segunda-feira, julho 05, 2010
PF monta cartório volante para agilizar procedimentos
PF monta cartório volante para agilizar procedimentos
O comandante da operação no Surucucu, coronel Guerra e o delegado De Lorenzo, da Polícia Federal
Para acelerar o processo de identificação e qualificação dos garimpeiros detidos e retirados das áreas de garimpo de diversas áreas da reserva indígena Yanomami e Raposa Serra do Sol, a Polícia Federal criou o „cartório volante‟.
Segundo o delegado da Polícia Federal De Lorenzo, através do cartório volante, que conta com um delegado, um escrivão e um papiloscopista, em todos os pontos da operação, já foram detidos e qualificados 23 garimpeiros. Eles foram enquadrados no artigo 55 da Lei de Crimes Ambientais 9605/98. “Após serem entregues na Polícia Federal, eles serão liberados e deverão responder a um Termo Circunstanciado”, explicou.
Além da detenção, durante a operação já foram interditados nove garimpos e quatro pistas de pouso foram explodidas. Outros 11 garimpeiros foram retirados durante reconhecimentos que antecederam a operação.
Ainda durante o trabalho de inteligência, que antecipou a operação, 25 locais foram levantados pelas equipes e outros 15 pelos agentes da Fundação Nacional do Índio (Funai), dos quais oito em coincidência. Do total, 13 foram escolhidos e 11 foram vasculhados pelos militares. Em quatro deles (Castelo, Hélio, Bandeirantes e Majestade) foi confirmada a existência de garimpo. No restante, a operação se deparou apenas com os resquícios deixados pelos garimpeiros.
Garimpeiros alegam falta de trabalho rentável
Dos dez garimpeiros detidos na operação, que devem chegar à capital ainda hoje, a maioria alegou que optou em trabalhar com a garimpagem, mesmo em áreas proibidas, por faltar ocupação rentável na capital, e melhores oportunidades de trabalho.
“Fui convidado por um amigo lá em Rorainópolis. Quando fomos localizados estava apenas há 15 dias na região. Trabalhava como tratorista em São Paulo, mas o salário não dava para sustentar minha família. A promessa de renda no garimpo era bem melhor”, disse um dos garimpeiros, Paulo Roberto Lima, 28, sem divulgar valores.
Manoel Pereira da Silva, 44, que há 30 trabalha com garimpagem, e que teve quase todo seu maquinário e equipamentos destruídos, disse que a classe é discriminada.
“Não temos as mesmas oportunidades que muitas outras pessoas têm. Já garimpei em outros países e essa repressão toda não acontece. Não estamos destruindo os rios como se fala. Sabemos que o mercúrio e o diesel são prejudiciais ao meio ambiente, mas apenas se forem utilizados em grande quantidade”, explicou Manoel, esposo de uma das duas mulheres detidas durante a operação.
O comandante da operação no Surucucu, coronel Guerra, explicou que a quantidade de produtos utilizados durante a garimpagem, pode ser preocupante se os pontos de áreas atingidas forem multiplicados.
“É para isso que estamos agindo, justamente para evitar que essa ação seja alastrada. No momento, se formos comparar as áreas atingidas com o tamanho da reserva Yanomami, podemos dizer que o impacto ambiental ainda é pequeno”, concluiu.
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