sábado, maio 15, 2010
NO BOM CAMINHO
NO BOM CAMINHO
EDITORIAL - O GLOBO - 14/5/2010
É alentadora a radiografia da Secretaria de Segurança do Rio que traz os índices da violência no estado. Pelo sétimo mês consecutivo, o número de homicídios revela uma curva descendente em relação aos mesmos períodos do ano passado.
Segundo as estatísticas, o total acumulado de casos em janeiro, fevereiro e março é o menor da série histórica para esse tipo de crime desde 1991. De setembro de 2009 a março último, houve menos 529 mortes violentas. Copacabana e Tijuca, bairros com grande concentração de favelas, não registraram um único assassinato em março. Houve redução também, em todo o estado, dos índices de roubo de carros e assaltos a transeuntes.
A análise revela um cenário otimista, mas essa tendência de melhora precisa passar pelo teste da perenidade. O próprio secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, admite que ainda não é hora de comemorar. Em termos relativos, são muito bons os resultados obtidos nos últimos meses. Mas, em termos absolutos, é óbvio que o Rio ainda não vive o melhor dos mundos.
"Há muito o que melhorar. O importante é o rumo. Precisamos amadurecer os principais projetos da secretaria", adverte Beltrame.
Os resultados obtidos até agora pela política adotada pelo governo estadual para combater o crime indicam que há inegáveis acertos. Entre estes, pode-se destacar a implantação de Unidades de Polícia Pacificadora em comunidades até então subjugadas pelo crime organizado.
Nessas áreas, o tráfico de drogas foi sufocado e, em razão da ocupação policial, bandidos se viram obrigados a abandonar suas fortalezas, de onde exerciam poder de vida e morte sobre os moradores. A própria dinâmica das ocupações - de maneira geral pacíficas, e precedidas de informações de inteligência para orientar a ação dos policiais - revelou-se mais eficaz do que as operações de enfrentamento direto, estas com riscos imponderáveis para a vida de moradores.
Também hão de ter contribuído para o encolhimento da violência providências como o estabelecimento do regime de metas nas corporações policiais, a criação de uma Divisão de Homicídios dimensionada para as demandas da área e as operações de caça a veículos em situação irregular, sobretudo motos.
"Os números mostram a melhora da gestão da segurança pública", reconhece a pesquisadora Silvia Ramos, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Candido Mendes.
Os resultados de agora não devem ocultar que se trata, ainda, de intervenções pontuais. Elas precisam ser acompanhadas de um plano global de segurança, no qual o combate à criminalidade implique movimentos de longo prazo, de modo a atacar não só as consequências, mas principalmente as causas da violência. Isso pressupõe, além do braço armado do poder público, a adoção de uma política que resgate a cidadania nas áreas carentes e garanta a segurança da população como um todo. E, sobretudo, que tal choque de legalidade seja um esforço permanente das autoridades - um programa de Estado estrutural, e não apenas uma política de governo sem perspectivas para o futuro.
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