quarta-feira, agosto 25, 2010

O País torto

O País torto

Moacyr Góes
Rio – O Brasil é um país torto. Foi o que pensei quando li no jornal que a maioria dos brasileiros ainda não tem acesso à rede de esgoto e que o país superou a marca de 170 milhões de celulares.
Fico imaginando a cena de uma pessoa falando ao celular com os pés enterrados no esgoto. Vivemos no século vinte e um com o século dezenove enterrado até o joelho.
O celular foi um passo importante na democratização da informação e comunicação entre as pessoas. É um legado das privatizações e do governo de Fernando Henrique Cardoso. Isso não se pode apagar.
Um dia ainda vamos ter mais consciência e maior orgulho das transformações introduzidas pelo governo FHC. Hoje essa discussão está na vala.
A falta de saneamento básico, por outro lado, é a tradução da incompetência e, algumas vezes, desfaçatez dos governos.
É notória a ideia de que as obras de infra-estrutura não são feitas porque não aparecem e, por consequência, não rendem votos. Mas é mais do que isso. É a falta de um planejamento estratégico para o país.
Preferimos torrar e desviar dinheiro da saúde a prevenir, vender carros a investirem transporte público sobre trilhos, distribuir computadores a investir em educadores e no ensino, realizar a Copa e as Olimpíadas a resolver a habitação, e por aí vai.
Há muito dinheiro no Brasil, o que falta são planos estratégicos e investimento adequado. E isso se discute quando se enfrenta a questão da política.
Mas quem está interessado nisso? Basta ver os programas eleitorais. Nosso flerte com a incivilidade pode acabar em casamento, é o que me preocupa.
Fonte: Jornal “O Dia” – 21/08/10

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