domingo, março 14, 2010

A DOENÇA, O DIAGNÓSTICO E O PROGNÓSTICO.

A DOENÇA, O DIAGNÓSTICO E O PROGNÓSTICO

Dr. Marco Sobreira - Sábado, 6 de março de 2010

Se tem alguma coisa que tem chocado a todos nós brasileiros, são as notícias diárias de desrespeito total à vida do semelhante. Criança arrastada até a morte por carro em assalto, pais acusados de jogarem filha de apartamento, mortos friamente em assaltos mesmo sem terem reagido, pai que mata e estupra a própria filha, execuções sumárias de desafetos com requintes de crueldade, enfim, fatos que nos remetem á época da pré-civilização. Não sou nenhum cientista social, mas como médico, observador atento das atitudes da sociedade, me pus a pensar e cheguei a algumas conclusões que gostaria de repartir com vocês que me dão a honra de freqüentar esse blog.
Nascemos, quase todos nós brasileiros, cristãos, como tal somos moldados nos ensinamentos legados por Jesus Cristo, se mais tarde nos decepcionamos com os caminhos que a Igreja tem tomado, é motivo para outras considerações, que não é o objetivo deste texto. Voltemos aos ensinamentos, dentre eles talvez o mais importante seja "a vida nos foi dada por Deus e só Ele tem o direito de tirá-la” sob pena de pecado mortal e o inferno como destino de nossa alma. Evidentemente que isso cria um freio religioso e que persiste em nosso subconsciente por toda a vida e em momentos de fúria, de desavenças, de discórdias, de humilhações extremas, certamente nos faz refletir e nossa consciência cristã impede que cometamos o pecado imperdoável.
Outro freio é o que a Justiça nos impõe. Perda da liberdade, do convívio familiar e da sociedade para os que tirarem a vida de outrem. Resguardando as prerrogativas de legitima defesa da vida, da honra, outras situações previstas no Código Penal e em situações de guerra, também nos impede de atentar contra a vida dos semelhantes.
As orientações de família, os ensinamentos e exemplos dos pais para os filhos, o amor, a cumplicidade, o respeito à lei e à ordem, aos mais idosos, aos diferentes, à necessidade do trabalho para o sustento honesto, moldam nossa personalidade e nos acompanha também na fase adulta, condicionando-nos a transmitir os mesmos valores a nossos descendentes.
O que está errado então? E aqui tenho certeza, alguém com mais capacidade poderia escrever um compêndio, mas vou ousar algumas explicações que pelo menos a mim, parecem pertinentes. A Igreja, com seus próprios escândalos, padres, bispos e pastores envolvidos em pedofilia, homossexualismo, adultérios, filhos naturais, na maioria das vezes usando posição na estrutura religiosa para seduzir e corromper. A exploração financeira de fies em proveito próprio, o envolvimento demasiado na política partidária e ostentação de luxos inacessíveis a grande maioria dos fiéis aliados ao conhecimento científico, agora a disposição também da população mais carente, e que contradiz a versão religiosa, certamente contribui para que esse freio religioso, tão importante se perca. Medo do pecado, de ir par o inferno, já não impede que se tire a vida de alguém.
A Justiça, com prerrogativas, artifícios jurídicos habilmente introduzidos por bons advogados, leis que protegem muito mais quem matou do que a família do assassinado, vide pensão dada pelo Estado a assassinos, confinamento em regime domiciliar ou semi-aberto, diminuição de penas e proteção a pretensos Direitos Humanos, passa à sociedade a impressão de que só pobre vai para a cadeia, quando vai, permanece por pouco tempo, faz com que perca-se o medo da privação da liberdade. Exemplos de magistrados, policiais, advogados, servidores públicos e até Presidentes de Tribunais de Justiça envolvidos em corrupção , induz impunidades e corporativismo. Tudo isso faz com que percamos o segundo freio importante, tornando insignificante o respeito às leis como motivo de se poupar a vida de alguém.
Restaria então o freio familiar, mas a necessidade imposta pela necessidade de sobrevivência faz com que pais e mães tenham que trabalhar, deixando filhos aos cuidados de irmãos mais velhos , a vizinhos ou em creches e a falta de tempo para atenção devida ao comportamento dos mesmos, identificando e corrigindo possíveis desvios. Falta de tempo para o amor e o carinho, fragiliza-os fazendo com que sejam alvo fáceis de traficantes e contraventores, requisitando-os com freqüência para o exército do crime. Degradação do casamento, com brigas, agressões, desrespeitos, separações precoces, interferem diretamente na formação de suas personalidades, tornando-os adultos forjados em ambiente que com raras exceções os levaram a não ter também respeito à vida.
Para completar esta triste realidade, tvs, hoje presentes em todos os lares, transmitem diariamente os desmandos e roubos do dinheiro público por políticos e autoridades, sendo dinheiro nas meias, na cueca, nas malas, mensalões para todos os gostos, motivos de comentários e piadas em todos os lares e botequins, passando mensagem de total descaso e desrespeito com as leis, por quem deveria ser por autorização dos eleitores, os fiéis defensores da moral , bons costumes e do Estado de Direito.
Bem amigos, triste não? Mas esta é a doença.  Diagnóstico mais preciso, tratamento e prognóstico é assunto para ser discutido por toda a sociedade e por aqueles que se dispõem a solicitar nosso voto para comandar e tentar mudar a total anarquia que aí está. Voltaremos ao assunto em futuros artigos.

Skoob

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