quinta-feira, outubro 07, 2010

SPONHOLZ


Para FHC, Dilma lida com os temas ambientais como Geisel

Para FHC, Dilma lida com os temas ambientais como Geisel
Gustavo Hennemann - FOLHA DE S. PAULO
BUENOS AIRES - A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, considera os "temas ambientais um obstáculo" para alcançar metas econômicas e isso deve beneficiar José Serra (PSDB) no segundo turno das eleições, segundo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
Em entrevista concedida anteontem ao jornal argentino "La Nación", FHC disse que Dilma e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva são desenvolvimentistas com uma visão parecida à do general Ernesto Geisel (1974-1979), presidente do regime militar.
Ambos consideram prioridade o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), segundo FHC, e veem "temas ambientais" como entraves ao desenvolvimento.
Segundo o ex-presidente, Serra fez mais do que ninguém pelo meio ambiente em São Paulo e, por isso, tem vantagem sobre Dilma para cooptar parte dos quase 20 milhões de votos recebidos por Marina Silva (PV), que tem o argumento ecológico como base de seu discurso.
Na mesma entrevista, FHC valorizou o fato de Dilma não ter sido eleita já no primeiro turno. "É importante para a democracia [ter segundo turno], porque põe freio à ideia de que o Lula tem uma maioria esmagadora e que aquele que tem a maioria poder fazer de tudo", afirmou.
As falar das chances de Serra, disse que houve um impacto na opinião pública que fez o PT perder votos e que essa tendência pode continuar. "Claro que não sou ingênuo e sei que não é algo fácil, mas eu acredito que ainda podemos ganhar", disse.
Questionado sobre o papel de intermediário entre Serra e Marina, atribuído a ele pelo PSDB, afirmou que ajudará o tucano em tudo o que ele pedir. No entanto, disse que é mais importante formular uma mensagem que coincida com o "estado de ânimo dos eleitores de Marina" do que negociar com o PV.
FHC voltou a criticar a atuação de Lula na campanha de Dilma e a dizer que ele "deixou de ser chefe de uma nação para ser chefe de uma facção" no período.

Voto feminino foi decisivo para levar a eleição ao 2ºturno, dizem especialistas

Voto feminino foi decisivo para levar a eleição ao 2ºturno, dizem especialistas
Mulheres mais conservadoras foram as que mais transferiram seus votos
Gilberto Scofield Jr. - SÃO PAULO – O Globo
Repetindo um padrão observado nas eleições presidenciais de 2002 e 2006, o eleitorado feminino foi decisivo para adiar o desfecho das eleições, segundo cientistas políticos e demógrafos que estudam o voto das mulheres. Além de serem a maioria do eleitorado brasileiro (cerca de 52%), as mulheres são maioria também entre os eleitores indecisos (cerca de 60%), e foi essa fatia que engordou os resultados da verde Marina Silva (principalmente) e do tucano José Serra na reta final do primeiro turno, em detrimento da petista Dilma Rousseff.
Levando-se em consideração só o eleitorado masculino, Dilma seria eleita, no 1oturno, com 54% dos votos válidos, segundo a última pesquisa do Instituto Datafolha, e segundo o Ibope. As mulheres mais conservadoras foram as que mais transferiram seus votos, provavelmente influenciadas pela ação de grupos religiosos que associaram Dilma a uma posição favorável ao aborto, dizem os especialistas: — A proposta de Marina Silva de deixar uma questão moral, como o aborto, para ser resolvida por plebiscito, somada à pressão de grupos religiosos convenceram o voto feminino conservador, especialmente em regiões mais atrasadas e fora dos grandes centros urbanos, a mudar de posição — diz Maria do Socorro Sousa Braga, cientista política da Universidade Federal de São Carlos (Uscar).
Fatia de mulheres indecisas é o dobro da de homens Descontando-se os erros de precisão de alguns institutos de pesquisa nestas eleições, a evolução do voto feminino e masculino, medida pelas pesquisas Datafolha e Ibope nas últimas semanas, dá uma idéia da fuga do voto das mulheres de Dilma. Segundo o Datafolha, o índice do votos femininos em Dilma caiu de 47%, na sondagem de 21 e 22 de setembro, para 42%, às vésperas das eleições, este mês. Já os percentuais de votos femininos em Serra passaram de 28% para 30% no mesmo período. E, para Marina, a alta foi ainda mais significativa: de 14% para 18%.
Segundo a socióloga Fátima Pacheco Jordão, do Instituto Patrícia Galvão, a fatia de mulheres indecisas, no universo total de votos femininos, é o dobro da fatia de homens indecisos. Para ela, as mulheres são mais cautelosas, em parte porque percebem a política como um território eminentemente masculino — do qual, historicamente, foram alijadas. Ao empurrarem a decisão para o último momento, são afetadas pelas ações de grupos de pressão: — Como o voto dos indecisos não é precisamente contabilizado nas pesquisas, novas tendências acabam nebulosas, o que é fatal num cenário de disputas resolvidas por um ou dois pontos percentuais.
Ela observa que o perfil político das mulheres explica também a vantagem de Serra e Marina no eleitorado feminino: — Enquanto os homens estão focados na política partidária e de poder, preocupados com disputadas ideológicas ou programáticas, as mulheres estão voltadas para a micropolítica ou políticas públicas, atentas a questões como vagas em escolas, atendimento em postos de saúde, incluindo questões femininas, como essa discussão sobre o aborto. E tanto Marina quanto Serra foram mais específicos nesses pontos, ainda que todos tenham um discurso desprovido de propostas claras.

André Marangoni para A Tribuna


Aborto ofusca debate sobre mulheres

Aborto ofusca debate sobre mulheres
Temas como falta de creches e ingresso feminino no mercado de trabalho estão fora da pauta eleitoral
Alessandra Duarte e Duilo Victor – O Globo
Enquanto os presidenciáveis se esforçam para explicar o que pensam sobre o aborto, estão deixando de responder sobre mercado de trabalho para a mulher, equiparação salarial entre homens e mulheres, rede de creches...
Para cientistas políticas, pesquisadoras de políticas para a população feminina e artistas, o debate moral em torno do aborto que tem ocorrido na campanha presidencial nos últimos dias tem deixado de lado problemas crônicos vividos pelas mulheres brasileiras.
Questão enfrentada pela mulher de baixa renda que está entre as mais citadas como fora da discussão presidencial é a falta de creches públicas para as mães pobres. A atriz Claudia Jimenez diz assistir a esse problema entre as funcionárias da academia de ginástica da qual é sócia: — Vejo funcionárias que passam por isso, brinco que vou abrir uma creche para elas. O tema da creche, no começo da campanha, até que foi falado , mas depois se diluiu. E o que mais tem é mulher querendo trabalhar e não tendo com quem deixar o filho, tendo que arranjar vizinha para cuidar da criança. Ou então a mulher precisa sair mais cedo do trabalho, mas aí o empregador manda embora — conta Claudia Jimenez. — Tendo onde pôr o filho, a mulher pode trabalhar, se instruir... Não tem que discutir o aborto, tem que discutir por que tem mulher que engravida sem querer.
— Não se pode falar em igualdade no mercado de trabalho sem uma rede de creches — conclui Gilda Cabral, fundadora do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFemea), que também cita a violência doméstica como tema fora de pauta na campanha. — Assim como programas de assistência a idosos ou doentes que precisam de cuidador; nesses casos a carga sempre fica para a mulher.
Professora de pós-graduação em políticas públicas do Instituto de Economia da UFRJ, Lena Lavinas diz que o investimento em creches e escolas em tempo integral é o que aproximou países europeus, por exemplo, da melhoria econômica e do desenvolvimento: — Mulheres pobres trabalham menos horas que homens.
Se puderem ter os filhos em uma creche o dia todo, vão ter mais chances de melhorar a renda per capita da família. Sob o ponto de vista da erradicação da pobreza, o acesso à creche e à escola em tempo integral é mais eficiente que o Bolsa Família, apesar de esse programa também ser necessário.
Segundo a pesquisadora, apenas 15% das crianças entre 0 e 3 anos no Brasil são contempladas com acesso a creches: — Esse debate sobre aborto não é objetivo, é ideológico.
Acho que a única com proposta sobre relação de gênero é Dilma.
Mesmo assim, por conta desse debate, não foi adequadamente apresentada — diz Lena, em alusão à proposta da petista de construir creches.
A escritora Rose Marie Muraro crê que falta à campanha presidencial debater formas de aumentar a renda e a escolaridade das mulheres — que, segundo a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (Pnad) 2009, do IBGE, já é a chefe de família em 22 milhões de lares. Desde 1999, esse número cresceu 81%, contra 15% para os homens.
— No Bolsa Família, o dinheiro é dado à mulher, que é considerada a que toma conta da família. Esse modelo deveria ser completado por serviços de agências de microcrédito ou bancos comunitários, por exemplo, para moradoras nos bolsões de pobreza — comenta Rose Marie. — Na população de baixa renda, a da mulher é a mais baixa. Só que, por outro lado, a mãe influencia mais na renda e na escolaridade do filho do que o pai: o filho de uma mulher pobre tem 11 vezes mais chance de continuar na pobreza do que aquele com o pai pobre.
Além disso, o filho de uma analfabeta tem chance 23 vezes maior de ser analfabeto do que aquele com pai analfabeto.
A cientista política Fernanda Feitosa, que pesquisa a participação feminina na representação política partidária, afirma que o debate eleitoral em torno das necessidades femininas está incipiente. Não se fala, por exemplo, diz Fernanda, na elaboração de programas que combatam a dupla jornada feminina: — As políticas para mulher têm sido tratadas no plano moral, não num conceito estadista.
Lucinha Araújo, presidente da Sociedade Viva Cazuza, diz que a discussão política sobre propostas para mulheres erra no tom: — O Brasil ainda não conseguiu separar Estado de religião.
Devemos achar o meio termo e discutir se o Estado deve interferir tanto na vida íntima das pessoas, como na questão do aborto. O corpo é da mulher, não uma questão de Estado. Deveríamos pensar mais na assistência, como o direito à creche e à saúde.

No Brasil, os cristãos conservadores fazem campanha contra Dilma Rousseff

No Brasil, os cristãos conservadores fazem campanha contra Dilma Rousseff
Jean-Pierre Langellier
Alerta ao povo de Deus. Uni-vos. Não votem em Dilma Rousseff! “Dilma é a favor do aborto. Aqui está a prova”, “Diga não a Dilma, diga sim à vida!”. Slogans desse gênero, contrários à favorita na corrida presidencial, circularam pela internet durante as semanas que precederam o primeiro turno da votação, no domingo (3). Em um ritmo desenfreado, e cada vez mais numerosos à medida que a data se aproximava.
Para “Dilma”, como é chamada aqui, não há nenhuma dúvida: a campanha, que a tomou por alvo e a seu ver é caluniosa, contribuiu grandemente para privá-la de uma vitória no primeiro turno. Com 46,9% dos votos, sob a bandeira do Partido dos Trabalhadores (PT), a candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem boas chances de vencer o segundo turno que disputará com o social-democrata José Serra (32,6% dos votos) no dia 31 de outubro. Com 19,3%, a candidata verde Marina Silva, ainda que eliminada da corrida, foi a grande vencedora do primeiro turno. Foi ela que, com seu resultado brilhante, levou Rousseff a ter de disputar o segundo turno.
Tema dominante
As instruções de votos anti-Dilma são assinadas: elas vêm dos meios cristãos conservadores, católicos e, sobretudo, evangélicos. Elas acompanham vídeos que misturam sermões de padres ou pastores, citações ou trechos de entrevistas da candidata. Objetivo dessas montagens: evidenciar possíveis contradições nos discursos de Dilma, e fazer com que ela passe por uma perigosa anticristã.
Exemplo: em uma homilia, já vista 3 milhões de vezes na internet, o pastor Paschoal Piragine, de Curitiba (sul do Brasil), pede para que “não votem em Dilma”. É a primeira vez, diz, em trinta anos de sacerdócio, que ele dá uma palavra de ordem como essa durante um culto. Em seguida ele exibe um vídeo com críticas à homossexualidade, à pornografia, à pedofilia, ao divórcio, à violência doméstica, ao infanticídio e, num ápice, ao aborto. Nesse filme se vê uma mulher espancada e uma criança enterrada viva. A última sequência, ilustrada por fetos ensanguentados, termina com um apelo: “Igreja brasileira, reaja!”. O aborto é o tema dominante dessa cruzada anti-Dilma. Em nome do “direito à vida” garantido pela Constituição de 1988, a interrupção da gestação é proibida, exceto em caso de estupro ou de risco de morte para a mãe. É um “crime” que o governo Lula tentou descriminalizar. Em vão. Ele teve de bater em retirada diante dos protestos da Igreja Católica.
No passado, Dilma Rousseff, fiel ao programa do PT, defendeu a legalização do aborto, por razões de saúde pública. Foi o que declarou ainda ao jornal “Folha de São Paulo” em 2007 e à revista “Marie Claire” em 2009. Ora, desde que ela se tornou candidata pelo PT, seu discurso mudou. Ela afirma querer manter a lei como está, assim como 68% dos brasileiros, favoráveis ao status quo, segundo uma pesquisa de 2008.
Hipocrisia
Nessa questão, a Igreja Católica tem mostrado uma certa hipocrisia. A Conferência Nacional dos Bispos repete que ela é politicamente “neutra” e nunca deu nenhuma instrução de voto. Mas ela bem que se absteve, até agora, de condenar os autores dos ataques, às vezes violentos, contra Rousseff.
A candidata denuncia uma campanha mentirosa saída do “submundo político”. Ela desmente ter dito, por exemplo, que “nem Jesus lhe tiraria essa vitória”. No dia 24 de agosto, ela publicou uma “carta ao povo de Deus”, onde pedia aos cristãos por suas “preces” e seus “votos”. Foi quando ela começou a cair nas intenções de votos entre os evangélicos.
Sua equipe de campanha reagiu tardiamente. Quatro dias antes da votação, Dilma Rousseff organizou um encontro com líderes católicos e evangélicos e ressaltou que ela “respeitava a vida”. Dois dias antes da eleição, ela assistiu ao batismo de sua neta em Porto Alegre. Essa filha de comunistas, que antigamente se dizia “não-praticante”, “meio descrente”, lembrou que ela era católica e que também foi batizada.
Essas palavras e gestos não bastaram para deter o movimento de desconfiança em relação a ela. Uma parte dos eleitores evangélicos preferiram Marina Silva, candidata ideal aos olhos dos pastores e de seu rebanho, uma vez que ela é discípula da Assembleia de Deus, a mais importante igreja pentecostal do Brasil
Tradução: Lana Lim

Chico Buarque Caetano Veloso Com Açucar com Afeto Esse cara

Geisy Arruda e a arte de transformar bullying em fama

Geisy Arruda e a arte de transformar bullying em fama
NINA LEMOS – FOLHA DE SÃO PAULO
Edu Moraes/Record
Geisy Arruda é vítima de bullying em "A Fazenda 3"
Ser alvo de bullying é legal? Não, não é. De jeito nenhum. A prática existe bem antes desse nome em inglês ser adotado mundo afora. Trata-se do ataque de um grupo a uma pessoa, fisicamente ou moralmente. Isso acontece muito nas escolas, mas também no trabalho e na internet. O assunto é sério. E Geisy Arrruda, a "nova celebridade do Brasil", participante com destaque da terceira edição do programa "A Fazenda" começou sua escalada para a fama dessa maneira. Sendo alvo de bullying.
 Sim, depois de ser agredida na faculdade Uniban porque usava um vestido curto (e ter a cena filmada e colocada na internet) a garota conquistou o que milhões de aspirantes à fama sonham quando concorrem por uma vaguinha no "Big Brother": em um ano, fez lipo, deu entrevistas na TV, virou alvo dos sites de fofoca, participou de eventos, lançou uma grife. E, agora, volta à cena com força total, como uma das protagonistas do reality show.
Geisy tem grandes chances de ganhar dois milhões no tal programa da Record, que é formado por um elenco de celebridades "lado B". Ou seja, se não tivesse sido alvo de bullying pelos colegas da faculdade, não estaria tendo a "honra" de conviver com Monique Evans e Sergio Malandro, o que pode parecer um pesadelo para muita gente, mas é o sonho de muitos que querem sair da tal vala comum chamada "anonimato".
Logo no primeiro episódio do programa, ela disse algo do tipo: "Eu não era nada, aí fui com aquele vestido na faculdade". Como assim não era nada? Ela sempre foi, no mínimo, um ser humano. Mas a moça é criada em um tempo em que, se você não aparece, você "não é nada".
O mais curioso é que ela continua sendo alvo de bullying. Virou a "fazendeira" mais isolada pelos outros participantes do programa. Todos falam mal dela. E telespectadores, não sem motivo, se revoltam com "essa menina que não é nada" e comete erros de português.
Mas Geisy tem, também, sua torcida. Muitos querem que ela seja vencedora.
Por que torcer por Geisy? Provavelmente por nos identificarmos com alguém que foi alvo de um dos casos de bullying mais famosos dos últimos tempos. E que soube faturar em cima do "ataque" e virar o jogo. Quase todo mundo já sofreu bullying, em pequena ou grande escala. Ou você nunca foi isolado na escola por aquele grupo de populares? Ou nunca foi alvo de algum boato no trabalho e acabou sozinho no canto sem ter com quem almoçar? A diferença é que, quando fomos "atacados", no máximo, choramos. E Geisy, bem, ela conseguiu deixar de "ser nada". E ainda corre o risco de ficar rica. Nada mal. Mesmo.

Amorim


INSEGURANÇA PÚBLICA Uma polícia, três maneiras de agir

insegurança pública
Uma polícia, três maneiras de agir
Jorge Antonio Barros – O Globo
A primeira página do jornal "Extra" resume bem a trágica morte do menino Matheus Peres Viana, de 12 anos, que morreu baleado ontem à tarde, no Morro da Mangueira. Diz a manchete dupla: "No asfalto, polícia some e não vê arrastões"; "No morro, polícia aparece e menino é morto em ação". O pai do menino, Ricardo Viana, garante que não havia tiroteio entre policiais e bandidos, quando Matheus foi atingido. Ele pode ter sido alvo de uma saraiva de tiros dos traficantes do morro comandado por Polegar - que segundo informes é um dos traficantes perigosos que está no Complexo do Alemão, enquanto não chega lá a UPP tão prometida pelo governo do estado. Os bandidos da Mangueira reagiram à aproximação de policiais civis que foram até lá com o objetivo de recuperar dois carros roubados durnate os arrastões ocorridos no elevado da Paulo de Frotin, o acesso ao túnel mais importante do Rio, o Rebouças, que liga às Zonas Norte e Sul da cidade.
Se a polícia não conseguir controlar a nova onda de arrastões, a liberdade de ir e vir entre as duas partes do Rio estará completamente ameaçada, ressuscitando assim o conceito de Cidade Partida, criado pelo jornalista e escritor Zuenir Ventura, autor do livro homônimo, que mostrava duas faces de uma mesma cidade - a da favela e a do asfalto. A morte do menino Matheus é reflexo de uma política de segurança em que as polícias têm duas maneiras de agir, aliás três: no asfalto ela é ineficiente; nas favelas com UPPs ela é civilizada e de primeiro mundo; e nas outras favelas ainda dominadas pelo tráfico, ela é de terceiro mundo, e sua única "estratégia" é a da política de confronto, que é aprovada apenas pelos moradores que vivem bem longe daquelas áreas.
Reeleito com 66% dos votos válidos, também por sua performance na área de segurança, o governador Sérgio Cabral anunciou que iria se dedicar à campanha de Dilma Roussef para a presidência da República, mas com certeza terá mais o que fazer. Ele já percebeu que a crise provocada pelos arrastões é grave, e determinou ao secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, nova dança das cadeiras nos comandos de batalhões da Polícia Militar. O boletim da PM publica hoje as trocas de comando, sobretudo em áreas da Zona Sul. O comandante da PM, coronel Mário Sérgio, prefere entender como oxigenação nos comandos. Independentemente de qualquer orquestração que esteja por trás dos arrastões, os assaltos a transeuntes têm sido uma pedra no tropeço das políticas de segurança do estado, apesar de terem sido reduzidos este ano. O governo do estado tem uma política de pacificação de favelas bem-sucedida onde foi implantada - em apenas 12  das mil favelas da cidade - mas falta-lhe uma política eficaz de policiamento. Nas  comunidades onde há UPPs sabe-se que a situação foi controlada, mas o mesmo não ocorreu no asfalto, especialmente nas Zonas Norte e Oeste da cidade.
Para completar o quadro de falta de luz no fim do túnel, o presidente Lula aparece hoje no Rio e, com a intenção de elogiar as UPPs, conta uma cascata que só prejudica o governo do Rio.
- O Rio de Janeiro não aparece mais nas primeiras páginas dos jornais pela bandidagem. O governo fez da favela do Rio um lugar de paz. Antes, o povo tinha medo da polícia, que só subia para bater. Agora a polícia bate em quem tem que bater, e protege o cidadão, leva cultura, educação e decência - disse Lula (saiba mais aqui).
Não esperaria outra declaração de Lula, que não deve sequer folhear a sinopse dos jornais enviada diariamente por seus assessores. Acreditem, ler o jornal antes de sair de casa sempre ajuda.

Cláudio Humberto

Cláudio Humberto
“Ou ganhamos juntos ou não ganha ninguém”
DEPUTADO HENRIQUE ALVES (RN) PEDINDO PARTICIPAÇÃO DO PMDB NA CAMPANHA DE DILMA
BRASILEIROS VÃO VIRAR ALVO NA FRONTEIRA DO LÍBANO  A Marinha do Brasil estuda enviar em fevereiro 150 fuzileiros navais para a “força de paz” da ONU numa das regiões mais perigosas do planeta: a “linha azul”, que separa Israel da área controlada, no Líbano, pelos terroristas do Hezbollah. A missão na Unifil (versão libanesa da Minustah, no Haiti) começa em dezembro, com o envio de um almirante e seu estado maior – quatro oficiais superiores e ajudantes sub-oficiais.
BUCHA DE CANHÃO  O Brasil foi convidado para a “força de paz” no Líbano após a Itália anunciar que abandonaria a área e a Indonésia declinar da “honraria”.
PETIÇÃO DE MISÉRIA  A Marinha do Brasil, que já planeja a missão, não enviará ao Líbano navios operacionais, porque é péssimo o estado da nossa Força Naval.
CORPOS EM SACOS  “Se houver essa missão no Líbano, logo teremos corpos em sacos de plástico voltando ao País”, adverte veterano oficial superior da Marinha.
INFERNO NA TERRA  O mais recente conflito entre tropas israelenses e terroristas, na “linha azul”, no início de agosto, matou soldados “boinas azuis” e feriu civis.
DEPUTADO DO PT ENROLADO EM DOAÇÃO QUE SUMIU  Recém-eleito deputado federal, Vicente Cândido (PT-SP) está numa encrenca mundial: o sumiço de 20 contêineres com US$ 6 milhões em roupas e brinquedos doados pela Solidary (fundação de empresários, sediada nos EUA) para crianças carentes no Brasil. A Solidary tenta há dois anos descobrir a carga no porto de Santos e apelou em vão a Lula e à primeira-dama, Marisa Letícia. A carga está oficialmente “perdida”.
SEM DESTINO  Vicente Cândido diz que a Fundação pediu ajuda a ele em 2008, mas “não seguiu trâmites burocráticos”. Diz não saber o destino da doação.
O INTERMEDIÁRIO  A Solidary, que tem empresários brasileiros, admite que confiou no deputado porque “ele se ofereceu”, durante viagem oficial aos EUA.
FANTASMA AFRICANO  Com medo da abstenção no segundo turno, a embaixada do Brasil em Angola faz campanha maciça pelo voto no dia 31. Teme que dê praia...
FAVAS CONTADAS?  Enquadrado como ficha suja, Jader Barbalho (PMDB-PA) dá como favas contadas sua vitória no Supremo Tribunal Federal. Em Brasília, seus aliados dizem que ele é “amigo da maioria dos ministros” e revelam o palpite do chefe para o julgamento do recurso: 8x2.
SERRA QUER DISTÂNCIA  Em Brasília, ontem, José Serra evitou aproximar-se da candidata ao governo Weslian Roriz, assim como recusou o apoio do marido dela, no primeiro turno. Ele prefere o “Comitê Agnelo-Serra”, proposto pelo PPS.
BARRIL DE PÓLVORA  Lula não confia no taco de Dilma: não a queria no debate da Band, domingo. Acha que José Serra tentará desestabilizá-la emocionalmente porque sabe que ela reage a provocações. Mas Dilma vai ao debate.
NEGÓCIO FECHADO  Articula-se no submundo político do DF um novo aumento na tarifa de ônibus, logo após o segundo turno. Em algumas linhas, passará de R$ 2 para R$ 3. Segundo especialistas, isso aumentará o faturamento das empresas em R$ 30 milhões ao mês. O primeiro mês será o preço.
O MUNDO DÁ VOLTAS  Na campanha para governador do Piauí, Lula e Dilma abandonaram um antigo aliado, senador João Vicente Claudino (PTB). Agora, no segundo turno, o Planalto tenta o apoio de “JVC”, como Lula o chama.
NOVA JOGADA O argentino Alfonso Rey planeja usar aviões de sua empresa de cargas MTA, cujo contrato milionário com os Correios a Justiça suspendeu ontem, em voos charters entre São Paulo e Miami. E a Anac informa que a “cheta” – permissão de voo – da MTA não tem prazo de validade.
SARKÔ AMA LULA  O Brasil é o maior comprador de armamentos da França, festeja o jornal Le Figaro. Quase € 6 bilhões entre 2000 e 2009. Sem falar na compra dos caças Rafale. A decisão, diz o jornal, será em dezembro.
PAU NA MÁQUINA  Às moscas, a Câmara dos Deputados mostrou serviço nas notícias on-line: “Partidos da coalizão de Dilma conseguem maioria”. Como se já vitoriosa fosse. O certo seria “coalizão governista”, e olhe lá.
NINHO DE COBRAS  Ciro e Dilma: um deles terá de ser anestesiado até o segundo turno.
PODER SEM PUDOR
COMPLETO CONTROLE  Em agosto de 1961, o jornalista Newton Pedrosa trabalhava na Gazeta de Notícias, de Fortaleza, e foi pautado por Tarcísio Holanda para entrevistar o deputado cearense Adahil Barreto, líder do Jânio Quadros na Câmara Federal. Durante a entrevista perguntou como ia o presidente Jânio Quadros, e o líder respondeu:
– O presidente está muito bem, tem completo controle das Forças Armadas, e reina calma em todo o País.
No dia seguinte, Jânio renunciaria.

O show acabou

O show acabou
Ancelmo Góis - O Globo - 07/10/2010
O Canecão, depois de 43 anos e de longa disputa judicial com a UFRJ, dona do terreno, deve encerrar suas atividades dia 16 de outubro com apresentação de Bibi Ferreira, uma das primeiras a subir naquele palco carioca.
A casa, que ainda tenta um recurso judicial, recebeu três propostas para reabrir na Gamboa, na Lapa ou na Barra.
Ao mar O casco dessa plataforma P-57 que Lula batiza hoje, em Angra, RJ, foi feito em... Cingapura.
Fator Armínio O anúncio, ontem, de que um fundo baseado em Nova York passará a deter 70% do grupo Prisa, controlador do jornal “El País” e da Editora Santillana, não deve afetar os negócios da empresa no Brasil. A Santillana, dona aqui das editoras Moderna, Salamandra e Objetiva, vendeu 25% do capital para o fundo privado DLJ, que tem entre os sócios a brasileira Gávea, de Armínio Fraga.
Fator Tiririca Romário, deputado federal eleito, está preocupado com a imagem. Não quer ser visto como veem Tiririca. Encomendou uma pesquisa com jornalistas, empresários e profissionais de ONGs de amparo a crianças especiais (nicho em que quer atuar) para saber como é visto.
Falso Bial Circula na internet um email em que um suposto Pedro Bial mete o malho em Serra e pede votos para Dilma. O coleguinha Bial, da TV Globo, esclarece que é falso.
Aquele abraço O longa americano “Velozes e furiosos 5” será rodado no Rio. Embora a trama se passe no Brasil, os produtores tinham dito que filmariam em Porto Rico, por ser mais barato. Mas o cenário porto-riquenho, com todo o respeito, não conseguiu substituir a beleza natural do Rio.
Pinguins a bordo A Gol transportará de graça, hoje, numa viagem de volta para casa, na Antártida, cinco pinguins encontrados nos últimos dois meses nas praias do Rio. Os bichos irão num voo para Porto Alegre e, de lá, seguirão num navio da Marinha.
Coleguinhas Toda a redação do jornal “Hoje em Dia”, de Belo Horizonte, foi convidada para um culto do bispo Clodomir Santos, da Igreja Universal, no próximo domingo, com o aviso de que a diretoria vai recepcionar os funcionários na porta do templo.
Biblioteca no Porto A Biblioteca Nacional também vai tomar o caminho do Porto do Rio. O BNDES dará R$ 28 milhões para a BN instalar na região, que passa por revitalização, uma de suas mais importantes coleções — a de jornais e revistas.
Hemeroteca...A maior parte do dinheiro (R$ 16 milhões) será empregada na reforma de um imóvel de 16.000m² que a BN já possui na Zona Portuária e hoje usa como depósito. A ideia é fazer ali a maior hemeroteca (nome técnico da coleção) da América Latina.
Gás mais barato No dia seguinte ao do segundo turno entre Serra e Dilma, o gás natural deve amanhecer mais barato no Rio. Quem roda com GNV pagará até 2,78% menos a partir de 1ode novembro. É que a Petrobras baixou o custo do gás natural nacional para as distribuidoras CEG e CEG Rio, que atua no interior.

Ponto novo As prostitutas que ficavam em frente ao Hotel Paris, no Rio, tiveram de mudar de ponto. O grupo francês de hotelaria que comprou o local mandou despejá-las.
Zico é nosso rei Veja como é duro para Patrícia Amorim unir o papel de mãe ao de presidente do Flamengo.
No dia seguinte ao da demissão de Zico, Patrícia foi recebida em casa pelos gritos do filho: “Ei, ei, ei, o Zico é nosso rei!” Eu apoio.

Skoob

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