domingo, abril 18, 2010

Aroeira em O Dia


Primavera devolve o esplendor a Berlim - 17/04/2010 09h36

A chegada da primavera e das temperaturas agradáveis devolvem o esplendor a Berlim, cidade que, com um total de 2.500 parques públicos e mais de 425 mil árvores, é uma das capitais mais verdes da Europa. Segundo dados oficiais da Prefeitura da cidade, 7% da superfície da capital alemã é ocupada por parques públicos, com 6.400 hectares de áreas verdes.

Escrever como arte.

Laços - Manoel Carlos
Eu ainda me surpreendo com alguns livros. Às vezes, vadiando pelas livrarias, um título atrai minha atenção. E, ainda que ignore o conteúdo do livro e jamais tenha ouvido falar no nome do autor, o título, por si só, retém meu interesse. Quando isso acontece, pego o volume, folheio, leio as orelhas, vejo quem traduziu, se o original não for brasileiro nem português, quem prefaciou. São informações básicas para avaliar — precariamente, claro — se o livro me interessa. Se convém investir nele o dinheiro cobrado e, principalmente, o tempo necessário para a sua leitura. Já acertei muitas vezes e errei outras tantas.
Eu me lembro do deslumbramento que me assaltou quando descobri, por exemplo, Laços (Knots, no original), do psiquiatra britânico R.D. Laing. Foi há mais de quarenta anos. Eu já ouvira — vagamente — o nome do autor, mas aquele livrinho de menos de 100 páginas, apresentado como “psicanálise em versos”, caiu nas minhas mãos e nas mãos de grande parte da minha geração, como um precioso esforço de nos revelar a grandeza e a pequeneza humana. Na época, muita gente sabia de cor o primeiro dos poemas de Laços, inclusive eu. Leiam os versos, na tradução de Mário Pontes:
Eles estão jogando o jogo deles.
Eles estão jogando de não jogar um jogo.
Se eu lhes mostrar que os vejo tal qual eles estão,
quebrarei as regras do seu jogo
e receberei a sua punição.
O que eu devo, pois, é jogar o jogo deles,
o jogo de não ver o jogo que eles jogam.
Conheci pessoas que recitavam esse pequeno poema nas festas a que compareciam. Todos amavam essas palavras, pediam cópias e informações sobre o livro e sobre Laing, ainda que muitas vezes não entendessem o significado do poema. O que acontecia — e ainda acontece — é que o seu último verso contém uma carga de sedução que atrai a atenção, em qualquer língua, pelo seu ritmo. Os meus possíveis leitores ficarão, certamente, com essa música em seus ouvidos: “O jogo de não ver o jogo que eles jogam”. 
Nunca mais bati os olhos nesse livro, em minhas andanças pelas livrarias. Parece-me também — li isso em algum lugar — que Laing saiu de moda. E ao morrer, em 1989, aos 61 anos, já era contestado e posto num certo ostracismo, mas acre-dito que tenha sido mais pela coragem das teses que defendeu vida afora. Ousar, sabemos, tem um preço. E um preço alto.
Vinte anos depois, li do mesmo autor uma longa entrevista que ele deu à psicóloga Roberta Russell, que resultou no livro Lições de Amor, igualmente interessante e inovador e que tem uma dedicatória também atraente: “Dedicado aos corajosos que estão dispostos a destinar seu nível mais refinado de atenção e inteligência à aventura de amar outro ser humano”.
O que me levou a fazer esta crônica foi ter encontrado, aqui em casa, entre os meus livros, espremido entre dois volumosos títulos, essa publicação magrinha, numa brochura modesta. E, ao fazer uma nova leitura, senti todo aquele encantamento da descoberta voltar também, trazendo-me amigos que já morreram, uma época que já não ecoa, em que a informática dava seus primeiros passos e a internet — tal como a conhecemos hoje — não existia. É, na verdade, uma crônica de saudade.
O título do livro que atraiu tanto minha atenção, tantos anos atrás, segundo o doutor Laing, poderia também se chamar laçadas, nós, labirintos, impasses, disjunções, redemoinhos, ligaduras.
Ou Laços, como acabou ficando.
Publicado na Veja Rio – 21/04/2010

Diplomacia tacanha

O realismo mágico do PT no FMI
O economista Paulo Nogueira Batista Júnior foi nomeado, em 2007, diretor executivo e representante brasileiro no Fundo Monetário Internacional (FMI). Descrente do capitalismo e alinhado à ala mais atrasada do PT, ele é um estranho no ninho em Washington. Há dois meses, abriu um conflito diplomático com a Colômbia, país que divide com o Brasil e um grupo de outras economias menores uma cadeira no diretório do Fundo. Nogueira Batista demitiu a representante colombiana, María Inés Agudelo, alegando escassez de qualificações profissionais para o posto. Rodrigo Botero, ex-ministro da Fazenda da Colômbia e experiente analista da política latino-americana, revela que a demissão foi motivada pelo choque de visões a respeito de política econômica. "O fato é que Agudelo defendia políticas como as que são adotadas no Brasil com sucesso desde os anos 90", afirma Botero. "Mandar a Washington um representante que execra a própria política econômica de seu país é uma manifestação clara do realismo mágico latino-americano por parte do governo brasileiro." De Boston, onde vive, Botero conversou com o editor Giuliano Guandalini.
O INCIDENTE è "A destituição de María Inés Agudelo por Nogueira Batista viola o acordo de cavalheiros que existe há pelo menos quatro décadas entre o Brasil e a Colômbia. Nunca houve antes um incidente como esse. Nogueira Batista alega que ele, como diretor executivo da cadeira, teve amparo institucional ao demitir Agudelo. Foi o rompimento com uma prática saudável de convivência em que se cultiva a tolerância, com o respeito a profissionais nomeados por outros países. O Brasil adotou a atitude de tratar o incidente como uma questão exclusiva do ministro da Fazenda, Guido Mantega, responsável pela indicação de Nogueira Batista. Mas esse incidente afeta diretamente as relações bilaterais entre os países. Não estamos diante de uma questão meramente burocrática. O Planalto e o Itamaraty devem compreender que a grosseria de Nogueira Batista não colabora em nada para a boa vontade de outros países em relação à política internacional brasileira."
O CONFLITO è "Nogueira Batista não pode invocar o argumento de incompetência para destituir a colombiana. Agudelo possui mais credenciais acadêmicas que Nogueira Batista. As diferenças de Batista com Agudelo se devem a concepções incompatíveis sobre política econômica. Não é segredo para ninguém que Batista é crítico de uma política econômica que tenha um regime de metas de inflação, que empregue a flexibilidade cambial e que persiga metas de superávit fiscal primário. Esses são, em essência, os fundamentos da política econômica colombiana. São princípios que Agudelo, como representante de seu país, era obrigada a defender no FMI. Seria inconcebível que a Colômbia permitisse que um detrator de sua política econômica interviesse nas discussões do Fundo. Agora, se bem entendo, as políticas mencionadas são as mesmas que vêm sendo aplicadas com sucesso no Brasil desde os anos 90. Mandar a Washington um representante que execra a política econômica de seu próprio país é uma manifestação clara do realismo mágico latino-americano por parte do governo brasileiro. Mas isso é problema brasileiro, que não concerne à Colômbia."
A leitura do artigo completo aqui: http://shorttext.com/eckwwbcjzm
FOTO: Botero, ex-ministro colombiano da Fazenda, acusa o representante brasileiro no Fundo de ter violado acordo e estremecido as relações do Brasil com a Colômbia

Assunto sério e que não está tendo a devida atenção dos pais.

Sexo para consumo

Nos últimos dias, toda a imprensa noticiou e comentou casos de violência sexual que envolveram adolescentes e jovens e estavam ligados às chamadas "pulseirinhas do sexo". São pulseiras de plásticos de todas as cores, bem baratas, que passaram a funcionar como um código ligado à vida sexual. Cada cor tem o objetivo de enviar um tipo de mensagem erótica a quem tem a chave para decifrar o segredo. Assim, quem usa a pulseira amarela pede ou está disposta a um beijo, quem usa a roxa já avisa que o beijo é de língua e assim sucessivamente. Entretanto, nem todos os que usam as pulseiras fazem parte do grupo que conhece e usa o código. Crianças dos dois sexos foram seduzidas pelo enfeite acessível e elas estão nos braços de um número enorme de crianças e adolescentes só para sinalizar que eles estão atentos à moda. Muitos adultos já conheciam esse código e passaram a vetar o uso das pulseiras aos seus filhos ou alunos. Agora, depois dos incidentes violentos noticiados, já há até políticos com propostas para tornar lei a proibição do comércio das tais pulseiras. Mas será que isso resolve o problema, ou melhor, será que as pulseiras é que são o problema? Para pensar a respeito, vamos considerar uma reportagem publicada no Folhateen com o título "Faturando com sensualidade". Num suplemento dirigido ao jovem, a reportagem informa que mulheres de 19 a 26 anos usam o sexo para ganhar dinheiro. Bem, então a questão não são as pulseiras nem a internet, usada como veículo por várias dessas mulheres. Precisamos pensar é nos conceitos que envolvem a sexualidade que temos passado aos mais novos. Não temos tido cuidado algum quando se trata de educação ou orientação sexual aos mais novos. A própria reportagem citada pode ser lida por adolescentes como uma boa dica para ganhar dinheiro. Desde que o tema sexo deixou de ser tabu, parece que deixou de ser tarefa dos pais e da escola a formação educativa dos mais novos em relação ao tema. Mas o que não nos lembramos é que essa formação ocorre de qualquer maneira e, na ausência de uma prática educativa responsável e crítica, os jovens se formam com o que está disponível a eles: material na internet, peças publicitárias, exploração do tema em revistas e programas de TV etc. Muitos pais não querem ser vistos como "caretas" pelos filhos e, por conta disso, deixam de moralizar a questão, mesmo quando pensam que deveriam fazer isso. Escolas não assumem a responsabilidade, principalmente porque não sabem como elaborar e colocar em prática um projeto responsável de educação sexual. E por causa de nossa omissão o sexo passou a ser visto pelos jovens e por muitas crianças apenas como mais um item de consumo na vida. Vejam só: pais permitem que seus filhos, considerados "pré-adolescentes", mas que ainda são crianças, namorem, por exemplo.
Vamos proibir o uso de pulseiras ou encarar nossa responsabilidade com a educação sexual de crianças e jovens?

Publicado na Coluna de Ancelmo Goes, no Jornal O Globo, de 17/04/2010

PONTO FINAL
No Mais
Com a montanha de dinheiro público – meu, seu, nosso – que o governo despeja para viabilizar o leilão da Usina de Belo Monte, convém ao PT nunca mais falar mal da privatização das teles.
Na época, a oposição acusou FH, como Lula agora, de ajudar na montagem dos consórcios com dinheiro do BNDES e dos fundos estatais.

Skoob

BBC Brasil Atualidades

Visitantes

free counters