Liberdade e responsabilidade
Tagiane Luiza Trojahn *, Jornal do Brasil
RIO - Nas últimas eleições verificou-se um fato social que agora se repete e se intensifica: a candidatura de “famosos” notoriamente despreparados para o cargo político que almejam. Um deles, recentemente, declarou sequer conhecer as atribuições do cargo que pretende assumir.
Apesar disso, muitos se elegeram, o que talvez explique o aumento desses candidatos e evidencia a irresponsabilidade de parcela do eleitorado.
Um outro fator que contribui decisivamente para esse fenômeno é a desmoralização dos políticos perante a população, em decorrência dos sucessivos escândalos envolvendo membros do Legislativo, ocorridos e noticiados nas últimas legislaturas. No entanto, eles só estão no Congresso Nacional por vontade da maioria dos brasileiros, que os elegeu.
A alienação política de um número cada vez maior de eleitores vem causando sérios prejuízos ao país, desequilibrando os poderes ao enfraquecer o Legislativo, devido ao despreparo de seus integrantes, diminuindo a efetiva participação popular nas decisões sobre o futuro da nação e, consequentemente, fortalecendo o Executivo e o Judiciário, o que pode comprometer o Estado democrático de direito e dar margem ao restabelecimento da execrada ditadura. O direito fundamental ao voto, tão reivindicado pelas gerações anteriores, não pode ser desprezado pelos brasileiros. Urge que todos se conscientizem da sua importância e assumam seu papel no processo eleitoral, com seriedade e comprometimento, seja como candidatos, seja como eleitores. O desenvolvimento do senso crítico do eleitorado se refletirá diretamente no nível dos candidatos, que elaborarão programas de governo mais consistentes e se prepararão para responder aos questionamentos e atender aos anseios da população, desestimulando candidaturas insubsistentes e inviabilizando a eleição de oportunistas, ratificando e fortalecendo a soberania nacional.
* advogada
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