domingo, março 28, 2010

Felizes, separados

Felizes, separados
MÍRIAM LEITÃO - Sábado, Março 27, 2010 - O GLOBO
O presidente Lula não gosta de nós. Que boa notícia. Perigoso seria se o presidente achasse que a imprensa brasileira faz exatamente o que ele quer e dá apenas a sua visão dos fatos. Imagine que monótono seria se todos os meios de comunicação se contentassem em registrar as avaliações do governo sobre suas próprias ações, se Lula jamais fosse criticado, se ninguém tivesse dúvidas.
Deve ser assim a imprensa chinesa, aquele país onde até um site de busca tem que ser censurado, porque nem os fatos passados, há 21 anos, podem ser contados como eles foram, como o massacre da Praça da Paz Celestial. Com uma imprensa assim sonha Hugo Chávez quando fecha TVs, persegue jornais, prende jornalistas, opositores e quer controlar a internet.
Foi assim, absolutamente do gosto dos governantes, os tempos soviéticos do "Pravda" e da Agência Tass.
Em Cuba, ainda é assim.
Fidel Castro não tem reclamações do "Gramma", e jornalista cubano que pensa diferente está na cadeia, fazendo greve de fome, ou se arriscando nas mídias sociais.
Na Coreia do Norte, então, a imprensa deve ser considerada pelo governo como de muito boa fé porque nada diz de diferente.
Aqui, os governos continuarão contrariados, felizmente.
O principal candidato de oposição, José Serra, também faz críticas à imprensa.
Que boa notícia.

Continue a leitura aqui: http://shorttext.com/u9bhaw3325l

Uma campanha como nunca etc

26/03/2010 - 23:49
Por Villas-Bôas Corrêa

Nos 60 anos e quebrados como repórter político, cobri todas as campanhas eleitorais, desde a primeira na sucessão do medíocre governo do presidente general Eurico Dutra. As campanhas polarizadas pelo Partido Social Democrático, o PSD das sólidas bases municipais e estaduais – com os seus aliados de sempre, como o PTB getulista e outras siglas nanicas, contra a União Democrática Nacional, a UDN dos bacharéis e dos grandes oradores, como Carlos Lacerda, Afonso Arinos, Aliomar Baleeiro, Adauto Lúcio Cardos e figuras exemplares como Milton Campos, que Carlos Castelo Branco consagrou como “o mais completo homem público que conheci” – eram de uma modéstia franciscana comparada com a miliardária pré-campanha da pré-candidata governista, a ministra Dilma Rousseff.
Com a melancolia dos idosos, passa pela memória a campanha do brigadeiro Eduardo Gomes, com o lerdo DC-3 alugado em viagens de horas para os comícios que eram bancados pelos diretórios estaduais com a ajuda da caixa de campanha. E a atração era a equipe dos grandes oradores que se revezavam na tribuna. Dali, a hospedagem nos modestos hotéis da época, para a recompensa do café da manhã reforçado com a fatia de queijo e a cota de bolo. Nos pequenos e médios municípios de roteiros de uma semana, os oradores se revezavam para poupar a garganta. O toque de modéstia não era uma novidade ou uma exceção. Pois, da classe média dos bacharéis, médicos, fazendeiros do interior era composta a maioria das duas Casas do Congresso.
E, como a marca que não se esquece, este depoimento pessoal de um instante inesquecível. Na campanha que reunia multidões do embirutado Jânio Quadros – o da renúncia que abriu o caminho para os 21 anos da ditadura militar – no final de uma longa série de comícios estava conversando com o candidato a vice, senador Milton Campos, quando Jânio veio se despedir. Milton Campos, com a maior naturalidade, avisou que não iria no dia seguinte ao comício de Porto Alegre. E deu a justificativa: a eleição de Jânio é que era importante. E o candidato certamente esperava receber votos do deputado Fernando Ferrari, o candidato avulso dissidente do PTB, com a bandeira da Campanha das Mãos Limpas. Jânio trairia Milton Campos duas vezes, a segunda no Jan-Jan do acerto com Jango Goulart, que por sua vez traiu o marechal Lott, candidato mais pesado que uma locomotiva.
Este ligeiro repasse pela memória é o ontem para o confronto com o agora. Nunca na história etc um partido, e o Partido dos Trabalhadores, fundado pelo líder operário Luiz Inácio Lula da Silva, revelou a pujança de milionário como o PT se jacta de bancar para eleger a candidata Dilma Rousseff. Só para o período entre abril e junho, na pré-campanha, pois a campanha pela agenda do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) começa a 6 de julho, o PT vai bancar cerca de R$ 250 mil em três meses, entre abril e junho, na pré-campanha de Dilma. E a lista é de destroncar a queixada: R$ 12 mil para aluguel de casa; salário da Dilma, R$ 17.800 mensais; salário de cinco assessores, R$ 55 mil por mês; aluguel de dois andares no Centro, previsão de R$ 30 mil mensais; mais aluguel de jatos executivos, locação de carros para a candidata e segurança e outros luxos.
Na grande festa de despedida de Dilma, na segunda-feira, dia 29, quando do lançamento do PAC-2, a previsão é da presença de mais de mil pessoas, entre governadores, ministros, secretários, prefeitos, parlamentares e a turma do cordão que cada vez aumenta mais, e como... Num toque de pitoresco ineditismo, o presidente Lula foi multado duas vezes pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a primeira em R$ 5 mil, aplicada por um só ministro, e a segunda de R$ 10 mil pelo TSE por ter infligido a lei eleitoral ao fazer propaganda da candidata num evento em sindicato, em São Paulo. Migalhas para um partido milionário.
Como a pré-campanha está uma pândega, o presidente Lula e os dois candidatos, a ministra Dilma Rousseff e o afinal desencantado governador de São Paulo, José Serra (PSDB), encontraram-se no mesmo palanque em Tatuí (SP) para a entrega de 650 ambulâncias adquiridas pelo governo federal para o Serviço de Atendimento de Urgência (Samu).
Governo e oposição afinal encontraram um tema em o acordo é perfeito: a crítica à imprensa. Divirtam-se...

Skoob

BBC Brasil Atualidades

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