quarta-feira, dezembro 29, 2010
E A MULHER SEGUE EM BUSCA DE SEU LUGAR AO SOL
E A MULHER SEGUE EM BUSCA DE SEU LUGAR AO SOL
EDITORIAL - JORNAL DO BRASIL
Até a crise, quem diria, pode ter seu lado positivo: como o leitor pôde ver na edição de ontem deste Jornal do Brasil, as mulheres do Paquistão começam a entrar no mercado de trabalho graças à crise econômica que assola o país. Mas mesmo diante da fome o braço forte dos signos culturais pesa, e as valentes operárias, que nadam contra a maré de costumes milenares, sofrem horrores, do assédio no ambiente de trabalho ao desrespeito em casa. Enquanto isso, do lado de fora do mundo islâmico, um estudo da Universidade do Missouri aponta para o fato de que ter uma mulher como chefe de família é uma realidade crescente nos Estados Unidos, e um dos motivos para isso é justamente a recessão, que, aliás, há três anos já tinha colocado cerca de 14% das mulheres do Reino Unido na condição de chefes de família.
No Brasil, a tendência não é diferente. Segundo estudo do Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea) divulgados há pouco pelo IBGE, a proporção de lares brasileiros capitaneados por mulheres saltou de 27% para 35% entre 2001 e 2009. Embora estes números sejam sintoma de uma mudança cultural em vários pontos do planeta, já que os homens estão perdendo seu tradicional status de provedores, ainda falta muito para que as mulheres sejam, de fato, reconhecidas, em âmbito doméstico, como as chefes de família.
E isso se comprova na vida prática das organizações, em sua maioria carentes de políticas que protejam os direitos de suas funcionárias. Consequentemente, o salário da mulher ainda corresponde a cerca de 80% do de seu parceiro, mesmo que o grau de escolaridade dela seja superior. Na intimidade do lar, a dupla jornada de trabalho ainda é uma dura realidade das “chefes”, que, quando têm filhos, gastam, em média, 30 horas semanais em trabalhos domésticos, enquanto seus companheiros estão a um terço deste número. Ainda estamos engatinhando na seara da igualdade de direitos entre homens e mulheres, mas já há o que comemorar. Principalmente para aquelas, do outro lado do mundo, que abdicam da burca em nome da dignidade.
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