quinta-feira, outubro 21, 2010
Recorde na importação de petróleo
Recorde na importação de petróleo
LUIZ GONZAGA BERTELLI
O governo segue irredutível no sentido de não alterar os valores da gasolina e do diesel, mantendo-os acima dos preços internacionais
Conforme a divulgação da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), as importações totais brasileiras devem somar, em 2010, US$ 175 bilhões. Em 2009, diante da crise financeira, chegaram a US$ 127 bilhões; em 2008, totalizaram US$ 173 bilhões.
As despesas com as compras no exterior dos principais derivados do petróleo (nafta petroquímica, gás de botijão, óleo diesel, gasolina e outros subprodutos) cresceram perto de 220% no 1º semestre deste ano, quando comparadas com igual período do ano passado.
Mais de US$ 6 bilhões foram despendidos com os combustíveis importados, onerando a balança comercial do país.
Contribui para essa situação o aumento do preço médio do petróleo bruto nos países exportadores, alcançando US$ 81 barril nos seis primeiros meses deste ano, quando, em igual período de 2009, a média do valor era de US$ 52/barril.
A nafta petroquímica e o diesel continuam sendo os principais subprodutos do combustível fóssil importado pela Petrobras, que detém o monopólio de fato dessas operações.
A gama de produtos que se pode obter a partir da nafta é infindável na vida moderna (plásticos, detergentes, borrachas, resinas, fibras sintéticas, fertilizantes etc.)
Com a redução da mistura obrigatória do etanol, de 25% para 20%, na gasolina automotiva, de 1º de fevereiro a 1º de maio deste ano, houve um substancial aumento do uso da gasolina.
Quanto à política de preços dos combustíveis, o governo nacional continua irredutível no sentido de não alterar os valores da gasolina e do diesel, mantendo-os acima dos preços do mercado internacional e, assim, visando contribuir para resultados financeiros da Petrobras.
Com o início da extração da monumental reserva do pré-sal, o cenário poderá ser alterado, desenhando-se uma paisagem mais promissora para os acionistas e para os consumidores dos derivados.
Nas nações mais desenvolvidas, os combustíveis limpos e ecológicos, como é o caso do etanol, do biodiesel e do GNV (Gás Natural Veicular), são tributados com valores menores que os derivados do petróleo; em algumas nações, inclusive, não recolhem impostos, visando incentivar sua produção e consumo, a fim de melhorar as condições ambientais.
Os informes da ANP (Agência Nacional do Petróleo), da mesma forma, esclarecem que cresceram de forma expressiva as importações do gás liquefeito de petróleo (GLP) (60%), responsável pelo abastecimento de cerca de 90% das residências brasileiras e do querosene dos aviões (32%).
Outra questão a ser equacionada é a nossa real capacidade de refino do petróleo, hoje perto de 2 milhões de barris diários, área em que a Petrobras, da mesma forma, mantém o monopólio.
Com o crescimento da economia brasileira, haverá a imprescindibilidade da construção de novas unidades de refino ou da ampliação das existentes, a fim de atender às necessidades crescentes dos combustíveis e insumos, nos dias atuais já superando cerca de 200 mil barris diários/importados.
LUIZ GONZAGA BERTELLI, presidente da Associação Paulista de História, presidente-executivo do Ciee-SP (Centro de Integração Empresa-Escola de São Paulo), é diretor e conselheiro da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
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