É indiscutível o seu efeito para a participação ativa da sociedade no processo de escolha de quem governará o País pelos próximos 4 anos ? para a democracia, portanto. A inclusão digital aproxima a campanha dos seus destinatários naturais e agrega legitimidade ao voto popular, pelo presumível aumento do nível geral de informação política. Para ficar no caso mais conhecido, sem a internet Barack Obama talvez não tivesse sido eleito o primeiro presidente negro dos EUA.
quarta-feira, maio 19, 2010
BAIXARIA NA CAMPANHA
BAIXARIA NA CAMPANHA
EDITORIAL - O ESTADO DE S. PAULO - 19/5/2010
A eleição presidencial deste ano no Brasil é a primeira com a maioria do eleitorado conectada à internet. Segundo dados recentes, são 67,5 milhões de internautas de 16 anos ou mais em 133 milhões de eleitores. E 86,3% dos 192 milhões de brasileiros frequentam os chamados sites de relacionamento, ou redes sociais, como Orkut, Twitter e Facebook. Esses números desenham as proverbiais duas faces da mesma moeda.
É indiscutível o seu efeito para a participação ativa da sociedade no processo de escolha de quem governará o País pelos próximos 4 anos ? para a democracia, portanto. A inclusão digital aproxima a campanha dos seus destinatários naturais e agrega legitimidade ao voto popular, pelo presumível aumento do nível geral de informação política. Para ficar no caso mais conhecido, sem a internet Barack Obama talvez não tivesse sido eleito o primeiro presidente negro dos EUA.
É indiscutível o seu efeito para a participação ativa da sociedade no processo de escolha de quem governará o País pelos próximos 4 anos ? para a democracia, portanto. A inclusão digital aproxima a campanha dos seus destinatários naturais e agrega legitimidade ao voto popular, pelo presumível aumento do nível geral de informação política. Para ficar no caso mais conhecido, sem a internet Barack Obama talvez não tivesse sido eleito o primeiro presidente negro dos EUA.
O lado negativo desse fenômeno é a ampliação do espaço para a disseminação vertiginosa de mentiras, calúnias e ofensas de toda sorte aos candidatos e entre os seus partidários. O que petistas e antipetistas dizem uns dos outros não se fala em casa de família. Isso não é novidade nem aqui, muito menos nos países onde quem não frequenta cotidianamente o universo virtual é como se fosse um alienígena. Numerosos autores já comentaram os resultados paradoxais da comunicação instantânea, irrestrita? E irresponsável.
O que vem ao caso, aqui e agora, é o contraste entre a conduta manifesta dos presidenciáveis e o que os seus apoiadores perpetram contra os respectivos adversários na internet. Por enquanto, nessa campanha à revelia de uma legislação eleitoral detalhista, restritiva e anacrônica, os "pré-candidatos" têm mantido um nível satisfatório de civilidade nos seus embates. É certo que Dilma Rousseff já chamou José Serra de "biruta de aeroporto" e os tucanos em geral de "lobos em pele de cordeiro". Mas, assim como os ataques dele a ela, concentrados em ressaltar a sua alegada falta de experiência em governar, em momento algum as estocadas descambaram para o desrespeito pessoal.
Só que nenhum dos lados pode ignorar as abjetas emanações dos porões da opinião. Isso transpareceu pela primeira vez no programa que o PT levou ao ar na quinta-feira passada. No primeiro momento, não se entendeu? Ou se atribuiu a um lance de marketing? A equiparação de Dilma ao herói sul-africano Nelson Mandela feita pelo presidente Lula, que conduzia o espetáculo. Não que ele medisse a sua candidata pela estatura histórica do líder que conseguiu o fim do apartheid em seu país. O que o programa tratou de fazer foi transformar limão em limonada. A internet, de fato, está infestada de mensagens acusando Dilma de "terrorista" por sua vinculação a organizações que recorriam à luta armada contra o regime militar, motivo por que foi presa, torturada e condenada. Pode-se argumentar que ela e os seus não lutavam pela volta da democracia, mas pela substituição de uma ditadura por outra. O ponto, no entanto, é que, diante da difamação da candidata, Lula lembrou que Mandela também aprovou o uso da força como último recurso contra o regime de supremacia branca na África do Sul. Neutralizaria, assim, a agressão e, de quebra, invocaria a favor de Dilma um nome glorioso? O que a imprensa assinalou.
Foi o bastante para que o espírito de baixaria da internet contaminasse a política. Em um discurso no domingo, a reincidente Marta Suplicy, ex-prefeita e provável candidata ao Senado, deu um vexame comparável à insinuação de sua propaganda de que Gilberto Kassab, o adversário que a derrotaria na disputa pela Prefeitura em 2008, era homossexual. "Ninguém fala" de Fernando Gabeira, queixou-se. "Esse sim sequestrou", investiu. "Ele era o escolhido para matar o embaixador (dos EUA Charles Elbrick, em 1969)", mentiu. "Ninguém fala porque o Gabeira é candidato ao governo do Rio e se aliou com o PSDB." Até o presidente do PT, José Eduardo Dutra, considerou infeliz a declaração? Que ficaria melhor no submundo do debate público na internet.
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