sexta-feira, agosto 27, 2010

Secretário da Receita faz papel de ‘agente político’, diz Eduardo Jorge

Secretário da Receita faz papel de ‘agente político’, diz Eduardo Jorge
Ele questiona fato de secretário descartar motivação política em vazamentos.
Receita diz ver há indícios de 'balcão de compra e venda de informação'
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Maria Angélica Oliveira Do G1, em São Paulo
O vice-presidente executivo do PSDB, Eduardo Jorge, questionou, em entrevista ao G1, as declarações do secretário da Receita Federal,Otacílio Cartaxo, que disse não ver motivação eleitoral no vazamento de dados fiscais de integrantes do PSDB .
Na tarde desta sexta (27), o corregedor da Receita, Antonio Carlos Costa D’Avila, disse que há indícios de um “balcão de compra e venda de informação” no órgão. O secretário Cartaxo, no entanto, afirmou que o episódio não passou de “simples mercantilização” de informações.
“A Receita está fazendo uma investigação meramente burocrática. Como é que eles sabem que uma eventual venda de material não foi feita para políticos ou com objetivos políticos? Ou seja, ele não está fazendo o papel de secretário da Receita, mas de agente político”, declarou o tucano, um dos alvos da quebra de sigilo. A reportagem procurou a assessoria da Receita Federal e aguarda resposta.
Eduardo Jorge também lançou dúvidas sobre o fato de a Receita só ter se pronunciado após a divulgação de que três pessoas ligadas ao PSDB e empresários tiveram seus dados fiscais acessados. Disse que o órgão estava fazendo um “embromation”.
“Até anteontem, ele [Cartaxo] não podia tirar conclusões [sobre o caso]. Agora, como ficou claro o objetivo político, eles vêm dizer que descobriram que é corrupção? Ele prefere atacar a própria instituição dele do que permitir que se levante uma suspeita sobre um partido político que nomeou ele para o cargo. Essa afirmação não honra nem a Receita, nem a biografia dele”, atacou.
O tucano se mostrou cético em relação à conclusão das investigações. "Fica claro que a Receita não vai chegar aos culpados. Nessa linha, vai durar mais uns dez anos", disse, cobrando que a Polícia Federal e o Ministério Público Federal entrem nas investigações e afirmando que o caso se trata de um "episódio de campanha". Segundo ele, o PSDB ainda analisa se irá ingressar com alguma ação na Justiça Eleitoral.
O  caso
Nesta semana, dados da investigação da Receita vazados para a imprensa revelaram detalhes da documentação que comprovaria a quebra dos sigilos fiscais de Luiz Carlos Mendonça de Barros, Ricardo Sérgio de Oliveira e Gregório Marin Preciado. Os nomes dos tucanos foram destacados pela própria investigação da Receita Federal, como "contribuintes que despertaram interesse na apuração".
Os documentos mostram que, no mesmo dia, de um mesmo computador – supostamente situado na delegacia da Receita Federal em Mauá (SP) – e, em sequência, servidores do Fisco abriram os dados sigilosos dos três, além dos de Eduardo Jorge.
De acordo com “O Estado de S. Paulo”, que noticiou o fato, os dados da investigação revelam que as declarações de renda de Eduardo Jorge e dos outros três tucanos foram acessadas por uma única senha, entre 12h27 e 12h43 do dia 8 de outubro do ano passado.

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