quinta-feira, julho 29, 2010

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Irã se diz ainda disposto a parar de enriquecer de urânio

Irã se diz ainda disposto a parar de enriquecer de urânio

O Irã declarou nesta quinta-feira (29/7) que a Declaração de Teerã, aprovada em maio sob mediação do Brasil e da Turquia, ainda está válida e, por isso, o país continua disposto a interromper o enriquecimento de urânio se a comunidade internacional fornecer combustível para seus reatores, que são de uso civil.
Em declaração transmitida pela TV Al-Alam, o diretor do programa nuclear iraniano, Ali Akbar Salehi, afirmou que o compromisso assinado pelos três países está mantido, desde que o reator para pesquisa energética e tratamentos por medicina nuclear instalado em Teerã possa continuar funcionando.
"Não precisaremos enriquecer urânio a 20% se as nossas necessidades forem satisfeitas", disse.
A afirmação de Salehi foi confirmada pelo ministro do Exterior da Turquia, Ahmet Davutoglu, que se reuniu no domingo com o chanceler Celso Amorim e seu colega iraniano, Manouchehr Mottaki, para tratar da continuidade das ações previstas no acordo de maio. Segundo o jornal libanês The Daily Star, o chanceler turco disse que não há motivos para preocupação sobre o programa iraniano de enriquecimento de urânio, se a proposta de troca de combustível for levada adiante.
"À medida que houver progresso nessas negociações técnicas, os dois lados irão confiar mais um no outro", previu Davutoglu.

Reação boa
De acordo com a TV Al-Arabiya, os Estados Unidos já receberam favoravelmente o anúncio de hoje e manifestaram disposição para "acompanhar" o primeiro passo dado pelo Irã.
"Nós obviamente estamso totalmente preparados para acompanhar o Irã em detalhes a respeito de nossa proposta inicial, que envolve o reator de pesquisa de Teerã, além das questões mais amplas de tentar entender completamente a natureza do programa nuclear do Irã", disse o porta-voz do Departamento do Estado P.J. Crowley a repórteres em Washington.
"Esperamos ter nas próximas semanas o mesmo tipo de reunião que tivemos em outubro do ano passado," quando o Irã saiu aceitando uma troca de combustível nuclear como "medida de confiança", acrescentou Crowley.

Sem necessidade
A negociação bem-sucedida que resultou na Declaração de Teerã foi ignorada e frustrada pela aprovação de novas sanções no Conselho de Segurança, em junho, sob patrocínio dos Estados Unidos.
Assim, Brasil e Turquia esperam que o Irã chegue aos encontros com o chamado Grupo de Viena ou P5+1 (EUA, Reino Unido, França, Rússia, China e Alemanha), em setembro, já com as exigências atendidas para demonstrar a falta de necessidade das sanções.
Também hoje, a Austrália impôs mais sanções ao Irã, juntando-se a EUA, UE e Canadá, que fizeram o mesmo nas últimas semanas.

Pádua, para O Estado de Goiás

Girafa, Jardim Zoológico de Londres

Fotografia por Almalki Faisal

Antártica? Ali ao lado.

Antártica? Ali ao lado.

Mudanças no ambiente antártico influenciam o Brasil muito mais do que imaginamos. Estudos recentes mostram que fenômenos que ocorrem no continente gelado afetam processos de desertificação e formação de ciclones na América do Sul.
Por: Isabela Fraga - Publicado em 29/07/2010 – Ciência Hoje
Região da península antártica, onde mais tem se registrado aumento de temperatura nos últimos anos (foto: flickr.com/mschutt - CC BY-NC-SA 2.0)
Sim, o Brasil é um país tropical e bonito por natureza. Mas não é só porque temos um longo verão na maior parte de nosso território que devemos esquecer o frio que vem lá de baixo.
Os processos ambientais na Antártica têm grande influência no clima e na biodiversidade dos oceanos brasileiros, lembram um glaciólogo, uma oceanógrafa e um geofísico em simpósio da reunião anual da SBPC, que acontece esta semana em Natal. O objetivo das apresentações era desmistificar a ideia de que a Antártica está longe e não tem relações diretas com o Brasil.
Algumas cidades do Sul ficam mais perto da Antártica do que da Amazônia
Não por acaso: parte do Sul do país fica mais perto do continente gelado do que da própria Amazônia. “A distância da estação brasileira na Antártica até Chuíé de 3.172 km”, explica Jefferson Simões, o primeiro glaciólogo brasileiro, à CH On-line. “De Chuí a Porto Velho, em Roraima, são 4.177 km!”
Simões relata ainda outro fato curioso para comprovar como a Antártica é nossa vizinha. Cerca de três vezes ao ano, uma massa de ar frio vinda desse continente adentra o território brasileiro e causa uma queda brusca de temperatura no Acre, a mais de seis mil quilômetros de distância do seu ponto de origem.
Mudanças lá, reflexos aqui

O geofísico Heitor Evangelista, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), apresentou resultados de estudos que comprovam a influência das variabilidades climáticas e glaciais da Antártica na América do Sul.
Um desses estudos analisou a concentração de metais nos últimos séculos da península antártica.
Descobriu-se que a concentração de alumínio nessa região mais que dobrou durante o século 20. Esse dado coincide, segundo os cientistas, com o aumento de um grau na temperatura média do hemisfério sul: um padrão que tem paralelo com a desertificação na Patagônia e no norte da Argentina.
NO MAPA: Embora não pareça, o município de Chuí (em lilás) fica mais perto da base brasileira na Antártica (em vermelho) do que de Porto Velho, em Roraima (reprodução/Google Maps).
Já outro estudo aponta que a quantidade de gelo na Antártica está ligada à formação de ciclones na América do Sul. No verão, quando há menos gelo, a formação de ciclones no continente americano é menor, e vice-versa.
Os motivos por trás dessas ligações, no entanto, ainda são desconhecidos. “De que forma acontecem essas correlações ainda é uma questão em aberto”, explica Evangelista.
Já oceanógrafa Lúcia de Siqueira Campos, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e membro do Comitê Nacional de Pesquisas Antárticas, apresentou o intercâmbio entre a incrível biodiversidade dos oceanos antárticos e o ecossistema marinho da América do Sul.
Essas trocas, segundo ela, podem estar ameaçadas por causa do aquecimento acelerado da península antártica. Cabe aos cientistas investigar de que forma essa mudança de temperatura no continente pode transformar os mares dali – e, quiçá, também os brasileiros. Isabela Fraga - Ciência Hoje / RJ

Eu sou atriz pornô, e daí?É uma ideia antiga: uma mulher, se ousa desejar, só pode ser "a puta", com a qual tudo é permitido

Eu sou atriz pornô, e daí?

FOLHA DE SÃO PAULO - CONTARDO CALLIGARIS
É uma ideia antiga: uma mulher, se ousa desejar, só pode ser "a puta", com a qual tudo é permitido
RESISTI A pedidos e pressões para que comentasse o caso do goleiro Bruno. Não gosto de especular sobre investigações inacabadas ou acusações ainda não julgadas. No entanto, especialmente nos crimes midiáticos, sempre há fatos e atos que merecem comentário e que não dependem da culpa ou da inocência de suspeitos ou acusados.
Por exemplo, durante a investigação sobre a morte de Isabella Nardoni, o fato mais interessante era a agitação da turba: diante da delegacia de polícia, os linchadores pulavam e gritavam indignados só quando aparecia, nas câmeras de TV, a luz vermelha da gravação.
Há turbas parecidas no caso do goleiro Bruno. E, além das turbas, também alguns delegados de polícia parecem se agitar especialmente quando as câmeras estão ligadas, o que, provavelmente, não contribui ao progresso das investigações.
Mas o que me tocou, nestes dias, foi outra coisa. Segundo o advogado Ércio Quaresma Firpe, que defende o goleiro Bruno, a polícia estaria investigando um crime inexistente, pois Eliza Samudio estaria viva e se manteria em silêncio e escondida pelo prazer de ver o Bruno acusado e preso. Para perpetrar essa vingança, aliás, Eliza não hesitaria em abandonar o próprio filho de cinco meses.
É uma linha de defesa que faz sentido, visto que, até aqui, o corpo de Eliza não apareceu. Mas o advogado Firpe, para melhor transformar a vítima presumida em acusada, tentou apontar supostas falhas no caráter de Eliza soltando uma pérola: "Essa moça", ele disse, "é atriz pornô".
Posso imaginar a expressão que acompanhou essa declaração: o tom maroto que procura a cumplicidade de quem escuta, uma levantadinha de sobrancelhas para que a alusão confira um valor especialmente escuso à letra do que é dito.
Estou romanceando? Acho que não. De mesa de restaurante em balcão de bar, já faz semanas que ouço comentários parecidos, de homens e mulheres, mas sobretudo de homens: Eliza Samudio era "uma maria chuteira", uma mulher fácil.
Será que essas "características" de Eliza absolvem seus eventuais assassinos? Claro que não, protestariam imediatamente os autores desses comentários. Mas o fato é que suas palavras deixam pairar no ar a ideia de que, de alguma forma, a vítima (se é que é vítima mesmo, acrescentaria o advogado Firpe) fez por merecer.
Pense nos inúmeros comentários sobre o caso de Geisy Arruda, aluna da Uniban: tudo bem, os colegas queriam estuprá-la, isso não se faz, mas, também, como é que ela vai para a faculdade com aquele vestidinho curto e tal?
No processo contra um estuprador, por exemplo, é usual que a defesa remexa na vida sexual da vítima tentando provar sua facilidade e sua promiscuidade, como se isso diminuísse a responsabilidade do estuprador. Isso acontece até quando a vítima é menor: estuprou uma menina de 12 anos? Cadeia nele; mas, se a menina se prostituía nas ruas da cidade, é diferente, não é?
Diante de um júri popular, essas considerações funcionam, de fato, como circunstâncias atenuantes: talvez estuprar "uma puta" não seja bem estupro.
Em suma, quando a vítima é uma mulher e seu algoz é um homem, é muito frequente (e bem-vindo pela defesa) que surja a dúvida: será que o assassino ou o estuprador não foi "provocado" pela sua vítima?
Atrás dessa dúvida recorrente há uma ideia antiga: o desejo feminino, quando ele ousa se mostrar, merece punição. Para muitos homens, o corpo feminino é o da mãe, que deve permanecer puro, ou, então, o da puta, ao qual nenhum respeito é devido: uma mulher, se ela deseja, só pode ser a puta com a qual tudo é permitido (estuprá-la, estropiá-la).
Além disso, se as mulheres tiverem desejo sexual próprio, elas terão expectativas quanto à performance dos homens; só o que faltava, não é? Também, se as mulheres tiverem desejo próprio, por que não desejariam outros homens melhores do que nós?
Seja como for, para protestar contra a observação brejeira do advogado Firpe, mandei fazer uma camiseta com a escrita que está no título desta coluna. Mas o ideal seria que ela fosse adotada pelas mulheres. Podem mandar fazer, sem problema; o advogado Firpe não tem "copyright" da frase.

Não culpem a vítima

Não culpem a vítima
Ciça Guedes – O Globo - Publicada em 29/07/2010 às 17h48m
Deve haver uma explicação psicológica para a tendência que as pessoas têm de culpar as vítimas de tragédias. Como não sou do ramo, arrisco: gera um conforto do tipo "comigo ou com meus filhos não vai acontecer porque não fazemos isso". Mais de uma vez se provou que a tese é equivocada. A grande maioria das vítimas de estupro, por exemplo, não é de garotas vestidas de forma provocante. Crianças e adolescentes são atingidos por balas perdidas em casa e na escola. Mas estatísticas não comovem nem demovem turrões, pelo visto.
A tese da culpa da vítima volta à tona por conta da morte de Rafael Mascarenhas, filho da atriz Cissa Guimarães. "O garoto também estava errado porque andava de skate num túnel fechado", ou ainda "que mãe é essa que deixava o filho andar de skate de madrugada num túnel fechado?" são algumas das frases que tenho ouvido por aí. O "também" da primeira frase é o detalhe mórbido que torna essa visão capenga ainda mais assustadora, porque iguala a atitude de um rapaz que praticava uma pequena transgressão à de outro rapaz, Rafael Bussamra, que sai de casa a bordo de uma máquina potencialmente mortífera, adaptada para correr mais do que outros carros. E invade áreas proibidas. Poderia ter matado um operário, e aí a estratégia de subornar os policiais, "maquiar" o carro e esquecer esse tremendo aborrecimento teria se revelado acertada.
O empresário Roberto Bussamra, pai do atropelador, desistiu de pagar o suborno aos policiais militares, de acordo com as notícias, porque viu que o investimento não valeria a pena, já que a vítima era uma pessoa conhecida e o caso ganharia notoriedade. Qual será a punição para ele?
Em vez de perguntar "que mãe é essa que deixa um filho andar de skate de madrugada?", deveriam perguntar que pai é esse que paga para tornar o carro do filho ainda mais veloz; que no outro dia, tendo tido tempo para refletir sobre suas atitudes, tem frieza suficiente para circular pela cidade, tirar dinheiro do banco, encontrar de novo os policiais e enganá-los, afirmando que precisaria ainda retirar o resto do dinheiro quando já tinha mais do que a metade do valor nos bolsos? Qual será a punição para ele?
Há anos, sofri algo parecido. O pai da minha filha mais velha foi assassinado quando andava de moto, num crime que nunca foi esclarecido. Apesar do grande número de testemunhas, de a placa do carro em que estava o criminoso ter sido anotada, a polícia prendeu o dono do carro e logo o libertou, alegando que tinha um álibi e não sabia informar quem estava com o automóvel no dia do crime. Depois, a polícia pediu dinheiro e mais dinheiro ao meu sogro, a pretexto de pôr gasolina no carro e fazer diligências. Quem teria coragem de negar? Mas, claro, deu em nada, e a culpa ficou mesmo para nós: quem mandou o rapaz gostar de moto? Por favor, pelo menos em nome de algum conforto moral para a família de Cissa, parem com essa estupidez e culpem as pessoas certas.
CIÇA GUEDES é jornalista.

O drama mexicano

O drama mexicano
A falta de consideração dos EUA pelo México e sua luta contra cartéis nos últimos dois anos chega a impressionar
29 de julho de 2010 | 0h 00
Jackson Diehl -THE WASHINGTON POST
No mês passado, 303 pessoas foram assassinadas no município mexicano de Ciudad Juárez, na fronteira com os Estados Unidos, junto a El Paso. Entre os mortos deste mês estão três homens assassinados por um sofisticado carro-bomba guiado por controle remoto - o primeiro caso do tipo na guerra das drogas no México. Numa cidade de 1,2 milhão de habitantes, mais de 2.600 pessoas morreram de forma violenta em 2009; outras 200 mil podem ter deixado seus lares.
Enquanto isso, em Washington, o Gabinete de Responsabilização do Governo elaborou uma lista de promessas de ajuda feitas ao México pelos EUA desde 2008, mas não cumpridas. Entre as ofertas estão helicópteros, aviões para patrulhamento marítimo e de espionagem.
Desde o fim da Guerra Fria, o tratamento negligente dispensado por Washington à América Latina foi praticamente transformado numa arte, praticada tanto pelos governantes republicanos quanto pelos democratas. Mas a falta de consideração pelo México demonstrada nos últimos dois anos chega a impressionar.
O governo Felipe Calderón - um moderado pró-EUA que em 2006 derrotou um candidato esquerdista por pequena margem de votos - está envolvido numa batalha com os cartéis de drogas que determinará se o país vai permanecer uma democracia modernizante ou mergulhar na direção do status de Estado fracassado. Por sua violência e terror, esta guerra não difere muito daquelas no Iraque e no Afeganistão. Mais de 50 mil soldados mexicanos foram mobilizados para combater os cartéis; cerca de 25 mil pessoas foram mortas em menos de 4 anos.
Os EUA não ignoraram a crise por completo. Mas seus esforços foram tardios, escassos e prejudicados pela burocracia. O governo Obama propôs um orçamento de US$ 10,7 bilhões para programas de estabilização civil no Afeganistão e no Paquistão para 2011; foram requisitados US$ 300 milhões para ajudar o México. O Congresso designou US$ 3,6 bilhões para a construção de uma cerca ao longo da fronteira entre México e EUA, com o objetivo de afastar os imigrantes ilegais. Para a Iniciativa Mérida - programa desenvolvido para ajudar a campanha mexicana de combate às drogas -, foi designado US$ 1,3 bilhão desde 2008. Até março deste ano, apenas US$ 121 milhões desse orçamento - cerca de 9% do seu total - foram realmente gastos.
Na guerra do México, os EUA desempenham também o papel de fornecedor do inimigo. Num debate promovido na semana passada em Washington, o embaixador mexicano Arturo Sarukhán destacou que a esmagadora maioria das armas e do dinheiro que chegam aos cartéis vinha dos EUA. Calderón pediu ao Congresso americano que adotasse de novo a proibição federal à venda de armas de assalto e pusesse fim à venda ilegal de armas aos mexicanos. Praticamente nada foi feito.
O embaixador sustentou que, apesar da falta de cooperação, "o relacionamento diplomático entre México e EUA está tão forte quanto nos últimos anos. Mas do nosso lado da fronteira, os cidadãos mexicanos acreditam que estamos pagando um alto preço por aquilo que é visto principalmente como responsabilidade dos americanos". / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

Eder, para o Comércio Araraquara

Uribe deplora declarações de Lula sobre crise entre Colômbia e Venezuela

Uribe deplora declarações de Lula sobre crise entre Colômbia e Venezuela
O Globo Online - Rio de Janeiro/RJ

RIO - O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, considerou nesta quinta-feira "deploráveis" os comentários feitos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a crise com a Venezuela. Em breve comunicado, o governo de Bogotá diz que o líder brasileiro ignora a ameaça para a região representada pela "presença de terroristas" em território venezuelano.
- O presidente da República deplora que Lula, com quem cultivou as melhores relações, se refira a nossa situação com a Venezuela como se fosse um caso de assuntos pessoais, ignorando a ameaça que representa para a Colômbia e o continente a presença dos terroristas das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) nesse país - afirma a nota oficial.
Na quarta-feira, após receber em Brasília o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, Lula reiterou que tentará conversar com Colômbia e Venezuela, que têm relações diplomáticas rompidas desde a semana passada. Para o presidente brasileiro, até o momento o único conflito que há entre os dois países é verbal.
- Ainda não vi conflito. Eu vi conflito verbal, que é o que ouvimos mais aqui na América Latina - disse Lula, que prometeu conversar com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e o presidente eleito da Colômbia, Juan Manuel Santos, sobre o conflito.
Para Uribe, no entanto, Lula "desconhece o esforço" da Colômbia "para buscar soluções através do diálogo".
- Repetimos com todo o respeito ao presidente Lula e ao governo do Brasil que a única solução que a Colômbia aceita é que não se permita a presença dos terroristas das Farc e do ELN (Exército de Libertação Nacional) em território venezuelano - conclui o comunicado, colocado no site da Presidência.
As críticas de Uribe a Lula chegam momentos antes da reunião de chanceleres da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), que acontece nesta quinta, em Quito, com o objetivo de resolver a crise entre Venezuela e Colômbia. 

Decisão autoriza padrasto a adotar criança de 10 anos

Decisão autoriza padrasto a adotar criança de 10 anos
O padrasto passou a conviver com a mãe da criança quando esta tinha dois anos e assumiu integralmente a família, tornando-se, com o decorrer do tempo, pai da menor “de alma e de coração”. Destacou, ainda, que ele e sua esposa trabalham, possuem um lar estável e vivem em ambiente agradável com as filhas (a que ele pretende adotar e outra do relacionamento do casal), na companhia de pessoas sãs e idôneas. Afirmou, ainda, que “nunca, em momento algum, desde o nascimento da menor, o requerido (pai biológico) agiu ou se comportou como pai, tanto emocional como financeiramente, descumprindo claramente seus deveres e obrigações por desídia, com nítida demonstração de desamor e desinteresse”. O STJ manteve acórdão do TJSP que permitiu ao padrasto adotar a filha de um relacionamento anterior de sua mulher. A decisão resultou no reconhecimento da legitimidade do padrasto para o ajuizamento de pedido preparatório de destituição do poder familiar do pai biológico da criança, com base no Estatuto da Criança e do Adolescente.

'Ela me pertence'. A violência contra a mulher. Entrevista especial com Ângela Maria Pereira da Silva

'Ela me pertence'. A violência contra a mulher. Entrevista especial com Ângela Maria Pereira da Silva

Ao refletir sobre os crimes de violência contra a mulher, a assistente social Ângela Maria Pereira da Silva define o ato como "um ato de posse, de total possessividade em relação a outro indivíduo, é uma despersonalização do outro. Eu posso dizer que eu sou dona da minha caneta, mas eu não posso dizer que eu sou dona do desejo de outra pessoa". Em entrevista à IHU On-Line, concedida por telefone, ela fala sobre a realidade do centros de atendimento à mulher que vive uma situação de violência e aponta alguns pontos falhos na Lei Maria da Penha e na atuação das equipes das delegacias da mulher. "Percebemos que, na prática, a realidade é diferente do que preconiza a norma. Nós ainda precisamos avançar muito em relação à rede de proteção à mulher. Até mesmo para que haja aplicabilidade da lei dentro do prazo que ela estipula, que seriam de 48 horas para conceder ou não uma medida protetora de emergência", revela.
Ângela Maria Pereira da Silva é, atualmente, docente da Fundação Saint Pastous (Porto Alegre/RS) e assistente social da Secretaria Estadual de Assistência Cidadania e Inclusão Social e do Centro Jacobina (São Leopoldo/RS). Realizou o curso de Serviço Social na Universidade Luterana do Brasil (Ulbra). É especialista em Gestão do Capital Humano, pela Faculdade Porto-Alegrense de Educação Ciências e Letras (Fapa), e obteve o título de mestre em Serviço Social, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).
Confira a entrevista.
IHU On-Line – A cada 2 horas uma mulher é assassinada no Brasil. Que regiões sofrem mais com o problema da violência contra a mulher? Ângela Maria Pereira da Silva – Eu atribuo esta realidade a questão da impunidade do homem que está em situação de violência. A aplicabilidade da Lei Maria da Penha, neste sentido, faz muita diferença. Além da impunidade, outro aspecto importante neste contexto é a questão sócio-cultural da violência entre homens em relação às mulheres. No Rio Grande do Sul, avançamos muito, mas ainda, todos os dias, presenciamos novos fatos de óbito de mulheres por situações de violência doméstica. Entre 2009 e 2010, em São Leopoldo, já tivemos alguns assassinatos, inclusive com requintes de crueldade, de homens que também se sentiram acima da lei e vieram a assassinar mulheres da própria família.

IHU On-Line – Existe um perfil deste homem?  Ângela Maria Pereira da Silva – Não tem como caracterizá-lo. Na realidade, há uma série de fatores que conspiram e que contribuem para uma postura mais agressiva por parte do homem, o que não justifica a prática da violência. Percebemos que muitos dos homens que estão cometendo atos violentos já passaram por situações de violência nas suas próprias vidas, já vêm de lares aonde houve situações de violência contra a mulher e acabam perpetuando isto em suas próprias famílias.  Então, na verdade, esses homens não conseguem ressignificar esta relação de sofrimento e acabam reproduzindo isto com filhos e com suas companheiras. Também temos um número crescente de pessoas que acabam se vinculando à substância psicoativas, o que desperta um comportamento mais agressivo em algumas pessoas. Além disso, o quadro da pobreza e da miserabilidade também afeta o nível de estresse das pessoas e, muitas delas, buscam a força para fazer valer os seus desejos sobre o outro.

IHU On-Line – Por que as mulheres ainda têm medo de denunciar? Ângela Maria Pereira da Silva – Há um número cada vez mais ampliado de mulheres que estão rompendo com este silêncio. Aqui no Centro Jacobina [1], constatamos que ainda existem fatores que interferem nesse rompimento do silêncio, tais como a dependência econômico-financeira, a questão de não ter uma rede de apoio afetiva, onde a mulher possa recorrer em um episódio de violência. Existe também o fator de um amor que causa perplexidade, é um amor que fere, que maltrata, mas que a mulher quer manter. Nem todos os homens que cometem a violência são os companheiros. Já recebemos denúncias contra netos, filhos, e, às vezes, até mesmo de um empregador. Mas, no âmbito da família, o que nós percebemos é que é uma relação que idealizada pela mulher que, quando acontece uma situação de violência, se desorienta de tal maneira que ela encontra justificativa para os atos do homem.

IHU On-Line – A violência contra a mulher em ambientes que não são familiares se dá de que forma? Ângela Maria Pereira da Silva – Nós já atendemos situações de violência sexual que acontecem na rua, ou seja, mulheres indo ou retornando do trabalho que foram abordadas e foram violentadas no caminho. Também já denunciaram violência no âmbito do trabalho, ou porque engravidaram e foram constrangidas por isso ou porque em algum momento adoeceram. Atendemos pessoas que trabalham com serviços gerais e foram assediadas por patrões.

IHU On-Line – Em relação à lei Maria da Penha, que falhas essa norma ainda tem? Ângela Maria Pereira da Silva – A Lei Maria da Penha ainda é muito precoce em relação a outras leis. Mas já percebemos que, na prática, a realidade é diferente do que preconiza a norma. Nós ainda precisamos avançar muito em relação à rede de proteção à mulher. Até mesmo para que haja aplicabilidade da lei dentro do prazo que ela estipula, que seriam de 48 horas para conceder ou não uma medida protetora de emergência. Outra questão importante: se atendemos uma mulher que não tem uma rede de apoio, ela não vai ter para onde ir com seus filhos. O que ela deve fazer se não tiver suporte?  Temos também um índice crescente de mulheres que estão em constante violência doméstica em função da relação com as drogas e ainda faltam vagas suficientes para internação e desintoxicação do público feminino. Há também uma realidade crescente de mulheres em situação de rua, e, esta situação, sabemos que vai culminar, mais cedo ou mais tarde, numa violência sexual ou física. No entanto, a maioria das vagas em albergues públicos é para o público masculino. Existem muitas questões que precisam avançar para que a Lei seja cumprida na sua totalidade. A lei presume que a educação possa combater a violência

IHU On-Line – Quais são os principais problemas que as delegacias da mulher vivem hoje?  Ângela Maria Pereira da Silva – Aqui em São Leopoldo nós não temos ainda uma delegacia especializada para o atendimento da mulher, nem da criança, nem do adolescente. O que eu percebo é que cada vez mais nós temos que olhar não só para o espaço institucional, mas para a questão da qualificação, das condições de trabalho das pessoas que atendem os “violentados”. Não adianta termos uma delegacia para a mulher se a equipe não estiver suficientemente capacitada e sensibilizada para realizar o atendimento ao público. 

IHU On-Line – São muitos municípios que não possuem Delegacia da Mulher? Ângela Maria Pereira da Silva – Acredito que tenhamos, aqui no Rio Grande do Sul, em torno de quinze ou vinte delegacias. Então, a delegacia da mulher ainda não é uma realidade se compararmos o estado com São Paulo, por exemplo. Estamos deixando muito a desejar. 

IHU On-Line – Como a senhora vê, no caso de Eliza Samudio, o fato de que uma juíza que analisou a primeira denúncia de agressão da moça, mas não concedeu proteção a ela? Ângela Maria Pereira da Silva – Do meu ponto de vista, como uma assistente social que atua no enfrentamento da violência contra a mulher, a Lei Maria da Penha está aberta a interpretações e, exatamente por isto, por vezes são feitas interpretações equivocadas. Se uma mulher teve uma relação com um homem e daí nasceu um filho, independente de eles estarem vivendo ou não juntos, ela deveria estar sendo amparada pela lei.  Acontece muito, quando se trata da violência de gênero, antes de analisar o fato, surgirem pré-suposições e preconceitos que interferem no julgamento. No caso da Eliza Samudio, a mídia descaracterizou esta mulher dos seus direitos, porque ela tinha um trabalho X, porque tinha relações familiares Y. Enfim, mostrou-a como uma pessoa não digna de direitos. Então, houve um desrespeito em relação a este caso, não só por parte da mídia como por parte do Poder Judiciário.

IHU On-Line – O caso de Eliza é emblemático para compreendermos as relações de gênero na sociedade contemporânea? Ângela Maria Pereira da Silva – Creio que sim, porque, na realidade, estamos falando de alguém que tem um relativo poder e que já vinha demonstrando, em várias situações, o preconceito de gênero. Parece que isso não foi levado a sério. A prova disso foi a forma como a trataram durante a primeira denúncia que ela fez, quando foi submetida a tomar medicamentos abortivos e foi violentada fisicamente. Por conta disto, me questiono:l qual foi o apoio que esta moça teve do serviço que a atendeu naquele momento Qual foi a rede de apoio afetiva que ela teve? Isso porque, depois das denúncias, ela voltou a confiar neste homem, negando inclusive orientações que a advogada lhe deu. Confiando numa nova promessa, ela vai ao encontro do homem que a ameaçou, sem se resguardar, sem ir com alguém da família ou alguém de sua confiança e, com isso, estava vulnerável ao que supostamente tenha acontecido.

IHU On-Line – Os assassinos de Eliza e da advogada Mércia podem ser considerados produtos de uma sociedade com resquícios patriarcais? Ângela Maria Pereira da Silva – Sim, podem. Na verdade, eles mostram muito desta esquizofrenia social que vivemos, onde é permitido violar não somente a mulher, mas também a pessoa idosa, os deficientes, ou seja, qualquer pessoa que é dita diferente da maior parte da sociedade em que vivemos. As pessoas não têm paciência, elas sempre estão sendo pressionadas pelo tempo, pelo acúmulo de tarefas. Tudo isso faz com que a pessoa vá se movimentando em um processo de irracionalidade em que não consegue mais entender que o respeito tem que prevalecer nas relações.

IHU On-Line – Podemos dizer que o crime passional é um ato de ódio? Ângela Maria Pereira da Silva – É, antes de tudo, um ato de posse, de total possessividade em relação a outro indivíduo, é uma despersonalização do outro. Eu posso dizer que eu sou dona da minha caneta, mas eu não posso dizer que eu sou dona do desejo de outra pessoa. E, nestas situações onde a mulher é assassinada há muito a presença do sentimento de posse, onde o outro não é mais o outro, ela é minha, ela me pertence, se não fica comigo não fica com ninguém.

IHU On-Line – Como modificar os padrões culturais de opressão? Ângela Maria Pereira da Silva – Temos que pensar nas gerações que estão se formando, porque hoje nós estamos percebendo um nível crescente de violência entre adolescentes. Há muitos casos de, no fim de um namoro, o menino adolescente tirando a vida da ex-namorada, atirando contra a namorada, causando um dano físico ao corpo desta menina. Isso já está acontecendo na geração que está aí. Por isso, temos que atuar na prevenção, trabalhando nas escolas com os pequenos e com as famílias. O atendimento à família faz com que se mude toda uma relação de conflito. Na família pode-se trabalhar todas as diferenças de pertencimento
Notas:
[1] O Centro Jacobina atende mulheres que sofrem violência física, psicológica, patrimonial, moral e sexual, o centro faz parte da Coordenadoria Municipal da Mulher (CMM). Situado na Rua Lindolfo Collor, 918, o horário de atendimento é de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 17h.


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