sexta-feira, julho 30, 2010

Pôneis, Mongólia


Fotografia por Tarmy Dann

Heterossexualidade sem homofobia e homossexualidade sem heterofobia

Heterossexualidade sem homofobia e homossexualidade sem heterofobia

Elben M. Lenz César

Na próxima semana, acontecerá aqui em Viçosa a 1ª Semana da Diversidade Sexual, envolvendo toda a comunidade universitária. Um dos objetivos é combater a “discriminação contra gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais”, o que tem sido chamado acertadamente de homofobia.
Se este objetivo for alcançado, me darei por satisfeito, mesmo não abrindo mão das minhas convicções cristãs contrárias à prática da homossexualidade. Primeiro, porque, em tempos bastante remotos, eu não sabia diferenciar uma coisa da outra, misturando a formação heterossexual com alguma dose de discriminação. Se todos somos igualmente marcados pelo pecado, tanto potencialmente como na prática, a discriminação torna-se ridícula e hipócrita, além de aumentar mais um pecado ao nosso vergonhoso currículo moral. Segundo, porque a oposição que alguns fazem ao homossexualismo não é educada, inteligente, coerente e caridosa. Há casos de agressão verbal e física. Em alguns setores muçulmanos acentuadamente fundamentalistas, os homossexuais podem até ser condenados à morte. Em maio de 1998 visitei o campo de concentração de Mauthausen, na Áustria, e vi uma placa assinalando que, entre os prisioneiros, alguns não eram nem judeus, nem inimigos políticos da Alemanha nazista, mas apenas homossexuais.
Em contrapartida, os homossexuais não podem dar lugar à heterofobia. Eles devem sair do armário sem pretender colocar os héteros dentro dos armários vazios. A sociedade precisa enxergar esse processo em andamento. Se os homossexuais podem defender a bandeira da homossexualidade, por que os heterossexuais não podem defender a bandeira da heterossexualidade?
Se a consciência de um homossexual não o deixa em paz, apesar do apoio ostensivo da mídia, de alguns profissionais da saúde e até mesmo de algum líder religioso, por que não se pode dar a ele auxílio psicológico ou pastoral, caso a pessoa espontaneamente o solicite? Se uma igreja se recusa a celebrar um casamento gay ou a ordenar padre ou pastor um homossexual praticante, por que zombar, perseguir, maltratar ou prender o responsável por esse comportamento, exigido por seu credo? Os homos querem liberdade de pensamento e de ação. O mesmo acontece com os héteros.
A prática homossexual é condenada pelas três religiões monoteístas do planeta: o cristianismo, o judaísmo e o islamismo. No caso dos protestantes (este é o meu caso), enquanto estes se conservarem fiéis às Escrituras Sagradas, sua única regra de fé e prática, a conduta homossexual será considerada um desvio sexual. Mas à luz da mesma Bíblia, eu também não posso odiar o gay, a lésbica, o bissexual, o travesti e o transexual!

• Elben César, diretor-redator da revista Ultimato – Publicado em 07 de maio de 2010

Cícero, para O Jornal de Brasília

O CORONEL E OS BABALAÔS

O coronel e os babalaôs

Nelson Motta – O Globo

Dia e noite, minuto a minuto, são postadas na internet notícias do mundo inteiro, das mais dramáticas e trágicas às mais frívolas e bizarras. Os ficcionistas estão em pânico. É cada vez mais difícil criar histórias e personagens originais que possam surpreender e emocionar os leitores.


Que tal a americana que deu o seu bebê para adoção e, 14 anos depois, rastreou o filho em sites de relacionamento, e, sem dizer que era sua mãe, seduziu-o, comeu-o e foi presa? Quem acreditaria nesse dramalhão pornô? Mas é apenas um episódio de “a vida como ela é” na internet, que deixaria Nelson Rodrigues embasbacado.


Mesmo com as licenças do realismo fantástico latino-americano, é difícil criar uma ficção que supere o coronel boçal e paranóico que toma o poder na Venezuela, se acredita um novo Bolívar e quer libertar a América Latina do Império e torná-la uma imensa Cuba. Mas só consegue quebrar o seu país e fazer o mundo rir com suas bravatas.


No novo episódio, a pedido do companheiro Fidel, clarividentes babalaôs cubanos consultam os orixás e advertem o coronel que a única forma de reverter a sua queda de popularidade e a perda da maioria parlamentar nas próximas eleições é fazer um descarrego nos ossos de Simon Bolívar. O coronel manda exumar o Libertador, sob a suspeita de que ele não teria morrido de tuberculose, mas envenenado. Pelo Império, por supuesto.


Mas o Império tem mais o que fazer e ignora o coronel, que fica ainda mais furioso. Nem um ficcionista delirante, ou um babalaô doidão, ousaria imaginar os Estados Unidos invadindo a Venezuela e torrando bilhões de dólares e milhares de vidas para roubar o seu petróleo, só o coronel:


“Mas não vamos estar sozinhos na luta, tenho certeza que Cuba e Nicarágua estarão conosco”.


O Império vai tremer de medo, terão que reavaliar seus planos. O coronel ruge:


“Pátria, socialismo ou morte!”


Ao lado de Maradona, que, como ele, pensa com os pés, rompe relações com a Colômbia, mas são os venezuelanos que pagam a conta. E o coronel continua sua bizarra revolução, com o petróleo que vende ao seu maior inimigo. O Império paga em dia.

ARMANDO MANZANERO Y CONCHA BUIKA -NOS HIZO FALTA TIEMPO

Serra: PT não é mais de esquerda

Serra: PT não é mais de esquerda
Tucano afirma que quem apoia líderes como Ahmadinejad é 'troglodita de direita' e que 'Chávez é dilmista'
Flávio Freire – O Globo

SÃO PAULO. Numa semana em que recebeu críticas de dirigentes petistas de que representaria a direita radical, o candidato à Presidência pelo PSDB, José Serra, rechaçou ontem o rótulo e disse que quem está nesse papel são os seus opositores, principalmente quando apoiam líderes internacionais controversos, como o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad.
Incomodado com a estratégia do PT, o tucano disse também que quem está ligado ao ex-presidente Fernando Collor de Mello não pode se intitular como representante da esquerda no país. Durante sabatina promovida pelo portal R7 e Record News, ontem, Serra rebateu com veemência os recentes ataques.
— As críticas vêm de gente que não é mais de esquerda.
Eu me considero de esquerda.
Esse pessoal (do PT) não tem mais nada a ver com isso, mas faz coro para ficar repetindo.
Eu acho troglodita de direita quem apoia o (Mahmoud) Ahmadinejad, que está matando mulheres a pedradas, tem uma ditadura que prende e condena jornalistas há no mínimo 16 anos e enforca opositores.
Ora, quando esse pessoal engenha apoio a essa turma, não tem nada a ver com esquerda.
Mas eles são muito bem organizados para repetir a mesma coisa — disse Serra.
“Eu acho essa discussão uma bobagem” A discussão em torno de ser candidato de esquerda ou direita está no cenário político desde que o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, disse que Serra — que, ao comentar declarações de João Pedro Stédile, afirmou que o MST promoveria mais invasões caso a petista Dilma Rousseff seja eleita — representa uma “direita troglodita”.
O assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, colocou mais lenha na fogueira, afirmando que o tucano teria um fim melancólico por conta de seu discurso mais radical. Serra retomou ontem a discussão: — O Marco Aurélio é de direita, ele não tem nada de esquerda — disse o tucano, que lembrou de seu passado como exilado político para defender que está ligado à esquerda no país quem “efetivamente” luta por direitos humanos.
Indagado se a aproximação com o DEM não o colocaria mais à direita, Serra partiu para o ataque: — Mas você já viu algum democrata (integrante do DEM) posando de esquerda? Agora, você acha que o Collor, que é aliado deles (PT), é de esquerda? Na verdade, eu acho essa discussão uma bobagem.
Em meio às críticas de que o governo de Hugo Chávez pôe em risco a paz na América Latina quando rompe relações com a Colômbia, José Serra retomou ontem o assunto com um viés eleitoral.
Perguntado se a briga com países vizinhos não prejudicaria suas relações num eventual governo, Serra foi taxativo: — O Chávez já declarou voto na Dilma. Chávez é dilmista, e PT é chavista. Isso não tem nada a ver com governo.
Eu estou apresentando minhas ideias na campanha.
Agora, assumindo o governo, temos uma relação de Estado, com respeito recíproco à auto-determinação de cada um.
Serra voltou a chamar Dilma Rousseff para o debate. Ele diz que não conhece as propostas da candidata petista.
No campo das promessas, Serra disse que pretende estender para todo o país o programa da nota fiscal paulista, que ressarce o contribuinte com 30% do valor de imposto pago em determinado produto. Ele também garantiu que, se eleito, vai implantar o Mãe Brasileira, que acompanha mulheres carentes desde a gestão até o parto.
Serra ainda defende mudanças na legislação eleitoral, com ampliação do voto distrital, mandato de cinco anos, sem reeleição, e um novo sistema de previdência social que priorize quem ainda não é contribuinte.
Ao comentar os problemas do país na área de educação, José Serra disse que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso promoveu a inclusão nas escolas, mas que ainda falta qualidade no setor.

Waldez, hoje no Amazônia Jornal

Violência leva EUA a fechar consulado no México

Violência leva EUA a fechar consulado no México
Representação em Ciudad Juárez, a mais violenta do país, sofrerá "revisão de segurança"

O consulado dos Estados Unidos em Ciudad Juárez, norte do México, permanecerá fechado a partir desta sexta-feira (30) por tempo indefinido para realizar uma "revisão de segurança", informou um comunicado da embaixada americana no México.
Há duas semanas, um carro-bomba explodiu no centro dessa cidade de 1,3 milhão de habitantes, vizinha de El Paso, no Estado americano do Texas. Juárez é considerada a cidade mais violenta do país, com 2.660 homicídios em 2009.
Em março, o consulado, o maior dos EUA na América Latina, foi fechado temporariamente depois dos ataques em que morreram um casal de americanos - entre eles uma funcionária consular - e um mexicano, que também trabalhava na delegação.
Ambos os ataques foram atribuídos a um grupo de pistoleiros aliados ao cartel de drogas de Juárez.
No México, a violência atribuída ao narcotráfico provocou 7.000 mortes neste ano e 25 mil desde que o presidente Felipe Calderón assumiu, em dezembro de 2006.

Foguete palestino atinge cidade israelense, sem vítimas

Foguete palestino atinge cidade israelense
Não houve vítimas pelo ataque, mas há registro de danos materiais
Polícia israelense estudas os restos do foguete que atingiu uma área residencial de Ahskelon

Jerusalém, 30 jul (EFE).- Um foguete do tipo Katyusha impactou nesta sexta-feira (30) em uma zona residencial da cidade israelense de Ashkelon, situada a cerca de 10 km do norte da faixa de Gaza, sem deixar vítimas, mas causando danos materiais.
O ataque causou danos em um edifício vazio, veículos e parte da pavimentação, enquanto duas pessoas tiveram que ser atendidas por terem ficado em estado de choque.
Ashkelon foi alvo em várias ocasiões de foguetes disparados desde a faixa palestina, especialmente durante a ofensiva militar que Israel lançou em Gaza entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009, embora o número de ataques tenha se reduzido drasticamente.
Por enquanto, nenhuma facção armada assumiu a autoria do disparo deste Katyusha, que é de 122 milímetros e tem um alcance de entre 20 km e 30 km.
Outros quatro foguetes do tipo Qassam, de menor alcance, e duas bombas foram disparados contra Israel desde a faixa de Gaza na semana passada, sem que nenhum deles causasse danos, pois caíram em zonas abertas do deserto do Neguev.

Monet - Mulher com Guarda-sol

Malufismo Teológico

Casal consegue registrar criança de barriga de aluguel

Casal consegue registrar criança de barriga de aluguel
MARIANA GHIRELLO

A Corregedoria do Serviço de Controle das Unidades Extrajudiciais do Tribunal de Justiça de São Paulo autorizou um casal doador de material genético, espermatozóide e óvulo, a registrar em seu nome uma criança gerada na barriga de outra mulher. O processo conhecido como barriga de aluguel não tem vedação legal, apenas não pode ter caráter comercial. O parecer é do juiz auxiliar da corregedoria José Marcelo Tossi Silva, e foi assinado pelo desembargador Antonio Carlos Munhoz Soares.

Fundamentos aplicados

A criança foi registrada no nome do pai e mãe doadores do material genético, mas o Ministério Público de São Paulo recorreu à corregedoria para que no documento constasse o nome da mulher que a gestou. O juiz levou em conta o fato de a mulher que gestou a criança ter se manifestado no sentido de que ela não era sua filha para concluir que o registro seria prejudicial para o menor. "O registro será prejudicial à criança que nenhum sustento e educação receberá dessa genitora", reforçou.

Uribe condena Lula por ignorar ameaça das Farc

Uribe condena Lula por ignorar ameaça das Farc
Colombiano tacha de deploráveis declarações de presidente brasileiro
BRASÍLIA e QUITO – O Globo

A crise entre a Colômbia e a Venezuela atravessou fronteiras, pelo menos em seu front verbal, respingando ontem no Brasil. Horas antes de a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) se reunir em Quito para discutir a ruptura das relações entre os dois países, o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, criticou as declarações da véspera do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, classificando-as de deploráveis.
Segundo um comunicado da Presidência da Colômbia, Lula trata o conflito como se fosse um embate pessoal e ignora a ameaça que representa a presença de guerrilheiros colombianos em território venezuelano.
O presidente Lula preferiu não comentar o comunicado, e o governo não soube informar se ele manterá a presença no jantar de despedida de Uribe, que deixa o cargo no dia 7. Na verdade, fontes em Brasília disseram não saber se Lula ainda está convidado para o evento. Até anteontem, a ida do presidente brasileiro estava confirmada.
Na quarta-feira, após um encontro em Brasília com o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, Lula disse não ver um confronto entre Colômbia e Venezuela, apenas um conflito verbal, e pediu paciência até a posse do presidente eleito da Colômbia, Juan Manuel Santos.
O governo brasileiro se surpreendeu com a dureza da resposta colombiana.
O presidente da República deplora que o presidente Lula se refira à nossa situação com a Venezuela como se fosse um caso de assuntos pessoais, ignorando a ameaça que para a Colômbia e o continente representa a presença dos terroristas das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) nesse país, afirma a nota de Uribe. Lula desconhece nosso esforço para buscar soluções através do diálogo.
Repetimos que a única solução que a Colômbia aceita é que não se permita a presença dos terroristas das Farc e do ELN (Exército de Libertação Nacional) em território venezuelano. Para baixar o tom, Brasília evitou retrucar. Entre auxiliares houve o reconhecimento de que Lula errou ao desmerecer o tamanho da crise entre Colômbia e Venezuela.
O presidente Lula já tomou conhecimento dessas declarações (de Uribe) e não considera apropriado que se responda a esse comunicado disse o portavoz da Presidência, Marcelo Baumbach. O presidente já declarou que lamenta a situação que se criou entre a Colômbia e a Venezuela. Ele acredita que a estabilidade das relações entre esses dois países amigos é fundamental para a tranquilidade na região.
Caracas rompeu relações com Bogotá na semana passada, depois de ser acusada na OEA de tolerar a presença da guerrilha em seu território.
Segundo o governo colombiano, há 1.500 guerrilheiros das Farc e do ELN em 87 acampamentos na Venezuela. As autoridades colombianas apresentaram fotos, imagens de satélite e coordenadas que comprovariam a existência desses acampamentos. O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, rejeita as acusações e pôs em alerta as Forças Armadas, na pior crise entre os dois países em mais de duas décadas.
Lula havia reiterado a intenção de mediar o diálogo e a esperança de que a reunião da Unasul ajudasse a resolver o confronto.

Chanceler venezuelano critica doutrina de guerra
Ao comentar as críticas de especialistas de que Lula perde credibilidade na intermediação do conflito por ser mais próximo a Chávez do que do conservador Uribe, Baumbach minimizou a informação: O presidente já manifestou estar disposto a conversar com todas as partes, independentemente de qualquer outra consideração.
O presidente acredita que só o diálogo entre as partes e a boa vontade é que vão levar à superação desse problema.
Baumbach não soube dizer se Lula manterá a disposição de participar de um jantar de despedida de Uribe, dia 6. Lula planejava visitar a Venezuela e depois seguir para o jantar de Uribe e a posse de Santos, no dia seguinte.
Em Quito, o assessor especial da Presidência Marco Aurélio Garcia também tentou minimizar a crise com Uribe.
Não é esse o sentimento do presidente Lula. O presidente tem outra percepção do problema. Não é o momento de ficar trocando declarações públicas ponderou.
A reunião dos 12 países-membros da Unasul terminou sem um consenso, com os participantes pedindo que seja realizada uma cúpula de chefes de Estado para discutir o assunto o mais rapidamente possível. O clima que antecedeu o encontro não era dos melhores, com a presença de apenas oito chanceleres já que alguns governos enviaram seus vice-chanceleres ou embaixadores.
O Brasil foi representado pelo número dois do Itamaraty, o embaixador Antonio Patriota.
O próprio secretário-geral da Unasul, o expresidente argentino Néstor Kirchner, não assistiu à reunião.
Esse foi o primeiro encontro dos dois governos desde a ruptura, com o chanceler colombiano, Jaime Bermúdez, e o venezuelano, Nicolás Maduro, sentando-se a três cadeiras de distância um do outro. Ao chegar a Quito, Bermúdez disse não ter maiores expectativas. Já Maduro acusou a Colômbia de manter uma doutrina de guerra e de ser uma ameaça aos vizinhos.
Viemos denunciar o governo da Colômbia por ter uma doutrina de guerra e violadora do direito internacional afirmou Maduro, negando a presença da guerrilha em seu país. Viemos propor um conjunto de ideias para que seja retomado o caminho da paz, dado que a última guerra de nosso continente é na Colômbia.
Para a reunião a portas fechadas, Bermúdez levou provas da presença da guerrilha na Venezuela, desejando que a denúncia seja investigada.
Para analistas internacionais, é pouco provável que Colômbia e Venezuela cheguem a um conflito armado. As relações entre Bogotá e Caracas, que passaram por altos e baixos nos últimos anos, estavam congeladas desde que a Colômbia assinou um acordo com os Estados Unidos permitindo o uso de algumas de suas bases militares.
Em Recife, militantes do Movimento dos Sem Terra que ocupam o Incra deixaram temporariamente a sede do instituto para fazer um protesto a favor da Venezuela e contra os EUA. Com apitos, cartazes e carros de som, eles ocuparam a rua onde fica o Consulado dos EUA, queimaram a bandeira americana e atiraram lixo no prédio da representação diplomática.

Eder, para o Comércio Araraquara

Bolsa Família não é resposta à pobreza urbana no Brasil, diz 'Economist'

Bolsa Família não é resposta à pobreza urbana no Brasil, diz 'Economist'

da BBC Brasil 30/07/2010 - 05h34

A revista britânica "The Economist" traz em sua edição desta semana um longo artigo sobre o Bolsa Família onde afirma que, apesar da grande contribuição do programa para a redução dos índices de pobreza do Brasil, ele parece não funcionar tão bem no combate à pobreza nas grandes cidades.
De acordo com a revista - que cita dados da Fundação Getúlio Vargas - cerca de um sexto da redução da pobreza no país nos últimos anos pode ser atribuído ao Bolsa Família, "mas algumas evidências sugerem que o programa não está funcionando tão bem nas cidades como nas áreas rurais".
"O sucesso do Brasil em reduzir a pobreza parece ser maior nas áreas rurais que nas urbanas", diz o artigo, que cita dados das Nações Unidas que indicam que houve uma redução de 15 pontos percentuais no número de pobres na população rural entre 2003 e 2008, enquanto nas cidades essa diminuição foi muito menor.
Segundo a publicação um dos principais fatores que levam a esta situação é o fato de o Bolsa Família ter substituído, a partir de 2003, uma série de outros benefícios que somados, poderiam representar ganhos maiores para estas famílias das cidades que o montante concedido atualmente. A revista comenta que o Bolsa Família acabou eliminando programas como o de combate a subnutrição infantil, os subsídios que eram dados à compra de gás de cozinha e o programa de ajuda a jovens entre 15 e 16 anos.
"Embora seja difícil provar pela falta de dados oficiais, evidências sugerem que a quantia (atual) pode valer menos que os antigos benefícios", diz a revista.
Outro problema citado pela "Economist" é o fato de o programa ter tido pouco sucesso em reduzir o trabalho infantil. Segundo a publicação, crianças das cidades podem ganhar mais dinheiro "vendendo bugigangas ou trabalhando como empregados" do que ficando na escola para receber os benefícios.
Embora afirme que estes fatores não signifiquem que o Bolsa Família seja "desperdício de dinheiro" nas áreas urbanas, o artigo diz, no entanto, que o programa não é a solução "mágica" como tem sido tratado no Brasil e em outros países.
VICES
A mesma edição da "Economist" traz outro artigo sobre o Brasil, desta vez discutindo o papel dos candidatos à vice nas principais chapas que concorrem à Presidência nas eleições de outubro.
Citando o fato de quatro vices terem assumido a Presidência desde 1954, a revista afirma que os candidatos ao cargo estão em evidência na campanha atual, principalmente devido ao fato de Dilma Rousseff (PT) ter ficado "seriamente doente" no ano passado.
"É mais que mera curiosidade o fato de os companheiros de chapa tanto de Dilma Rousseff como de seu principal oponente, José Serra (PSDB), estarem causando problemas. Os dois candidatos provavelmente desejariam ter outros parceiros (de chapa)", diz a revista.
A "Economist" cita então as declarações de Indio da Costa, vice na chapa de Serra, que acusou o PT de ter ligações com as Farc, causando "uma situação embaraçosa".
Já em relação a Michel Temer, do PMDB, vice na chapa de Dilma, a revista afirma que ele pertence a um partido que é um conjunto "de lideranças políticas regionais, algumas das quais envolvidas em escândalos".
"Assim como (Indio da) Costa, ele (Temer) parece não ter a total confiança de seu parceiro de chapa", diz a revista. 

Masha Hamilton: "A mulher afegã não sente que haverá um Talibã moderado"

Masha Hamilton: "A mulher afegã não sente que haverá um Talibã moderado"

A escritora Masha Hamilton, fundadora do Projeto de Literatura de Mulheres Afegãs, conta de onde veio sua inspiração e fala sobre os temores das mulheres afegãs para o futuro do país

José Antonio Lima 30/07/2010 - 08:38

A jornalista e escritora americana Masha Hamilton tem na literatura uma de suas maiores paixões. Em meio ao trabalho como escritora de livros como 31 hours e The Camel BookMobile e como correspondente da agência de notícias Associated Press no Oriente Médio e na Rússia, ela atuou em dois projetos cujo foco é a literatura.
O primeiro é o Camel Book Drive (algo como Biblioteca Ambulante de Camelo). Em fevereiro de 2006, enquanto escrevia um livro sobre as pessoas que levam, de camelo, livros à população do Quênia, ela iniciou uma campanha de doações que fez chegar quase 7 mil livros para os responsáveis pelo projeto. Em maio de 2009, Masha apostou em uma iniciativa própria, o Projeto de Literatura de Mulheres Afegãs (AWWP, na sigla em inglês) – leia a reportagem A voz das afegãs.
O AWWP começou como um programa de dez semanas, mas devido ao interesse das mulheres afegãs, Masha recrutou outras escritoras, jornalistas e professoras para realizar workshops com as interessadas. O projeto cresceu e hoje é uma das poucas formas que as mulheres afegãs têm para se comunicar com o resto do mundo leia a tradução de alguns textos publicados no site
Em entrevista a ÉPOCA, Masha fala sobre o projeto e sobre a situação das mulheres no Afeganistão ocupado e sobre as perspectivas que elas têm após o fim da ocupação liderada pelos Estados Unidos.
ÉPOCA – Como você teve a ideia de realizar este projeto?  Masha Hamilton - A ideia original nasceu em 1999, quando vi um vídeo divulgado pela agência de notícias Associated Press que mostrava uma mulher de burca ajoelhada em um campo de futebol em Cabul, sendo executada com três tiros de fuzil AK-47 na cabeça. Quando tentei ler mais sobre sua história, muito pouca coisa estava disponível. Entendi a partir disso que as vozes das mulheres estavam sendo silenciadas. Elas não estavam apenas sendo escondidas atrás das burcas, mas suas histórias não estavam sendo contadas. Depois, suas histórias passaram a ser contadas por homens, ou pela mídia, mas não diretamente por elas.

ÉPOCA – Como foi o começo? Como você convenceu a primeira mulher a escrever?  Masha – Eu estive em Cabul duas vezes e conheci pessoalmente muitas dessas mulheres. Outras eram amigas de amigas e comecei a ensiná-las a escrever sozinha, por meio de aulas online por cerca de dez semanas. Mas o interesse delas era muito grande, elas queriam continuar e foi assim que eu comecei a pedir a ajuda de outras pessoas.

ÉPOCA – Quais são as maiores dificuldades que elas têm para escrever?  Masha – As dificuldades aparecem em muitos dos textos. Uma das escritoras mora em uma província controlada pelo Talibã e precisa andar quatro horas por áreas controladas por eles para conseguir uma conexão com a internet. Nós demos a ela um laptop para escrever seus poemas e textos, mas a conexão fica muito longe. Ela conta com a ajuda do irmão, que faz a caminhada de quatro horas a seu lado. Geralmente ela fica na casa de uma amiga, passa a noite lá e volta para casa no outro dia.

ÉPOCA – A condição das mulheres é melhor na capital, Cabul?  Masha – O Afeganistão está mudando neste momento, e a vida das mulheres está ficando mais difícil. Nos últimos meses temos visto que o norte do país está caindo sob controle do Talibã. Mesmo em Cabul, onde há uma liberdade relativa, as mulheres geralmente não podem entrar em cafés com internet.

ÉPOCA – Você diria que o Afeganistão é o pior país do mundo para ser mulher hoje?Masha – É indiscutivelmente um dos piores lugares para ser mulher hoje em dia.

ÉPOCA – O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, tem um programa de reconciliação e reintegração com os líderes do Talibã. O que você pensa sobre isso?  Masha – O que eu acho não é tão importante, mas sim o que elas pensam sobre isso. E nos textos é possível ver que há grandes preocupações. Enquanto talvez, talvez eu repito, nós possamos falar sobre um Talibã moderado politicamente com o qual os Estados Unidos ou o governo Karzai possa negociar, essas mulheres não sentem que haverá um Talibã moderado que vai preservar seus direitos de estudar, trabalhar ou mesmo de sair de casa para ir ao médico.

ÉPOCA – Em 2001, quando houve a invasão, destruir o Talibã aparentemente era um objetivo dos Estados Unidos. Hoje esse não parece mais ser o caso. Qual será o destino das mulheres afegãs quando a ocupação acabar?  Masha – Essa preocupação também aparece nos textos que elas escrevem. Há uma carta para o presidente [dos Estados Unidos, Barack] Obama pedindo que as tropas deixem o país, mas que um sistema educacional seja montado. Algum sistema que permita que as mulheres e homens sejam educados e que permita que a população afegã mude sua própria sociedade de uma forma que vai preservar seus direitos e sua fidelidade ao Islã. O que se houve delas é que mudanças impostas por estrangeiros não serão nem efetivas nem apreciadas pela população.

Skoob

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