sábado, junho 12, 2010

Endometriose: como enfrentar a principal causa da infertilidade feminina

Endometriose: como enfrentar a principal causa da infertilidade feminina

Abril.com – SP - 11/06/2010

São Paulo, 10 (AE) - Desde pequenas, as mulheres ouvem que sentir cólicas menstruais é parte da natureza feminina. Porém, a cólica é um sinal de que algo não está indo bem e deve ser avaliada com muita atenção, porque pode ser um sintoma de endometriose, uma doença que afeta uma em cada dez mulheres em idade fértil, ou seja, cerca de seis milhões de brasileiras, segundo o IBGE. Mas o que é exatamente essa doença, considerada por muitos a principal causa de infertilidade feminina? 
O útero de toda mulher é revestido, internamente, por uma camada de tecido chamado endométrio, local onde o óvulo, quando fecundado, aloja-se para iniciar a gravidez. Caso a gravidez não ocorra, o endométrio é expelido durante a menstruação. Em algumas mulheres, as células do endométrio podem aparecer e crescer fora do útero, estabelecendo assim a endometriose. De uma forma simples, podemos dizer que é a presença de endométrio, tecido que reveste a cavidade uterina e que é expelido durante a menstruação, fora do útero. 
As causas da endometriose ainda não são totalmente conhecidas, mas as mais prováveis são a genética, o fluxo menstrual retrógrado (saída de uma pequena quantidade de sangue menstrual pelas trompas uterinas), a imunidade e o estresse. Alguns indícios sugerem que mulheres ansiosas, com alto grau de estresse estão mais propensas a desenvolver a doença. Porém, a principal característica comportamental que predispõe à doença é, sem dúvida, a postergação, cada vez mais frequente, da maternidade. Hoje em dia, uma mulher tem 400 menstruações ao longo de sua idade fértil, contra 40, no início do século XX. Antes, as mulheres tinham mais gestações, ou seja, tinham menos endométrio disponível e, consequentemente, menos incidência de endometriose. Por tudo isso, a endometriose é caracterizada como o mal da mulher moderna. 
Cólicas menstruais intensas, sangramento abundante ou irregular, ou outros sintomas durante as menstruações como náuseas, diarreia, dificuldade de evacuar, ou urinar são alguns dos sinais da endometriose. Mas os principais sintomas da doença são a dor durante a menstruação e no ato sexual. A endometriose é bastante sintomática. Entretanto, apenas o fato de não conseguir engravidar gera a suspeita de que essa mulher pode ter endometriose. Apenas cerca de 10% das mulheres não têm sintomas, o que pode fazer com que a doença evolua e aumente as chances de prejuízo à fertilidade da mulher. 
Antes de descobrir que têm endometriose, é muito comum que as mulheres passem por um longo período de sofrimento, que pode ter graves consequências. Infelizmente, o tempo médio entre o início dos sintomas e o diagnóstico da doença é de mais de sete anos, por isso é fundamental aumentar o conhecimento das mulheres a respeito da doença. Dessa forma, evitamos consequências mais graves, como a infertilidade, causada pelo diagnóstico tardio, em muitos casos. Estudos indicam que 50% das mulheres que têm endometriose não conseguem engravidar e, só quando buscam ajuda médica para ter filhos, descobrem que são portadoras da doença. 
A melhor prevenção é a mulher ficar atenta à dor, seja durante a menstruação ou nas relações sexuais, e procurar um médico ginecologista o mais rápido possível, pois quanto mais cedo se detecta a doença, mais rápido um tratamento adequado poderá ser iniciado. Vale reforçar que a endometriose pode surgir já na adolescência. Por isso, cólicas intensas devem ser acompanhadas e podem ser um indício importante da doença. 
O diagnóstico da doença é clínico, complementado por exames por imagem, como ultrassom, ressonância ou ecoendoscopia. O Brasil é considerado uma referência em diagnóstico da endometriose. Aqui, foram desenvolvidos métodos de utilizar o ultrassom para diagnosticar uma forma mais agressiva da doença, que tem sido muito aceito no mundo inteiro e tem ajudado os médicos a definir a estratégia terapêutica, com grande benefício para as pacientes. 
Hoje, a endometriose pode ser tratada de duas formas: cirurgicamente, por meio de laparoscopia, ou por meio de medicações, que bloqueiam a produção dos hormônios femininos, responsáveis pelo ciclo menstrual. 
Os custos diretos e indiretos da doença são altos. Não existem dados precisos no Brasil, mas tomando o exemplo dos Estados Unidos, os gastos com a endometriose superam os da enxaqueca e da doença de Chron. O impacto econômico, sem dúvida, é grande e serve de alerta às autoridades, mas o principal fator que deve ser levado em conta é a garantia de bem-estar e a preservação da fertilidade da mulher. 
* Dr. Maurício Simões Abrão é médico responsável pelo Setor de Endometriose da Clínica Ginecológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e, atualmente, é Presidente da Sociedade Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva. É membro do Conselho da Sociedade Mundial de Endometriose (WES) e da Associação Americana de Ginecologia Laparoscópica (AAGL). Também é autor de vários livros, entre eles "Endometriose: uma Visão Contemporânea" (Editora Revinter).

Social Deception - "We are already here" (bare bones mix)

Anticoncepcionais de emergência

Anticoncepcionais de emergência

Veja On line - 11/06/2010

Apesar do Conselho Federal de Medicina acabar de aceitar o uso do anticoncepcional de emergência, conhecido como "pílula do dia seguinte", e publicar resolução que regulamenta sua aplicação, é importante estar informada sobre suas atuações e efeitos. Afinal de contas, este tipo de pílula chega a conter uma dose de hormônio de 10 a 20 vezes maior que a pílula anticoncepcional comum e vem sendo utilizada, principalmente por adolescentes, como o único método anticoncepcional ou como um método adicional.
Abusar destes "comprimidinhos" pode causar danos graves à saúde, como câncer de mama e de útero, problemas em uma futura gravidez, além de trombose e embolia pulmonar. Além disso, o contraceptivo de emergência não protege ninguém das doenças sexualmente transmissíveis. Apesar de após dois ou três dias, a droga ser eliminada do organismo, mais do que uma dose em apenas um mês já é considerado abuso. A recorrência a ela deve acontecer apenas em casos de emergência. 
Pode ser tomada até 72 horas depois da relação.
São dois comprimidos - um a ser tomado de preferência nas primeiras 24 horas, quando sua eficácia é maior, seguido de outra dose após 12 horas. 
A pílula do dia seguinte pode ser adquirida em qualquer farmácia sem prescrição médica, mas é importante informar ao seu médico sobre esta alternativa. Os efeitos colaterais mais comuns são alteração no ciclo menstrual, possíveis dores de cabeça, sensibilidade nos seios, náuseas e vômitos. Apenas quem possui alguma doença hematológica (do sangue), vascular, hipertensão ou obesidade mórbida não pode usar o medicamento.

Jeff Buckley - Hallelujah (Original Studio Version)

Andar com fé eu vou...


Já dizia o Gilberto Gil: andar com fé eu vou, que a fé não costuma faiá...”, até aqui tudo bem! Mas diferentemente do poeta, a minha fé não está na maré, não está na mulher, na cobra coral nem na ponta de um punhal. Minha fé, também, não morrerá triste na solidão...
A verdadeira fé é a antítese da desesperança, o antídoto da incerteza e a existência antecipada do final feliz que ainda virá na vida. A fé move montanhas sim, mas também sabe esperar com paciência, sabe descobrir e discernir caminhos encobertos desde a antiguidade. Ela é a trilha do justo e o andar de mãos dadas com quem criou todas as coisas, cavou mares, abriu céu, pintou estrelas, soprou vida em um mundo que era vazio e sem forma. Quem anda e vive por fé tem a consciência plena e absoluta de que todas as coisas, sim! Todas mesmo! Vão vindo em nossa direção sem que precisemos temê-las, correr em direção a elas ou delas.
A fé também é um escudo por meio do qual apagamos os incêndios desesperados da existência, dos ataques do medo, da angústia e de todas as surpresas malignamente desagradáveis, que vão surgindo ou sendo plantadas nos nossos caminhos todos os dias.
A fé é a certeza do abraço dado no bem, na esperança e no amor e de que todas as existências, daqui ou do além, um dia se dobrarão ao Sol da Justiça e confessarão Seu nome eterno.
Eu posso não ter alcançado, ainda, tudo o que sonho ou planejo. Pode ser até que haja dores, eu posso lançar olhares cansados à minha volta sem estar experimentando existencialmente a minha própria alegria ou liberdade, pode acontecer de vir à minha mente, e às vezes vem mesmo, pensamentos que, momentaneamente, queiram me forçar a desistir de sonhar com fé nas Promessas. Mas por saber que a minha espera não se condiciona ao que eu posso fazer sozinho nem se baseia na minha própria sorte aleatória, o que eu faço é aguardar em fé, com os olhos indesviáveis, Naquele que é o penhor, a garantia eterna e real do bem que me resgatou e mora em mim para todo o sempre.
Eu vou andar pelo vale da sombra da morte e não temerei mal nenhum, cairão mil ao meu lado e dez mil à minha direita, vou enfrentar mares, ventos contrários, terrores noturnos, mas eu não serei removido porque eu sei que o meu redentor vive pelos séculos do séculos. Minha esperança está além da vida e, até mesmo, muito além da morte.
Minha fé não é show e também não projeta a prosperidade que a traça, a ferrugem e os ladrões da “fé” levam embora de um dia para o outro. Minha fé também não é boba, muito menos alienada da vida e das realidades que andam lado a lado no meu caminho. Minha fé identifica tempos e eras, oportunidades e desafios, pessoas e princípios, coisas concretas e poderes informes.
Já me acostumei a enxergar sem ver, sentir sem saber, ouvir somente com o coração e ter consciência de onde estou sem saber para onde vou. Simplesmente porque a fé que opera em mim, mesmo sem eu saber, não joga comigo, nem me empurra para lugar nenhum, ela se apresenta em amor e por amor. Eu sei que, ao optar por andar em fé no Eterno, corro o irremediável risco de que todas as coisas concorram inevitavelmente, sempre, para o meu bem.
O Senhor, que é plantador de fé, lhe abençoe rica, poderosa e sobrenaturalmente!
Pablo Massolar - Pastor da Igreja Metodista na 1ª Região Eclesiástica.
Publicitário / Diretor de Arte

A primeira senhora do campo

A primeira senhora do campo

Valor Econômico - 11/06/2010

"Sempre fui muito determinada", diz Kátia Abreu, do outro lado da mesa na Churrascaria Fogo de Chão, enquanto absorve delicadas fatias de fraldinha ao sal grosso, o seu bocado predileto da carne assada. "Adoro carne, sou carnívora." Totalmente dedicada em combater o "fundamentalismo", que, segundo ela, habita os círculos ambientalistas e os Ministérios do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Agrário, não foi fácil introduzir na conversa assuntos alheios à sua militância ideológica. Senadora do DEM (ex-PFL) do Tocantins e presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Kátia Abreu cumpre a missão para a qual foi eleita: faz o "lobbying" do agronegócio. E o faz com esmero, talento e, admita-se, determinação. O tempo inteiro, aparentemente. O Fogo de Chão da Avenida Bandeirantes - rede de churrascarias de elite pertencente a gaúchos da cidade de Encantado, com mais casas em São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e Salvador - foi escolhido para este "À Mesa com o Valor" por causa da agenda carregada da senadora, que precisava almoçar perto do Aeroporto de Congonhas em São Paulo e participar ainda à tarde de reuniões em Brasília. Kátia Abreu aprovou a escolha do repórter e valeu-se da pressa para não perder o foco, permitiu ligeira abordagem de temas pessoais, mas fez o tempo esgotar-se antes do contraditório. Nada a estranhar nesse comportamento, pois é assim que se comportam políticos de sucesso - e Kátia é boa nisso.
- Vamos tomar um vinho?
- Vou ficar só na água, obrigada. Ela vota no tucano, mas gostou da irritação da petista com os ambientalistas. 
Solidários, repórter, fotógrafa e a assessora de imprensa da senadora conformam-se com a abstinência e as boas carnes passam, então, a ser o exclusivo encanto gustativo do almoço: picanha, costela, fraldinha, costeleta e paleta de cordeiro, lombo de porco, que agradam aos brasileiros e já conquistam americanos em outros 16 Fogo de Chão que a família de gaúchos espalhou pelos Estados Unidos, de Washington a Dallas. Exagero de carnes, precedido por profusão de saladas - nesta temporada, atração extra: pinhão cozido, descascado, cor-de-rosa, levemente salgado e tenro. Verduras, legumes, queijos justificariam a visita de um lactovegetariano à churrascaria, não lhe saísse a excursão muito cara, R$ 88 por pessoa. Na sua fazenda de 5 mil hectares, Kátia cria gado Nelore, robusto zebuíno branco de origem indiana que produz carne diferente, menos macia que o Angus deste almoço. "Angus é raça europeia, escocesa. Quando é pura, tem gordura entremeada na carne, igual ao cupim. Eu não gosto. No Brasil, fazemos o chamado cruzamento industrial, gado zebu com europeu. A gordura fica fora da carne, não dentro dela. E a carne é mais saborosa. Este Angus do Fogo de Chão não é puro, tem cruzamento. Outra vantagem é que se consegue antecipar o abate Aos 48 anos, Kátia Abreu lembra que foi urbana mais da metade da vida; vivia em Goiânia e, apesar de casada com o criador de gado Irajá Silvestre, jamais pretendera entender de boi gordo, inseminação, engorde, abate e exportação de carne.
- A senhora se formou em psicologia. Como foi isso de virar líder do ruralismo, guerreira, meio mandona?
- Antes quero pedir à Vandinha um relógio para nós. A que horas é o nosso voo?
A assessora põe o próprio relógio à frente da senadora e informa que há voos para Brasília às 14h56 e às 15h51 O repórter se intromete e sugere o segundo horário. A senadora decide-se pelo primeiro. - Minha entrada para a área rural foi resultado de uma tragédia. Acontece com a maioria das mulheres, elas se tornam fazendeiras sempre pela dor. Ou o marido morreu e ela herdou a fazenda; ou o pai morreu e ela herdou; ou separou-se do marido e ficou com um pedaço da fazenda. Poucas vão para o campo por amor: "Tenho aqui um dinheiro e vou comprar uma fazenda". Quando meu marido faleceu num acidente aéreo terrível, em 1987, ele tinha uma fazenda em Aliança do Tocantins, na região de Gurupi, a uns 240 quilômetros de Palmas, hoje Estado do Tocantins, mas que ainda era Goiás. Dezessete dias após a morte de Irajá, a mãe dele morreu também, de paixão. Mais seis meses e morre minha avó, que morava conosco. Nas minhas fantasias, cheguei a pensar que eu própria ia morrer, de parto. Kátia ocupa o terceiro lugar e é a única mulher numa fila de oito irmãos. Tinha um filho de 4 anos, outro de 1, e estava grávida de 2 meses ao ficar viúva, aos 25 anos.
- A família nem imaginava que eu não iria vender a fazenda. Era uma coisa decidida na cabeça deles. Pensavam até em abrir uma loja para mim em Goiânia. Estava me formando em psicologia na Universidade Católica e avisei que não, que iria para o desafio do campo. Coloquei a propriedade em nome dos filhos e passei a administrá-la como gestora. Repito, tenho alguns defeitos e uma qualidade: a determinação.
- E como foi essa experiência?
- Na minha terra, quando uma fazenda está muito feia, largada, as pessoas dizem: "Parece fazenda de viúva". Pois eu falei: "Isso não vai acontecer comigo". Eu me esforcei, aprendi tudo e superei o preconceito. Não deixei o negócio desandar e aumentei a produtividade. As pessoas passaram a me reconhecer como uma delas, uma empresária rural. Passados seis anos, fui eleita presidente do sindicato rural, em eleição duríssima. Enfrentei machismo, violência. Venci. Depois, é o que se sabe: ruralismo e política. Kátia foi, em seguida, eleita presidente da Federação da Agricultura do Tocantins e, em 1998, se candidatou a deputada federal pelo PFL. "Nunca mudei de partido, o PFL é que mudou de nome." Faltaram 500 votos e ficou com a primeira suplência, mas o governador Siqueira Campos distribuía alternadamente secretarias entre os deputados titulares para que Kátia os substituísse.
- Viravam secretários por sua causa?
- Não posso nem falar isso.
E foi assim que um(a) suplente acabou membro titular da Comissão de Agricultura da Câmara e líder da Frente Parlamentar da Agricultura no Congresso (bancada ruralista), então com 180 integrantes. Em 2002, elegeu-se finalmente deputada, com votos de 12,91% dos eleitores do Tocantins. Proporcionalmente, foi a terceira mais votada em todo o país; à sua frente, só Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e o correligionário José Roberto Arruda (DEM). Em 2006, elegeu-se senadora e, dois anos depois, tornou-se a primeira mulher a presidir a CNA.
- Sua fazenda nunca teve problemas com os sem-terra?
- O MST nunca foi forte por lá. Desde os dois mandatos de Siqueira Campos e o de Marcelo Miranda no governo do Estado, a reintegração de posse sempre foi muito rápida. Então eles se intimidam e evitam os Estados em que os governadores cumprem a lei. O MST prefere invadir onde os governadores afrouxam, como em Pernambuco.
- Não ocorre o mesmo em São Paulo? Tantos anos de governo do PSDB e é permanente o conflito no Pontal de Paranapanema...
- Não. Lá existe um litígio antigo e eles teimam em dizer que são terras públicas. Na realidade, o Brasil inteiro foi terra pública, não é? Então precisa de uma regulamentação, privatizar a área para que a produção se estabeleça, e isso está sendo providenciado. As reintegrações de posse em São Paulo têm acontecido de forma imediata. Mas aqui é o foco da mídia. Quem quer aparecer, armar confusão, vem para São Paulo, como esse Rainha [José Rainha Júnior, dirigente afastado do MST no extremo oeste do Estado]. O que acontece aqui vira notícia, tem holofote em cima.
Toca o celular. A senadora atende. "Só um minutinho. É o Reginaldo, preciso terminar um artigo para a Folha ... (T) Alô? Oi, Reginaldo." Percebe-se que Reginaldo é um assessor da CNA e fala de Brasília. "Reginaldo, vamos lá: quanto, porcento, a União gastava em 2000 com a saúde e quanto gastava em 2007? Tem uma tabelinha aí, escrita à mão, está dentro dessa pastinha, usei no discurso que fiz para os prefeitos, pode procurar e me liga de volta, ok? Até mais."
Kátia desliga e comenta: "O governo do presidente Lula gastava, quando ainda tinha a CPMF, menos em saúde do que no tempo do Fernando Henrique. No ano 2000, a União participava do bolo do gasto da saúde com 60%. Em 2007, 45%. E tem a PEC 29, Emenda Constitucional, iniciativa do governo, que deveria aumentar os recursos para a saúde. Aumentou? Não. A saúde está tendo prejuízo. A regulamentação estacionou no Congresso e o governo não tem interesse em votar. Hoje os recursos da saúde são de R$ 56 bilhões. Se se mantivesse a metodologia anterior, seriam uns R$ 119 bilhões. Mas o governo prefere gastar R$ 40 bilhões com o funcionalismo."
- Caramba! - É Vanda, escandalizada.
Kátia aponta o dedo para o alto:
- E a Dilma diz que o que falta é a CPMF...
O rodízio, rápido demais, impacienta a senadora. "Por favor, moço. Vá um pouco mais devagar, deixe-nos conversar. Se quiser mais alguma coisa, eu peço." - Como está o Código Florestal? A senhora e o deputado Aldo Rebelo, do PCdoB de São Paulo, têm feito uma afinada parceria.
- O Aldo é um exemplo muito interessante para o Brasil, para quebrar aquele paradigma de que quem é de um partido de esquerda é contra tudo e todos. A gente se entende não é de agora. Gosto de repetir que, se não fosse Aldo Rebelo, ainda não teríamos transgênico funcionando no Brasil.
Como relator e presidente da Câmara, o deputado fez aprovar, no início do governo Lula, um substitutivo sobre a nova lei de biossegurança que satisfez Kátia e o agronegócio. Dirigente de um partido que pregava a coletivização da propriedade rural e promoveu uma guerrilha maoísta a apenas 500 quilômetros ao norte da fazenda da hoje presidente da CNA, Rebelo está novamente aliado a Kátia Abreu. Como relator do novo Código Florestal, Aldo propôs que os Estados, e não a União, estabeleçam os limites mínimos de reserva legal e a redução de 30 m para 7,5 m na área de preservação à beira dos rios.
A senadora não poupa o que chama de "eles" e entre esses inclui os líderes dos sem-terra, os ambientalistas de dentro e fora do governo e os ativistas que tumultuaram a apresentação do relatório de Rebelo e lhe mostraram o cartão vermelho, como se isso fosse ofensa a um dirigente comunista.
- Eles querem criminalizar, transformar a produção de alimentos em alguma coisa do mal. Nos acusam de destruir a mata atlântica, o cerrado, a floresta amazônica. Mas não as transformamos num nada, num vento. Transformamos em comida, emprego, exportações, PIB. Se o ser humano precisa de ambiente equilibrado, precisa de comida também. Ninguém vive sem as duas coisas. Dou um número oficial: O Brasil tem 56% de toda sua área de forma original, mata nativa.
- E isso é muito ou pouco?
- A Europa tem 0,1%. Brasil é o segundo no mundo. A Rússia é o primeiro e o Canadá, o terceiro. Sabe por quê? Lá é só neve, por isso não desmataram tudo. Os Estados Unidos têm 26%. Na África, hoje, 7,5%; na Índia 5 e pouco. Então, quando digo que somos a maior agricultura do planeta e a mais moderna, falo de preservação de biomas, produtividade, eficiência e excelência. A mão que produz é a mesma que preserva.
- Quer dizer, então, que nossa agropecuária não é predatória?
- Predatória? Isso é calúnia, mentira interesseira, nociva ao país, xiita. Mais grave ainda é a atitude de quem não quer debater a questão ambiental...
- Exemplo...
- A maioria das ONGs, o Ministério do Meio Ambiente, o pessoal do Incra... Quer um exemplo? Em março a CNA lançou o seu Projeto Biomas, um conjunto de ideias e iniciativas práticas para aperfeiçoar a produção e preservar a natureza nos seis biomas brasileiros, Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal. Em cada bioma, a Embrapa vai indicar uma fazenda com as características típicas da região para servir de vitrine tecnológica, uma espécie de grande e moderna estação experimental. Não vai ser a minha fazenda nem aquela que ninguém quer. O que for desenvolvido ali será replicado pelo país. Convidamos as ONGs, o ministro do Meio Ambiente, todo mundo, para conhecer o projeto. Sabe quantos apareceram? Ninguém, zero! Ninguém precisa ir aonde a CNA convida, mas está clara a má vontade para o diálogo.
- É boa a sua relação com a Embrapa?
- A Embrapa tem colaborado. O Projeto Biomas é dela. E agora começaram a acusar a Embrapa de estar vendida aos ruralistas. É a prática de denegrir quem não está de acordo com eles, dividir a agricultura entre bons e maus. Criticam, por exemplo, a Fundação Getúlio Vargas porque fez um amplo e sério estudo que desmente a farsa de que a agricultura familiar é mais produtiva que o agronegócio. Infelizmente, a agricultura familiar é responsável por apenas 23% dos alimentos produzidos no país. O pequeno agricultor é um herói, sua participação no valor bruto da produção é até muito, diante da falta de assistência técnica e das dificuldades de comercialização...

- Apesar das divergências com o governo, a senhora apoiou em 2009 a MP da titulação de terras na Amazônia, que alguns chamam de legalização da grilagem.
- Fui a relatora e apoiei porque significou avanço na segurança jurídica. Os desmatamentos não eram punidos porque as pessoas não eram identificadas, as terras não tinham dono. A Medida Provisória do Lula passou contra os votos do PT no Senado, inclusive da Marina Silva e do Aloizio Mercadante.
- A CNA não se entendia muito bem com a Marina. E com o sucessor dela no Meio Ambiente, Carlos Minc?
- O Minc mudou muito. No início, o relacionamento foi ótimo. Fui relatora do orçamento do Meio Ambiente e tripliquei os valores que pediu. Ele me agradeceu muitíssimo. Depois, acho que se viu em dificuldade eleitoral no Rio e chamou os produtores rurais de vigaristas. Já com a nova Ministra, Isabela... como é mesmo o nome dela?
... Isabela Teixeira, o relacionamento é bom. Convidei-a para conhecer o Projeto Biomas. Falta só agendar.
- Carlos Minc, do PT; Fernando Gabeira, do PV, do PSDB e do DEM, qual é a diferença?
- Gabeira é muito inteligente. Ele foi a um debate na CNA com o João Paulo Capobianco [vice-ministro do Meio Ambiente na gestão de Mariana Silva]. Maravilhoso, debate de alto nível. O próprio Capobianco agradeceu e disse: "Quem diria, eu aqui, na CNA!" E eu disse: "Quem diria, eu convidar você para a CNA!"
E como eram as relações da CNA com a Ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff? 
- Percebi na Ministra Dilma certa irritação com essa radicalização no que diz respeito à questão ambiental relacionada com as obras do PAC, de infraestrutura. Mas essa irritação poderia ter sido transformada em uma ação mais efetiva de mudança de comportamento e de mudança de leis dentro do Congresso Nacional. Se o fundamentalismo está empatando a produção de alimentos e empatando o progresso da infraestrutura, alguma coisa está errada e tem de ser mudada.
A assessora mostra o relógio, Kátia Abreu serve-se de uma fatia de manga, suave e doce, e o almoço está encerrado. Já de pé, a senadora preserva a fidelidade partidária, que manda apoiar e confiar na vitória de José Serra. "Eleição dura, mas o Serra é favorito."
- E a senhora pode ser vice?
- Recusei até mesmo a chance de governar meu Estado, apesar das possibilidades de vitória. Estou comprometida a continuar presidente da CNA e a exercer bem o mandato de senadora. É a minha determinação.

Li um dia, Florbela Espanca

Li um dia

Li um dia, não sei onde,
Que em todos os namorados
Uns amam muito, e os outros
Contentam-se em ser amados.
Fico a cismar pensativa
Neste mistério encantado...
Digo pra mim: de nós dois
Quem ama e quem é amado?

Florbela Espanca
(1894-1930)

SPONHOLZ


Galvão Bueno - Pérolas...1

Cityscape Hong Kong, China Fotografia por Ghani Khan

Um flash de vermelho nas águas da noite do Mar da China Meridional com arranha-céus brilhantes marca a prosperidade de Hong Kong. Com sete milhões de habitantes em sua região de 426 quilômetros quadrados (1.103 quilômetros quadrados), o megaporto asiático é uma das áreas mais densamente povoadas do mundo.

Leandro, no Diário de Guarulhos


''Não é possível mais conviver com corrupção'

''Não é possível mais conviver com corrupção''
Chico Whitaker, coordenador da Abracci Otimista, ele acredita que a mudança no texto feita pelo Senado não vai implicar problema para aplicação da lei
Moacir Assunção

Um dos coordenadores nacionais da Articulação Brasileira contra a Corrupção e a Impunidade (Abracci), o ex-vereador Chico Whitaker teve a oportunidade de dar, em primeira mão, a um grupo de alunos de um curso de política do qual ele participava, na quinta-feira, a notícia da aprovação do projeto Ficha Limpa - agora Lei 135/2010, votada e sancionada - para as eleições deste ano.
Otimista, Whitaker considera que a mudança no tempo verbal da lei aprovada na Câmara e Senado não implica qualquer problema para a aplicação da lei. O Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) - rede de 44 entidades que encampou a proposta - se prepara para montar um site por meio da Abracci para acompanhar, nacionalmente, a efetivação da lei. "A vitória no TSE foi um belo avanço. Isso provou que em toda a sociedade há o sentimento de que não é possível mais conviver com a corrupção e a impunidade na política brasileira", comemorou.

Quais os próximos passos do movimento após a vitória no TSE?
Vamos trabalhar no sentido de garantir a aplicação da lei. Naturalmente, haverá muitas impugnações de candidatos pela Justiça e contestações à lei que poderão chegar ao Supremo Tribunal Federal. Pretendemos fazer uma grande mobilização para acompanhar a aplicação da lei.

A decisão do TSE, respondendo à consulta do senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) sobre a validade da lei para estas eleições, surpreendeu o MCCE?
O mais importante, para além da decisão por um placar de 6 a 1, é que, ao responder favoravelmente à consulta, o TSE admitiu, implicitamente, a constitucionalidade da lei. Quando fizemos, também por iniciativa popular, a Lei 9.840, que pune a compra de votos, o TSE colocou de volta na lei uma expressão que os deputados haviam retirado segundo a qual o parlamentar pode sofrer a pena se um preposto seu comprar votos.

E a polêmica questão dos tempos verbais após os acréscimos no Senado?
Não há, ao contrário do que se disse, problema algum para a aplicação da lei no ato do registro dos candidatos, em 5 de julho próximo, quando só poderá se registrar quem tiver ficha limpa. Quem matou a charada foi o Duque de Caxias que, na Guerra do Paraguai, disse: "sigam-me os que forem brasileiros". A expressão "os que forem" significa exatamente "os que são". Este é o espírito da lei e é assim que, temos certeza, será encarado pela Justiça. Aliás, o próprio relator, ministro Hamilton Carvalhido, disse que o artigo terceiro da lei refere-se a fatos já ocorridos.

O que se pretende para o futuro?
Vamos entrar em outras lutas. A Ficha Limpa e a Lei 9.840 são alguns passos no sentido da moralização da política brasileira, mas sabemos que há muito a fazer. Existe a ideia de se utilizar a estrutura dos cerca de 300 comitês no País para começar a discussão sobre uma reforma política que inclua temas como financiamento público de campanhas, fidelidade partidária, coligações, voto em listas, suplentes de senadores sem voto, número de cargos de confiança em gabinetes e vários outros pontos. O detalhe é que uma lei de iniciativa popular talvez não servisse nesse caso porque ela só pode ter um tema específico e a reforma deve ser bem mais ampla.

QUEM É Arquiteto de profissão, é sócio-fundador da ONG Transparência Brasil e representante da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo no MCCE e na Abracci. Foi vereador de São Paulo pelo PT e líder do governo de Luíza Erundina (hoje no PSB). Foi um dos fundadores do partido, do qual saiu em 2006.

AROEIRA


Itália cala imprensa com Lei da Mordaça

Itália cala imprensa com Lei da Mordaça
Jornais protestam contra aprovação da legislação que limita transcrição de escutas
O Globo – 12/06/2010
ROMA. Num ato de revolta contra o governo italiano, a imprensa do país protestou ontem contra a popularmente chamada Lei da Mordaça. A medida, proposta pelas autoridades, limita o uso das escutas nas investigações e pune, inclusive com prisão, os jornalistas que publicarem seu conteúdo. Aprovada na quinta-feira pelo Senado, a lei é contestada não só pela maioria dos meios de comunicação, mas também por magistrados que dizem que ela vai prejudicar a luta contra a corrupção e o crime organizado.
O jornal esquerdista "La Repubblica" publicou em sua capa uma página em branco, com apenas um pequeno Post-it amarelo onde se lê: "Lei da Mordaça nega aos cidadãos o direito informação."
O "La Stampa" deixou em branco a coluna de Massimo Gramellini, assim como o espaço humorístico na terceira página de Riccardo Barenghi, com a justificativa de que é preciso "acostumar-se às leis sobre as escutas". O canal a cabo SkyTg24 colocou em um dos ângulos da tela uma tarja preta em sinal de luto: "Contra a Lei Mordaça das interceptações."
Segundo o projeto, apoiado pelo partido do premier Silvio Berlusconi e pela Liga do Norte, as escutas só poderão ser efetuadas caso sejam detectados "graves indícios de delito" e durante um período máximo de 75 horas, prorrogáveis por três períodos. Além disso, o uso de microfones ambientais, que não poderão ser instalados em lugares privados, ficará limitado a 72 horas. As transcrições das escutas não poderão ser publicadas na imprensa enquanto não estiver concluída a investigação preliminar.
Para que seja definitivamente aprovada, a lei terá que ser novamente discutida na Câmara e assinada pelo presidente da República. Em entrevista ao jornal "El País", o deputado Antonio Di Pietro, do partido da oposição, afirmou que a nova lei significa "a morte da liberdade".
- É algo que não poderia ter passado nem com Mussolini - afirmou o deputado, acrescentando que a nova lei vai ter efeitos profundos no sistema de Justiça, na luta antimáfia e na liberdade de imprensa.

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