos confiantes no apoio do governo federal, que nos prometeu bancar esses custos. Para isso, já estamos procurando terrenos para darmos início às obras o mais rápido possível. Dependemos de terrenos”, disse.
A economista Luciana Caetano acredita que a destruição fará Alagoas atrasar ainda mais o processo de retomada econômica e melhora dos índices sociais. “Se você tinha uma previsão de acabar com esse déficit em 10 anos, por exemplo, terá que esticar o prazo em pelo menos o dobro, pois foi um estoque muito grande de casas. É importante frisar que, paralelo à construção das casas, os governos terão que gastar com a reconstrução das cidades num todo, que inclui saneamento, estradas, uma infraestrutura completa”, ressaltou.
Para a especialista, não há recursos disponíveis para absorver tamanha demanda em curto prazo. “O cobertor é curto. Além disso, não creio que Alagoas tenha mão de obra habilitada para fazer projetos de novas cidades de forma rápida, e ainda temos a questão ética dos políticos locais, que é questionável. Lembre-se que estamos em mês eleitoral e com certeza haverá desvios desses recursos”, afirmou Caetano.
Destruição
Segundo relatório da Defesa Civil Estadual, a cidade mais afetada foi União dos Palmares (81 km de Maceió), onde 5.000 moradias foram destruídas ou danificadas, seguido por Murici (48 km de Maceió), com 4.000.
Os números precisos devem ser apresentados junto com os Avadams (relatório de avaliação de danos materiais). A previsão de entrega é a próxima semana.
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