sexta-feira, outubro 08, 2010

SOM QUE PARTIU DO ALTO - EDSON & TITA E CONVIDADOS IV

Petrobras perde em 3 dias R$ 28,4 bilhões de seu valor em bolsa

Petrobras perde em 3 dias R$ 28,4 bilhões de seu valor em bolsa
Irany Tereza, Kelly Lima, Nicola Pamplona e Mônica Ciarelli - O ESTADO DE S. PAULO
Relatórios bancários e rumores sobre a estatal provocam queda de 7,5%
Em dois dias marcados por intensa boataria entre operadores do mercado financeiro e pelos efeitos de relatórios bancários desfavoráveis para o comportamento de suas ações, a Petrobras perdeu R$ 24,9 bilhões de valor em bolsa. Na comparação com o início da semana, a perda foi ainda maior: R$ 28,4 bilhões. A queda foi de 7,5% ante os R$ 380,82 bilhões que a empresa valia na segunda-feira, contabilizados os ganhos da capitalização. As ações preferenciais registraram ontem a menor cotação em 18 meses, afetadas pela expectativa de supostas denúncias de irregularidades na empresa e no processo de capitalização. "O mercado acionário é movido por inúmeras variáveis difíceis de quantificar", disse o diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa. Desconsiderando as oscilações, o presidente Lula disse ontem ter orgulho de "ter participado da maior capitalização da humanidade".
Petrobrás perde R$ 28 bilhões com relatórios de bancos e boatos
Ações registraram a menor cotação em 18 meses, depois que bancos rebaixaram recomendações e com fortes rumores sobre denúncias.
Em dois dias marcados por intensa boataria entre operadores do mercado financeiro e pelos efeitos de relatórios bancários desfavoráveis para o comportamento de suas ações, a Petrobrás perdeu, R$ 24,9 bilhões de valor em bolsa. Na comparação com o início da semana, a perda foi ainda maior: R$ 28,4 bilhões, o equivalente a uma empresa do porte da Vivo.
A queda foi de 7,5% em relação ao que a empresa valia na segunda-feira. Naquela ocasião, contabilizados os ganhos do fechamento da oferta suplementar da capitalização, a empresa bateu R$ 380,82 bilhões em bolsa. Ontem, pelos cálculos da consultoria Economática, a empresa encerrou o pregão da Bovespa com valor de mercado de R$ 352,43 bilhões.
Desconsiderando as fortes oscilações dos papéis da empresa pós-capitalização, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou de forma ufanista sobre os rumos da empresa na solenidade que marcou a ampliação do Centro de Pesquisas (Cenpes) da estatal. E previu que a companhia ocupará a primeira colocação no ranking mundial, entre seus pares internacionais.
"Eu tive o orgulho - eu, um metalúrgico que virou presidente da República - de ter participado na semana passada da maior capitalização da Humanidade. A maior do capitalismo, e que elevou o patrimônio da Petrobrás para US$ 220 bilhões. Não é real não! É em dólares! Virou a segunda empresa no mundo, só perdendo para Exxon... por enquanto. Mas o Estrella (Guilherme Estrella, diretor de Exploração e Produção) promete mais pré-sal por aí...", disse Lula.
As ações preferenciais registraram ontem a menor cotação em 18 meses, arrastadas por uma onda de rumores que os analistas não sabem de onde partiu e que envolveu desde expectativas de denúncias de irregularidades no comando da empresa a supostos ganhos ilegais no processo de capitalização. Nada ocorreu de concreto, mas a intensidade dos efeitos dos boatos surpreendeu analistas que acompanham a movimentação dos papéis da empresa.
"A movimentação com as ações da Petrobrás foi muito forte, principalmente pela manhã. Só nas primeiras duas horas de funcionamento do pregão foram movimentados R$ 800 milhões. Depois, a situação se acalmou um pouco e o ritmo de venda diminuiu", comentou o chefe da área de análise da Modal Asset Management, Eduardo Roche.
Bancos. Parte do "efeito manada" foi atribuído pelos próprios analistas aos relatórios recém-divulgados de seis bancos - cinco deles diretamente envolvidos no processo da oferta pública das ações - com avaliações menos otimistas sobre o comportamento esperado para os papéis. Dois rebaixaram suas recomendações de compra e outros quatro reduziram o preço-alvo.
"O mercado acionário é movido por inúmeras variáveis que são difíceis de quantificar", disse o diretor financeiro da Petrobrás, Almir Barbassa, em entrevista concedida ontem para explicar a capitalização. Presente à entrevista, o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, afirmou que o ajuste de preços é natural, diante do grande volume de ações vendidas na capitalização. Gabrielli não quis comentar o impacto dos rumores sobre os papéis, alegando que não fala sobre boatos.
"Acredito que o mercado vai rapidamente se ajustar a isso e voltar a uma perspectiva de crescimento, não de curto prazo, porque somos uma empresa de longo prazo", disse o executivo, em declarações pautadas pelo otimismo, citando a perspectiva de atingir reservas de 35 bilhões de barris em cinco anos - hoje, a empresa tem 14 bilhões de barris. "É um potencial de crescimento único no mundo."
Ele adiantou que a Petrobrás precisará captar no mercado mais US$ 60 bilhões nos próximos cinco anos, para cumprir seu plano de investimentos, de US$ 224 bilhões. Os executivos, porém, negaram a possibilidade de uma nova capitalização, conforme sugerido por um dos relatórios do mercado financeiro distribuídos esta semana.

Waldez, no Amazônia Jornal


Ministra de corte militar assessorou Dilma

Ministra de corte militar assessorou Dilma
Lucas Ferraz e Gabriela Guerreiro - FOLHA DE S. PAULO
Maria Elizabeth Rocha suspendeu julgamento do pedido de acesso ao processo militar que levou petista à prisão
Ministra do STM diz não conhecer Dilma pessoalmente e que não vê motivos para se declarar impedida
DE BRASÍLIA - A ministra do STM (Superior Tribunal Militar) que suspendeu o julgamento de ação da Folha para ter acesso ao processo que levou Dilma Rousseff à prisão, na ditadura militar (1964-1985), trabalhou na Casa Civil e assessorou deputados do PT.
Maria Elizabeth Rocha foi assessora da subchefia de Assuntos Jurídicos da Casa Civil de fevereiro de 2003 a março de 2007, quando foi nomeada, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ministra do STM.
Sua indicação partiu de Dilma, que chefiou a Casa Civil de 2005 a 2010.
Procuradora federal da AGU (Advocacia-Geral da União), Maria Elizabeth ficou na Casa Civil até assumir o posto no STM.
Nesta semana, enquanto o tribunal julgava ação protocolada pela Folha para acessar os autos arquivados no tribunal há 40 anos, referentes à participação de Dilma na luta armada, Maria Elizabeth pediu vista (mais tempo para analisar) do processo.
O julgamento estava empatado (2 a 2) e foi paralisado pela ministra, sob o argumento de que precisava de "mais informações".
Questionada se não se considerava impedida de atuar em processo referente a Dilma Rousseff, Maria Elizabeth respondeu, por e-mail:
"Não há motivo, nem ético, nem legal, para que eu me declare impedida ou suspeita de julgar o mandado de segurança". Ela também afirmou não conhecer Dilma pessoalmente.
Sobre o pedido de vista, ela afirmou ser um "procedimento normal, previsto regimentalmente". "Pretendo retornar com os autos dentro de três sessões ordinárias", disse ela.
Se respeitado o prazo, o julgamento deve ser retomado em duas semanas. Taís Gasparian, advogada do jornal, espera uma decisão até o segundo turno, para que os leitores tenham mais informações sobre o passado de Dilma.
A ministra do STM também disse que "não configura qualquer impedimento" o fato de ela ter advogado para a liderança do PT ou parlamentares do partido, como os casos dos deputados João Paulo Cunha (SP) e Virgílio Guimarães (MG).
SIGILO
No dia 17 de agosto, a Folha revelou que o processo sobre a petista estava trancado em cofre no STM.

O material foi retirado dos arquivos e mantido em sigilo por decisão do presidente do STM, Carlos Alberto Marques Soares, que diz querer evitar o uso político do material.
O mandado de segurança foi protocolado depois que o presidente do STM negou acesso ao jornal.
Na semana passada, o relator do mandado de segurança, Marcos Torres, negou provisoriamente o acesso. Disse que a decisão deveria ser do plenário do STM. A sessão suspensa julgava exatamente a liberação ou não do acesso aos autos.

O pesadelo está de volta

O pesadelo está de volta
IPCA chega a 0,45% em setembro, pressionado pela alta dos alimentos. Alguns produtos já começam a deixar os carrinhos de compras dos brasileiros. Para analistas, o BC tem um dilema: subir os juros, frear a inflação e atrair ainda mais dólares, ou deixar a Selic onde está
Victor Martins – Correio Braziliense
 Após três meses na lona, a inflação voltou a incomodar o bolso do brasileiro e a embalar os seus piores pesadelos. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,45% entre agosto e setembro. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os vilões do mês foram os alimentos, grupo de produtos responsável por mais da metade desse encarecimento. Em 12 meses, a carestia chegou a 4,7%, valor que já supera em 0,2 ponto percentual o centro da meta definida pelo Banco Central. No levantamento, a capital do país foi o destaque negativo. Alimentar-se em Brasília ficou 1,79% mais caro em setembro e os preços, no geral, subiram 0,8% — quase o dobro da média nacional.
A elevação, apesar de ter corroído o orçamento do brasileiro, veio dentro do esperado pelo mercado financeiro e pelo BC. Mas, segundo alguns analistas, deixou a autoridade monetária em uma encruzilhada: de um lado, tem a obrigação de garantir a estabilidade de preços; do outro, se subir juros, vai abrir as portas do país à entrada de mais dólares e, por consequência, provocar valorização ainda mais intensa e indesejada do real. “Com o dólar caindo, subir os juros iria atrair mais capital estrangeiro para o país e valorizaria ainda mais o real. O governo não quer isso”, argumentou Carlos Thadeu de Freitas, economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio e ex-diretor do BC.
Na visão de Constatin Jancso, economista do banco HSBC , uma elevação da Selic na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em 19 e 20 de outubro, conteria preventivamente riscos de inflação mais elevada para o próximo ano. Minimizaria as pressões sob o custo de vida oriundas de um mercado de trabalho dinâmico e com desemprego em baixa, de uma indústria perto da sua capacidade máxima de produção e do crédito farto impulsionando o consumo. “Para minimizar esses riscos de médio prazo faria sentido o BC já subir juros agora”, defendeu Jancso. “Mas a probabilidade dele fazer isso é pequena”, ponderou.
Consumidor
Enquanto economistas debatem a questão cambial e os efeitos de possíveis altas nos juros, o consumidor amarga a perda do poder de compra e reclama do encarecimento (1)dos alimentos, que têm diminuído a fartura que havia se tornado habitual na mesa dos brasileiros. Cleber Francisco da Silva, 32 anos, recorre a produtos de marcas diferentes das que costumava comprar para tentar driblar o aumento de preços e vai a mais de um supermercado fazer pesquisas. Silva tem uma renda mensal de R$ 2,5 mil e uma despesa de cerca de R$ 800 para encher a despensa da casa onde mora com a esposa, uma filha, uma sobrinha e a mãe. “O açúcar e as frutas mais caros vão me obrigar a comprar sucos adocicados. Também vou procurar carnes mais baratas”, disse.
A situação também é semelhante para Maria das Virgens Oliveira dos Santos, 38 anos. Ela e o marido mantêm os quatro filhos com R$ 1,8 mil. “Nunca somei na ponta do lápis, mas todo mês gasto uns R$ 600 e sempre falta alguma coisa. Está tudo muito caro”, reclamou. Ildileni Rodrigues Ribeiro, 30 anos, consome por mês quatro litros de óleo de soja para preparar as refeições e pretende diminuir a quantidade pela metade. A família de Ildileni tem uma renda de R$ 1,5 mil e mais de um terço é comprometida em compras no supermercado. “São seis pessoas em casa e não sei o que vai acontecer”, lamentou.
Na lista do IBGE de produtos que mais subiram encontram-se o feijão carioquinha (56,9% de alta), as carnes de gado (14,93%) e de aves (3,29%), pães (4,07%) e as frutas (13,18%). Já o óleo de soja disparou nos últimos dois meses, acumulando uma alta de quase 15% no período. De acordo com a coordenadora do IPCA, Eulina Nunes, problemas climáticos, tanto no Brasil quanto no exterior, causaram a redução da oferta de determinados produtos e encareceram preços. “A Rússia, por exemplo, é dos principais produtores de trigo e o Brasil, um grande exportador. Com a quebra da safra por lá, os preços subiram aqui, inclusive dos derivados, como o macarrão e outros de consumo largo na mesa do brasileiro”, justificou Eulina.
Custo de vida em Brasília
O custo de vida em Brasília cresceu muito em setembro, e os mais prejudicados pela elevação foram as famílias de baixa renda, com rendimentos de até 2,5 salários mínimos. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para os brasilienses pobres, os preços subiram 1,04% — o encarecimento mais expressivo entre as unidades da federação avaliadas pelos pesquisadores. Na média nacional, o desempenho foi menos intenso, mas, ainda assim, quem tem menos dinheiro teve o orçamento fortemente atingido pela inflação. Enquanto o custo de vida subiu 0,45% para a população no geral, quando se faz um recorte para avaliar a vida da baixa renda, esse aumento de preços foi de 0,54% para essa parcela de consumidores.
Os mais baratos
Os pais que forem atrás de brinquedos para presentear os filhos neste Dia das Crianças terão uma agradável surpresa: os preços variaram abaixo da inflação quando comparados a igual data do ano passado. O destaque são os videogames 12% mais baratos. Lanches e cinema, entretanto, estão 6,4% e 5,2%, respectivamente, mais caros, valores acima da média no período, que ficou em 4,36%. Itens de vestuário infantil também estão mais salgados para o bolso: os calçados subiram 8%. O levantamento é da Fundação Getulio Vargas (FGV) com base no Índice de Preços ao Consumidor (IPC).
O economista André Braz, autor das comparações, recomenda que a melhor opção de presentes são bicicletas, bolas e bonecas, todos itens que variaram abaixo da inflação oficial. “Por mais que os videogames tenham caído de preço, eles continuam muito caros. A família deve estar preparada se for comprar um e evitar ao máximo uma dívida para pagá-lo”, pondera. Um dos motivos que levou ao barateamento desses aparelhos foi a desvalorização do real frente ao dólar.
Braz afirma ainda que, o período atual é de altos preços no setor de vestuário, devido à mudança de estação e chegada de novas peças. Já no setor de serviços, a alta de preços teve a ver com os aumentos reais do salário mínimo, que ocasionaram maiores custos para o comércio. Além disso, a queda no desemprego e o aumento da renda levaram a população a consumir mais, e se dispor a pagar mais caro. A estimativa é da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). A projeção é de um crescimento médio de 8,5% nas vendas em todo o Brasil. (Colaborou Gabriel Caprioli).

Rafa Camargo, para Charge Online


Árabes dão mais algumas semanas para processo de paz

Árabes dão mais algumas semanas para processo de paz
08. Outubro 2010 - 22:37 - Por Lamine Ghanmi
SIRTE, Líbia (Reuters) - Os Estados árabes consideram que o processo de paz entre palestinos e israelenses não está avançando, e irão discutir alternativas nas próximas semanas, disse na sexta-feira um porta-voz do presidente palestino, Mahmoud Abbas.
Em reunião na localidade líbia de Sirte, os chanceleres da Liga Árabe deram aval a Abbas por sua recusa em continuar com as negociações se Israel não prorrogar a moratória unilateral na construção de moradias em assentamentos da Cisjordânia ocupada.
Mas, ao menos por enquanto, os árabes não desejam abrir mão do processo.
"O comitê árabe de acompanhamento irá se reunir para mais uma reunião nas próximas semanas a fim de estudar alternativas e as ideias que foram apresentadas pelo presidente", disse o porta-voz Nabil Abu Rdainah à Reuters, sem explicar quais seriam as "alternativas" propostas por Abbas na reunião a portas fechadas.
Ele negou que tenha surgido uma recomendação de voltar às negociações indiretas sob mediação dos Estados Unidos, dando a Washington o prazo de um mês para resolver o impasse.
A pedido dos Estados Unidos, os governos árabes discutem formas de evitar o colapso do atual processo de paz, retomado há apenas cinco semanas, após um hiato de 20 meses.
"Não há negociações no momento porque a posição dos israelenses é muitíssimo negativa. Eles não estão cooperando nas negociações", disse o secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, antes de ouvir as propostas de Abbas.
Ele deixou claro que o comitê não iria dizer ao presidente palestino o que fazer, pois estava lá para ouvir.
A moratória israelense de dez meses na ampliação dos assentamentos expirou no fim de setembro, e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu não se mostra disposto a renová-la, para não desagradar parceiros de coalizão.
Rdainah disse que Abbas conversou por telefone na quinta-feira com a secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, dizendo a ela que "Israel precisa parar completamente as atividades colonizadoras para que o processo de paz possa ter sucesso."
"Os norte-americanos nos disseram que estão continuando seus esforços com o governo israelense. Estamos esperando para ver os resultados desses esforços", afirmou o porta-voz.
(Reportagem adicional de Mohammed Assadi, em Ramallah; e de Ari Rabvinovitch, em Jerusalém)
Reuters

ORIENTE MÉDIO Diálogo na berlinda

ORIENTE MÉDIO
Diálogo na berlinda
Líderes palestinos se reúnem hoje com representantes da Liga Árabe para decidir se mantêm negociação com Israel, após a retomada da construção de vários assentamentos judaicos
Isabel Fleck – Correio Braziliense
Presidente da Autoridade Palestina, Mohamoud Abbas,
conversa com o ministro de Relações Exteriores do Catar,
xeque Hamad bin Jassim Al Thani,
antes do início da reunião da Liga Árabe. REUTERS/Asmaa Waguih
 O diálogo direto entre palestinos e israelenses, reiniciado há pouco mais de um mês, passará hoje por mais uma prova de fogo. Desta vez, o lado palestino decidirá, com a ajuda dos outros 21 integrantes da Liga Árabe, se mantém ou não as conversas com Israel. O governo do premiê Benjamin Netanyahu insiste em não estender a moratória sobre as construções em assentamentos judaicos. Às vésperas do encontro, que ocorre na Líbia, negociadores palestinos deram sinais dúbios sobre as reais possibilidades de prosseguir com as conversas de paz, apesar da unanimidade em colocar o congelamento da expansão das colônias como condição inquestionável. Enquanto um deles considerou aceitar a proposta dos Estados Unidos de continuar o diálogo mediante uma moratória de mais dois meses — que ainda teria que ser aceita por Israel —, outro disse ser “impossível” chegar a qualquer acordo com o Estado de Israel.
“Não haverá um processo de paz real e sério enquanto houver esse governo de Netanyahu. Esse governo não é sério sobre suas intenções de alcançar a paz na região”, disse Yasser Abed Rabbo, assessor do presidente palestino, Mahmud Abbas, e integrante da equipe de negociadores. Segundo ele, a decisão de Nentanyahu de não manter a moratória sobre as construções nas colônias mostra as reais intenções de seu governo no processo de paz. “(Netanyahu) está sempre falando de paz, mas, na verdade, está colocando todos os obstáculos para um real progresso”, disse Rabbo. A posição do assessor, segundo um alto funcionário da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), é compartilhada por toda a liderança palestina.
Nabil Shaath, chanceler do partido Fatah e negociador palestino, disse que seu governo está “aberto” à proposta americana, que prevê um congelamento das colônias por mais dois meses. Mas esclareceu que os palestinos não vão aceitar “nada menos do que a completa parada das atividades nos assentamentos”. Segundo o embaixador da Autoridade Palestina no Brasil, Ibrahim Al-Zeben, essa é a mensagem que seu governo levará às outras lideranças árabes hoje. “O único caminho é paralisar a colonização e começar a negociar. Não há uma terceira via. Israel tem que mostrar sua boa vontade, e para isso, precisa parar as construções que comprometem o território do futuro Estado Palestino”, disse o embaixador ao Correio. “Nós esperamos o apoio da comunidade dos países árabes à posição palestina de que não podemos continuar negociando com esse processo de colonização.”
Al-Zeben afirmou acreditar que é possível conversar com o governo de Netanyahu, ao contrário do que defendeu um dos negociadores. “Não somos nós que escolhemos o primeiro-ministro e o gabinete de Israel, são os próprios israelenses. Esperamos ter como adversário alguém disposto a negociar”, afirmou. Netanyahu jogou para os palestinos a responsabilidade de um fracasso nas conversas. “A pergunta precisa ser feita aos palestinos: por que vocês estão abandonando o diálogo?”, declarou. “Não virem suas costas.”
 Ontem, o embaixador israelense em Washington, Michael Oren, afirmou que os EUA ofereceram a Israel incentivos em troca da extensão da moratória. “O governo dirigiu-se mais uma vez a Israel com uma quantidade de incentivos”, afirmou. Segundo Oren, seu governo vai esperar a decisão da Liga Árabe.
Obras avançam
Enquanto as lideranças discutem a condição colocada como fundamental para os palestinos, os colonos judeus já iniciaram a construção de 350 casas e apartamentos em assentamentos na Cisjordânia (veja o mapa), desde o fim da moratória, em 25 de setembro. Segundo o jornal israelense Haaretz, em colônias como a de Karmei Tsur, na região de Gush Etzion, já tiveram início as escavações para a construção de prédios que abrigarão 56 apartamentos. Em Kedumim, o mesmo número de casas está sendo erguido. “As construções na Judeia e na Samaria estão voltando ao normal. Depois de 10 meses prejudiciais, que não trouxeram nada de bom a ninguém, estamos voltando à rotina”, assegurou Daniel Dayan, presidente do Conselho Yesha, que representa os colonos.

PF quer ver computador de Erenice

PF quer ver computador de Erenice
Tânia Monteiro e Rui Nogueira - O ESTADO DE S. PAULO
A Polícia Federal quer ter acesso aos arquivos do computador da ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra. O delegado do inquérito sobre a suspeita de tráfico de influência envolvendo a ex-ministra e os filhos dela também já decidiu que chamará Erenice para depor.
PF mira computadores de Erenice e da Casa Civil
Ex-ministra vai ser chamada para depor, afirma o delegado que investiga suspeita de tráfico de influência envolvendo ela e os filhos Israel e Saulo
A Polícia Federal quer ter acesso aos arquivos do computador da ex-ministra-chefe da Casa Civil Erenice Guerra. O delegado titular do inquérito que investiga a suspeita de tráfico de influência envolvendo a ex-ministra e os filhos dela, Israel e Saulo Guerra, também já decidiu que vai chamar Erenice para depor.
O Estado apurou que o delegado Roberval Vicalvi já encaminhou ao Ministério Público Federal o pedido de autorização da Justiça para ter acesso e "espelhar" o computador da ex-ministra. A procuradora Luciana Martins deve dar parecer favorável ao pedido e encaminhar a solicitação ao juiz hoje ou, no mais tarde, no início da próxima semana. A PF também vai pedir a prorrogação do inquérito.
O espelhamento é a copiagem de todos os arquivos armazenados na máquina que servia à então ministra na Casa Civil. Logo depois da demissão de Erenice, no dia 16 de setembro, o interino da pasta, Carlos Eduardo Esteves Lima, assinou no primeiro dia no cargo uma portaria abrindo sindicância para investigar as suspeitas sobre um grupo de funcionários, a começar pelo assessor Vinícius Castro, que era sócio de Israel Guerra nos negócios dentro da máquina federal. A comissão não tem poderes para investigar a ex-ministra.
Denúncia. Erenice pediu demissão depois que o empresário Rubnei Quícoli denunciou a tentativa de cobrança de propina numa operação em que ele representava a empresa ERDB junto ao BNDES no pedido de um empréstimo de R$ 9 bilhões para a construção de uma usina de energia solar no Nordeste.
Segundo a denúncia de Quícoli, o empréstimo só seria concedido mediante acordo com a Capital Assessoria, empresa dos filhos de Erenice, ligada à família da ex-ministra e a Vinícius Castro, ex-assessor da Casa Civil. Quícoli acusou também o ex-diretor de operações dos Correios Marco Antonio de Oliveira, tio de Vinícius, de tentar cobrar uma propina de R$ 5 milhões para tentar agilizar o negócio. Todos negam as acusações.
Silêncio. A sindicância do ministro interino retirou do gabinete da chefia da Casa Civil o computador de Erenice e mandou lacrar as máquinas dos funcionários que trabalhavam com a então ministra. A comissão de sindicância é presidida pelo servidor Waldir João Ferreira da Silva e integrada também por Torbiabich Rech e Carlos Humberto de Oliveira.
A comissão de sindicância, instaurada no dia 18 de setembro, tem prazo de 30 dias a partir da publicação da portaria no Diário Oficial da União, ou seja, 17 de outubro.
A Casa Civil não fala sobre o andamento das investigações e nem quem já foi ouvido ou como estão as apurações. Informa apenas que, de fato, foram lacrados os computadores que pertenciam a Vinícius e às secretárias que trabalhavam na sala com ele, além de outras pessoas, sem especificar quantos foram levados para esta sala especial, onde estão lacrados e à disposição da comissão.

Senha da conspiração

Senha da conspiração
CARLOS HEITOR CONY – FOLHA DE SÃO PAULO
Acompanhei as listas de apuração e muito me admirei de um cidadão que obteve expressivos 11 votos
DEPOIS de muitas confusões, consultas ao judiciário, editoriais da imprensa, reclamações, choro e ranger de dentes, as eleições foram realizadas e, aos poucos, ficamos conhecendo os derrotados e eleitos, embora provisoriamente. É quase certo que teremos algumas complicações na Justiça Eleitoral, provocadas pelas incertezas de última hora, a validade do Ficha Limpa, os incidentes de praxe. Haverá sempre o cabo de polícia que, visivelmente embriagado, deu tiros para o ar numa seção do Piauí. E o mesário que, involuntariamente ou não, travou o equipamento eletrônico numa seção de Tocantins.
Embora não tenha votado (repito que sou eleitor emérito, aposentado por prazo de validade extinta) acompanhei com interesse as listas de apuração e muito me admirei de um cidadão que obteve a expressiva votação de 11 votos. E explico a minha estranheza: nada a admirar quando o candidato obtém 20, 30, 200 votos, ou outra cifra qualquer para mais ou para menos -como diziam os locutores quando anunciavam as pesquisas pré-eleitorais.
Tampouco não se deve estranhar o baixo clero dos afortunados, que ficam entre os 2.000 ou 3.000 votos. Nem mesmo dos mais deserdados que conseguem chegar a 800 ou mil e poucos votos. É fácil compreender esses resultados, como fácil é entender a razão pela qual determinado cidadão não teve voto algum.
Diante das dificuldades e custos da campanha, o camarada acaba se desinteressando e nem tempo dispõe para avisar da sua desistência o hipotético eleitorado com que contava: daí os parcos votos. Quanto ao zero absoluto, também se compreende. O sujeito se considera tão por fora do chamado pleito eleitoral que nem mesmo vota em si. Ou -examinemos outra hipótese- um erro qualquer na contagem e o cara acaba agraciado com voto zero.
Mas 11 votos dá o que pensar. Significa que o candidato superou a exígua base familiar (mulher, filhos, pai, mãe e agregados). Feitos os cálculos, um candidato que entra apenas com o básico, o seu núcleo familiar mais elementar, terá, no máximo, entre oito e nove votos. Mas onde foi ele arranjar esses 11 votos? Onde?
Fico pensando que seria obrigação da sociedade procurar saber as razões dessa votação. E mais: intimar o superintendente da Polícia Federal a investigar vida, costumes e moral desse candidato. E, com autorização da Justiça, quebrar o sigilo fiscal, bancário e telefônico do sujeito que teve 11 votos.
Ele devia merecer uma capa nas revistas semanais e ser entrevistado no programa do Faustão, merecia ser dissecado por nutridos textos dos cientistas políticos e dos colunistas explicando as razões desses 11 votos, que não são quatro, como os evangelistas, nem 12, como os apóstolos, nem três, como os mosqueteiros, nem legião, como os demônios, nem 11 mil, como as virgens. Um novo 11 de Setembro tendo por alvo as duas torres gêmeas do Congresso Nacional? Tudo é possível.
Devíamos também ouvir o clero, tanto o progressista, adepto da Teologia da Libertação e da opção preferencial pelos pobres, quanto o mais tradicional, que ainda reza a missa em latim.
Tenho a certeza de que nesses 11 votos oculta-se uma pérfida (embora diminuta) facção da sociedade, capaz de desvarios tais e tantos que pode colocar em risco a tranquilidade não apenas da família brasileira como da família do próprio candidato. Convenhamos: parece uma conspiração.
Não ignoro que estamos cheios de problemas, vivemos dias atormentados pelos escândalos do mensalão, pela falência das instituições, pelo tráfico de influência, pelo diabo que, segundo dizia minha mãe, anda solto por aí. O cronista não deveria criar um problema suplementar, pedindo cautela para com 11 cidadãos, conta certa para um time de futebol subversivo.
Mas é atrás desses pequenos mistérios que se escondem os grandes males que afligem o indivíduo e a humanidade. De minha parte, entre as dúvidas, espantos e enigmas que levarei para a eternidade, tenho agora mais um - talvez o mais estúpido de todos, nem por isso o menos inexplicável.

Erasmo, para o Jornal de Piracicaba


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