quinta-feira, outubro 07, 2010

Espanha pede à Venezuela ações concretas a respeito de treinador do ETA

Espanha pede à Venezuela ações concretas a respeito de treinador do ETA
JORNAL DO BRASIL
Homem passa ao lado de parede onde lê-se 'Independência e Socialismo.
País Basco ETA', em Caracas, em 5 de outubro
O governo espanhol pediu nesta quarta-feira ao executivo venezuelano ações concretas e específicas a respeito de um suposto membro do ETA, Arturo Cubillas, que, segundo a justiça espanhola, teria treinado ativistas da organização armada basca na Venezuela.
Arturo Cubillas, segundo a justiça espanhola, teria treinado ativistas da ETA na Venezuela
Arturo Cubillas figura entre os 12 membros do ETA e da guerrilha colombiana das Farc cuja prisão foi pedida, em março passado, por Eloy Velasco, juiz da Audiência Nacional, principal instância penal espanhola, dentro da investigação da suposta colaboração entre esses dois grupos armados para realizar atentados contra personalidades colombianas na Espanha.
Esta semana, dois supostos membros de um comando do ETA, afirmaram, durante interrogatório, terem sido treinados na Venezuela em 2008, segundo a justiça espanhola.
O ministro espanhol de Assuntos Exteriores, Miguel Angel Moratinos, falou nesta quarta com o embaixador venezuelano na Espanha, Isaías Rodríguez, para pedir "uma cooperação mais intensa e atuações mais concretas e específicas em relação a senhor Cubillas", afirmou a vice-presidente do governo espanhol, María Teresa Fernández de la Vega.
O opositor Partido Popular (PP, conservador) também pediu nesta quarta ao governo socialista que faça um protesto formal ante o executivo venezuelano pelas declarações de seu embaixador sobre a confissão de dois supostos integrantes do ETA sobre sua presença na Venezuela.
Segundo Isaías Rodríguez, Caracas tem sérias dúvidas de que a confissão de dois membros do ETA detidos na Espanha afirmando que teriam recebido treinamento na Venezuela em 2008 tenham sido voluntárias,
"A Venezuela tem sérias dúvidas de que estas declarações, falsas e maliciosas por parte dos indivíduos que as emitiram, tenham sido totalmente voluntárias", afirmou Rodríguez.
"A suposta confissão pode muito bem ter sido arrancada irregularmente e, se assim foi, não têm qualquer valor probatório", disse ainda, avisando que pode se tratar de "uma estratégia jurídica dos acusados para abrandar sua pena".
O governo espanhol deixou claro que o fato de dois supostos etarras terem feito essas afirmados não significa que as autoridades desse país estejam envolvidas.
"Não há dado algum, nenhuma afirmação de nenhum destes etarras que permita inferir, deduzir, ou sequer suspeitar que o governo venezuelano tenha algo a ver com isso. Quero que isto fique bem claro", declarou o ministro espanhol do Interior, Alfredo Pérez Rubalcaba.
Os dois etarras, Juan Carlos Besance Zugasti e Xavier Atristain Gorosabel, indicaram no interrogatório ante a Guarda Civil que fizeram "cursinhos de formação" em julho e agosto de 2008 na Venezuela, segundo o auto judicial divulgado nesta segunda-feira.
A publicação dos autos levou a Espanha a pedir mais informações à Venezuela "dentro da cooperação bilateral na luta antiterrorista" mantida por ambos os países, segundo fontes da chancelaria espanhola.
Besance e Atristain, membros do comando "Imanol", criado em 2005, estiveram primeiro, sob a direção do chefe do ETA, Mikel Karrera Sarobe, ou "Ata" (detido em maio de 2010 na França), em "cursinhos de formação" na França para aprender a manejar armas e codificar dados na localidade de Luz-Saint-Sauveur (sudoeste).
Mais tarde ambos receberam instruções de Ata para continuar sua formação na Venezuela e entraram em contato com "duas pessoas identificadas como Arturo Cubillas Fontán e José Lorenzo Ayestarán Legorburu", segundo o auto do Ismael Moreno, juiz da Audiência Nacional, principal instância judicial espanhola.
A justiça espanhola suspeita há meses que a Venezuela sirva de esconderijo de membros do ETA, o que levou a Associação de Vítimas do Terrorismo (AVT), uma das principais organizações de vítimas do terrorismo espanhol, a pedir que Madri rompa relações com a Venezuela "se este país não deixar de treinar etarras".

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