domingo, julho 18, 2010

 Reflexão do dia - Raimundo Santos

 Reflexão do dia - Raimundo Santos


"A eleição deste ano mostrará compreensões diferenciadas tanto no que se refere ao processo democrático em curso como em relação aos grandes temas postos em discussão. Estas notas registram uma controvérsia sobre a questão agrária e rural que tem a ver com os campos de esquerda que se representam nos dois principais candidatos. Com Serra estão conhecidas áreas de enraizada orientação reformista-democrática gradualista bem distintas das influentes tendências de esquerda que compõem o largo arco dos apoios à candidata Dilma Roussef. O artigo de Serra acerca dos 25 anos da Nova República e o seu discurso ao aceitar a candidatura presidencial divulgados pela imprensa de junho são bem expressivos do primeiro campo.  
(Raimundo Santos, cf. Agronegócio, agricultura familiar e política, 2010.)

Fausto, para o Jornal Olho Vivo

Desmatamento cai 75% no Brasil

Desmatamento cai 75% no Brasil
Jornal do Brasil

RIO - Um estudo inédito do instituto britânico Chatham House comprovou que, na última década, houve uma queda significativa na exploração ilegal de madeira. Uma área de 17 milhões de hectares de floresta (equivalente ao Reino Unido) deixou de ser desmatada e pelo menos 1,2 bilhão de toneladas de gases estufa não foram lançadas. O Brasil registrou uma queda de 75%, intensificada nos últimos cinco anos com o combate às derrubadas e graças à modernização do sistema de transporte e comércio da madeira, seguindo as normas do Documento de Origem Florestal (DOF).
A redução da exploração ilegal teve reflexo direto no contrabando da matéria-prima. A importação de madeira ilegal pelos principais países consumidores caiu pelo menos 30%, segundo o relatório. Isso foi possível graças também a ações de governos, da sociedade civil e do setor privado. A combinação de políticas de combate ao desmatamento, como regras mais severas e exigências de certificação em mercados compradores, sustentam os resultados da pesquisa.
Foi analisada a cadeia produtiva da madeira ilegal em cinco países tropicais detentores de florestas (Brasil, Indonésia, Camarões, Malásia e Gana), nos consumidores (Estados Unidos, Japão, Reino Unido, França e Holanda) e na China e no Vietnã, que processam a madeira e fornecem produtos.

Alerta para o Brasil
Os pesquisadores apontam falhas no cumprimento das sanções para as infrações ocorridas na Amazônia, onde a derrubada ilegal ainda representa de 35% a 70% de todo o desmatamento. No Brasil, por exemplo, apenas 2,5% das multas são recolhidas, acrescenta o texto.
O relatório prevê que o combate à extração irregular e ao contrabando pode ser dificultado, pela multiplicação dos desmatamentos em menor escala e pelo crescimento da venda da madeira ilegal nos mercados internos dos países produtores.

Tráfico atua dentro de escolas, diz sindicato dos Professores do RJ

Tráfico atua dentro de escolas, diz sindicato dos Professores do RJ

O Globo
Ciep onde Wesley foi morto por bala perdida está subjugado pelo crime, segundo um grupo de professores - Foto de André Teixeira
A diretora da Regional 2º (Madureira) do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe), Denise Guterres, fez uma crítica ao poder público, antes de participar do enterro de Wesley Gilbert Rodrigues de Andrade , de 11 anos, no Cemitério de Irajá.
Na sexta-feira, a criança levou um tiro de fuzil no peito enquanto assistia a uma aula de matemática no Ciep Rubens Gomes, em Costa Barros. Segundo ela, o tráfico de drogas atua em várias unidades de ensino do Rio, inclusive no Ciep onde o menino estudava, como mostra a reportagem de Bruna Talarico e Felipe Sil na edição deste domingo.
- Tenho feito denúncias à Secretaria de Segurança, mas não existe comunicação entre o órgão e setores da educação. Quando há uma operação policial, as escolas não são avisadas e não têm autonomia para suspender as aulas. Todas são pegas de surpresa - afirmou Denise. - Além disso, os traficantes não agem só no entorno das unidades, eles estão dentro dos colégios, podem ser vistos nas cantinas, nos pátios e nas salas de aula. Os funcionários que oferecem resistência são ameaçados.
O Sepe anunciou que apresentará uma ação na Justiça contra a prefeitura e o governo estadual, responsabilizando-os pela morte de Wesley.
De acordo com estatísticas do Instituto de Segurança Pública (ISP), dos quatro casos de mortes causadas por balas perdidas entre janeiro e março deste ano, dois ocorreram na chamada Área Integrada de Segurança Pública 9, que abrange Rocha Miranda, onde Wesley foi baleado.
A Secretaria municipal de Educação negou que escolas não tenham autonomia para suspender aulas em casos de confrontos. De acordo com o órgão, desde 2009, todas as unidades de sua rede podem fazê-lo. A autorização fez parte da implementação do programa Escolas do Amanhã, criado há quase um ano e do qual faz parte o Ciep Rubens Gomes e outros 149 colégios localizados em áreas consideradas de risco. Essas unidades atendem cerca de 107 mil alunos.
Ainda segundo a secretaria, cerca de 700 unidades de ensino da rede municipal são atendidas pelo Grupamento Especializado de Ronda Escolar da Guarda Municipal, que tem como objetivo impedir a prática de infrações e o apoio à comunidade escolar. A ronda faz cerca de 6.900 visitas por mês nas escolas. Dentro do programa, a Guarda Municipal também faz palestras nas escolas sobre prevenção às drogas; violência doméstica; integração entre família e escola e medidas de segurança.

Festival de cinema brasileiro chega à oitava edição em Nova York

Festival de cinema brasileiro chega à oitava edição em Nova York

Premiere Brazil! 2010 apresenta filmes como 'Dzi Croquettes' e 'Reidy'.
Cacá Diegues é homenageado com exibição de obras restauradas.

Cristina Indio do Brasil Do G1, em Nova York
Da esquerda para a direita: Jytte Jensen, curadora do departamento de filme do MoMa, os diretores Tatiana Issa e Raphael Alvarez e ator Claudio Tovar, na apresentação do longa 'Dzi Croquettes'. (Foto: Cristina Índio do Brasil / G1)
O filme “Dzi Croquettes” fechou as sessões do primeiro dia da oitava edição da Premiere Brazil! 2010 nesta sexta-feira (16). Neste ano a parceria entre o MoMa e o Festival do Rio reúne 16 filmes inéditos, curtas e clássicos restaurados.
A produção dirigida por Tatiana Issa e Raphael Alvarez lotou no cinema 1 do Museu de Arte Moderna de Nova York. Uma plateia empolgada acompanhou a história do grupo que com muita irreverência mudou a cena cultural nos anos 70 no Brasil e ainda conquistou admiradores na Europa. O público riu, bateu palmas durante a exibição e se emocionou com momentos dramáticos.
Na apresentação do filme, os diretores disseram que enfrentaram dificuldades para a montagem, inclusive pela falta de registros visuais de apresentações do grupo. Um dos integrantes dos Dzi Croquettes, Cládio Tovar, revelou que se emociona toda vez que vê o filme. "Isso é parte da minha vida". Tovar lembrou, ainda, a importância de Liza Minelli para a carreira do grupo. Nos anos 70, a cantora e atriz viu uma apresentação dos Dzi Croquettes em Paris, gostou tanto, que chamou atenção da imprensa e ainda levou muitas celebridades para ve-los. "Se alguém aqui é amigo da Liza Minelli diga a ela que eu a amo", pediu Tovar em tom de agradecimento.
Depois da exibição, a diretora Tatiana Issa comemorava a recepção do público ao filme, que mostra também que o grupo nunca tinha se apresentado em Nova York. “Agora sim eles vieram a Nova York", disse animada como se, enfim, os Dzi Croquettes tivessem realizado uma vontade antiga.
Ana Maria Magalhães, diretora de 'Reidy, a
construção da utopia'. (Foto: Cristina Índio do
Brasil / G1)

O documentário “Reidy, a construção da utopia”, abriu o primeiro dia. Para a diretora Ana Maria Magalhães levar o filme para Nova York é expandir as idéias do arquiteto que tinha preocupação de desenvolver projetos que dessem melhor qualidade de vida, o que para ela, a maioria das cidades está precisando. Agora a diretora espera que o documentário entre em circuito comercial no ano que vem além de começar a venda em DVD.
Mais cedo, um almoço reuniu atores, diretores, produtores, imprensa e organizadores do festival em uma churrascaria brasileira no centro de Nova York.
'Lula, o filho do Brasl' atrasa nos EUA
A produtora Paula Barreto contou que uma questão política vai atrasar o lançamento do filme "Lula, o filho do Brasil" nos Estados Unidos, previsto para março do próximo ano. De acordo com Paula Barreto, o distribuidor escolhido para incluir a produção no circuito de Nova York resolveu cancelar o compromisso por temer prejuízo. O distribuidor é de origem judaica e o motivo da suspensão é a participação do Brasil no acordo nuclear com o Irã. “Ele disse - eu não posso porque a maioria dos meus frequentadores aqui em Nova York é judia, se eu botar o filme de Lula eu vou à falência, porque ninguém judeu vai assistir esse filme ali, depois do acordo que ele fez com o Irã" comentou a produtora.

Paula disse que a família Barreto estava acostumada a trabalhar com este distribuidor que já tinha lançado nos Estados Unidos os filmes “Dona Flor” e “Bye bye Brasil” e agora vai precisar arranjar outro esquema para a distribuição no país.
Cacá Diegues homenageado
Neste ano, a mostra está fazendo homenagem ao diretor Cacá Diegues e serão apresentados os filmes “Xica da Silva” e “Bye bye Brasil”, que foram restaurados. A atriz Zezé Motta, que já trabalhou em cinco filmes do diretor, e representou o personagem principal em “Xica da Silva” disse que foram momentos importantes da carreira dela.

Zezé destacou o cuidado do diretor para fazer a pesquisa sobre o personagem, junto com ela. “Nós conversávamos até sobre detalhes, como qual seria o signo dela? De que santo era deveria ser? Pra mim era Iansã. Em uma cena em que a personagem se revoltava por não poder se casar na igreja porque era negra, eu precisava demonstrar muita raiva. Eu costumo ser muito doce e ele acabou me fazendo soltar este sentimento", contou a atriz elogiando o trabalho do diretor.
A parceria entre o MoMa e o Festival do Rio já faz parte do calendário de verão de Nova York e o público tem prestigiado e se interessa cada vez mais pelos filmes brasileiros. Os filmes são exibidos em português com legendas em inglês. E os preços também favorecem. Para os associados ao Museu o ingresso é gratis. Para adultos US$10, idosos US$8 e estudantes US$6. Os shows de música com artistas brasileiros também atraem um grande público que se diverte nas apresentações nos jardins do Museu. Como são ao ar livre ninguém se preocupa com o calor que faz nesta época do ano.

Ana Vidovic

Páginas da Espanha em 'Leituras de Literatura Espanhola'

Páginas da Espanha em 'Leituras de Literatura Espanhola'

Chega às livrarias estudo de Mario Miguel González, da USP, sobre passado e presente da literatura do país

17 de julho de 2010 | 6h 00 - Antonio Gonçalves Filho
SÃO PAULO - O renascimento da literatura espanhola pelas mãos de escritores como Enrique Vila-Matas e Javier Marías tem provocado sérias reflexões críticas sobre a herança recebida por esses autores desde que Cervantes revolucionou a escrita com seu Dom Quixote, estabelecendo as bases do romance moderno. Como ele, escritores igualmente desajustados - o poeta maneirista Luis de Argote y Góngora, entre outros - abriram caminho para a experimentação contemporânea. Sobre os pioneiros dos séculos passados, o professor Mario Miguel González acaba de lançar um estudo fundamental, que analisa justamente como agiram esses antecessores da vanguarda literária hispânica, Leituras de Literatura Espanhola (Letraviva), menos um manual de história do que um cuidadoso ensaio da pedra fundamental que estruturou essa literatura. A vocação dos espanhóis para inventar e subverter gêneros literários - comparável ao talento para o futebol - é examinada por González nesta entrevista exclusiva ao Sabático.
Professor de literatura espanhola da Universidade de São Paulo desde 1968, Mario M. González, argentino de Alta Gracia, Córdoba, naturalizado brasileiro, é uma das maiores autoridades em literatura medieval do País. Pretende com seu livro "articular os momentos fundamentais da estruturação da literatura espanhola", o que justifica, segundo ele, dimensioná-los como fatos históricos. As características dessa literatura, insiste, têm relação direta com o desenvolvimento peculiar da Espanha, país que deu ao mundo seu primeiro romance verdadeiramente transgressor, o Dom Quixote de Cervantes. Esse papel pioneiro se deve sobretudo à insubordinação ideológica de autores cuja independência provocou o advento de obras-primas, mas também a prisão e perseguição desses escritores.
O recorte crítico do professor vai da Idade Média até o século 17, apontando as linhas mestras de uma literatura que exportou um modelo de modernidade para o mundo todo - o Brasil incluído -, permanecendo, paradoxalmente, fiel a um pensamento conservador que manteve a Espanha refém de tiranos por algumas centenas de anos, o último deles Franco, em cuja ditadura foi assassinado o extraordinário poeta Federico García Lorca (1898- 1936). Lorca e sua peça Bodas de Sangue foram temas da tese de doutorado de González (El Conflicto Dramático em Bodas de Sangre, defendida na USP em 1973 e publicada em livro em 1989 pela Edusp).
Autor de vários livros, entre eles O Romance Picaresco (Ática, 1988), o acadêmico assinou há seis anos a edição do maior enigma literário espanhol, o Lazarillo de Tormes (Editora 34). Uma das primeiras manifestações do gênero romance - o primeiro picaresco, pelo menos -, o livro conta a história de um órfão que serve a vários amos, de um cego a um escudeiro, numa atribulada escalada social. Em sua tese de livre-docência, A Saga do Anti-Herói, publicada pela Nova Alexandria (1994), González estuda justamente como o romance picaresco espanhol marcou autores de obras literárias brasileiras, em especial a do paraibano Ariano Suassuna.
O senhor diz em seu livro que as características da literatura espanhola têm uma relação direta com o desenvolvimento do país. Como explicar, então, que tenha atingido seu apogeu justamente ao longo dos séculos 16 e 17, período marcado pelo ocaso do pensamento renascentista? Acho que esta é a pergunta-chave para a leitura do meu livro, porque esse paradoxo é muito significativo. A literatura espanhola chega ao auge evidentemente em função do apogeu econômico da nação, propiciado pela expansão, pelas descobertas que canalizam as riquezas para a Espanha e ficam nas mãos da classe dominante - nobres e representantes do clero, os mecenas de artistas e escritores. Todos, claro, querem ser eternizados em retratos e livros. Isso não quer dizer que existia uma uniformidade na produção cultural. Predomina o pensamento do sistema, que mantém uma visão feudal do homem, da sociedade, mas, do século 16 em diante, é a Contrarreforma que vai determinar como deve funcionar a sociedade e como devem ser os indivíduos. Os manuais de literatura, em geral, perdem de vista a diversidade que existe dentro dela, esquecendo alguns escritores que se infiltram e, por não concordar com isso, tiveram de encontrar uma maneira diferente de escrever - e é aí que surgem os grandes escritores espanhóis, os pioneiros, aqueles capazes de estabelecer as bases da modernidade, começando por Fernando de Rojas (1473-76? -1541), o autor de La Celestina. Ele é um homem que vive um dos piores conflitos da Espanha, o da expulsão dos judeus. Rojas era um converso. Escreveu uma única obra absolutamente enigmática, carregada de sentidos, que quebra as limitações de um teatro ainda se liberando do didatismo medieval. Ele busca a comédia sentimental, faz paródia dela e constrói um texto crítico, mostrando que nesse modelo que a Espanha está implantando não há lugar para o grupo que vai abrir espaço para o ideário do que viria a ser mais tarde a burguesia.
As primeiras manifestações da literatura em língua castelhana são do século 12, o grande momento da arte românica. Por que as artes visuais se desenvolveram mais que a literatura nesse século? As artes visuais na Europa, de modo geral, cumprem uma função fundamentalmente didática nessa época, por estarem a serviço da Igreja, que precisa ensinar o povo de algum modo, pois esse não sabe ler. Inclusive demorou para os clérigos perceberem que o latim com o qual se dirigiam ao público não era entendido e que circulava uma literatura paralela vulgar. O clero, então, passou a imitá-la com objetivos puramente didáticos.
Mas a tradição de transmissão oral já era então bastante forte na Espanha para impor modelos literários, não? Sem dúvida, e o romancero - originário de romance, palavra que na Idade Média identificava a língua vulgar, em oposição à língua latina - é uma prova disso. O povo decorava fragmentos das mensagens trazidas por trovadores e jograis que se deslocavam com os peregrinos e acabaram introduzindo a poesia lírica provençal em Castela, Leão e Galícia. Ao recriar esses fragmentos, reinventando-os, criaram-se ilhas nesse oceano de conservadorismo. O povo, então, recortava esses poemas sem nenhuma preocupação didática ou religiosa. É a existência, a angústia humana, que está em jogo, uma abordagem extremamente moderna para a época. Por ser uma literatura fragmentária, não existe conclusão, que fica por conta do leitor. Isso impressionou de tal modo García Lorca que seu livro mais popular, Romancero Gitano (1928), volta a essa fórmula, redescobrindo essa forma popular, medieval.
A corte dos califas de Córdoba, antes de entrar em decadência, deixou um legado à literatura espanhola, especialmente na construção do romance. Como explicar que essas formas tenham sobrevivido à destruição da cultura dos califas? A literatura que os árabes trouxeram, muitas vezes vinda do Extremo Oriente, sobreviveu por causa das traduções da escola de tradutores de Toledo, que verteu textos em árabe para o latim e mais tarde, sob os auspícios de Alfonso el Sabio (Alfonso X, rei de Castela entre 1252 e 1284), do latim para o castelhano, então a língua oficial. Esse saber, essa cultura que os árabes trouxeram, não necessariamente como produtores, mas como portadores, sobreviveu em fragmentos, nos textos escritos por moçárabes, grupos que formavam ilhas de resistência nas cidades e tinham uma cultura própria. Os árabes descobriram como utilizar esses fragmentos em poemas maiores, que só no século 20 um erudito judeu descobriu terem sido escritos numa língua românica anterior a Castela, isto é, poesia popular do século 11.
A Península Ibérica concentrou na Idade Média o maior número de judeus em toda a Europa, o que também poderia explicar o expressivo desenvolvimento literário na região. Quais os principais traços da cultura judaica que ficaram impregnados na literatura espanhola do período? Acho que, se ficou alguma coisa, ficou de contrabando, porque na sociedade dos séculos 16 e 17 todos se vigiavam mutuamente. A Inquisição foi um sistema terrível. Nesse sistema é impossível preservar costumes como varrer a casa para dentro e não comer porco. Ou seja, havia pouco espaço para preservar a cultura judaica. No entanto, no caso de Fernando Rojas, de La Celestina, os judeus fazem uma leitura dela como uma obra escrita por um judeu, mesmo sendo este um converso. Há todo um fundo judaico, especialmente do Cântico dos Cânticos, nas imagens da poesia de San Juan de La Cruz, que rotulam como místico - rótulo que eu nego. Fui separando essas pedras, como Rojas, Cervantes e Góngora, que formam uma ponte para a modernidade, todos descendentes de judeus e sempre à margem, mesmo conversos. Góngora, especialmente, não é alguém que vai imitar uma paisagem idealizada, renascentista. Ele constrói poemas sem referente externo, com um código próprio. É por isso que Góngora só vem a ser reconhecido no século 20, quando os poetas da geração de Lorca descobrem que faziam o que eles estavam fazendo.
A despeito da vigilância da Inquisição, a literatura espanhola incorporou, desde o começo da peregrinação a Santiago de Compostela, no século 9º, conhecimentos dos peregrinos. Como a rota dos peregrinos contribuiu para a construção da literatura espanhola e o advento da burguesia? Esse é um dos fenômenos peculiares da Península Ibérica, o da corrente migratória que estabelece o Caminho de Santiago e cria um caldo de cultivo de mecanismos burgueses de ascensão social. Aí é possível especular, vender, oferecer o que a pessoa de fora precisa. Ao mesmo tempo, ao sul desse espaço, Aragão e Castela impõem outros mecanismos de enriquecimento, que é o de reconquistar a Espanha dos muçulmanos. Graças ao poder político de Castela, esse ideário antiburguês, do cavaleiro que conquista, ocupa e enriquece, vai prevalecer. O cidadão que se preocupa com finanças, o comércio, o artesanato, é, nesse contexto, um cidadão de segunda classe - e, além do mais, suspeito, porque são essas as atividades dos judeus, que vão ser excluídos, que não terão futuro. E, no século 17, para aqueles que não têm bens só existem três alternativas: o mar, a Igreja ou a Casa Real. Ou seja, virar conquistador, ser incorporado pela Igreja ou pela burocracia do Estado. Isso explica o sucesso das novelas de cavalaria ainda no século 16.
Por falar em século 16, o senhor é um grande especialista no Lazarillo de Tormes, que surgiu em 1554 como resposta criativa a essas novelas de cavalaria, contestando a narrativa idealista e partindo para a crítica social, a tal ponto que seu autor se ocultou e do livro só sobraram quatro edições. Qual seria a principal característica desse romance?  Além de estar nos fundamentos do romance, sua principal característica é estar aberto ao leitor, obrigando-o a se posicionar, desde o prólogo, em que o autor se dirige a ele como alguém que pode se aprofundar ou apenas se deleitar com a história. O leitor terá de escolher, adivinhar o que o autor está pensando. Posso me divertir ou ver nela uma história de corrupção, a história de um menino esfomeado, engolido e destruído por uma sociedade que o transforma na negação do que ele seria, na imitação dos amos que ele critica.
A polêmica sobre o verdadeiro autor de Lazarillo de Tormes parece não ter fim. Todo dia um erudito descobre um novo autor para o livro. Quem o senhor acha que foi? Quando preparava a edição do livro para a Editora 34, pedi que suspendessem a impressão para acrescentar uma nota de rodapé sobre isso. Será interessante se chegarmos a saber um dia. Muitas coisas apontam para um partidário do erasmismo, muito influenciado pela obra de Erasmo de Roterdã. Uma professora da Universidade de Barcelona, Rosa Navarro Duran, publicou o livro em 2002 e atribuiu sua autoria a Alfonso de Valdés (1490-1532), mesmo sem ter nenhuma prova material. E, mais recentemente, uma paleógrafa encontrou uma frase que poderia identificar o autor como Diego Hurtado de Mendoza (1503-1575), mas ela também não tem provas. Não menos de sete outros nomes têm sido apontados, mas acho que nunca saberemos quem foi. O autor tinha consciência que iria parar na fogueira junto ao livro se seu nome fosse conhecido.
Essa tradição de literatura de denúncia atravessou séculos na Espanha. Quem, entre os contemporâneos, o senhor identifica como herdeiro do Lazarillo? Hoje eu não sei, mas no passado foi Valle-Inclán, um grande ignorado por serem suas peças consideradas irrepresentáveis, tanto pela parafernália do cenário como pelo número de atores no elenco. A sorte dele foi a de ter morrido antes do franquismo, caso contrário teria sido assassinado como o foi García Lorca.
Na prosa barroca do século 17 renasce de alguma forma o romance picaresco do século 16, como o senhor mesmo acentua em seu livro. Vem daí o gosto dos espanhóis pela paródia e a metáfora? Sim, Valle-Inclán é um exemplo, mas já existia no século 14, em Arcipreste de Hirta, uma literatura paródica. Há paródia em Celestina, mas o romance picaresco, na prática, só se desenvolve no século 17. Acontece que o romance picaresco não tem uma linha de crítica social mais profunda, ele tanto pode ter sido escrito por um autor conformista como por outros mais críticos - em geral publicados fora da Espanha, claro. Sobre a metáfora, ela vem da necessidade de ensinar. Na Idade Média, o clérigo tinha de usar metáforas para criar uma imagem sedutora que ele mesmo se encarregava de traduzir para os fiéis. Lembro da introdução do poema Milagros de Nuestra Señora de Gonçalo de Berceo (1180-1246), que descreve uma paisagem sempre verde, idealizada, traduzida pelos padres dessa maneira: Nossa Senhora é o prado, as quatro fontes são os quatro evangelistas e as árvores são os milagres da Virgem, sempre associada à cor verde por ser imaculada. Ou seja, cria-se toda uma alegoria a partir desse sistema metafórico que seduz o ouvinte. A Renascença vai intensificar o uso da metáfora. Pode ser que houvesse de fato uma necessidade de dizer as coisas sem dizê-las, mas os autores vão além dessa alegoria. San Juan de La Cruz já não trabalha com metáforas, mas com símbolos, o que faz dele um precursor da linguagem dos simbolistas. Góngora constrói metáforas autossustentáveis, que valem por si mesmas, sem alegoria nenhuma. É uma delícia ouvir, mesmo que não se entenda nada, porque é assim que funciona. Temos de entrar nessa poesia para entender o gongorês.
Por que essa cosmovisão religiosa não marca o romancero viejo, essa forma poética que surge como produção anônima? Não sei. Acho que justamente por ser uma literatura construída pelo povo. O povo recorta textos e esse recortar é uma maneira de escrever, de dizer que não há respostas para as perguntas que o homem carrega dentro dele e que a Igreja não pode responder satisfatoriamente. A morte é uma presença constante no romancero Viejo.
O senhor observa em seu livro que a presença marcante dos relatos de cavaleiros andantes na literatura espanhola do século 16 é um anacronismo. Dom Quixote é uma paródia dos livros de cavalaria, embora não tenha impedido a evolução do gênero numa época em que a Espanha expandia seu império a outros continentes. Por que esse gênero ainda desperta o interesse na modernidade?  De fato, Dom Quixote foi escrito como pretexto para parodiar a novela de cavalaria e tudo o que ela significa, ou seja, uma literatura unívoca, em que não há lugar para que o leitor pense criticamente. É por isso que meu livro traz na capa Alonso Quijano (personagem principal de ‘Dom Quixote’, retratado numa gravura de Étienne Frédéric Lignon em que faz gestos expressivos ao ler). Este é o último leitor à moda antiga, lendo novelas de cavalaria. Na paródia dessa atitude nasce o leitor moderno. Cervantes começa o Quixote dirigindo-se a um "desocupado leitor", abrindo um leque de interpretações da realidade à escolha do leitor.
A desmontagem do narrador onisciente em Dom Quixote, como o senhor acentua em seu livro, favorece essa relativização, mas é bem provável que um leitor de sua época tivesse uma visão diferente do leitor contemporâneo, não? Sem dúvida. Dom Quixote foi lido na época como uma obra cômica. Não podemos saber se algum leitor percebia alguma coisa além, mas é possível afirmar isso pela releitura que fez Dom Alonso Fernández de Avellaneda, autor da apócrifa edição de Dom Quixote (um segundo volume falso, publicado em 1614). Trata-se de uma leitura absolutamente cômica. Nós, leitores modernos, temos todo o direito de encontrar outros sentidos. Os românticos alemães, por exemplo, liam Quixote como um texto trágico. Eu meu permito dizer que sua modernidade reside justamente na superação de gêneros, que é uma marca da modernidade.
Quando falamos em literatura espanhola, qual a primeira palavra que lhe ocorre? Paradoxo. É uma cultura, uma literatura cheia de paradoxos. Não é contrastante, porque o contraste aproxima duas coisas opostas para salientá-las. Já o paradoxo aproxima-as para construir uma outra coisa nova - e o paradoxo é a verdadeira chave para entender a crise da Renascença.
Com o que sobrou do teatro medieval em língua castelhana é possível saber se ele teve ou não importância na formação da literatura espanhola? Sobrou pouco para dizer que teve importância. Mais especificamente, sobrou um fragmento de uma peça do início do século 13, o Auto dos Reis Magos. Talvez tenha sido um teatro que não se desenvolveu por estar vinculado à Igreja. Há quem diga que o ritual religioso que se praticava na Península Ibérica era pouco teatral.
Como o senhor vê o panorama literário espanhol contemporâneo? Depois de Franco, a literatura espanhola ainda está à procura de um caminho próprio. O franquismo ceifou o desenvolvimento cultural da Espanha. Imagine se Lorca tivesse continuado a escrever, se Arrabal não tivesse partido para o exílio. A poesia se salvou por ser mais enigmática, menos explícita, mas o teatro espanhol morreu por causa da censura. Há, inclusive, uma novela, Cinco Horas con Mario, de Miguel Delibes, depois transformada em peça, sobre esse tema (um monólogo em que uma mulher conservadora conversa com o marido morto, um intelectual íntegro, antifranquista, sem ambições burguesas). Hoje, creio que o fenômeno literário espanhol tem algo a ver com a necessidade desenfreada de consumo dos espanhóis, mais do que com qualidade, embora no país existam grandes autores como Javier Marías, Enrique Vila-Matas e Rosa Montero. De qualquer modo, não creio que ela venha a ser produtora de modelos culturais, como foi nos séculos 16 e 17.
Leituras de Literatura Espanhola - Autor: Mario M. González - Editora: Letraviva (480 págs., R$ 59)

Fernandes, para Diário do ABC

Educação é principal alvo de candidatos à Presidência

Educação é principal alvo de candidatos à Presidência
18 de julho de 2010 | 10h 00 - AE - Agência Estado

A educação entrou de modo definitivo no discurso dos principais candidatos à sucessão presidencial nesta semana. Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV) assumiram o mesmo compromisso: elevar os gastos no setor de 5,1% do Produto Interno Bruto (PIB), em 2010, para 7%. A diferença está no prazo em que pretendem fazê-lo.
Enquanto Dilma assumiu, em seu Twitter, o compromisso de defender a meta já para o ano que vem, Marina disse que espera cumprir a promessa até 2014. A petista não detalhou como pretende gastar os recursos - nem de onde eles virão. O dado no qual se baseia é uma estimativa do Ministério da Educação e inclui gastos da União, dos Estados e municípios. De acordo com o Orçamento de 2010, o MEC terá R$ 61,2 bilhões. Assumindo um crescimento de 7% da economia neste ano, este valor equivaleria a 1,8% do Produto Interno Bruto (PIB). Para elevar os investimentos públicos no setor, Dilma precisaria aumentar consideravelmente o Orçamento do ministério ou contar com a colaboração de prefeituras e governos estaduais.
Por sua vez, Marina Silva indicou que pretende obter mais recursos para a educação através de "um Estado eficiente" e do combate à corrupção. Ela já declarou que a universalização do ensino nos governos Lula e Fernando Henrique foi "um avanço", e que agora seria necessário investir na qualidade. Seu programa de governo terá cinco principais eixos condutores para o setor. Entre eles estão valorização do professor, escolas em tempo integral e integração das políticas para a educação com programas sociais. "Temos de pensar uma escola onde o aluno goste de estar, integrada com a comunidade, com os pais", diz Maria Alice Setubal, que colabora com o programa verde.
Do lado tucano, o candidato José Serra não assumiu metas de investimento na educação. Suas declarações referem-se, sobretudo, ao ensino profissionalizante, a fim de levar para o País o modelo de escolas técnicas que adotou em São Paulo. Ele prometeu criar 1 milhão de vagas neste tipo de ensino e oferecer bolsas para cursos profissionalizantes. "São Paulo tem hoje o melhor ensino do País. Temos muitas experiências boas para levar ao Brasil", defende o ex-ministro e atual secretário da Educação de São Paulo, Paulo Renato Souza. Ele colabora com o programa de governo de Serra. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

COMENTÁRIO: A Educação é a base de todo o desenvolvimento. Povo educado não se deixa enganar por políticas assistencialistas, quer mudanças, quer um modelo que lhe permita participar da riqueza que o país produz. A antiga afirmação, sempre atual, o povo deve aprender a pescar e não receber o peixe pronto, em migalhas, como benesses. Estamos cansados de ser enganados, ou ainda mais triste, ver os destinos do país serem entregues a aventureiros, por uma maioria que não recebeu a educação devida e não sabe discernir.Essa história de que o povo quer apenas pão e circo precisa ser combatida. A vida é uma só e real. EDUCAÇÃO, sempre a prioridade.

Réquiem para o JB e a Gazeta

ELIANE CANTANHÊDE
Réquiem para o JB e a Gazeta

BRASÍLIA - O fim melancólico da versão impressa do "Jornal do Brasil" dói no coração de gerações de leitores e de jornalistas brasileiros, como já havia ocorrido quando do último suspiro, ou da última edição, da "Gazeta Mercantil". Foram ambas mortes lentas e anunciadas, deixando exposta a má administração de excelentes produtos.
Pelo JB, fundado em 1891, passaram desde Rui Barbosa até dezenas de repórteres, fotógrafos e colunistas que estão na ativa e viveram grandes momentos e grandes histórias num jornal que tinha vida e energia. Mas não tinha gestão.
Na "Gazeta Mercantil", que começou a circular em 1920 e atravessou décadas como leitura obrigatória dos três Poderes, dos bancos, das empresas e de diferentes áreas das universidades, foram formados alguns dos mais importantes jornalistas de economia do país, como Celso Pinto, que deslanchou o "Valor Econômico". Mas, como o JB, a Gazeta tinha talentos jornalísticos, não tinha competência gerencial.
Nos dois casos, repetindo o que se viu na Varig, as empresas sangraram ano após ano, vendo esvair seu principal capital: a força da marca, a credibilidade, a excelência de seus profissionais. Seus donos tentaram vender as dívidas e manter o controle editorial. A aritmética e a esperteza não fecharam.
Ouve-se daqui e dali que o fim da Gazeta e agora do JB impresso prenuncia a decadência inevitável e um rápido fim dos jornais. Há controvérsias. Os dois geraram suas próprias crises, que não tiveram nada a ver com a agressiva entrada da TV no jornalismo, o fortalecimento do noticiário 24 horas no rádio e muito menos com o vigor e a ascensão da internet. Foram crises particulares, não do setor.
Eles se foram, mas seus jornalistas estão por aí, em toda parte, aprendendo sempre e a cada dia numa profissão que é um aprendizado ininterrupto. A eles, meus queridos colegas tanto do JB quanto da Gazeta, um abraço de saudade e de reconhecimento.

É sempre alguma coisa

Nas entrelinhas
Alon Feuerwerker – Correio Braziliense
É sempre alguma coisa

É notável que Barack Obama esteja conseguindo avançar na agenda dele, mesmo apesar dos baixos índices de popularidade.
O presidente americano já havia aprovado no Congresso a reforma do sistema de saúde. Agora conseguiu dos deputados e senadores uma verdadeira revolução no sistema financeiro, que passa a ser regulamentado em escala inédita na pátria operacional do liberalismo.
O presidente está em baixa nas pesquisas mas o partido governista, o Democrata, controla votos suficientes no Legislativo e Obama tem domado bem a bancada, coisa nem tão comum na história dos Estados Unidos.
Um argumento forte para manter unida a base é que se o presidente fracassar arrastará junto para a ruína o resto da legenda.
O recado da Casa Branca tem sido claro: não há salvação possível sem a união em torno do líder.
No fim do ano, Obama enfrenta as tradicionais e temíveis eleições de meio de mandato, com a renovação de toda a Câmara dos Representantes (deputados) e de parte do Senado e governos estaduais.
Temíveis porque já deu tempo de perceber a assimetria entre os sonhos da campanha e a realidade do poder. Mas não houve tempo para sentir os benefícios da mudança.
A hora da colheita ainda não chegou. Obama espera que ela venha daqui a dois anos, quando busca a reeleição.
Luiz Inácio Lula da Silva tem a popularidade que falta ao colega americano, mas não a maioria congressual. É por esse motivo que montou este ano uma estratégia para dotar Dilma (que ele supõe que vá ser eleita) de votos suficientes no Congresso, especialmente no Senado.
Na passagem para o segundo mandato, Lula aliou-se a quem lhe dera trabalho na Câmara dos Deputados, resolvendo metade do problema. Agora age para descascar a outra metade da laranja, dando à dupla PT-PMDB maioria confortável no Senado.
Mas talvez, em respeito à sociedade, Lula, Dilma e a campanha do PT devessem ir além. Não só pedir o voto para fazer uma maioria folgada, mas dizer também o que pretendem fazer com esse belo ativo.
Tal detalhe dá outra dimensão ao debate em torno de que programa a candidata e a coligação vão finalmente registrar no TSE.
Interessa menos acho eu saber se Dilma assinou ou rubricou (há mesmo diferença entre as duas coisas?) a primeira versão petista, puro-sangue.
Ou quantas versões afinal o programa terá. O que Dilma, Lula e o PT precisam dizer, antes da eleição, é o que vão fazer com a maioria, qual é a agenda legislativa da chapa.
É, aliás, um desafio a ser lançado para todos os candidatos.
Maioria sólida no Congresso é essencial, antes de tudo, para evitar a desestabilização. A ideia utópica de um governo de minoria, que opere a pauta legislativa em torno de vetores programáticos, buscando a maioria caso a caso, foi tentada por Lula no começo do primeiro mandato e não funcionou. Acabou sendo o embrião da gravíssima crise política de 2005.
Mas se ficar nisso, na obtenção da maioria pela maioria, um eventual governo Dilma nascerá velho. A candidata parece ter essa consciência ao tatear temas como a reforma política. Não basta, porém, tatear, ela tem que dizer mais especificamente o que vai tentar aprovar no Congresso.
Claro que podem aparecer coisas novas, a exigir iniciativas não pré-planejadas. A reforma financeira de Obama nasceu na crise financeira que deu as caras só no finalzinho da corrida presidencial de dois anos atrás.
Promessas de campanha são só isso, promessas. A realidade sempre tem a prerrogativa de se sobrepor.
Mas mesmo as simples promessas servem de referência.
Elas poderão ser invocadas no futuro, quando der aquela inevitável vontade de os governantes fazerem o que garantiram que não iriam fazer.
Não é nada, não é nada, é sempre alguma coisa.
Democrático Registro a participação, ontem pela manhã, na mesa-redonda promovida pelo Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal como parte do encontro local para a escolha de delegados ao Congresso da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).
Com a participação da diretoria da Fenaj, foi um bom e democrático debate sobre os rumos da profissão e a sua regulamentação, objeto de decisões judiciais e de propostas de emenda constitucional no Congresso Nacional

Skoob

BBC Brasil Atualidades

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