domingo, novembro 07, 2010

No meio do caminho

No meio do caminho
EDITORIAL - FOLHA DE SÃO PAULO - editoriais@uol.com.br
Mais próximo da Noruega do que do Zimbábue. Melhor que Bolívia e África do Sul, mas abaixo do México, da Líbia e do Peru. Comparações desse tipo são multiplicáveis ao infinito quando se examina a colocação do Brasil no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), divulgado pela ONU nesta semana. O ranking, que leva em conta dados sobre educação, renda e saúde em 169 países, situa o Brasil em 73º lugar.
Como em todo índice estatístico, a significação de relatórios desse tipo tende a perder em impacto quanto mais se busca avançar na precisão. Cálculos mais detalhados, introduzindo novas variáveis, ramificam-se em sua relativa relevância conforme o tipo de informação que se está a procurar.
É assim que, quando se leva em conta a desigualdade social, o Brasil perde pontos: fica em 88º lugar entre os 139 países para os quais foi feito esse tipo de cálculo. Precipita-se para o 102º posto se considerada a média de anos de estudo da população.
O crescimento da sofisticação nesse gênero de contabilidade é em si mesmo um sinal de maior "desenvolvimento humano", por assim dizer, no próprio interior da ciência econômica.
Sabe-se o quanto pode ser enganoso o triunfalismo com base no mero crescimento do PIB. No Brasil de Lula, cujos progressos são evidentes, as conquistas econômicas foram com frequência festejadas pela propaganda oficial como se marcassem a passagem para o clube dos países desenvolvidos.
Rankings como o do IDH, que levam em conta outros aspectos, ajudam a recobrar o realismo. O índice brasileiro está abaixo da média da América Latina -o que já diz muito sobre o quanto é preciso avançar para que tenhamos um país mais justo.
Foi-se, é verdade, o tempo em que os crônicos problemas da iniquidade e da miséria pareciam condenar o Brasil à estagnação ou à ruptura social. Os desafios da educação, da saúde e da desigualdade se colocam, e confirmam-se nos índices agora divulgados, com a gravidade que merecem ter. Sua superação é lenta - e por isso mesmo é recomendável que não se perca tempo para tornar mais eficientes as políticas de elevação dos padrões socioeconômicos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Skoob

BBC Brasil Atualidades

Visitantes

free counters