quinta-feira, janeiro 20, 2011

Desastres


Desastres

KENNETH MAXWELL – Folha de São Paulo

A perda de centenas de vidas devido a deslizamentos de terra causados pela força de temporais não é o primeiro desastre desse tipo a acontecer no Brasil. E, muito provavelmente, não será o último.
Todo mundo disse que essas enchentes na zona serrana do Rio de Janeiro são as piores na história brasileira. Mas, na realidade, não são. Lembro bem de um desastre parecido e também com pouca reação entre os poderes públicos.
Em janeiro de 1967, um temporal de três horas de duração em Piraí, Rio, trouxe duas vezes mais chuva que a registrada ao longo de 24 horas neste mês nas cidades de Petrópolis, Nova Friburgo e Teresópolis.
Situada na via Dutra, a principal rota entre Rio de Janeiro e São Paulo, a serra das Araras, onde está Piraí, foi devastada por deslizamentos de terra.
Cerca de 300 corpos foram recuperados, mas mais de 1,4 mil pessoas desapareceram. A Dutra ficou intransitável por quatro meses. Na cidade do Rio de Janeiro, três edifícios de apartamentos desabaram no bairro de Laranjeiras, causando 110 mortes.
Naquele janeiro eu vivia no Rio. Depois da chuva, a cidade sofreu blecautes por meses.
Eu precisava subir duas vezes por dia os 10 andares de escadas até meu pequeno apartamento no topo de um edifício na esquina da rua Figueiredo Magalhães com a avenida Nossa Senhora de Copacabana. Era uma esquina notória, conhecida localmente como "a esquina mais barulhenta do mundo". Na época, costumava imaginar como alguém poderia ter certeza disso.
Em 1967, Zé Kéti conquistou o primeiro prêmio num festival de músicas de Carnaval, com "Máscara Negra", um samba-marcha-rancho que compôs com Hildebrando Matos. O sambista Zé Kéti estava no auge da fama. Desde 1964, ele interpretava o favelado em "Opinião", o espetáculo de música e teatro que liderava a resistência contra os militares.
Posteriormente, surgiu uma disputa amarga quanto à autoria de "Máscara Negra", e Zé Kéti terminou se mudando para São Paulo, onde viveu durante os anos 80, antes de retornar ao Rio, em 1994, e retomar sua carreira. Ele morreu aos 78 anos, em 1999. "Máscara Negra" e muitos de seus outros sambas, entre os quais "Opinião", estão hoje disponíveis no YouTube.com.
Em meio àquela época desastrosa de chuva, morte e deslizamentos de terra, Zé Kéti ao menos nos legou algumas composições memoráveis de música popular brasileira.
Se alguns de seus sambas expressavam a nostalgia por Carnavais passados, como "Mascara Negra", outros continuam a ser, como "Opinião", intensa e abertamente políticos, exatamente como ele pretendia: "Que eu não mudo de opinião/ Daqui do morro/ Eu não saio, não."

Por quem os sinos dobram


Por quem os sinos dobram

CARLOS HEITOR CONY – Folha de São Paulo

RIO DE JANEIRO - Domingo passado, publiquei neste mesmo canto uma crônica que finalizava com a absolvição de Deus e do governador Sérgio Cabral quanto às enchentes na região serrana do Rio de Janeiro ("DNA das tragédias"). Lembrando o dilúvio, a destruição de Sodoma e Gomorra, botava a culpa de tudo em nós mesmos.
Afinal, o erro ou a incúria das autoridades, sejam elas de ordem divina ou administrativa, têm como causa a apatia de todos nós, cidadãos que se esquecem de orar a Deus (é o meu caso) e votam em outros cidadãos que ocupam o poder, seja ele federal, estadual ou municipal.
No regime democrático em que vivemos, ninguém assalta o poder, como nas ditaduras. Somos nós que elegemos as autoridades e se elas, ao longo do tempo, não cuidam do bem público, a culpa é nossa pelas deficiências daqueles que escolhemos para nos governar.
Não estou dizendo nada de novo. Só para dar um exemplo, o maior tirano da história, Hitler, foi eleito pelo povo alemão em 1933. Podemos concluir daí que existe realmente uma culpa coletiva, que não deve ser cobrada com a extinção de uma raça ou de um povo. Ela deve servir apenas de lição, para não repetir erros ou equívocos num estado de direito.
Não gosto de citações metidas a erudição, mas não é demais lembrar o poema de John Donne que começa com "Nenhum homem é uma ilha" e tem como final o verso que Hemingway usou para o título de um de seus melhores romances: "Não perguntes por quem os sinos dobram, eles dobram por ti".
É, de certa forma, uma decorrência da culpa coletiva, da qual falei acima. A maior tragédia natural do Brasil escalonou vítimas. Muitas morreram e nada mais podem fazer. Outras, nós todos, ficamos horrorizados. E mandamos colchões e biscoitos para os sobreviventes.

Tragédia incalculável

Tragédia incalculável
Merval Pereira – O Globo - 20/01/2011

Os esquemas de emergência estão funcionando razoavelmente bem no interior, a solidariedade da população continua muito alta e neutraliza a desorganização oficial, que é grande, e ao mesmo tempo são preocupantes os relatos de prefeitos e voluntários que estão nos locais mais atingidos. Há o receio de que o tamanho da tragédia seja muito maior do que se divulga oficialmente.
Até agora existem ainda muitas áreas inatingíveis pelos serviços de socorro, muitas áreas soterradas, muita gente desaparecida.
É possível que o número de mortos passe de mil, um número que pode ser maior ainda se levarmos em conta que vilas inteiras, pequenas cidades inteiras, foram soterradas.
Conversei com um motorista que participou no fim de semana de resgates em Nova Friburgo, que me relatou fatos impressionantes.
A equipe da qual fazia parte chegou a uma área que estava isolada há dias, e um sobrevivente contava que debaixo daquele lamaçal todo um dia houve uma praça, um comércio típico do interior. Tudo agora encoberto por uma camada profunda de lama e entulho.
Não há possibilidade de saber quantas pessoas estão soterradas. É bem possível que dezenas, centenas de corpos não sejam encontrados.
A partir dessa tragédia de proporções nunca antes vistas no país (nesse caso vale a comparação, que se banalizou no governo Lula), há alguns avanços que podem ser obtidos.
O mais importante seria mudar essa nossa cultura, que nos coloca mobilizados solidariamente para ajudar os atingidos pela catástrofe, mas não privilegia a prevenção como ação de cidadania.
O tamanho da tragédia pode obrigar as autoridades dos três níveis de governo (municipal, estadual e federal) a entrarem em uma nova fase, em que flertar com a irresponsabilidade e o descaso pode significar o fim de um projeto político, pela reação do eleitorado à demagogia e às promessas vãs.
Este é um pensamento otimista, que a nossa realidade não autoriza. Mas, num momento desses, é preciso ter esperanças de que alguma coisa mude para melhor.
É o caso do economista José Roberto Afonso, que tem casa no Vale do Cuiabá e está empenhado em transformar o que aconteceu lá num "case" de virada. O local está tão destruído, diz ele, que é hora de refazer tudo. "Nem é recuperar ou reconstruir, porque não dá para voltar ao que era. Vamos fazer algo novo e diferente, e, se Deus quiser, melhor".
A prefeitura do Rio está montando um sofisticado sistema de previsão do tempo, cujo novo radar meteorológico, instalado no Alto do Sumaré, na Zona Norte da cidade, captou a possibilidade de chuvas fortes, mas a previsão não teve resultados porque não existe um sistema integrado na Defesa Civil que permita dar consequência operacional às informações dos satélites e radares.
É o que vai se tentar montar com o novo sistema de previsão do tempo da cidade. A previsão, hoje com até seis horas de antecedência da chegada de tempestades, será melhorada com o funcionamento de um sistema de alta resolução que, segundo a prefeitura, fará previsões com 80% de acerto e até 48 horas de antecedência.
Também o sistema de alarme comunitário para chuvas fortes no Rio vai ter uma rede de 60 sirenes espalhadas pela cidade, com membros da Defesa Civil devidamente capacitados dando treinamento para os moradores das comunidades com áreas de risco.
Em nível nacional, o sistema de alertas e prevenção anunciado há cinco anos já está em testes para começar a funcionar nas regiões mapeadas no meio do ano. Será implantado gradativamente ao longo do tempo.
Essa questão de treinamentos e prevenção é fundamental. Lembro-me que quando morei na Califórnia, em 1990, a casa que alugamos tinha no quintal dois enormes contêineres com provisões para uma semana de sobrevivência em caso de terremotos, o grande problema da região.
E havia também na casa um vídeo com instruções sobre como agir caso um terremoto atingisse a área.
Também na Universidade de Stanford havia treinamentos nas salas de aula sobre como reagir quando a sirene de alarme soasse.
Na Alemanha, há uma rádio oficial que transmite apenas mensagens sobre as condições das estradas e as previsões climáticas, e, quando há algum acidente no percurso, a rádio oficial interrompe a programação normal e passa a dominar o noticiário naquela região em que é preciso dar informações para os cidadãos.
A tragédia na Serra do Rio pode levar também a uma mudança de atitude dos parlamentares em relação ao novo Código Florestal, que estava sendo aprovado com a força da bancada ruralista, apesar dos protestos das ONGs preservacionistas.
Ficou agora no ar a ameaça de que as mudanças possam ampliar os riscos em algumas regiões, em vez de apenas incentivar a agricultura, que é declaradamente seu objetivo, especialmente o pequeno agricultor.
O texto não considera topos de morros como áreas de preservação permanente, e libera a construção de casas em encostas, além de reduzir a faixa de preservação nas margens de rios.
Essas mudanças agora poderão ser discutidas com mais vagar, para compatibilizar a necessidade de incentivar a agricultura com a cultura de prevenção de desastres ambientais que se quer implantar.

A se crer na versão dos produtores do filme "Lula, o filho do Brasil", a mesma política que colocou o filme inexplicavelmente como o representante do Brasil na disputa do Oscar o tirou da corrida ontem.
Na política interna, a popularidade do biografado foi incapaz de transformar o filme em sucesso de crítica ou público, mas teve força para indicá-lo representante oficial do país no Oscar de filme estrangeiro.
Na política externa, a relação quase de amizade entre o presidente Lula e o ditador iraniano Mahmoud Ahmadinejad, e a posição de boa vontade do governo brasileiro com o programa nuclear do Irã, levou a uma reação negativa do governo dos Estados Unidos e de Israel.
Segundo Paula Barreto, produtora do filme, ele foi prejudicado por isso em Nova York devido a um boicote de distribuidores judeus. Também em Hollywood a influência de produtores e distribuidores judeus é reconhecidamente forte, e seria surpreendente que "Lula, o filho do Brasil" pudesse ser selecionado.

O aviso de Priscila, de Friburgo


O aviso de Priscila, de Friburgo
ELIO GASPARI - O GLOBO - 19/01/11


Como diria Sérgio Cabral, o que houve na serra fluminense foi a "crônica da morte anunciada"

ESTE ARTIGO é um caso de apropriação indébita. Deveria ser assinado pela repórter Priscila de Lima, do site "Nova Imprensa" (novaimprensa.com.br), de Friburgo. Adiante vai seu texto, publicado no dia 25 de novembro do ano passado. Do signatário, são só as observações entre parênteses.
"Após 8 horas de chuva constante na madrugada do dia 21, a população de Nova Friburgo está apreensiva em relação ao início do período de chuvas. (...) O ponto de alagamento mais crítico no município continua sendo o distrito de São Geraldo que, apesar das obras do Programa de Aceleração do Crescimento estarem em andamento, em várias ruas ainda sofre com as inundações." (Com a enchente de janeiro, os córregos de São Geraldo transformaram-se em cachoeiras, e as áreas planas, em igarapés. Casas foram cobertas pela água e moradores ilhados pediam comida. Os desabrigados reuniram-se na 5ª Igreja Batista, junto com 13 mortos.)
"Em algumas áreas, os bueiros não suportaram o volume de água, e as ruas ficaram alagadas. (...) O centro e os bairros de Duas Pedras, Solares e Amparo também tiveram ocorrências de deslizamentos, estragos e alagamentos em pequenas áreas." (O pedreiro Leandro perdeu a casa, a mulher, a mãe e o filho de dois anos, mas juntou-se às equipes de resgate, orientando pilotos de helicópteros. Ele tinha água na cintura quando chegou a Duas Pedras. Está no YouTube.)
"De acordo com dados divulgados pela Defesa Civil de Nova Friburgo, de domingo a quinta-feira foram feitas 97 solicitações de vistoria. No domingo, 21 [de novembro], foram registrados mais de 60 mm de chuva das 6h às 8h30. Em outro ponto da cidade, o nível de água atingiu 80 mm no mesmo período. O distrito de Campo do Coelho foi o que apresentou o maior índice do município, chegando a 90 mm." (Em janeiro, os bombeiros só conseguiram chegar ao Campo do Coelho três dias depois da enchente. Moradores se mobilizaram e resgataram cerca de 110 pessoas. Quarenta morreram.)
"O subsecretário de Defesa Civil, tenente-coronel bombeiro militar Roberto Robadey, disse que, para evitar transtornos, a população deve tomar medidas simples: "É fundamental que as pessoas não joguem lixo ou qualquer outro tipo de resíduo nas ruas (...). A Defesa Civil tem trabalhado também na divulgação do uso do pluviômetro caseiro, que consiste em uma garrafa pet com uma régua. Esse material capta a chuva e permite que o próprio morador observe o nível de água que representa risco para ele, ou seja, o registro de até 40 mm não consiste em perigo de deslizamento de um barranco, por exemplo. A partir dessa medição o morador pode tomar a decisão de sair de sua casa para um local mais seguro"."(Conclusão: o povo joga lixo onde não deve e, quando o pluviômetro caseiro ultrapassa 40 mm, continua em casa. Ir para onde, ninguém diz. Nem a Defesa Civil de Friburgo ou a do Estado tomaram providências em novembro, muito menos em dezembro, até que, em janeiro, quando veio a água, ninguém sabia o que fazer, onde fazer, nem como fazer.No dia 29 de dezembro, a turma do site Nova Imprensa informou que tentou ouvir o secretário de obras de Friburgo, Hélio Gonçalves, mas ele não estava na cidade. No início do ano, o governador Sérgio Cabral estava no exterior.)

O marketing cínico do dilúvio anunciado

 O marketing cínico do dilúvio anunciado

José Nêumanne - O Estado de S. Paulo - 19/01/11

Os números assustadores da tragédia provocada pelas enxurradas que se seguiram aos temporais na serra fluminense (o dobro dos mortos das similares em 1967, quando a área atingida ficou restrita apenas a Petrópolis) fazem emergir da lama que deslizou montanha abaixo, destruindo tudo e enlutando famílias, constatações e reflexões que, mesmo inúteis e inócuas, não podem deixar de fluir.

A primeira pergunta sem resposta é a que estabelece uma conexão entre a ameaça à camada de ozônio pelo aquecimento global e fenômenos meteorológicos como esses. Chove desde que o mundo é mundo e chuvas como as que desabaram sobre a formosa área acontecem desde o tempo em que o calor das fogueiras de nossos ancestrais caçadores certamente não ameaçava a camada de ozônio nem alterava o rumo ou o volume de correntes marítimas e tampouco causava tempestades. Não dá para garantir nem para negar que aguaceiros de tal porte possam ter caído no tempo das cavernas e desabrigado algumas famílias de habitantes primitivos daquelas plagas. Mas não se podem comparar esses eventos na Pré-História com este num planeta superpovoado, onde aquele privilegiado conjunto de morros e vales é disputado por qualquer apreciador de uma bela vista - o pobretão da favela ou o ricaço capaz de construir sua mansão na encosta. Para o primeiro vale a advertência que começou a ser feita desde que os refugiados da Guerra de Canudos, não tendo onde morar, fincaram suas choças nos morros que ornam a Baía de Guanabara, que encantou Cole Porter, e chamaram seus arruados de "favelas", em homenagem a um arbusto do sertão.

É claro que a ocupação de áreas de risco pelos carentes de moradia é um drama que se amplia na proporção em que aumentam as famílias que não têm onde morar e mínguam as habitações que elas podem adquirir ou construir. Em metrópoles como Rio e São Paulo, restam-lhe poucas alternativas às encostas sobre as quais a ganância da indústria imobiliária ainda não depositou suas ambições de enriquecimento. Em regiões aprazíveis e próximas de um grande centro, caso da preferida pela família imperial para se refugiar da canícula litorânea, não há escolha para os pobres de Jó que improvisam seus tetos ou a burguesia endinheirada em busca de paz, conforto e ar puro. Em Petrópolis, Teresópolis, Nova Friburgo e adjacências, barracos ou palacetes não podem ser construídos em planuras, porque planuras não há. Há, sim, montanhas que sobem para o céu e descem para o vale. E vales que, debaixo das encostas, aguentam o peso do lodaçal que desliza quando a vegetação não consegue conter o desbarrancamento e desce a avalanche.

Sob o peso monumental dessa lama desmoronam barracos de lata e sólidas construções centenárias. Reclamar da ocupação indiscriminada de mananciais e áreas de risco com a cumplicidade da politicagem demagógica é chover no molhado, mas necessário. Porque não há tragédia coletiva que mobilize um homem público brasileiro em posto de mando a desafiar os carimbadores de fatos consumados e os grileiros da boa-fé do populacho sem teto.

No caso da serra fluminense, o buraco fica bem mais embaixo e o lamaçal vem de muito mais acima. Esta tragédia de proporções ainda não totalmente conhecidas mostra que não há áreas sem risco no território atingido. A serra só não é arriscada em sítios selvagens onde não existam prédios, pessoas, bens ou animais. Essa evidência não inutiliza a necessidade da responsabilização com nome, endereço, cargo e eventual pena em caso de culpa para os homens públicos que compram seus mandatos ao custo da mortandade nas tragédias das chuvas de verão. Mas torna relativa a justificativa única da permissão de construir em lugar impróprio, pois ali, como esta chuva mostrou, nenhum é apropriado.
Então, que fazer? Adquirir aparelhos de previsão meteorológica para permitir que cidades sejam evacuadas antes que o céu desabe sobre as montanhas? A tecnologia salva vidas, mas seu poder de fazê-lo é limitado. A constatação sazonal de que as autoridades locais foram avisadas pelos técnicos de que choveria é aleivosa, porque não há prefeito capaz de evacuar uma cidade do tamanho de Petrópolis cada vez que a meteorologia previr não o dilúvio universal, mas "chuvas de moderadas a fortes". Se muitos habitantes da região se recusam a deixar casas dependuradas no abismo e isoladas pela lama, como imaginar que alguém, de sã consciência, possa convencer almas contadas aos milhares a abandonarem seus lares? E irem, aliás, para onde? Para o sambódromo? Para o Maracanã? Ora, essa!

O que revolta é ler a promessa de Dilma agora, que, feita por Lula há cinco anos, nunca foi cumprida, de instalar um infalível sistema de alerta para prevenir tragédias como esta. Pois se trata de marketing improvisado que escarnece da dor das vítimas. E saber que aquela região não dispõe de um plano B similar ao treinamento que os bombeiros fazem para prevenir incêndios em prédios. Pior: União, Estados e municípios apelidam de defesa civil algo que não defende ninguém de nada, e sempre termina sobrando para militares destreinados que correm feito baratas tontas de um lado para outro, ajudando heroicamente alguns, mas sem organização capaz de promover uma eventual evacuação improvável ou de socorrer as vítimas do dilúvio anunciado.

O Estado brasileiro é incompetente para prevenir e para remediar porque não estuda, não trabalha, não treina e não aprende com as tragédias pretéritas para evitar que as futuras sejam ainda maiores. Militares e civis limitam-se a garantir a própria impunidade no discurso vago e impessoal, repetido e pluripartidário dos mandatários de plantão. É uma situação vergonhosa que só poderia ser amenizada se esses maganões fossem identificados e punidos na forma da lei. Mas como fazê-lo, se são eles que fazem as leis?

Skoob

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