quinta-feira, outubro 07, 2010
Rascunho Eleitoral
Rascunho Eleitoral
MÔNICA BERGAMO - FOLHA DE SÃO PAULO - 07/10/10
Além da abstenção, também o número de votos nulos entra nos cálculos de PT e PSDB para o segundo turno eleitoral. O mapa com os resultados de cada Estado mostra que nos Estados do Sul e Sudeste, por exemplo, eles foram pequenos -3,3% no Rio Grande do Sul, 5,2% no Paraná e 5,2% em São Paulo, reduto de José Serra. Já em Pernambuco, em que Dilma Rousseff (PT) abre ampla vantagem, os votos nulos chegaram a 11,5%; no Ceará, a 10,2%; na Paraíba, a 10%.
MAIS FÁCIL O número maior de votos nulos em locais em que a população tem renda e escolaridade mais baixas conduzem à suspeita de que as pessoas não anularam seus votos de propósito -mas sim erraram ao ter que colocar tantos números para indicar cinco candidatos. Agora, tendo que indicar apenas o seu escolhido para a Presidência, isso deve diminuir.
MAIS TARDE Marina Silva (PV) chegou a defender a realização de plenárias estaduais do PV para discutir para onde vai o partido no segundo turno. A conclusão é de que ela queria empurrar ainda mais para a frente a discussão. A proposta não vingou.
MELODIA Em São Paulo, PV e PSDB se entendem. O vereador Floriano Pesaro (PSDB-SP) convidou Fabio Feldmann (PV-SP) para debater na Câmara a política nacional de resíduos sólidos. A ideia é mostrar que as duas legendas tocam de ouvido no Estado.
TORCIDA O presidenciável José Serra (PSDB) visitou o presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo, no Hospital Sírio-Libanês no domingo à noite. Ficou dez minutos com ele na UTI.
VOU ALI E JÁ VOLTO E Belluzzo, que as enfermeiras do hospital elegeram como "o paciente mais paciente", conseguiu a liberação dos médicos para sair do quarto e visitar o ex-presidente José Sarney (PMDB-SP), que está internado no mesmo local.
VIVA MAITENA O diretor Eduardo Figueiredo negocia o direito de outros dois textos da cartunista argentina Maitena.
Ele, que atualmente está em cartaz com a peça "Mulheres Alteradas", inspirada na obra da escritora, no Teatro Procópio Ferreira, quer montar "Superadas" e "Curvas Perigosas".
EDUCAÇÃO ARTÍSTICA A artista Adriana Varejão foi convidada a dar uma palestra na Universidade Yale, nos EUA, no dia 14 de novembro, em um seminário sobre cultura no século 19. Ela falará de sua obra e de artistas que são referências em seu trabalho, como Debret, Pedro Américo, Taunay e Bordallo Pinheiro.
FAMÍLIA TOP MODEL A modelo Yasmin Brunet desfilou ao lado da mãe, Luiza Brunet, no lançamento da coleção de verão da grife Bob Store. A atriz Thaila Ayala também subiu na passarela montada no espaço Contemporâneo, anteontem, no Morumbi. A ex-VJ Carla Lamarca assinou a trilha do desfile, e Matheus Mazzafera, o estilo.
PATRICINHA FRANCESA Bárbara Paz e Ricardo Tozzi são os atores de "Hell", peça dirigida por Hector Babenco que estreou anteontem, no Teatro do Sesi. A atriz é Hell, uma jovem francesa que passa o tempo comprando roupas de grife e consumindo drogas.
"DIZIAM QUE EU ERA REPRESENTANTE DO DIABO"
Fernando Santos – 25 out. 1993/ Folha press
A senadora Eva Blay em debate sobre aborto, em 1993
Eva Blay (PSDB-SP), suplente de Fernando Henrique Cardoso que assumiu o Senado em 1993, quando ele virou ministro do governo Itamar Franco, apresentou um projeto para legalizar a prática do aborto no Brasil. Ela relembra que quase foi agredida por grupos religiosos "extremamente violentos" e diz não acreditar que a discussão tenha tirado votos do PT na reta final do primeiro turno eleitoral.
Folha - A senhora apresentou um projeto para legalizar o aborto e ele foi arquivado. Como vê o assunto voltar ao centro dos debates no Brasil?
Eva Blay - Está havendo uma confusão muito grande. Este é um problema da sociedade civil, que tem múltiplas posições a respeito da questão. E infelizmente determinadas igrejas ficam pressionando por uma questão que é de saúde pública.
Como foram as pressões na época do seu projeto?
Convidei pessoas das mais diferentes posições para um debate: cientistas, políticos, várias igrejas. Em Brasília existe um movimento católico carismático que é extremamente violento. Eles invadiram o Senado gritando e carregando cartazes que me agrediam muito fortemente. Diziam que eu era representante do diabo, fizeram insinuações sobre a minha posição como judia. Fizeram uma missa em pleno corredor. E alguns funcionários -isso foi gravíssimo- do Senado que tinham posição contrária ao projeto gritavam e tentavam me agredir. Quem me salvou foi a [senadora] Benedita da Silva [PT-RJ].
Como?
A Benedita tinha ido lá para dar um depoimento terrível. Ela é contra, por suas convicções [Benedita é evangélica]. Mas disse que fez um aborto [quando jovem] porque não queria colocar no mundo mais uma criança para morrer de fome. Todo mundo chorou. Quando [os manifestantes] começaram a me cercar, a Benedita chamou a segurança. Minha filha, que estava lá assistindo, gritava: "Mãe, não responde, não responde!". Ela ficou apavorada.
A igreja interdita o debate?
Eu não sei se é a Igreja Católica como um todo ou se é uma facção. Pela minha experiência, eu acho que é pior com esse grupo carismático. Mas nós vivemos numa República. Eu tenho a referência do judaísmo, que não proíbe o aborto, principalmente quando se trata da saúde da mulher. Uma coisa é a descriminalização. A outra é "vamos fazer aborto livre". Olha, o poder da igreja é muito grande no Brasil. Até na Itália, que é um país católico, foi feito um plebiscito e o aborto hoje é legal.
O aborto tirou votos da candidata do PT?
Eu não acredito. Acho que foi só um argumento para enganar, sabe? Eles [partidários da candidatura de Dilma Rousseff] têm que explicar porque a Marina [Silva] subiu, né? E por que o Lula não conseguiu emplacar.
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