quinta-feira, outubro 21, 2010
Falso oficial teria negociado rendição de bando
Falso oficial teria negociado rendição de bando
PM nega, mas golpista foi visto na entrada de hotel invadido por traficantes; ele também representou Beltrame em SP
Gustavo Goulart e Herculano Barreto Filho*
Enquanto enganava a cúpula da Secretaria de Segurança, o falso tenente-coronel do Exército Carlos da Cruz Sampaio Júnior marcou presença em casos de grande repercussão, como a invasão do Hotel Intercontinental, em São Conrado, em agosto passado, por traficantes da Rocinha. O golpista também representou o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, num evento em São Paulo.
De acordo com o “RJ-TV”, da Rede Globo, o falso oficial participou da negociação de rendição dos criminosos que invadiram o Intercontinental — a PM nega. Imagens gravadas durante o caso mostram Sampaio na entrada do hotel, fumando, ao lado de um grupo de PMs. Ele usava um colete à prova de balas, com a inscrição da Secretaria de Segurança.
Pai de falso militar se recusa a depor contra o filho O comandante do Bope, tenente-coronel Paulo Henrique Moraes, afirmou que toda a negociação com os sequestradores foi conduzida por policiais da unidade especializados em gerenciamento de crise.
“Se Sampaio, voluntariamente, usou da prerrogativa de funcionário da secretaria para ter acesso aos arredores do hotel, não foi para participar de nenhuma negociação”, garantiu a PM, em nota.
O falso tenente-coronel representou Beltrame numa visita de autoridades do Rio à PM de São Paulo, no dia 5 deste mês. O golpista e mais duas pessoas visitaram o Comando de Policiamento da Capital (CPC) paulista. Eles foram recebidos pelo coronel Marcos Roberto Chaves, comandante do CPC. O oficial ganhou notoriedade no fim do ano passado, ao aumentar o policiamento no Centro de São Paulo para reduzir o número de usuários de crack na área conhecida como cracolândia.
Na ocasião do encontro, o grupo do Rio recebeu uma placa com o símbolo da PM de São Paulo. De terno e gravata, o falso tenente-coronel e os outros dois membros da comitiva — um integrante da PM e um do Instituto de Segurança Pública (ISP) — posaram para fotos. A Secretaria de Segurança do Rio confirmou a visita.
Segundo o órgão, o motivo do encontro foi verificar como funcionava um projeto da Polícia Militar paulista.
Ontem à tarde, o pai do acusado, o capitão da reserva Carlos da Cruz Sampaio, de 72 anos, foi à 4ª DP (Central do Brasil), onde disse apenas que era o proprietário da arma encontrada com o golpista, um revólver calibre 38, recusando-se a depor contra o filho.
— Eu nunca esperei que acontecesse uma coisa dessas.
A gente leva a vida toda sem conhecer as pessoas, fica sem chão — afirmou o pai à TV Globo.
O delegado Ricardo Dominguez, da 4ª DP, disse que poderá indiciar o pai do falso oficial.
Para isso, no entanto, terá que provar que o militar da reserva entregou a arma ao filho.
No currículo que o falso tenente-coronel apresentou à Secretaria de Segurança, consta que ele teria trabalhado até na guarda presidencial, em Brasília.
O Exército, que responde pela guarda presidencial, informou que Sampaio nunca fez parte da equipe de segurança.
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