quarta-feira, outubro 13, 2010

Orange Beach, Alabama

Fotografia por Tyrone Turner, da National Geographic

Enfim, meu caderno de Esportes - Pedro Bial

Enfim, meu caderno de Esportes - Pedro Bial
O Globo Online
Aqui vamos falar de um tudo, não apenas de futebol, nem só do Fluminense. Nesse primeiro encontro, o papo tá mais tricolor, pois dias tremendos se avizinham. Achei curioso o comentário de alguns a respeito de uma das chances perdidas por Washington no jogo contra o Cruzeiro, em que o time de Muricy foi bem melhor em campo, em especial no primeiro tempo. E daí, não é mesmo?
Ouvi gente dizendo que Washington chutou de canela. Ué, ainda não entenderam que, assim como com o poeta Maiakovsky, “eu sou todo coração!”, com nosso camisa 99, a anatomia também enlouqueceu, ele é canela da cabeça aos pés! E assim, inteiro canela, fará os gols na hora crucial.
Maiores desfalques do Flu: Emerson, Fred e Fernando Henrique. A equipe vem jogando com 10 na linha e futebol é 10 na linha e 1 no gol. Que tal, goleirinho, queimar a minha palavra?
Pois bem, lembrem os que têm idade para se lembrar e saibam os que têm a graça de não saber: quando comecei a ler — falo de 1964, 65 —, os colunistas de esporte tinham time e os leitores conheciam tais paixões! A paixão clubística nunca turvou o brilho de cronistas assumidamente partidários, ao contrário, acreditem, tal fervor nutriu a lucidez embriagada do tricolor Nelson Rodrigues, do botafoguense João Saldanha e do rubro-negro José Maria Scassa, por exemplo. Antes, havia a loucura do flamenguista Ary Barroso, um dos inventores da locução de futebol à brasileira, que não suportava Garrincha: “Lá vai Garrincha, inventar moda, olha só, lá vai Garrincha de novo, fazer firula, vai Garrincha, ai Garrincha...
segurando a bola, assim não dá, vocês estão vendo? Olha lá, assim não dá, não passa a bola, vocês estão vendo? ... (breve pausa para engolir a seco) ... Gol. Gol do Garrincha, gol.
Quase digo que não há honestidade fora da subjetividade, mas isso seria peremptório demais, e “peremptório” é uma palavra metida a besta, que deveria ser barrada das páginas esportivas, no mínimo mandada para o banco de reservas, substituída por vocábulo mais ágil e artilheiro como “certo” ou pelo veterano “categórico”, amigo íntimo dos “entortadores do vernáculo”, como o tricolor Sérgio Porto carinhosa e precisamente chamava os nossos “speakers”.
Portanto, devo avisar — já que o leitor, assim como a torcida do Flamengo, certamente desconhece — que sou tricolor de coração, corpo, alma e países baixos.
Dito isto, faço aqui minha declaração solene de total parcialidade: creio na busca da verdade, sempre de meu ponto de vista — que são vários.
Firmo, pois, tal pacto: reconhecer a beleza, vista ela a camisa que escolher, ainda mais se for grená, verde e branca, o que já é bom caminho andado rumo ao belo.
Prometo também, quando assistir às pelejas pela TV, poupar de meus afagos as bisavós dos narradores, comentaristas e árbitros, trancar as facas da casa num armário a cadeado, preservando os pulsos deste cronista, e jamais ultrapassar a marca de três dúzias de latas de cervejas por jogo, para garantir minha sobriedade e consequente relato da ópera sobre grama. Ai.

Tenho dezenas, centenas de testemunhas que podem comprovar a minha atitude zen diante das partidas de futebol e de pelejas esportivas em geral, meu comportamento exemplar diante da arena de comoções em chamas. Permaneço frio, impassível, qual lorde inglês, com a notável exceção, vez ou outra, de um grito ou desmaio fortuito, sem maiores consequências. A razão me domina, sou um escravo da lógica, a mãe de todos os resultados futebolísticos, pois não? Entretanto, posso mentir um pouquinho, às vezes...
Por isso, vivo em contrita penitência, aos pés da Santa Cruz, à luz da Crescente Muçulmana e da Estrela de Davi, e dentre todos os símbolos pagãos, mais alto, brilha no céu da manhã, qual luz de um refletor, o escudo do Fluminense, o único emblema clubístico que sorri.

A virtude castigada

A virtude castigada
Rolf Kuntz - O Estado de S. Paulo - 13/10/2010
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, alertou para a deterioração das contas externas de vários países emergentes e em desenvolvimento, durante a reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI), na semana passada. O alerta foi parte de sua pregação contra a desordem no sistema internacional de câmbio, por ele descrita como guerra cambial. Há quem discorde da palavra guerra, mas o ministro, como observou o financista George Soros, não está longe da verdade. Há pelo menos um começo de hostilidades. Os mais prejudicados, até agora, são países sem a mínima responsabilidade pela crise global, como o Brasil, a Colômbia e outros sul-americanos.
O pouco dinamismo da economia global tem dependido dos emergentes. Os latino-americanos têm feito a sua parte. Seu crescimento em 2010 está estimado em 5,7%, mais que o dobro da expansão calculada para os países mais desenvolvidos, 2,7%. O descompasso entre as economias tem-se refletido nas contas externas. As importações dos países mais prósperos têm aumentado mais velozmente que suas exportações. No caso do Brasil, isso já ocorreu nos meses finais de 2007 e ao longo de 2008. O superávit comercial encolheu e, em seguida, o superávit nas transações correntes converteu-se num buraco.
A piora das contas externas ocorreu na maior parte das economias latino-americanas. No caso da América do Sul, o déficit em transações correntes, estimado em 1% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2010, deve chegar a 1,4% no próximo ano. Os números ainda não são alarmantes, mas a tendência é perigosa. No caso do Brasil, o cenário é mais feio. O buraco na conta corrente deve ficar em 2,6% do PIB em 2010 e crescer para 3% em 2011, segundo as contas do FMI.
Essa mudança é atribuível a vários fatores. O primeiro é a diferença entre as taxas de crescimento econômico dos latino-americanos e dos países mais desenvolvidos. O mercado está mais estreito no mundo rico e a competição é mais dura. Em contrapartida, a relativa prosperidade dos emergentes e em desenvolvimento amplia sua demanda de importações. Isso é especialmente sensível em países - como o Brasil - onde o aumento de renda dos trabalhadores e a expansão do crédito elevaram o consumo. Cerca de dois terços das importações brasileiras são de bens de consumo e de bens intermediários (destinados, na maior parte, a produtos para o consumidor).
O segundo fator é a valorização cambial. Os emergentes passaram pela crise sem estragos notáveis. Quase todos foram afetados, de alguma forma, pela turbulência internacional, mas seu desempenho foi bem melhor que o dos países mais avançados e dos ex-socialistas da Europa Oriental. Essa menor vulnerabilidade é facilmente explicável: resultou principalmente dos ajustes promovidos nos anos 80 e 90. Os velhos críticos das políticas de estabilização parecem não haver notado esse detalhe. Além do mais, o setor bancário desses países foi pouco afetado pelo estouro da bolha imobiliária. No caso do Brasil, os padrões de segurança adotados a partir dos anos 90 funcionaram como um cinto de castidade para as instituições financeiras.
Todos esses fatores bastariam para atrair capitais. No caso do Brasil, o tamanho da economia, seu impulso de crescimento e os juros elevados funcionaram como atrativos irresistíveis. A política monetária frouxa no mundo rico, particularmente nos Estados Unidos, tem produzido uma inundação nos mercados monetários. O problema tende a agravar-se, porque o banco central americano continuará comprando títulos públicos em circulação, na tentativa de estimular o crédito. Isso realimentará o fluxo de capitais para o mundo emergente.
Essa dinheirama jogada no Brasil e em vários outros países tem reforçado a valorização do real e de várias moedas, tornando os produtos desses países mais caros que os estrangeiros e, portanto, menos competitivos. A China tem escapado desse problema, graças à manipulação cambial. Condições políticas e econômicas diferenciadas permitem ao governo chinês esse tipo de política. Como consequência, o maior país superavitário contribui bem menos do que poderia para o reequilíbrio global, enquanto os Estados Unidos espalham dólares pelo mundo.
Nenhum país pode resolver esse problema isoladamente, mas não há sinal de esforço coordenado. O governo brasileiro vem tentando soluções unilaterais, como a tributação de capitais especulativos. Ações desse tipo tendem a perder a eficácia em pouco tempo. Seria mais seguro reduzir os juros, mas para isso seria necessário conter a expansão do gasto público. Seria possível, também, eliminar vários fatores prejudiciais à competitividade, todos bem conhecidos, a começar pela tributação de baixa qualidade. Quem pode apostar em qualquer dessas iniciativas?

SPONHOLZ


Entre uns e outros

Entre uns e outros
Roberto DaMatta – O Globo e O Estado de S. Paulo - 13/10/2010
Se um processo eleitoral democrático não conduzir a alguma crise, é sinal de que essa tão execrada democracia liberal - baseada na disputa, legitimada por normas, arbitrada pelos tribunais, e conduzida pelo bom senso dos eleitores -, vai mal. Só não há crise quando o poder político é indisputável (como quer Lula e asseclas) e quando o futuro das eleições é não apenas previsto, mas (como ocorreu com no primeiro turno) tem um caráter plebiscitário (que os radicais tanto amam) e são favas contadas! Para muitos, hoje caindo de maduros de obsolescência mental e ideológica, o ideal seria haver eleições para porteiro de prédio, fiscal de bairro, bordel e biblioteca escolar, jamais para cargos da alta administração pública, vocacionada para ser o corretor moral do mundo. Se o processo espelhar o final da tal "luta de classes", que foi teorizada antes da internet e da globalização e de uma China comunista-capitalista jamais prevista pela teoria do despotismo oriental, tanto melhor. Nesse caso, calaríamos a mídia e, esquecidos de burgueses reacionários como Thomas Jefferson, que preferia jornais sem governo a um governo sem jornais, realizaríamos o sonho arcaico de chegar a uma sociedade "resolvida". Ou seja: a um corpo social cadavérico e pútrido: sem problemas ou movimento. Morto e enterrado como o Brás Cubas que eu, jovem, aprendi com os meus professores de esquerda, ser um personagem de um autor reacionário que seguia algum, vejam o erro crasso, modelito europeu. Como se a nossa esquerda tivesse sido capaz de inventar alguma teoria que fosse além da inacreditável dialética entre infra e superestrutura. Ai, que preguiça...
* * *
Eleição é dúvida, aposta, crise. Dá pena ver o comissariado petista convocando aliados que se odeiam para agradar ao dono da bola porque ele meteu na cabeça que não pode perder. Do mesmo modo, dá pena ver a inflação do PV por meio da performance de Marina Silva que, sozinha, fez mais em alguns meses do que o partido em décadas. Tudo para esconder um Lula feito de guerra e ódio e uma dimensão que, na minha humilde cabeça, também explica os votos dados a Marina: o protesto do eleitor que não queria votar em Dilma e não podia votar em Serra porque ele se afogava no seu próprio racionalismo e falava melhor e mais de Lula do que de FHC, cujo governo promoveu a entrada no Brasil neste mundo indigno de competição, mercado, telefonia para todos, internet, venda de bancos estatais podres, crédito farto porque a moeda é - depois de décadas - estável e forte, disciplina fiscal, reformulação da Previdência, bolsas para os carentes e, acima de tudo, um governo no qual o presidente tinha noção de limites. Sabia o significado profundo do cargo que ocupava e o honrava com todas as letras. Procurava, mesmo na esfera escorregadia da política, manter distância, embora fosse alvo de agressões incivilizadas da oposição petista. Um presidente que, mesmo diante de um movimento como o "fora FHC", e a dessacralização de um de seus lares, invadido pelo MST, jamais desejou o fim dos seus oponentes ou externou (como o democrático Brizola) o desejo de fuzilar algum adversário. Tal como os jornais com os quais colaboro, jamais deram qualquer palpite sobre o que escrevo. Esse é o legado de liberdade e equanimidade de FHC que não tem nenhum exemplo no autoritarismo petista e que deve ser revelado por Serra com todas as letras. A estigmatizada e hoje oportunisticamente esquecida "herança maldita" que, como disse Alberto Goldman na base do doa a quem doer, permeia todo o governo Lula, um governo que ficou tanto melhor quanto mais aprofundou essa maldição liberal.
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Todo mundo sabe que inteligência, burrice, ignorância, desonestidade ou intolerância não são suficientes. O mundo é mundo justamente porque os mais talentosos (que tem mais competência e história política) podem ser vencidos pelos Tommys: os bonecos do grande Gabo. Aquele ventríloquo genial (mas um tanto louco) da história de Ben Hetch. É preciso transformar qualidades (ou defeitos) em narrativas: em dramas que liguem o candidato ao papel que ele desempenha em cada fase do momento eleitoral. Eleger alguém é entrar de cabeça no fetichismo. É preciso passar de pessoa a ídolo. Agora, ninguém pode ser o ídolo da chuva num país que acabou de viver um dilúvio; nem ídolo da castidade no país do carnaval; nem ídolo do estatismo num país obviamente cansado de tanta promessa estatizante, e de tanto órgão oficial que tudo faz pelos seus filhos e partidários e nada realiza para cidadãos.
Se você, entretanto, inventa um ídolo que fale de eficiência administrativa, que denuncie o ??familismo deslavado de um governo que se diz ideológico e que assim é na sua visão estratégica da vida e do mundo, um governo compadre de déspotas e caudilhos, então você pode conseguir uma multidão de velas, e votos.
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Uma ponderação final. Se dona Marina e a cúpula do PV (ou seria um novo comissariado?) pensa que deve tirar o corpo fora, sugiro que ela leia o que o Lula disse sobre o bagre (isso mesmo, o peixe!) como um obstáculo para um gigantesco projeto de construção de hidroelétricas caríssimas e destrutivas da natureza no Brasil, nos mais belos moldes stalinistas. Entrementes, Mario Vargas Llosa recebe – e já era tempo – um Nobel que muito me deixa feliz, enquanto nós ficamos discutindo se é bom ou ruim ter uma, duas ou quatro caras para ganhar votos.
ROBERTO Da MATTA É ANTROPÓLOGO

Pater, para A Tribuna

O fã de Caetano

O fã de Caetano
ANCELMO GÓIS - O GLOBO - 13/10/10
Na sua última coluna, Caetano Veloso contou que um fã teria lhe chamado de “liberal demais”, e dito que o Brasil precisa de um desenvolvimentista. O fã é André Nassif, 50 anos, professor da UFF e economista do BNDES.
— Fã sou mesmo, vejo e revejo os shows de Caetano desde os anos 1980. Já ouvi a música “Gente” um milhão de vezes.
Liberal Nassif conta que, de brincadeira, disse a Caetano, após um show no Vivo Rio, que ele estava liberal demais: — Liberal no posicionamento em temas econômicos, não em assuntos políticos.
Desenvolvimentista O fã acha que o Brasil precisa neste momento, como a China e a Índia, de desenvolvimentismo: — Para mim, Serra e Dilma são desenvolvimentistas. Com uma vantagem para Serra: ele procuraria integrar as decisões do Banco Central às demais instâncias de política macroeconômica, como faz a Índia.
Mausoléu Imperial Monarquistas tentam trazer de Paris para o Mausoléu Imperial da Catedral de São Pedro Alcântara, em Petrópolis, os restos mortais de dois filhos, uma nora e um neto da princesa Isabel.
A saber: Dom Luís e a mulher, Maria Pia; seu irmão Dom Antônio; e o neto Dom Luís Gastão.
No mais A repentina religiosidade de Dilma e Serra lembra, em artificialidade eleitoreira, FH na eleição de 1994 comendo buchada de bode em Juazeiro, Bahia.
Com todo o respeito.
Me beija O próximo livro de Alcione Araújo vai se chamar “Cala boca e me beija”.
O título surgiu durante a briga de um surfista e sua namorada no calçadão do Leblon. Cansada do bate-boca, ela disse a frase a ele. O livro sai pela Record.
Arte no hospital A PINTURA ACIMA , em breve, vai ocupar a parede que fica ao lado da maternidade do Hospital Miguel Couto, na Gávea. Seu autor, o artista plástico Bernardo Pitanguy, filho do grande cirurgião Ivo Pitanguy, doou a obra para a unidade, que comemora 74 anos agora em outubro. O painel, com 8 metros de largura por 2 metros de altura, não tem nome, e seu objetivo, segundo Bernardo, é transmitir um pouco de paz às pessoas doentes e a seus parentes — além de levar alegria às futuras mamães, que dão a luz ali pertinho. O artista decidiu utilizar cores suaves e relaxantes, para harmonizar a pintura com o ambiente do hospital. Vai ficar bonito
‘Our Home’ Em março, o filme espírita campeão de bilheteria “Nosso Lar” começa uma carreira internacional pelos EUA com o nome “Our Home”. Boa sorte.
Tropa no mundo Um executivo do fundo americano de cinema que tem entre seus donos Steven Spielberg passou o dia, anteontem, no Rio, exclusivamente para assistir a uma cópia legendada de “Tropa de elite 2”. O fundo está interessado na comercialização internacional do filme.
Não fui só eu Dilma disse no debate da Band que FH também loteou a Petrobras com políticos. Citou nomes. Mas se esqueceu do engenheiro Delcídio Amaral, na época diretor de Gás, hoje senador pelo PT.

ZONA FRANCA O Inca precisa urgentemente de doação de sangue.
O secretário Hans Dohmann apresenta no II World Health Summit, em Berlim, a reforma de saúde do município do Rio.
Sexta, o IAB e a Prefeitura lançam o concurso MorarCarioca.
O El Pallomar promove Festival Caliente de Primavera.
Eduardo Ventura estreia exposição em novembro na Almacén da Barra.
O reitor Paulo Alonso foi eleito para integrar o PEN Clube.
Cleodon Coelho lança hoje a biografia de Lilian Lemmertz, na Travessa do Shopping Leblon.
Abre dia 19 o festival de jazz e vinho do Spicy, em Niterói.
Dia 28, a Câmara do Comércio França Brasil promove mostra de Marc Riboud no CCJF
Se a moda pega... Fábio de Oliveira Vargas ganhou indenização de R$ 5 mil por danos morais contra uma juíza trabalhista federal. É que ele, de paletó, mas sem gravata, foi proibido por ela de se sentar à mesa numa audiência. A decisão foi do juiz federal Leonardo de Almeida Aguiar.
Segue... O autor baseou-se em Mahatma Gandhi, que usava uma veste e teria sido impedido de entrar na festa de um governador inglês por não estar de terno. Gandhi se foi e mandou um terno ao governador com bilhete dizendo que, se é a roupa que vale, estava enviando seu terno.
UPP no mapa Pesquisadores vão identificar, com ajuda de moradores, áreas de lazer, cursos e rotas de transporte no Borel. O retrato da favela tijucana é um projeto da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos com IPP e Banco Mundial.
Livro do Billy Billy Blanco, o grande compositor, vai ganhar uma biografia, escrita por Amilcar Eduardo. A ideia é lançar a obra no aniversário do músico, em maio.
Cena carioca De um senhorzinho a um motorista de ônibus, dia desses: — Quando a morte te escolhe, não tem jeito. Veja a história daquele cara de Niterói. A cartomante disse que ele ia morrer afogado, ele parou de andar de barco, avião, tudo! Aí, numa chuvarada, tropeçou e caiu desacordado numa poça. E se afogou. Se não é verdade, é bem contado.
Ô DA POLTRONA, hoje é seu dia de sorte — e o nosso também: tem Quitéria Chagas em dose dupla. A musa da coluna, rainha de bateria do Império Serrano, é a estrela do editorial de primavera de um shopping da Zona Norte. Ficou, veja só, um espetáculo!
ELLEN DE LIMA, a grande cantora, confraterniza com Ricardo Cravo Albin no show “O fado e o tango”, de Márcio Gomes, com direção de Bibi Ferreira, no Canecão
COM ANA CLÁUDIA GUIMARÃES, MARCEU VIEIRA, AYDANO ANDRÉ MOTTA E BERNARDO DE LA PEÑA

A política econômica do novo presidente

A política econômica do novo presidente
Carlos Lessa - VALOR ECONÔMICO
O primeiro turno das eleições não permitiu perceber, com nitidez, qual seria a política econômica que daria sustentação a um projeto brasileiro. Temos, agora, pouco mais de vinte dias para tentar perceber as diferenças político-econômicas dos dois candidates à presidência.
A candidata da continuidade fez a exaltação sistemática dos feitos do governo Lula e prometeu continuar - e mesmo ampliar - os programas estritamente sociais, e enfrentar os temas da educação, saúde e segurança. Fez, de modo parcelado, referências a ferrovias que incluem o trem-bala. Não ouvi referências à reordenação da infraestrutura brasileira e, pelas promessas, a candidata parece fazer repousar na moradia popular o principal e - praticamente único - programa voltado para as redes metropolitanas e urbanas. Li que a candidata, antes do início da disputa, declarou que o Brasil necessitava "de um choque de capitalismo". Se o objetivo é gerar mais empregos de melhor qualidade e renda, estaria (?) atrás da ideia de "choque" uma significativa mudança político-econômica.
Sei que o presidente Lula acompanhou de perto o ingresso do dr. Meirelles no PMDB e houve uma forte campanha para que o PMDB indicasse o nome de Meirelles para vice-presidente. Quando Meirelles abriu mão da candidatura a governador de Goiás, disse que o presidente lhe havia solicitado a permanência no comando da política econômica. Fontes me informam que há um programa de governo em elaboração no PMDB, por um grupo que integra, entre outros, Meirelles e Delfim Netto. Sei que, quando da última viagem aos EUA, Meirelles afirmou que tudo permaneceria como antes e um importante banqueiro declarou que, no caminho certo que o Brasil seguiria, alterações cambiais fariam pouca importância. Dado o silêncio da candidata sobre a política econômica (posso crer que quem cala consente), manteremos a âncora cambial para o processo inflacionário e seguiremos praticando juros primários hiperelevados.
A equação brasileira acumula dólares em busca de uma rentabilidade anual garantida em 11,85% em papel pré-fixado do Tesouro brasileiro com vencimento em 2021. O nosso Banco Central aplica a maior parcela das reservas internacionais brasileira em títulos do Tesouro americano, com vencimento em 2021. É uma brincadeira de mau gosto a decisão de elevar o IOF sobre investimentos externos em renda fixa de 2% para 4%. A continuidade político-econômica levará o Brasil a um crescimento medíocre; apenas uns poucos setores - bancos e instituições do mercado financeiro, bem como concessionários de serviços públicos, com tarifa indexada - terão rentabilidade espetacular.
Os brasileiros endividados pagam mais juros do que a própria prestação. Segundo estudo do Banco Central, as famílias já gastam 13,3% do salário com o pagamento de juros e apenas 10,1% com a dívida principal.
O ponto de inovação mais surpreendente está no destino do pré-sal que, para a candidata, gerará as exportações necessárias "para que a transição do Brasil para uma era cuja economia e produção industrial sejam baseadas na baixa emissão de carbono". Meu espanto decorre de o presidente Lula haver afirmado que "o Brasil não será exportador de óleo cru".
O projeto brasileiro não é nacional e propõe ampliar, pelo produto geopoliticamente mais perigoso - o petróleo -, a densidade das exportações brasileiras. Assim sendo, é de se supor que a globalização, com o real cada vez mais valorizado, irá atrofiar atividades produtivas internas. É de se supor que, para o Nordeste, serão multiplicadas as termelétricas e será confirmada a política de intensificar vendas financiadas de carros bebedores de petróleo e derivados.
O outro candidato também não perfilou que política econômica pretende, nem qual é o seu projeto nacional de desenvolvimento. Ele sabe que o Brasil pode crescer muito mais e de forma sustentada. Certamente, podem ser afastados os riscos de apagões e é possível estimular o mercado interno para produtores instalados no Brasil, se for modificada a política cambial.
Porém, o candidato, até agora, pouco falou sobre política econômica. Em um relâmpago de lucidez, afirmou ser contrário à autonomia do Banco Central, porém fez silêncio sobre o que é óbvio: com a massa de juros que o governo federal paga, é impossível tocar para a frente, no tamanho e ritmo necessários, a infraestrutura bem como promover a elevação da qualidade de ensino, saúde e segurança.
Na eleição presidencial anterior, em que Lula derrotou Alckmin, foram realizados dois longos debates na TV. Resumindo o conteúdo, foi algo assim: o tema educação era muito importante para os dois candidatos, Lula disse que recebeu uma condição deteriorada e Alckmin falou maravilhas do que estava sendo feito em São Paulo. Nada de realmente importante foi colocado nos dois debates esterilizados daquele segundo turno.
Espero que agora, ao contrário do que ocorreu, os dois candidatos construam e divulguem proposições mais sólidas. Afinal, a crise mundial está aí e, provavelmente, terá ressurgências. A taxa de investimento macroeconômica (18% do PIB) é ridícula; se o Brasil quiser crescer modestos 5%.a.a, necessita de uma taxa de 22% e duplicação dos gastos de investimento público.
A pauta que os brasileiros esperam é o que os candidatos propõem como projeto nacional e que ajustes deverão ser realizados na política econômica. Creio que a candidata Marina conseguiu seu surpreendentes 20% com um discurso muito suave em que afirmava que é necessário pensar um projeto global para o Brasil.
Carlos Francisco Ribeiro de Lessa é professor emérito de economia brasileira e ex-reitor da UFRJ. Foi presidente do BNDES; escreve mensalmente às quartas-feiras

Renato Braz e Zé Renato 1

Humberto, para o Jornal do Commercio


Clima de guerra nos sites oficiais

Clima de guerra nos sites oficiais
Dilma e Serra aposentam tom amistoso na web, exibem acusações e até canal para denúncias
Paulo Marcio Vaz – Jornal do Brasil
 No início da campanha para o primeiro turno, o clima era mais ameno. Vídeos amistosos como  apresentações pessoais e uma série de propostas de governo estampadas nas primeiras páginas davam o tom dos sites oficiais dos presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). Um contraste com o que os mesmos endereços na web mostravam ontem: apesar de alguma menção aos dias da Criança e de Nossa Senhora Aparecida, as principais “manchetes”, tanto no endereço de Serra (www.serra45.com.br) quanto no de Dilma (www.dilma13.com.br), deixavam as antigas propostas em segundo plano, e davam ênfase aos ataques e denúncias que têm marcado as recentes pautas da corrida eleitoral. Enquanto Serra reproduzia um texto a favor de Fernando Henrique Cardoso e Itamar Franco, e contra ex-presidentes que apoiam a candidata petista, Dilma instalou em seu site uma central de denúncias de supostos boatos espalhados contra ela.
Os ex-presidentes de cada um era a manchete que encabeçava a lista de  notícias do site tucano, numa referência a um texto que tinha como fonte a revista Veja: “O palanque da sucessora que Lula inventou é assombrado por José Sarney e Fernando Collor”, diz um trecho.
A estratégia virtual de José Serra no segundo turno também é refletida na mudança de visual de seu site. No início da campanha presidencial, a página oficial do candidato tinha o azul como cor predominante.
Agora, com tucanos e petistas de olho nos votos que virão dos eleitores de Marina Silva (PV), o verde ganhou destaque no site do PSDB, que chega a lembrar, em algumas nuances, detalhes da página usada por Marina.
Disque-denúncia petista Já Dilma instalou em seu site uma espécie de Disque-Denúncia virtual, pelo qual o internauta pode informar à equipe da petista sobre o mais novo “boato” espalhado na internet a respeito da candidata.
Numa das telas que abrem a página de Dilma está a mensagem: “Corrente do bem – Em nome da verdade – Conheça as opiniões de Dilma e combata as mentiras contra ela na web”. Ao clicar no link Comunique um boato – Saiba mais, o eleitor petista é direcionado a um mosaico de histórias espalhados contra a candidata. O cardápio vai de “Dilma jamais disse que ‘nem Cristo me tira a vitória’” até “Dilma nunca foi proibida de entrar nos Estados Unidos”.
Não falta, é claro, o item sobre aborto: “Dilma disse que é pessoalmente contra o aborto”.
Indo mais fundo no site de Dilma Rousseff, o internauta pode, enfim, denunciar um suposto novo boato. Basta um clique no link Comunique um boato para que se abra uma página de cadastro, na qual são solicitados dados do denunciante, que tem uma caixa de texto à disposição para fazer sua denúncia e enviá-la.

Uma 'nova' Dilma em cena

Uma 'nova' Dilma em cena
Editorial - O Estado de S. Paulo
A pesquisa de intenção de voto do Datafolha indicou que José Serra conseguiu reduzir para 8 pontos a vantagem de 15 com que Dilma Rousseff vencera o primeiro turno. Foi o suficiente para disseminar o pânico nas hostes petistas. O que é compreensível, considerando que desde o mais anônimo militante até o chefão Lula, todos os apoiadores da candidata oficial davam a fatura eleitoral como liquidada e alardeavam que 3 de outubro representaria apenas a formalidade de homologação de uma retumbante vitória.
Os efeitos dessa reversão de expectativa se tornaram evidentes já no primeiro debate do segundo turno, promovido pela Rede Bandeirantes. Logo em sua primeira intervenção Dilma partiu para o ataque aberto, violento, acusando Serra, sua esposa e os tucanos de modo geral de serem os responsáveis pela campanha caluniosa movida contra ela na internet. Colocou-se assim a escolhida de Lula na posição em que ele próprio, o chefe, sempre soube se instalar com muita competência, nos momentos de aperto: a da pobre vítima que jamais ataca, como é próprio dos malvados - nada disso, apenas exerce o direito de legítima defesa. Com a vantagem adicional de demonstrar que é uma mulher capaz de assumir atitudes firmes, corajosas.
Quanto a essa questão da "firmeza", que quando fora de controle, como a própria Dilma demonstrou na ocasião, descamba para a rispidez, o debate não revelou nada de novo. Dilma Rousseff sempre foi conhecida como pessoa rude e de difícil trato, especialmente com subordinados. Se a resposta não fosse evidente, seria até o caso de perguntar: se é para voltar a ser como sempre foi, por que então mudou durante o primeiro turno, fazendo o gênero "paz e amor"?
Já no que se refere às baixarias que rolam na internet, a ex-favorita absoluta à sucessão presidencial tem todo o direito de reclamar, mas é preciso colocar essa questão nos devidos termos. Em primeiro lugar, o óbvio: ataques caluniosos são desferidos de todos os lados e contra todos os candidatos e obedecem à tendência natural de se tornarem mais pesados com a polarização da campanha eleitoral.
Embora em alguma medida essas baixarias possam ser manipuladas, quando não inspiradas, pelo comando das campanhas - nesse assunto certamente não se pode colocar a mão no fogo por ninguém -, é claro que a maior parte desse comportamento condenável corre por conta de uma militância incontrolável composta por indivíduos ou grupos que usam a enorme sensação de poder que lhes confere a web para fazer a catarse de suas frustrações. É o tributo que se paga às inconsistências da democracia que ainda persistem no País. Além disso, Dilma conhece o PT há tempo suficiente para saber que o ataque como melhor defesa, e sem nenhum escrúpulo, sempre foi a tática preferencial, uma autêntica marca registrada de seu atual partido - em períodos eleitorais ou fora deles.
Ademais, ainda, é risível a tentativa da candidata petista de incluir no balaio das calúnias de que se diz vítima fatos de domínio público sobre os quais não paira a menor dúvida, como o amplo noticiário sobre o tráfico de influência que a família de sua protegida Erenice Guerra promoveu a partir do Palácio do Planalto, ou sobre seu constrangido vaivém na questão do aborto.
O desempenho de Dilma Rousseff no primeiro debate do segundo turno e nos dias subsequentes deixa clara a guinada tática na campanha petista: Dilminha-paz-e-amor virou a vítima indignada de boatos, calúnias e difamação. Indignada, mas não "agressiva". Apenas "firme". Na segunda-feira, na cidade-satélite de Ceilândia, Lula e sua candidata inauguraram o primeiro palanque do segundo turno e a "nova" Dilma mostrou ter assimilado as novas instruções: "Meu adversário faz uma campanha baseada no ódio, na boataria, na calúnia, na mentira e na falsidade. Ele não acusa de frente, olho no olho, não faz a disputa justa, leal e verdadeira."
Já o chefão não perdeu a oportunidade para mais uma demonstração de suas inexcedíveis soberba e megalomania: "Eu poderia ter escolhido um deputado, um senador, um governador. Por que a Dilma? (...) A Dilma vai começar a redenção das mulheres no Brasil e no mundo (sic)."
Agora é a vez de o eleitor escolher.

Plantação de chá vizinha ao Parque Nacional de Kaziranga, Assam, nordeste da Índia.

Fotografia por Steve Winter, a National Geographic

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