sexta-feira, setembro 03, 2010

Contador diz que recebia até pedidos de Brasília e Minas

Contador diz que recebia até pedidos de Brasília e Minas
Homem que levou procuração falsa de filha de Serra diz quem pediu
Tatiana Farah – O Globo

SÃO PAULO e RIBEIRÃO PIRES (SP). O suposto contador Antônio Carlos Atella Ferreira envolveu ontem o nome de mais uma pessoa no caso do vazamento de dados sigilosos de tucanos na Receita Federal e contou que fazia serviços para “Brasília e Minas”, entre outros estados.
Ademir Estevam Cabral, segundo Atella disse ao “Jornal Nacional”, da TV Globo, é a pessoa que contratou seus serviços para entregar e buscar na Delegacia da Receita no ABC Paulista os dados fiscais de Verônica Serra, filha de José Serra. Atella alegou que não sabia que a procuração em nome de Verônica era falsa.
— Eu não sabia que ela era filha de uma pessoa que eu admiro e respeito — disse Atella, referindose ao candidato Serra.
Atella disse que atende a pedidos de serviço contábil feitos por Brasília, Minas e outros estados.
Sobre Cabral, afirmou: — Ele tem muito contato com os advogados pelos anos de trabalho que ele tem e a reputação profissional de fazer trabalhos rápido, ser uma pessoa que agiliza os documentos dos órgãos. Então, ele é uma pessoa muito conhecida de todos nós. Se for à Receita e perguntar sobre o Ademir, qualquer pessoa vai informar.
“Não sabe nem escrever direito, como vai falsificar alguma coisa?” Segundo Atella, a falsa procuração de Verônica estava em um lote de documentos pelos quais Cabral teria pedido pressa.
— Todos os meus clientes utilizam meu serviço porque sabem que eu faço para ontem. Agora esse serviço não veio isoladamente, a pedido de uma única pessoa. Porque ele não seria aceito nem por mim nem por ninguém. A moça da Receita, com certeza, pegou um lote (de procurações).
Cabral trabalha em um escritório de contabilidade no Centro de São Paulo, onde sua colega de trabalho Helena Barbosa afirmou que ele não teria como falsificar a assinatura de Verônica: — Ademir não sabe nem escrever direito, como ele vai falsificar alguma coisa? Ele é um tipo de boy.
Vai, pega os documentos dos advogados e vai protocolar.
Acusado por Atella, Cabral negou ter participado da fraude.
— Isso aí eu desconheço completamente — disse Cabral, por telefone, ao “Jornal Nacional”.
Ele aparece como filiado ao Partido Verde, no município de Francisco Morato (SP). No sistema de consulta a filiados a partidos disponível no site do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, consta que ele se filiou em setembro de 2007.
Até anteontem, Atella dizia que não se lembrava de quem havia encomendado o trabalho que envolveu Verônica Serra. Ontem, ele alegou que tinha se lembrado.
Sede do PT em Mauá, no ABC, é assaltada Seis homens armados assaltaram no fim da manhã de quarta-feira o comitê eleitoral do PT em Mauá, na grande São Paulo, município onde aconteceu, na agência local da Receita Federal, a violação de declarações do Imposto de Renda de filiados ao PSDB, entre eles o vice-presidente do partido, Eduardo Jorge.
O presidente do PT municipal, Leandro Dias, filho do prefeito de Mauá, Oswaldo Dias (PT), estava no comitê no momento do assalto.
Ele não foi agredido, mas teve o telefone celular roubado. Nenhum dos dois quis dar entrevistas. O presidente da Câmara de Vereadores de Mauá, Rogério Santana (PT), disse não acreditar que o assalto tenha conotação política.
— Parece que é um assalto comum.
Isso já aconteceu em outros comitês. Em outras cidades também — disse.
De acordo com Rogério, que afirmou ter pouca informação sobre o caso, os assaltantes estavam procurando dinheiro, imaginando que, por ser começo de mês, haveria algum tipo de pagamento no comitê.
Segundo a polícia, como os bandidos não encontraram o que procuravam, roubaram os dois seguranças do partido e fugiram levando duas armas e aparelhos de celular. Eles fugiram em dois carros, e ninguém foi preso.
Segundo a Polícia Civil, que registrou a ocorrência no 1º Distrito Policial de Mauá, pelo menos cinco dos seis bandidos usavam coletes da Polícia Federal.

BB também sob suspeita

BB também sob suspeita
Além das violações contra tucanos na Receita, conta de Eduardo Jorge teria sido acessada
Gerson Camarotti e Jailton de Carvalho – BRASÍLIA – O Globo

Além da quebra ilegal do sigilo fiscal de Verônica Serra, filha do candidato do PSDB à Presidência, e de outros políticos tucanos, a Polícia Federal passou a investigar uma suposta ação ilegal no Banco do Brasil para violar as contas bancárias do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge. A exemplo do que foi feito na Receita, onde os registros no sistema apontaram as senhas de quem devassou os dados fiscais de tucanos, a PF quer saber a identidade dos servidores do BB que podem ter extraído informações das contas de Eduardo Jorge. A PF já encaminhou à Justiça um pedido para que o banco seja obrigado a fornecer os dados do sistema de controle.
A denúncia foi feita por Eduardo Jorge em depoimento prestado à PF, em 5 de agosto. Ele atribui o vazamento ao comitê da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff. Apesar da denúncia ter sido levada à PF há quase um mês, o BB informou ontem que “não há fato concreto” e, por isso, não determinou qualquer medida para apurar a denúncia. Segundo o banco, o caso só será apurado internamente se houver “fato concreto”.
A PF decidiu apressar a apuração da quebra do sigilo fiscal de Verônica Serra e de Eduardo Jorge e intimar para depor o técnico contábil Antônio Carlos Atella Ferreira, acusado de usar uma procuração falsa para violar o sigilo fiscal de Verônica. A polícia tentaria interrogá-lo ainda ontem.
A polícia também quer ouvir Verônica.
Ela já declarou que não assinou a procuração usada por Atella.

Peritos vão analisar procuração
Com autorização judicial, a PF também já teve acesso e está analisando o disco rígido do computador de Adeildda Ferreira Leão Santos, servidora da Receita acusada de vasculhar indevidamente às declarações de Eduardo Jorge. O Ministério Público pediu e a juíza Pollyana Alves, da 12ª Vara, autorizou que a polícia abra e confira as informações registradas no computador da servidora.
A PF também pediu a quebra do sigilo bancário e telefônico de Adeildda.
Quer saber com quem a servidora manteve contato no período das quebras de sigilo.
Peritos do Instituto Nacional de Criminalística (INC) vão analisar também a procuração usada por Attella para obter uma cópia da declaração de renda de Verônica Serra.
Confirmada a irregularidade, Attela será indiciado por uso de documento falso.
Falta a parte mais importante: identificar os mandantes da quebra de sigilo. A PF interrogou o jornalista Luiz Lanzetta, dono da Lanza Comunicações, empresa encarregada de contratar repórteres na fase da pré-campanha de Dilma.
Lanzetta foi acusado por Onésimo Souza de pedir um levantamento sobre Serra e o deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ).

Lula pede pressa nas investigações
Lanzetta diz que foi o ex-delegado quem se ofereceu para investigar o suposto grupo de Itagiba, que produziria dossiês contra aliados de Dilma. Também foi interrogado o sargento da reserva da Aeronáutica Idalberto Mathias, o Dadá.
Onésimo, Dadá e o jornalista Amaury Ribeiro seriam contratados por Lanzetta.
O presidente Lula determinou ontem que a PF apresse as investigações sobre a quebra de sigilo. Segundo o ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, Lula espera que os culpados sejam devidamente punidos.

Dois meses após enchente, Palmares, em PE, ainda retira lodo das ruas

Dois meses após enchente, Palmares, em PE, ainda retira lodo das ruas

Batizado pelos especialistas de “Onda de Leste”, o fenômeno climático que atingiu 68 municípios em Pernambuco revelou sua pior face em Palmares, município de 58 mil habitantes localizado a 128 quilômetros da capital, Recife, onde praticamente tudo ficou debaixo d’água. Ainda hoje, dois meses após a tragédia, equipes do governo pernambucano trabalham para retirar da cidade a mistura de entulho e lodo que a enxurrada deixou.
No quinto dia da série sobre as eleições nas cidades devastadas por catástrofes climáticas, o G1 continua no Nordeste para mostrar como as famílias enfrentam a dura rotina da reconstrução no interior pernambucano. Dados do gabinete de reconstrução montado pelo governo e atualizados em 20 de agosto mostram que as chuvas atingiram quase 100 mil habitantes no estado. A tragédia provocou 20 mortes e o valor calculado pelo governo estadual para socorrer as vítimas e reconstruir as áreas atingidas chega a R$ 586 milhões.
Palmares foi uma das cidades pernambucanas mais atingidas pelas chuvas. A maioria dos habitantes foi expulsa de suas casas por causa da força das águas. Em menos de 24 horas, choveu 180 milímetros, o equivalente a 70% do esperado para todo o mês de junho na região. As águas do Rio Una, que banham a cidade, subiram rapidamente, tragando casas e formando ondas que surpreenderam a população.
Nos dias que sucederam a tragédia, a rotina de pânico com a chuva constante fez muitos moradores se arriscarem em carrocerias de caminhões para chegar até a parte mais alta da cidade. Pedestres se penduraram nos veículos, ainda em movimento, para conseguir subir as ladeiras até sair das áreas de risco de enchente.
A correnteza não poupou nem o muro do presídio da cidade, que acabou ruindo. Sem segurança, todos os detentos escaparam sem dificuldades. Nas ruas, foi preciso substituir 589 postes.
O hospital público estadual que ficava na cidade também sofreu com a enxurrada e terá de ser reconstruído. A estimativa do governo é de que a chuva tenha destruído mais de 14 mil casas e provocado estragos em mais de quatro mil quilômetros de estradas. Pelo menos 140 pontes desabaram e há 82 mil desabrigados e desalojados pela enchente.
O trabalho de reconstrução das áreas urbanas, iniciado logo nos primeiros dias após a catástrofe, ainda está na fase de cadastramento das vítimas. Atendimento a necessidades básicas, como a expedição de documentos, distribuição de vacinas e medicamentos, é feito pelas equipes de voluntários e servidores dos governos presentes na área.
Segundo o gabinete de reconstrução, desde junho, foram emitidas 6.263 carteiras de identidade, 2.782 carteiras de trabalho e 4.801 certidões de nascimento. Em Palmares, 280 moradores foram abrigados em 122 barracas fornecidas pelo governo federal.
Na área da saúde, o hospital de Barreiros, município próximo a Palmares, foi danificado. O governo estima que 66 postos de saúde foram avariados, e 19, destruídos.
Escolas estaduais ou municipais que precisarão ser reconstruídas ou reformadas totalizam 403. Serão gastos R$ 91 milhões na construção, reforma e manutenção das unidades escolares estaduais e municipais.
O governo também identificou danos em 44 cistemas de abastecimento de água nos municípios atingidos. Atualmente, ainda existem problemas pontuais em três municípios: Cortês, Palmares e Ribeirão.
Governo Federal
A destruição causada pela força das águas nos 68 municípios pernambucanos levou o  presidente Luiz Inácio Lula da Silva a visitar a região no dia 24 de junho, seis dias após o começo da catástrofe.
Dados do Ministério da Integração Nacional mostram que o governo liberou R$ 25 milhões para Pernambuco logo nos primeiros dias da tragédia e outros R$ 50 milhões foram repassados ao governo estadual para a reconstrução e socorro de vítimas.
Outros R$ 200 milhões foram destinados pelo governo federal para investimentos nas obras de reconstrução de pontes, estradas e para a desapropriação de terrenos destinados à construção de novas casas. Fonte: G1

J S BACH - AIR

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