quinta-feira, setembro 16, 2010

O Japão começa a agir

O Japão começa a agir
Celso Ming - O Estado de S. Paulo - 16/09/2010
O governo japonês iniciou ontem uma ampla operação de intervenção nos mercados internacionais de câmbio com o objetivo de impedir a excessiva valorização de sua moeda, o iene.
É uma operação que consiste em vender ienes recebendo dólares em pagamento. Só ontem, apenas o governo japonês deve ter vendido mais de 1 trilhão de ienes. Mas, a partir do momento em que essa nova música passou a ser tocada no salão de baile, um grande número de possuidores de ienes também entrou no mesmo passo de dança: começou a vender.
Intervenções assim não aconteciam há seis anos e meio. De janeiro até terça-feira, o iene havia valorizado 10%.
A economia do Japão não está menos doente do que a dos Estados Unidos e a da Europa. Essa valorização das cotações parece ter tido como causa principal as compras de ienes e de títulos em ienes realizadas pelo governo da China. As cotações fecharam ontem a 85,75 ienes por dólar, uma desvalorização de 3,3% em relação ao ponto mais alto.
Não há indicação de qual será o novo piso cambial procurado nem até quando o governo japonês planeja absorver dólares. Entre janeiro de 2003 e março de 2004, período da intervenção anterior, vendeu 35 trilhões de ienes, o correspondente então a cerca de US$ 300 bilhões. Em agosto, as reservas internacionais do Japão estavam a US$ 1,07 trilhão.
Não se sabe ainda se o Banco do Japão (banco central) vai retirar o excesso de ienes dos mercados por meio de emissão de títulos e cumprir assim operações de esterilização monetária. De qualquer maneira, nas próximas semanas deverá prevalecer enorme liquidez em ienes, fato que poderá derrubar mais os juros já rastejantes em ienes e estimular a especulação internacional com juros (arbitragem). O Brasil provavelmente sofrerá o impacto da entrada de mais moeda japonesa.
Em outros tempos, intervenções pesadas nos mercados de câmbio se faziam com colaboração de outros governos. Desta vez, o Japão deve trabalhar sozinho porque praticamente todos os outros governos (inclusive o dos Estados Unidos) estão interessados na desvalorização de sua própria moeda em relação ao dólar e não deverão colaborar com uma operação que vai provocar efeito oposto.
O principal objetivo do Japão é estancar a perda de competitividade do produto japonês no mercado global. Fácil entender por que isso vinha acontecendo: quanto menos ienes valesse cada dólar, menor seria o faturamento em ienes obtido pelo exportador japonês.
Apesar dos persistentes problemas da economia japonesa, o verdadeiro foco de preocupações não é o Japão. São os rombos da economia americana, cujo conserto ainda não foi encomendado.
Uma ação dessa magnitude nos mercados de câmbio não vai ficar sem consequências. São esperadas agora reações defensivas de outros governos, a começar pelo dos Estados Unidos, cuja moeda se valorizou ontem não só em relação ao iene, mas também a outras moedas.
Falta dizer que tudo isso são apenas sintomas de um problema bem mais profundo: os enormes desequilíbrios da ordem financeira global, que começaram em 1972, com o desatrelamento do dólar em relação ao ouro.
CONFIRA Greenspan X Krugman Os dois estão em extremos opostos. O ex-presidente do Fed Alan Greenspan quer pôr fim às despesas públicas para acabar com a crise. O Prêmio Nobel de Economia Paul Krugman defende novos e mais generosos despejos de recursos públicos para o mesmo objetivo.
Acabar com isso Ontem, Greenspan afirmou que os pacotes fiscais não serviram para grande coisa. "É preciso que a economia se cure sozinha." E recomendou aumento (e não redução) de impostos combinado com forte corte das despesas públicas. Nada menos que a receita da Alemanha.

Os arreganhos do lulismo - Editorial O Estado de S. Paulo - 16/09/2010

Os arreganhos do lulismo - Editorial O Estado de S. Paulo - 16/09/2010
Dois meses depois de rebentar o escândalo do mensalão, em junho de 2005, um relutante presidente Lula gravou um pronunciamento para se dizer "traído" e cobrar do PT um pedido de desculpas. Foi o mais perto a que chegou de reconhecer que tinha procedência a denúncia da compra sistemática de apoios ao seu governo na Câmara dos Deputados. Logo adiante, virou o fio: considerou a investigação parlamentar das acusações uma tentativa golpista das elites e ameaçou enfrentá-las nas ruas.
A história se repete. Diante da revelação do tráfico de influência praticado pelo filho da titular da Casa Civil, Erenice Guerra, Israel - o que levou à descoberta de que dois irmãos e uma irmã dela ocuparam uma penca de funções no governo, onde cuidavam com desvelo dos interesses da família -, Lula fez saber que exigira da ministra uma "reação rápida". Indicou, dessa maneira, que não desqualificava liminarmente o noticiário que poderia respingar na candidatura de sua escolhida, Dilma Rousseff, responsável pela ascensão da fiel assessora Erenice na hierarquia do poder.
Mas isso foi no domingo. Passados dois dias, a política de contenção de danos virou um arreganho. Ao mesmo tempo que fazia expressão corporal de apurar os fatos - acionando a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União para investigar as ações do filho da ministra, mas não as dela -, Lula estimulou ou deu carta branca a Erenice para culpar o candidato tucano José Serra pela nova crise que chamusca o entorno do gabinete presidencial, a pouco mais de duas semanas do primeiro turno. Desse modo, Lula deu o enésimo passo na sua trajetória de abusos eleitorais.
Estado e governo se amalgamaram com a campanha de Dilma com uma desfaçatez sem precedentes nessa matéria. Presidente e "chefe de uma facção política", nas palavras do seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, já se haviam mostrado mais unos e inseparáveis do que nunca quando Lula escolheu o horário de propaganda de sua afilhada, no 7 de Setembro, para desancar o candidato do PSDB porque ousou vincular à disputa eleitoral as violações do sigilo fiscal de familiares e correligionários. Dias depois, disse o que o Brasil jamais ouviu da boca de um presidente - que era preciso "extirpar" da política nacional o DEM, aliado de Serra.
É o estilo mussoliniano de quem, numa apoteose mental, acha que é tudo e tudo pode, apontou Fernando Henrique, a única figura política de peso no Brasil a advertir consistentemente para a intensificação do comportamento autocrático de Lula. Serra abdicou de fazer oposição ao presidente aprovado por 80% da população, como se os sucessivos ocupantes da Casa Civil contra quem a sua propaganda investe - José Dirceu, Dilma Rousseff e Erenice Guerra - não tivessem nenhum parentesco político com o Primeiro Companheiro que os instalou no centro do poder. Isso nem impediu a disparada da petista nas pesquisas nem poupou o seu adversário das piores invectivas.
Acertada com o chefe, Erenice mandou distribuir uma nota, em papel timbrado da Presidência, em que se refere a Serra como "candidato aético e já derrotado", mentor do que seria uma "impressionante e indisfarçável campanha de difamação" contra si e os seus. É típico do lulismo, além da usurpação dos recursos de poder do Estado, culpar os críticos pelos malfeitos da sua patota. Como no caso do mensalão, passado o momento inicial de desconcerto, a ordem é execrar os denunciantes. Quer-se reduzir a um "factoide" eleitoralmente motivado, como disse Dilma, a exposição dos enlaces da família Guerra com o patrimônio público.
De outra parte, levanta-se uma nuvem de poeira para abafar o escândalo da véspera, o da Receita Federal. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou uma providência que cria uma categoria privilegiada de contribuintes - a das "pessoas politicamente expostas". Os dados cadastrais e declarações de renda de autoridades e ex-autoridades passarão a ter a proteção especial com que os mortais comuns apenas podem sonhar. A medida desacata o princípio da igualdade de todos perante a lei. Mas isso é um detalhe no modus operandi do lulismo, que ameaça deitar raiz no terreno baldio da política nacional.

Waldez, no Amazônia Jornal


Pronta entrega

Pronta entrega
Dora Kramer - O Estado de S. Paulo - 16/09/2010
Há 13 dias o ministro da Fazenda, Guido Mantega, não parecia minimamente preocupado com a quebra sistemática de sigilo fiscal nas dependências da Receita Federal. Muito menos transparecia disposição para tomar medidas de segurança adicionais. Ao contrário.
Estava tranquilo, sorridente, achando muito natural esse tipo de ocorrência que, segundo ele, é habitual. "Vazamentos sempre ocorreram", comentou o ministro enquanto comemorava o bom desempenho do PIB no segundo semestre de 2010.
Mantega obviamente foi muito criticado. Não no governo nem na campanha presidencial do PT. As críticas saíram da oposição, da imprensa e de uma ou outra entidade que ainda se surpreende com o fato de um ministro da Fazenda admitir que a Receita não garante a segurança fiscal dos cidadãos com a ligeireza de quem dá uma boa notícia.
Na ocasião não ocorreu ao ministro citar - não discorrer sobre, mas apenas mencionar - a necessidade de tomar medidas para corrigir a situação.
Quatro dias depois, no Dia da Independência, o presidente da República apareceu no horário eleitoral do PT para reagir às "calúnias" relativas às quebras de sigilo sem dedicar uma vírgula às pessoas que tiveram suas declarações de renda indevidamente examinadas.
Na oportunidade, o presidente não impôs reparo aos acontecimentos, para ele apenas fruto de "baixarias" da "turma do contra".
O que houve nesse meio tempo que motivasse o anúncio de uma série de medidas - entre elas a criação de um cercadinho VIP para políticos e respectivos familiares - com a finalidade de aumentar a segurança dos dados e inibir a espionagem e distribuição de senhas entre funcionários?
Em relação à Receita não aconteceu nada, mas sobre trapaças no campo companheiro aconteceu a denúncia da revista Veja a respeito do tráfico de influência da família Guerra e adjacências. Com ela aconteceu necessidade premente de se criar algum fato positivo para dividir atenções.
De onde aparecerem medidas obviamente rabiscadas às pressas. Não deu tempo sequer de redigir a medida provisória anunciada pelo ministro Mantega que vai regularizar os itens do pacote que precisam de mudança na legislação. Isso se houver mesmo alguma MP para ser editada.
Essa história com a qual o governo resolveu se preocupar agora é de conhecimento público desde junho. De lá para cá o caso só se agrava e as autoridades apenas tergiversam, mentem, escondem informações, simulam indiferença, zombam ou dizem que é tudo uma grande armação.
Pela lógica. Se, como diz a ministra Erenice Guerra em sua nota oficial, as denúncias sobre tráfico de influência envolvendo boa parte de sua família nada fossem além de campanha difamatória "em favor do candidato aético e derrotado", o ministro da Justiça não poderia ter concordado em ordenar à Polícia Federal abertura de inquérito.
Se, como diz a candidata Dilma Rousseff, tudo se resumisse a mais um "factoide" eleitoral, chamar a polícia para cuidar disso seria no mínimo uma temeridade. Como se sabe, ocupar serviços públicos com alarmes falsos ou trotes é ato passível de punição.
Portanto, ou o governo vê fundamento para investigar a denúncia ou a investigação é que é um factoide eleitoral.
De antemão. Faz 20 dias mais ou menos, antes de se agravar a história das quebras de sigilo fiscal, que o superintendente da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, informou ao ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, a existência de um suspeito na mira da PF: um advogado tributarista, cujos telefones já estavam grampeados.
Marcel Schinzari, apontado pelo contador Antônio Carlos Atella Ferreia como uma das pessoas "que podem ajudar a solucionar" o caso, é advogado especializado em direito tributário.
Pode ser só coincidência, mas também pode não ser.

Procurador: suspeita contra filho de Erenice é grave

Procurador: suspeita contra filho de Erenice é grave
Ministério Público acompanhará investigação; OAB quer afastamento da ministra
Carolina Brígido – O Globo
 O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, considerou graves as suspeitas contra o filho da ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra.
Até abril, ela era a principal assessora da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff (PT). Gurgel anunciou que o Ministério Público acompanhará as investigações da Polícia Federal, sem a preocupação de beneficiar a candidatura de Dilma nem a de seu principal concorrente, o tucano José Serra.
Segundo Gurgel, ainda não há indícios concretos de participação da ministra em suposto esquema de tráfico de influência no governo: — As notícias apontam para fatos graves, mas não temos elementos ainda que apontem a responsabilidade, se envolve ou não envolve a ministra — disse.
— O Ministério Público atuará independentemente da campanha.
O tempo do Ministério Público não é o tempo da campanha política. Faremos a investigação com o rigor que caracteriza atuação do Ministério Público, mas sem preocupação com a campanha eleitoral nem para um sentido, nem para o outro.
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, defendeu o afastamento imediato de Erenice: — Não se pode falar em moralidade, em transparência e em apuração se a ministra se mantiver no cargo. A partir do momento em que se coloca em dúvida a credibilidade e a postura da ministra, isso é algo que deveria atrair o imediato afastamento dela.
Gurgel disse que a troca de acusações é típica de campanha próxima das eleições: — É um momento nervoso para todos os lados. Quando se aproximam as eleições, as coisas vão ficando mais agitadas.
De um lado, o MP não servirá de instrumento daqueles que têm interesse em mostrar o envolvimento do governo; e, por outro, não deixará de apurar para preservar qualquer posição do governo.
Falando bem claro, o Ministério Público não servirá de instrumento nem da campanha da ministra Dilma nem da campanha do governador Serra.
Ontem, a oposição entregou à Procuradoria Geral da República um pedido de investigação contra Erenice. Gurgel afirmou que ainda não examinou o pedido, mas solicitará informações à PF relativas a um inquérito já aberto sobre o assunto. Ele afirmou que a Procuradoria da República no Distrito Federal acompanhará as apurações. E, se forem encontrados indícios contra a ministra, o caso passará a ser de responsabilidade da Procuradoria Geral da República, devido ao foro especial que o cargo de Erenice demanda.
 Depoimento da ministra está descartado, por enquanto
Gurgel considerou prematuro falar em qualquer tipo de medida na investigação, como o eventual depoimento da ministra ou quebra de sigilo telefônico.
Segundo ele, é provável que a investigação comece pelo depoimento do filho de Erenice, Israel Guerra, e de empresários citados na reportagem da revista “Veja”. Segundo a reportagem, o filho da ministra faria tráfico de influência no governo com a anuência da mãe.
— Temos que fazer apuração preliminar dos fatos, para ver se há elementos mínimos que justifiquem que a ministra seja ouvida. Vamos acompanhar o inquérito e, além das diligências que a Polícia Federal já esteja realizando, nós podemos sugerir outras — explicou.

Um dia, a Casa Civil cai

Um dia, a Casa Civil cai
Eliane Cantanhêde - FOLHA DE S. PAULO
BRASÍLIA - Erenice Guerra era da liderança do PT na Câmara, uma fábrica de dossiês contra Collor, Itamar, FHC, Ibsen Pinheiro (que despontava como presidenciável) -enfim, contra tudo e todos.
Dali, os dossiês vazavam para as redações e para as então temidas CPIs, de boa lembrança. Os autores eram os "puros"; os que caíam na rede eram os "impuros".
Com o tempo, autores, vítimas e réus foram se misturando perigosamente.
Não há mais "puros", a população conclui que todos são "impuros".
Da fábrica de dossiês, Erenice pulou para a Secretaria de Segurança Pública do DF no governo Cristovam Buarque (então PT), enquanto usava laranjas para abrir justamente uma empresa privada de investigação, segurança e vigilância. Ou seja: de dossiês.
E não é que ela foi galgando degraus até chegar ao Palácio do Planalto, aboletar-se como secretária-executiva na principal pasta do governo e dali fabricar o dossiê, ops!, o "banco de dados" contra Ruth e Fernando Henrique Cardoso?
Os chefes, Lula e Dilma, devem ter gostado muito dela e dos seus préstimos: depois de uma vida inteira de dossiês, Erenice foi promovida a ministra-chefe da Casa Civil.
Ela, porém, tem chance zero de ser mantida nesse ou em algum outro cargo, porque se esqueceu de uma coisa: quem araponga, arapongado será.
Principalmente se tiver rabo preso e uma árvore genealógica enraizada pela máquina pública, de onde caem de maduros filhos, irmãos, afilhados e aparentados, alguns envolvidos com lobby e imiscuindo-se na bandidagem.
Um dia, a Casa (Civil) cai. Não é a primeira e possivelmente não será a última vez, principalmente com esse "projeto político" que José Dirceu anuncia por aí.

Exército confirma perícia histórica na divisa de MT-PA

Exército confirma perícia histórica na divisa de MT-PA
O Olhar Direto - De Brasília - Marcos Coutinho
 O Exército Brasileiro, através da Diretoria de Serviço Geográfico (DSG), deverá apresentar, na próxima semana (provavelmente na segunda, 20), no SupremoTribunal Federal (STF), um protocolo contendo as exigências para a realização de perícia em todos os documentos e nas coordenadas que definiram os marcos da divisa entre os Estados de Mato Grosso e Pará, que estão em litíigio por uma área equivalente a mais de 2,2 milhões de hectares.
A informação é do procurador geral do Estado, Dorgival Veras, que participou, no final da manhã de hoje, de uma audiência com o general Ronalt, que comanda a DSG, em Brasília. "Vamos dar um passo gigantesco no sentido de dirimir uma dúvida histórica a respeito dos limites exatos da divisa entre os dois Estados, que já perdura por mais de 100 anos", declarou Veras, durante o encontro com o general.
O documento será entregue ao ministro Marco Aurélio, relator da ação ajuizada pelo governo de Mato Grosso, pela Procuradoria Geral do Estado (PGE), na tentativa de se manter a divisa nos marcos definidos pelo marechal Cândido Rondon. Hoje, a divisa é definida pelos marcos do extinto Clube de Engenharia do Rio de Janeiro, hoje Instituto Brassileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo apurou a reportagem do Olhar Direto, em Brasília, os custos da perícia histórica pode custar entre R$ 400 mil e R$ 500 mil, que devem ser bancados pelo Estado de Mato Grosso, autor da ação.
Em abril, o STF deu prazo de 120 dias para a conclusão da perícia, mas os trâmites não são simples como divulgou a mídia nacional. Hoje, caso o Supremo encaminhe o procoloto da DSG de forma ágil, os trabalho de campo podem começar em outubro. Contudo, sem agilidade necessária, os procedimentos só iniciarão em abril de 2011, quando começa o período da seca. Não há como precisar quanto tempo a perícia vai demorar.
Segundo a PGE, as dúvidas sobre a validade de títulos de terra concedidos pelos dois Estados afetam moradores de sete municípios. Por essa razão, o STF, logo após acatar a ação do governo mato-grossense, agiu preventivamente, em 2004, proibindo programas de regularização fundiária nas áreas em disputa.
Histórico
A divisa entre os dois Estados foi definida por meio uma convenção assinada em 1900. O traçado estabeleceu uma linha reta de cerca de 700 km, ligando o norte da ilha do Bananal, no rio Araguaia, até o Salto das Sete Quedas, no rio Teles Pires.
Em 1922, o Clube de Engenharia do Rio produziu cartas atualizadas dos dois Estados. Nelas, segundo o governo de Mato Grosso, os técnicos do atual IBGE fizeram confusão ao definir que o ponto inicial seria uma Cachoeira das Sete Quedas, supostamente localizado cerca de 150 km ao sul do ponto original.
A possibilidade de um equívoco surgiu apenas 30 anos depois, quando o então marechal Rondon chefiou levantamento cartográfico oficial.
Sobre a DSG
O Serviço Geográfico do Exército foi criado em 31 de maio de 1890, inicialmente anexo ao Observatório do Rio de Janeiro e depois transferido para o Ministério do Exército, então Ministério da Guerra. Em 20 de junho de 1903, iniciava a execução do Projeto "A Carta Geral do Brasil", elaborado pelo Estado-Maior do Exército, com a instalação da Comissão da Carta Geral, em Porto Alegre - RS.
A partir de 1917 o Serviço é progressivamente organizado na Fortaleza da Conceição, situada no Morro da Conceição no Rio de Janeiro, sob a denominação de Serviço Geográfico Militar.
Em 1920 chega ao Brasil a Missão Austríaca, contratada pelo Estado-Maior do Exército, com a finalidade de fornecer o embasamento técnico necessário ao mapeamento do Território Nacional. Os austríacos introduziram no país o levantamento topográfico à prancheta, os métodos estereofotogramétricos de emprego de fotografias terrestres e aéreas e a impressão off-set.
Até 1932, o Serviço Geográfico Militar e a Comissão da Carta Geral atuavam de forma independente. O primeiro, executando o mapeamento de áreas no então Distrito Federal e a segunda, realizando levantamentos no Rio Grande do Sul. A partir daquele ano, o Serviço passa a denominar-se Serviço Geográfico do Exército (SGE), e a então Comissão da Carta Geral dá origem à Primeira Divisão de Levantamento.
Finalmente, em 1946, são regulamentadas as atividades da Diretoria do Serviço Geográfico do Exército, que funcionaria nas instalações históricas do antigo Palácio Episcopal da Conceição, no Rio de Janeiro, desde então, até ser transferida para o Quartel General do Exército, em Brasília em 1972.
 A atual denominação Diretoria de Serviço Geográfico - DSG é atribuída por Portaria Ministerial de 1953, em conformidade com a nova estrutura de organização do Exército.

ELVIS, para o Correio Amazonense


Discurso de Dirceu desagrada a petistas

Discurso de Dirceu desagrada a petistas
Para integrantes do partido e do governo, afirmação de que PT terá mais poder com Dilma enfraquece candidata
Gerson Camarotti – O Globo
 As afirmações feitas pelo ex-ministro da Casa Civil e deputado cassado José Dirceu, de que o PT terá mais poder num eventual governo Dilma Rousseff do que no governo Lula, foram recebidas com irritação por petistas e palacianos, que consideraram que esse tipo de discurso enfraquece a candidata.
O discurso de Dirceu, avaliam, explicitou que ela poderia ficar refém da máquina petista, um receio do mercado e das classes sociais mais altas.
Um ministro dizia ontem que Dirceu tenta agora resgatar sua estratégia de usar o partido para tentar recuperar poder. Petistas reconhecem que Dirceu tem liderança no PT e admitem que ele é usado com certa frequência por Lula e Dilma para cumprir algumas missões políticas, nos estados, por exemplo.
Desgaste com Dirceu seria semelhante ao com Collor Mas a campanha de Dilma prefere que ele fique em silêncio, até porque ele tem imagem negativa. Pesquisas qualitativas internas indicam que a propaganda tucana resgatando os laços de Dilma com Dirceu prejudicam a candidata.
O desgaste é semelhante ao provocado pelo senador alagoano Fernando Collor pedindo votos para Dilma.
Ao explicitar que Dilma não tinha liderança ou grande expressão popular, Dirceu atropelou o marketing da campanha — que tenta mostrar a candidata como uma líder política influente. De forma reservada, os próprios petistas reconhecem que Dilma está longe de ter a dimensão política do presidente Lula, mas que isso não deve ser verbalizado por aliados.
A orientação no Planalto é que os governistas evitem inflar as declarações de Dirceu.
Para o Palácio, o que ele falou deve ser tratado como um comentário de um militante petista, e não com o peso de um dirigente.
A uma plateia de petroleiros, em Salvador, na segundafeira à noite, Dirceu afirmou que, para o PT, a eventual eleição de Dilma será mais importante do que a de Lula. Para ele, Dilma representa o projeto petista, enquanto Lula “é duas vezes maior que o PT”.
No evento, Dirceu disse ainda que a oposição tem o apoio da mídia para tentar influenciar a opinião pública. E criticou o que chamou de abuso do poder de informar.
— Achei estranha a afirmação de José Dirceu. Isso porque funciona como material para a oposição querer reduzir o papel de Dilma. Até porque a oposição pode explorar Dirceu para estigmatizar a campanha. Mas Dirceu não é a expressão do partido. E imaginar que Dilma vai ser instrumentalizada pelo Dirceu é subestimá-la — disse o líder do PT, deputado Fernando Ferro (PE).
— O Dirceu falou num contexto para mobilizar a militância.
Mas acabou se empolgando sem medir as palavras — minimizou o líder do governo, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP).
O que se ouviu em um dos gabinetes do Planalto foi mais duro: “Dirceu tem que ficar quieto. Tem que sumir. Ele morre pela boca. Não tem que ficar falando. É quase uma compulsão”
Ex-ministro telefonou a integrantes do governo Diante da repercussão, Dirceu telefonou para integrantes do PT e do governo para argumentar que estava dando opinião para um grupo fechado. Pessoalmente, ele teria gostado da repercussão, segundo amigos.
Mas, no seu blog, num texto intitulado “O vale-tudo”, afirmou que suas declarações “foram completamente deturpadas e tiradas de contexto”.
No texto, Dirceu acrescentou: “Fiz uma crítica ao papel que a mídia vem desempenhando nestas eleições, com cobertura claramente orientada a prejudicar a campanha de Dilma Rousseff”. Na sequência, reforçou suas críticas à imprensa: “O que não podemos admitir é que um punhado de empresas monopolistas passe a funcionar como linha auxiliar dos partidos conservadores, manipulando descaradamente as informações e os fatos”

A volta dos trogloditas

A volta dos trogloditas
Clóvis Rossi - FOLHA DE S. PAULO
SÃO PAULO - Até acreditei quando, tempos atrás, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não haveria "trogloditas" na campanha eleitoral deste ano. Entre os candidatos talvez não haja mesmo. Mas o próprio presidente incumbiu-se de introduzir uma boa dose de "trogloditismo" com a sua pregação a favor da extinção do DEM.
É verdade que Jorge Bornhausen, o então presidente do partido, quando ainda não se chamava DEM, havia feito afirmação bastante semelhante no auge do escândalo do mensalão.
Mas o que se espera de um presidente da República é que contribua para elevar o nível do debate político em vez de fazê-lo retroagir à era das cavernas.
Já Erenice Guerra dá sua inestimável contribuição para a baixaria ao esquivar-se de explicações no caso em que sua família foi envolvida, preferindo a velhíssima tática, tão cara ao PT, de partir para o ataque como melhor defesa.
Foi o que sempre fez o lulo-petismo, inclusive no caso do mensalão: inventaram uma suposta conspiração da mídia, quando o que havia era uma conspiração dos fatos. Tanto que o próprio Lula foi à televisão para pedir desculpas pelo que o partido fizera.
Ao afirmar em nota oficial que há uma "impressionante e indisfarçável campanha de difamação", a chefe da Casa Civil apenas repete a teoria da conspiração.
Pior: atribui a campanha a um candidato "aético e já derrotado". Todo candidato, vitorioso ou derrotado, tem a obrigação -assim como a mídia independente- de cobrar explicações de todo governo, popular ou não.
Foi, por exemplo, o que o PT de Lula, derrotado então, não parou de fazer com Fernando Collor.
Ou, depois, também derrotado, com Fernando Henrique Cardoso. O governo de Lula e Erenice pode ser imensamente popular, mas não é inimputável.

Pádua, para O Estado de Goiás


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