sábado, julho 17, 2010

Nelson Motta: ironias revolucionárias

Sábado, Julho 17, 2010

Nelson Motta: ironias revolucionárias

por Augusto Nunes


O Estadão desta sexta-feira publicou um ótimo texto de Nelson Motta. O título é Ironias revolucionárias. O tema é Cuba. Confiram. Pego uma carona no ponto final.

Enquanto a ditadura cubana solta presos políticos, o Congresso dos Estados Unidos debate a lei que libera os americanos para viajar à Disneylândia socialista. O momento histórico não é só dramático, também é muito irônico.
Há 51 anos, um dos orgulhos míticos da revolução é ter livrado Cuba de ser “um bordel dos americanos”. Com a liberação das viagens aos vizinhos, hordas de turistas mal-educados e cheios de dólares invadirão a ilha, e serão muito bem-vindos, como uma salvadora fonte de divisas para a indigente economia da ilha. Será o encontro feliz do consumismo com o comunismo.
Mesmo com a proibição, mais de 100 mil americanos viajaram para Cuba no ano passado, via México, se arriscando a multas e chateações judiciais. Imaginem liberando geral. Não haverá rum para tanta gente.
Viagens baratas, de pouco mais de meia hora de voo, levarão o melhor e o pior dos turistas americanos a Cuba, em busca de sol e mar, mas também de diversão, negócios, aventura e, naturalmente, sexo.
Com o agravamento da crise econômica e sem perspectiva de trabalho, jovens cubanos de todos os sexos e formações estão se prostituindo para sobreviver. Fidel fez piada, dizendo que em Cuba até as putas são universitárias, mas a ironia da história é que, em volta dos hotéis, dos bares e boates, Havana se tornou um bordel a céu aberto. Mas não só de americanos.
Como não há nada mais conservador do que a revolução cubana, só Fidel e a velha guarda do partido ainda continuam odiando e esperando a agressão dos “yankis”. As novas gerações os chamam, com simpatia, de “yumas”, admiram suas qualidades e sonham consumir as maravilhas que eles produzem com liberdade e tecnologia. Estão loucos para trocar ideias com eles. E, se possível, ganhar algum dinheiro, porque, apesar do salário de 20 dólares mensais, há cada vez mais desempregados.
Pior: ultimamente só foram criados empregos de fiscais, para tentar conter o roubo sistêmico nas fábricas e empresas estatais. Diz um amigo cubano que endureceu sem perder o humor: “O que vai mudar é que agora os que roubam para sobreviver vão ter que rachar com os fiscais.”
Embarco no artigo de Nelson Motta para espantar-me com outra ironia. Nos anos 50, quando Fidel Castro lutava pelo poder, havia em Cuba uma ditadura ultradireitista a derrubar, uma economia asfixiada pela monocultura da cana e prostitutas demais em Havana. Mais de meio século depois, há prostitutas demais na ilha inteira, um oceano de canaviais asfixiando a economia e uma ditadura comunista a derrubar. Fidel continua lutando pelo poder.

Berthe Morisot - uma mulher em seu Toilette - 1875

Marte

RAZÃO E SENSIBILIDADE

RAZÃO E SENSIBILIDADE
“Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas” (Mt 10.16)
O filme inglês Razão e Sensibilidade (1995) narra a história de duas irmãs que diante das dificuldades financeiras da família adotaram formas diferentes de enfrentar a vida: uma, mais prática, valeu-se da razão como condutora de suas decisões, e a outra apoiou-se na emotividade como resposta. Na verdade, e a grosso modo, este é um pêndulo que todos nós precisamos aprender a nos equilibrar.
Carl Gustav Jung desenvolveu a teoria que possuímos quatro funções psicológicas fundamentais: pensamento, sentimento, sensação e intuição. A seu ver, saudável é aquele capaz de transitar bem em cada uma dessas funções, para poder dar a melhor resposta que o momento exige. Coisa difícil, pois o problema é que costuma haver a preponderância de uma delas, que ele chama de “função superior”, e uma consequente dificuldade de transitar pelas outras funções.
Jesus deseja trazer unidade, equilíbrio e estabilidade à nossa personalidade. Da mesma forma que o Eterno organizou o caos do Universo, ele também pode trazer harmonia e beleza a cada um de nós. Ao preparar seus discípulos para enfrentar as duras experiências da vida de fé, Jesus advertiu-lhes para que fossem “prudentes como as serpentes e simples como as pombas”. Ou seja, o Mestre os instruiu para combinar a prudência, sagacidade e inteligência própria dos ofídicos, aliada à simplicidade das pombas. Numa tradução mais livre, que complementassem a razão com a sensibilidade.
Quando não desenvolvemos adequadamente a razão, tornamo-nos presas fáceis dos enganos e sofismas, e alguns, “tendo rejeitado a boa consciência, vieram a naufragar na fé” (1Tm 1.19). Somente crer não basta: também é preciso pensar corretamente.
Abandonando a razão e a boa consciência, nos tornamos como irracionais, e foi isso que quase levou o salmista Asafe a “escorregar”. Mas ele confessa e reconhece a origem de seu problema: “eu estava embrutecido e ignorante; era como um irracional à Tua Presença” (Sl 73.22).
A irracionalidade nos aproxima dos animais e nos leva a agir mediante impulso. “Não sejais como o cavalo ou a mula, sem entendimento” (Sl 32.9), diz a bíblia. Confesso que os erros cometidos em minha vida – e não foram poucos – quase sempre ocorreram quando deixei a razoabilidade de lado. Ao abandonar a racionalidade, passamos a decidir com o fígado. Creiam-me: a bílis é uma péssima conselheira.
A primeira vítima do agir irracional é o diálogo. Já tentou conversar, num bom nível, com alguém exasperado? Desista, pois as palavras que você diz nunca serão as palavras ouvidas. Muitos confessam depois: “fiquei como fora de mim”. Ora, quem está “fora de si” não tem como analisar corretamente o que estão lhe falando. Peça para alguém irado definir algumas pessoas ao qual não mantém bom relacionamento, e você verá o quanto a raiva “deforma” e “demoniza” o outro. É por isso que Paulo pede que “a paz de Cristo seja o árbitro no coração”.
Há sempre a possibilidade de o pensamento tornar-se a “função superior”.  Até aí nada demais, porém se ele estiver desacompanhado da sensibilidade, para lhe dar equilíbrio, sensatez e temperança, o resultado pode ser nefasto.  A posse da razão, sem o freio da sensibilidade, torna as pessoas cruéis, cheias da “verdade”. Deus nos livre dos cheios de razão.
Quando os aspectos saudáveis da sensibilidade são rejeitados, sem possibilidade de aflorar para fazer parte da personalidade, acaba por deixar a pessoa “pesada”, faltando-lhe a leveza, o bom-humor, o chiste. Ora, tudo que é rejeitado em nós ou impedido de se manifestar não pode contribuir no desenvolvimento do ser. E o que é pior: adoenta.
Por outro lado, possuir sensibilidade sem o apoio da razão produz gente “hipersensível”, que faz drama dos menores e irrelevantes acontecimentos, dá um valor excessivo aos seus sentimentos, e o mundo é visto e julgado – não a partir da realidade – mas do que ele está sentindo. É claro que se decepciona facilmente com todos que o cercam, e vive em constante flutuação emocional.
É preciso saber para que lado pendemos e que aspectos importantes da vida não estão sendo vivenciados. O Senhor espera de nós um desenvolvimento de todas as funções próprias de uma personalidade saudável. Se assim não for, ficaremos eternamente presos às reações infantis, e aos pensamentos próprios da adolescência.
As coisas espirituais são assim: requerem o empenho da totalidade da constituição de nosso ser, para que não sejamos cristãos “mancos” que vivem parcialmente de suas funções. É por isso que somente podemos amar a Deus de verdade se for de todo nosso coração, toda nossa alma, todo nosso entendimento e toda nossa força (Mc 12.30).
Pr. Daniel Rocha
Publicado originalmente em http://www.isaltino.com.br/

Basta à violência contra as mulheres

Basta à violência contra as mulheres 
Folha de São Paulo   16/07/2010
REBECCA REICHMANN TAVARES

Apesar das medidas judiciais estabelecidas pela Lei Maria da Penha, sua real aplicação é comprometida por um sistema que não assegura proteção A comoção nacional gerada pelas investigações do desaparecimento de Eliza Samudio e do assassinato de Mércia Nakashima visibilizam a perversa realidade de milhares de mulheres brasileiras, cujas vidas são aniquiladas pela violência de gênero.
A desigualdade de gênero reduz a autonomia e o poder das mulheres sobre suas vidas e decisões, muitas vezes punindo fatalmente aquelas que ousam querer exercer o direito universal da igualdade.
As causas e os efeitos da violência na vida das mulheres são questões de extrema preocupação e objeto do trabalho das Nações Unidas, que ganha mais força com a recém-criada ONU mulheres - Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das mulheres.
Em 2007, o então secretário-geral da ONU Ban Ki-moon alçou o fim da violência contra as mulheres como uma das prioridades do seu mandato. Em 2008, lançou a campanha mundial Una-se pelo Fim da Violência contra as mulheres".
Essa é uma das estratégias da ONU até 2015 para a formulação e implementação de leis e planos nacionais para coibir a violência contra mulheres e meninas, a produção sistemática de dados confiáveis sobre violência e a conscientização e mobilização social.
O Brasil foi um dos primeiros países a responder ao chamamento e realizou a campanha Homens Unidos pelo Fim da Violência contra as mulheres", sob a liderança da Secretaria de Políticas para as mulheres da Presidência da República.
Homens líderes e entidades importantes, como o ex-jogador de futebol Raí e o Corinthians, aportaram prestígio à campanha.
De acordo com a Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe), 45% das mulheres da região já foram ameaçadas de alguma forma por companheiros ou ex-companheiros.
Estão expostas a coações de agressores e vulneráveis à inoperância de mecanismos do Estado, insuficientes para atender com agilidade e rigor a denúncias e pedidos de proteção para que as vidas das mulheres sejam preservadas.
Eliza Samudio tinha pedido proteção judicial oito meses antes de desaparecer. Apesar das medidas judiciais estabelecidas pela Lei Maria da Penha, classificada pelo Unifem (Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a mulher) como uma das três melhores legislações do mundo, a sua real aplicação é comprometida por um sistema que não consegue assegurar proteção às mulheres vítimas de violência.
Da denúncia ao desfecho do processo judicial, são muitos os relatos de mulheres cujo caráter e depoimentos são desqualificados para reduzir a gravidade do ato criminoso de violência, seja esta física, psicológica, moral ou patrimonial.
O "Mapa da Violência 2010", feito pelo Instituto Sangari, registrou a média de dez assassinatos de mulheres por dia no país, entre 1997 e 2007, o que revela clara e urgente necessidade para que os esforços do Estado brasileiro, aos quais nos somamos, tragam melhores estratégias e resultados de prevenção e proteção, para dar um .
Conclamamos a sociedade brasileira para que o sentimento de estarrecimento desses casos seja revertido em ações práticas, individuais e coletivas de denúncia e apoio às vítimas de violência.
Unamos nossas forças, homens e mulheres, para o fim da violência e incorporemos a ideia de que a violência contra as mulheres é inaceitável, indesculpável e intolerável.

REBECCA REICHMANN TAVARES, doutora em educação pela Universidade Harvard, é representante do Unifem Brasil e Cone Sul (Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a mulher, parte da ONU mulheres). Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br

SPONHOLZ

Coisas que somente acontecem no Brasil!

Filhos de Maristela Just vão à ONU para prender pai, que está foragido

Filhos de Maristela Just vão à ONU para prender pai, que está foragido

Folha de São Paulo
16/07/2010
DE SÃO PAULO - Após 21 anos de espera pela condenação do pai pelo assassinato da mãe, os filhos de Maristela Just decidiram recorrer à ONU (Organização das Nações Unidas) para que as buscas pelo comerciante, foragido há mais de 40 dias, sejam intensificadas.
José Ramos Lopes Neto foi julgado à revelia e condenado a 79 anos de prisão pelo assassinato da ex-mulher, Maristela, e por tentar assassinar os filhos -à época, com cinco e dois anos- e do ex-cunhado, em Jaboatão dos Guararapes (Grande Recife).
Com o aval de Nathália Just, 25, e Zaldo Just, 23, a ONG Gajop (Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares) enviou, na segunda-feira passada, um comunicado para a Relatoria Especial sobre Independência dos Juízes e Advogados, do Conselho de direitos humanos da ONU.
O documento pede "esforço concentrado" das polícias civil, militar, federal e Interpol para prender Lopes Neto.
Segundo Nathália Just,o objetivo do comunicado da ONG foi "fazer com que o caso não caísse no esquecimento".
O comunicado será recebido em Genebra e analisado pela relatoria, que pode entrar em contato com as autoridades brasileiras.
O caso pode ser levado à Assembleia Geral, que questionará o Brasil sobre a suposta violação. O secretário de Defesa Social de Pernambuco, Wilson Damázio, afirmou que os policiais estão fazendo buscas e que Lopes Neto foi incluído no Sistema Nacional de Procurados e Impedidos, da Polícia Federal, para que não possa deixar o país.
(LUIZA BANDEIRA)

Celibidache Mozart Requiem (uma parte)

Extraterrestres não são problema para a religião

Extraterrestres não são problema para a religião
Teologia não estranharia eventualidade da vida noutro lugar do Universo
Jornal de Notícias - Portugal

O diretor do Observatório Astronômico do Vaticano, padre jesuíta José Gabriel Funes, considera, em entrevista à revista «New Scientist», que não existe um conflito real entre os resultados da ciência e da fé: «No fim vamos encontrar uma explicação, talvez não nesta vida, mas na próxima».
O padre José Gabriel Funes assegura que o Vaticano não interfere nas pesquisas dos cientistas, pelo que pode pesquisar qualquer tema, assegurando mesmo que a eventual descoberta de vida extraterrestre não seria um problema para a religião.
«Eu não vejo nenhuma dificuldade séria para a teologia católica se nós encontrarmos vida noutro lugar do Universo», sublinha.
Aquele padre jesuíta revela ter tido uma audiência privada com Bento XVI, em 2008, e que o Papa nunca deu qualquer indicação para «estudar isto ou aquilo». Sublinha: «Nós temos completa liberdade para investigar e os tópicos que estudamos são tópicos nos quais os astrônomos estão interessados: ciência planetária, agrupamentos de galáxias, cosmologia e o big bang».
«Eu estudo galáxias próximas. Um jesuíta que se juntará a nós em Setembro estudará planetas extra-solares», refere.
Para o diretor do Observatório Astronômico do Vaticano, há «problema» quando a religião «entra no mundo da ciência ou no método científico»; também quando «cientistas usam ciência fora do método científico, para fazer afirmações filosóficas e religiosas - usando ciência para uma finalidade para a qual a ciência não foi feita».
Questionado se o seu trabalho afeta de alguma maneira as suas convicções religiosas, afirma: «Diria que o meu trabalho como cientista me ajuda a ser uma pessoa religiosa, um padre».
O padre Funes tem um doutoramento em astronomia na Universidade de Pádua (Itália). Nos últimos anos, trabalhou no estudo da formação estelar nas galáxias próximas, aquelas que não se encontram a uma distância maior de 50 milhões de anos-luz. A formação estelar é um tema chave para poder entender o processo de formação e evolução das galáxias.
O Observatório Vaticano foi fundado, em 1891, pelo Papa Leão XIII. A sua sede central é em Castel Gandolfo (Roma), mas há outro centro de pesquisa, «The Vatican Observatory Research Group», desde 1981, em Tucson, Arizona (EUA), que é uma das maiores e mais modernas instituições de observação astronômica. É uma boa aliança entre a ciência e a fé.

A nova morte de Bolívar

A nova morte de Bolívar
Chávez exuma Libertador para tentar provar seu assassinato e reescrever a História
Maye Primera
Do El País

O presidente Hugo Chávez revelou aos sonâmbulos no Twitter o que, até as duas da madrugada de sexta-feira, seu governo se recusava a informar: que, na manhã de quinta, uma equipe de fiscais e peritos exumaram os restos mortais do libertador Simón Bolívar para determinar a causa de sua morte, ocorrida em 1830. “Olá, meus amigos. Que momentos tão impressionantes vivemos esta noite! Vimos os restos mortais do grande Bolívar!”, anunciava o twitter presidencial.
“Confesso que choramos. Digo-lhes: tem de ser de Bolívar este esqueleto tão glorioso, pois se pode sentir sua chama. Meu Deus. Meu Cristo”.
Chávez está entre os que suspeitam que Bolívar não morreu de tuberculose, como diz a versão oficial.
O presidente venezuelano argumenta que Bolívar foi assassinado, e que esta suposição é muito mais importante que qualquer dos escândalos que envolve hoje o seu governo. Envenenado? Baleado, talvez? Isso é o que vão determinar os 50 especialistas do corpo técnico da Polícia Judicial e outros órgãos venezuelanos exibidos ontem no canal estatal vestidos de traje branco, como se fossem os próximos a empreenderem uma viagem para o espaço.

Uma estratégia para esquecer a crise
Enquanto Chávez teoriza sobre as causas da morte do Libertador, seus críticos garantem que se trata de uma nova manobra de distração para tentar encobrir a crua realidade de um país submerso em uma crise profunda. A inflação — que foi de 31% em junho, a mais alta da América Latina — obriga os cidadãos a apertar cada vez mais o cinto. A economia entrou em recessão no ano passado e seguiu registrando números vermelhos no primeiro trimestre de 2010. Além disso, seguem-se encontrando recipientes com comida decomposta, fruto da suposta má gestão da empresa estatal responsável pela importação de alimentos — a Produtora & Distribuidora Venezuela de Alimentos, PDVAL, filial da Petróleos de Venezuela.
Já se descobriram mais de 130 mil toneladas de alimentos podres em portos e lojas, que deveriam ser distribuídos à rede pública de mercados populares.
Na Venezuela, além disso, já começaram extra-oficialmente as campanhas partidárias para as eleições parlamentares de 26 de setembro. Por isso a oposição afirma que temas como o suposto assassinato de Bolívar e a potencial ruptura de relações diplomáticas com o Vaticano, algo que gerou polêmica nos últimos dias, são cortinas de fumaça estendidas pelo governo para que esqueçam do debate sobre sua má gestão para resolver os problemas de insegurança, inflação, corrupção e dos serviços públicos deficientes que acometem o país.
Aos problemas econômicos se unem os conflitos com a vizinha Colômbia, cujo governo acaba de denunciar a suposta presença, em território venezuelano, de três importantes líderes guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias de Colômbia (Farc) e do Exército de Libertação Nacional.
Em menos de 24 horas, os especialistas do governo venezuelano parecem ter se deparado com a prova que, em 180 anos, não encontraram os historiadores. Para Elías Pino Iturrieta, diretor da Academia Nacional de História, não há qualquer evidência da época que indique algo parecido a um assassinato ou outro feito de violência.
— Não existe um mínimo fundamento científico que justifique este espetáculo noturno — condenou. — Nenhum historiador sensato pode ratificar a hipótese de assassinato de Bolívar. Só podemos pensar que esta é uma maneira tola de se ocupar com uma morte de 1830 e não com os desmandos que estamos vivendo hoje.
A abertura do sarcófago do Libertador, que repousa no Panteón Nacional, não havia sido anunciada oficialmente.
O processo esteve a cargo de um cientista espanhol: o professor José Antonio Llorente, diretor do Laboratório de Identificação Genética da Universidade de Granada.
Pela televisão oficial, Llorente disse que a investigação foi realizada “em silêncio, não em segredo, (...) respeitando ao máximo o corpo do libertador Bolívar”, e qualificou seu trabalho como “neutro”.
Em abril, a morte de Bolívar ganhou uma nova teoria. Segundo uma pesquisa das universidades de Maryland e Johns Hopkins, dos EUA, o Libertador teria sido envenenado pela contínua ingestão acidental de água com arsênico.
— O corpo inteiro de Bolívar estava desmoronando no fim de sua vida — ressaltou Paul Auwaerter, especialista em doenças infecciosas e autor da teoria. — Acredito que, se a responsável fosse mesmo a tuberculose, ele teria sucumbido muito antes. A hipótese de um envenenamento gradual liga todos os sintomas que ele apresentou.

"Samba de um minuto" com Roberta Sá

Pelicano para o Bom Dia, SP

Afronta à democracia

Afronta à democracia
Correio Braziliense - 17/07/2010

As frequentes violações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a preceito da legislação eleitoral constituem exemplo de afronta às instituições políticas e ao regime democrático. Não seriam toleráveis ainda que ele as praticasse por ignorância, hipótese descartada pela atuação pedagógica do assessoramento jurídico. Mas se, apesar de tudo, verdadeira fosse a falta de conhecimento da regra legal, não poderia o inquilino do Palácio do Planalto merecer a indulgência da sociedade. 
É princípio desde sempre notório: ninguém pode excusar-se de cumprir a lei com a alegação de que a desconhece. Há aqui apenas uma referência para tornar a questão mais clara, uma vez que Lula tem plena ciência do que é legal e ilegal nas suas condutas. A certeza da violência contra a norma não o impediu de reprisá-la, mesmo depois de multado seis vezes pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Muito grave, portanto, servir-se de solenidades oficiais para enriquecer o cacife eleitoral de sua candidata à Presidência da República, a ex-ministra Dilma Rousseff. 
Na terça-feira, Lula atribuiu a Dilma, em ato oficial nas dependências do Banco do Brasil (instalações temporárias da Presidência), a iniciativa do projeto para a construção do trem-bala. “Eu nem poderia falar o nome dela, porque tem um processo eleitoral, mas a gente também não pode esconder por causa da eleição.” E, a pretexto de pedir desculpas pelo deslize, no dia seguinte o repetiu: “Cometi um erro político (…)”, mas “fiquei na obrigação moral de dizer que quem tinha começado a trabalhar na questão do trem-bala, a iniciar o projeto, a discutir, tinha sido a companheira Dilma”. A insolência despontou em discurso pronunciado na 4ª Cúpula Brasil União Europeia, nas barbas do presidente do TSE, ministro Ricardo Lewandowsky. 
As disciplinas aplicáveis à propaganda eleitoral, em particular quanto ao resguardo do prazo para ser iniciada, sofrem restrições dos atores que, de forma direta ou indireta, se vinculam ao pleito. Afirma-se que poderiam ser menos severas e mais flexíveis, sem abdicarem de prescrições para manter partidos, candidatos e o manifesto das urnas dentro dos parâmetros da legitimidade e licitude. 
É possível que a lei seja imperfeita. Mas, antes de tudo, é a lei. Não é facultado a ninguém insurgir-se contra suas disposições por julgá-la inadequada à realidade ou desnecessária. Trata-se de obrigação irrecusável imposta a todos os cidadãos. Não exclui o titular do poder político de maior hierarquia na Federação. O mais importante magistrado republicano, que se encarna no presidente da República, deve ser o primeiro a submeter-se ao ordenamento legal. 
Lícita é a decisão de Luiz Inácio Lula da Silva de indicar e apoiar a candidata à sua sucessão. Porém, não deve, sob pena de reprimenda da consciência civilizada e da Justiça, agir com abuso de poder, na exaltação à postulante fora do arco de incidência desenhado na lei.

UE quer regras internacionais para petrolíferas

UE quer regras internacionais para petrolíferas
Bloco vai propor um tratado para evitar acidentes como o da BP. Para analistas, Brasil precisa adaptar normas ao pré-sal
Deborah Berlinck* e Ramona Ordoñez

PARIS e RIO. A União Europeia (UE) vai propor, a partir de setembro, não apenas uma mudança nas regras de segurança e de prevenção de acidentes na exploração de petróleo em águas profundas pelos países do bloco — dando maior poder a Bruxelas — como a criação de um tratado internacional para garantir segurança máxima nas plataformas. Não existe hoje nenhum instrumento internacional que controle isso.
É o que defende o comissário europeu de Energia, Guenther Oettinger, que propôs esta semana aos países da UE a suspensão temporária de novos projetos de exploração em águas profundas, até que as causas do acidente da BP no Golfo do México sejam esclarecidas.
— O comissário quer fortalecer a cooperação internacional, e não apenas na Europa. Seria o caso de uma convenção internacional — disse Marlene Holzner, porta-voz de Oettinger.
Não é tarefa fácil. Um protocolo para combater a poluição provocada pela exploração em alto-mar no Mediterrâneo foi adotado em outubro de 1994 e até agora não entrou em vigor, porque nem todos os países o ratificaram. A própria UE não tem o controle da segurança na exploração petrolífera no continente, reconheceu Holzner. Hoje, cabe a cada governo do bloco implementar as leis da UE. Mas isso deverá mudar.
— Vamos apresentar uma proposta para que nós, a UE, passemos a fazer este controle — disse Holzner.
A indústria do petróleo critica a recomendação da UE de suspender a exploração de novos blocos em águas profundas.
Segundo Lloyd Slater, portavoz da Associação da Indústria de Produção de Petróleo e Gás (OGP), se os governos acatarem a orientação da UE, “isso pode acabar com o investimento (das empresas) na Europa”, além de afetar a oferta de petróleo dentro de 10 anos.
Falta tecnologia para conter vazamento, alerta especialista A indústria sabe que o poder da UE hoje é limitado. Até agora, nenhum governo do bloco reagiu à sua recomendação para suspender novas áreas exploratórias.
Oito países da UE exploram petróleo: Reino Unido, Alemanha, Dinamarca, Malta, Itália, Irlanda e Holanda. A Noruega, maior produtor europeu, mas que não faz parte da UE, já havia anunciado a proibição de novas explorações em alto-mar até que se saibam as causas do acidente da BP.
Das 360 perfurações de petróleo no continente, a maioria é em águas pouco profundas: de até 90 metros. O que preocupa o comissário da UE são as explorações acima de mil metros de profundidade, onde um vazamento teria consequências parecidas com as do Golfo do México.
Há 22 perfurações deste tipo no Reino Unido, uma na Irlanda e um número desconhecido na Noruega.
Especialistas afirmam que o desastre ambiental no Golfo do México é um alerta de que não existe hoje, no mundo, tecnologia capaz de deter um vazamento em águas tão profundas.
O diretor de Tecnologia e Inovação da Coppe/UFRJ, Segen Estefen, lembra que, se no acidente da BP o poço está a cerca de 1.500 metros de profundidade, no pré-sal brasileiro o petróleo se encontra a mais de 2 mil metros de profundidade. Além disso, da abertura do poço até encontrar o petróleo, no subsolo, há uma espessa camada de sal de mais de dois mil metros. E os principais campos do pré-sal estão a 400 quilômetros da costa.
— Não existe tecnologia para estancar um vazamento a essa profundidade do pré-sal — destacou Estefen.
Ele lembrou que a Petrobras tem realizado estudos, junto com a universidade, com equipamentos a serem utilizados em profundidades cada vez maiores. No entanto, Estefen disse não ter conhecimento de pesquisas sobre tecnologias para conter vazamentos nas condições adversas dos campos no pré-sal: — Fazemos estudos de como prevenir acidentes. Mas não se estuda como conter um vazamento. A iniciativa teria que partir da Petrobras ou do órgão regulador.
Para o analista ambiental Rodrigo Rocco, os órgãos ambientais e fiscalizadores, assim como a Petrobras, deveriam estar pesquisando a adaptação dos atuais sistemas e normas de segurança para a produção no pré-sal.
A Petrobras investiu R$ 1,96 bilhão em meio ambiente no ano passado, contra R$ 1,97 bilhão em 2008. Apesar da ligeira redução, a Petrobras afirma que os investimentos na área ambiental permaneceram estáveis. Segundo a companhia, em 2008, foram investidos 4,09% da sua receita operacional em meio ambiente, e em 2009, 4,55%. A Petrobras informou ainda que tem investido continuamente em políticas, ações, processos e projetos ambientais e que, portanto, não será diferente em relação à exploração do pré-sal.

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