sexta-feira, outubro 22, 2010
Furto amigo' no PT
Furto amigo' no PT
Coordenador de campanha de Dilma é acusado por jornalista de ter furtado sigilo de tucanos
Roberto Maltchik – O Globo - BRASÍLIA
Em depoimento prestado à Polícia Federal no último dia 15 de outubro, o jornalista Amaury Ribeiro Jr., que encomendou a quebra do sigilo fiscal de tucanos e de familiares do presidenciável José Serra (PSDB), afirmou que o coordenador de comunicação da campanha da petista Dilma Rousseff, o deputado estadual Rui Falcão (PT-SP), furtou as informações sigilosas de seu computador pessoal e permitiu que os dados fossem levados para dentro da campanha petista.
O dossiê, de acordo com o jornalista, seria utilizado por um grupo de inteligência que estava em gestação na pré-campanha de Dilma.
A equipe, liderada pelo jornalista Luiz Lanzetta, foi extinta após a revelação de sua existência, no começo de junho deste ano. Rui Falcão nega as acusações.
Segundo o depoimento de Amaury, o material foi copiado por Rui Falcão em um flat no hotel Meliá Brasília, um dos mais luxuosos da capital. Ainda de acordo com o jornalista, Rui Falcão tinha a chave do quarto, pois ele já teria utilizado o mesmo apartamento antes
Dono do imóvel trabalha no comitê
Amaury estava hospedado no quarto 1419, cujo proprietário é Jorge Luis Siqueira, funcionário da empresa Pepper, que presta serviços à campanha eleitoral de Dilma. A campanha da petista argumenta, porém, que Jorge não trabalha para a candidata, mas para “uma empresa que presta serviços ao comitê”.
Amaury afirma, no depoimento, “ter certeza de que tal material foi copiado por Rui Falcão, pois somente ele tinha a chave do citado apartamento, pois já havia residido no mesmo, tendo o declarante verificado que o nome de Rui Falcão constava da portaria do hotel como sendo o ocupante daquela unidade”.
Amaury também afirmou que “nunca entregou tal material a qualquer pessoa e acredita, com veemência, que o mesmo foi copiado de seu notebook, quando ocupava um apartamento do hotel, de propriedade de Jorge, cujo sobrenome não se recorda, mas esclarece ser o responsável pela administração dos gastos da casa do Lago Sul e da campanha de Dilma Rousseff.”
Funcionário de jornal pagou passagens
Em agosto e setembro, Amaury negou, em dois depoimentos à PF, que tivesse violado os dados fiscais de quaisquer contribuintes.
No entanto, após ser confrontado com o depoimento do despachante Dirceu Garcia, intermediário de Amaury na Receita Federal em São Paulo, revelou os detalhes de sua versão para a ação ilegal. Ele afirmou que levantou informações do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, e de outros tucanos e familiares de Serra, entre eles a filha Verônica, como parte de uma investigação de “mais de dez anos”, que foi concluída antes de ele pedir demissão do jornal “Estado de Minas”, em 15 de outubro de 2009.
No período em que os dados sigilosos foram violados, Amaury gozava férias e teve suas passagens pagas, segundo o “Jornal Nacional”, da Rede Globo, por Marcelo Augusto Oliveira, funcionário do jornal mineiro. As passagens foram faturadas pela agência de viagens Primus, que presta serviços ao “Estado de Minas”.
Na época em que o grupo de arapongagem estava sendo montado na pré-campanha de Dilma, Rui Falcão e o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT) travavam uma batalha por poder no núcleo da campanha. Rui Falcão é sócio da Marka, empresa que presta serviços à campanha no estado de São Paulo.
Questionado sobre o conflito no QG de Dilma, Pimentel informou, via assessoria, que o assunto já surgiu em outro momento da campanha e negou rusgas com Rui Falcão. Ele acrescentou desconhecer o relacionamento de Amaury e Luiz Lanzetta com o deputado paulista.
No depoimento, Amaury relata ainda que ouviu de Luiz Lanzetta o relato sobre uma dura conversa com um representante da Marka.
Lanzetta desconfiava que informações sigilosas da campanha de Dilma estavam sendo levadas à imprensa, num típico caso de “fogo amigo”.
Amaury Ribeiro Jr. ainda relatou aos investigadores que ficou sabendo que as informações extraídas ilegalmente do Fisco a mando dele foram parar nas mãos dos petistas por meio de um repórter da revista “Veja”. Na conversa com o colega, o jornalista teria sido informado de que “um novo grupo de aloprados” estava sendo montado no PT e que Amaur y faria parte de tal grupo de inteligência.
A PF já decidiu indiciar Amaury pela violação do sigilo fiscal dos tucanos, além dos contadores e despachantes que participaram do esquema.
Nunca entregou tal material a qualquer pessoa e acredita, com veemência, que o mesmo foi copiado de seu notebook, quando ocupava um apartamento do hotel, de propriedade de Jorge, cujo sobrenome não se recorda, mas esclarece ser o responsável pela administração dos gastos da casa do Lago Sul e da campanha de Dilma Rousseff Trecho do depoimento de Amaury Ribeiro Jr. à Polícia Federal.
Nego terminantemente — e cabe a quem acusa fazer prova — que tenha copiado dados ou arquivos do mencionado laptop do jornalista Deputado Rui Falcão (PT-SP)
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