sexta-feira, julho 02, 2010

Obama apela a oposição para passar reforma

Obama apela a oposição para passar reforma
Presidente americano admite que precisa dos republicanos para aprovar mudanças na política de imigração
Fernando Eichenberg - Correspondente

WASHINGTON. O presidente dos EUA, Barack Obama, fez um apelo ontem aos parlamentares republicanos para que se unam aos esforços bipartidários para a aprovação do projeto de reforma da imigração no Congresso. Durante um pronunciamento na American University, o titular da Casa Branca reconheceu que a reclamada reforma — fracassada em 2006 e 2007 — não poderá passar sem o voto da oposição.
— Essa é uma realidade política e matemática — admitiu o presidente Obama.
Ao definir o tema como “sensível” e propício à “demagogia”, o presidente explicou o recente recuo de 11 senadores republicanos antes favoráveis à reforma por causa das eleições legislativas de novembro próximo.
Lei do Arizona é reflexo de ausência de política efetiva Obama classificou o sistema de imigração no país como “falido” e “obsoleto”, e condenou a controversa lei recentemente aprovada no Arizona — em vigor a partir de 29 de julho —, que autoriza a polícia estadual a interpelar e solicitar documentos a qualquer pessoa “suspeita” de situação ilegal no país. Em seu discurso, reiterou que o exemplo do Arizona — inspiração para legislações similares em outros Estados — é um reflexo da ausência de uma efetiva política nacional de imigração.
Por um lado, o presidente negou as teses que relacionam diretamente o aumento da criminalidade à imigração clandestina.
Por outro, num claro aceno ao clã republicano, observou que, com o reforço de 1,2 mil homens da Guarda Nacional e o incremento dos serviços de inteligência, as fronteiras do sul do país nunca estiveram tão seguras nos últimos 20 anos. Mas alertou que a necessária repressão à imigração ilegal deve ser acompanhada da urgente reforma do ultrapassado sistema de imigração legal do país.
— Essa abordagem exige responsabilidade de todos: do governo, das empresas e dos indivíduos — disse.

Em um comunicado, o Sindicato Internacional dos Empregados de Serviços (SEIU, na sigla em inglês) reforçou o discurso presidencial: “Todos os dias que os republicanos bloqueiam a reforma migratória representam mais um dia em que empregadores oportunistas exploraram o sistema por ganância pessoal.” Em relação aos cerca de 12 milhões de imigrantes ilegais no país, o presidente descartou tanto a deportação maciça como uma anistia ampla e irrestrita.
Os ilegais deverão se registrar, esperar na fila pela regularização, submeter-se à lei e pagar os devidos impostos ao Estado, afirmou.
A fala de Obama — eleito para a Casa Branca com 67% dos votos hispânicos — ocorre em um momento de crescente exigência de uma atitude mais enérgica por parte do chefe da nação em relação a uma de suas principais promessas de campanha. Mesmo vozes conservadoras têm se organizado para pressionar o governo e o Congresso — vide a recente manifestação conjunta do prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, do magnata da comunicação Rupert Murdoch e de líderes de empresas como Hewlett Packard, Boeing, Walt Disney e Marriot Internacional.
Interessados cobram calendário para votação Associações de defesa dos imigrantes, chefes de polícia, prefeitos e governadores de localidades afetadas pelo problema da imigração ilegal acolheram positivamente o tom do discurso presidencial. Para muitos, no entanto, faltou o essencial: o calendário para a votação da reforma.
“Quando?”, foi a pergunta que pairou no ar.
Apesar do novo empurrão dado ontem por Obama, poucos acreditam que, por este ser um ano eleitoral, o projeto de lei seja apreciado pelo Congresso ainda em 2010.  

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