terça-feira, setembro 28, 2010

Supremo Julga Ficha Limpa! por Jasiel Botelho


Derretimento do gelo no ártico abre novas rotas marítimas para a Ásia

Derretimento do gelo no ártico abre novas rotas marítimas para a Ásia
Christoph Seidler e Gerald Traufetter – DER SPIEGEL
Na figura a linha amarela mostra o contorno do gelo Ártico há 2 anos.
O declínio da quantidade de gelo flutuante no Oceano Ártico está abrindo o caminho para novas rotas de navegação para a Ásia. Neste verão do hemisfério norte, o tráfico na região já foi significativo. E novos navios estão sendo projetados para suportar impactos de icebergs durante viagens pela região.
Eles estavam esperando encontrar blocos de gelo, icebergs e tempestades. Como medida de precaução, um navio quebra-gelo russo foi enviado para proteger o cargueiro MV Nordic Barents dos perigos do Oceano Ártico.
No entanto, a tripulação acabou se deparando com poucos pedaços de gelo que passaram pela embarcação em apenas duas ocasiões. "O quebra-gelo nuclear acabou servindo mais como peça decorativa", afirma Felix Tschudi, da companhia de navegação responsável pela viagem do navio carregado com minério de ferro concentrado. Nesta semana, após viajar 5.700 quilômetros pelo Mar Polar, o navio chegará ao porto chinês de Lianyungang – "e nós não tivemos que parar nem uma vez sequer", diz Tschudi com satisfação.
Com uma mistura de esperança e desconfiança, companhias de navegação, políticos e ambientalistas observaram até que ponto o gelo marítimo recuou em direção ao Polo Norte neste ano. Será que a redução da banquisa polar provocará em breve uma revolução nas rotas globais de navegação?
Há apenas algumas semanas, o navio-tanque russo Baltika, carregado com 70 mil toneladas de gás condensado, navegou sem problemas pelo Ártico, do porto russo de Murmansk à cidade chinesa de Ningbo. A navegação pela rota polar está se tornando gradualmente rotineira. Isso faz com que a Ásia fique mais próxima da Europa. A rota seguida pelo MV Nordic Barents, por exemplo, do porto norueguês de Kirkenes à China, foi reduzida em 50%. "Com isso nós passamos 15 dias a menos no mar", afirma Tschudi.
Estaria o oitavo oceano da terra se transformando de fato em um "Canal do Panamá Trans-antártico", conforme disse recentemente com grande satisfação o presidente islandês Ólafur Ragnar Grímsson? De fato, além de abrir a rota nórdica ao longo da Sibéria e da costa ártica russa até o Extremo Oriente, a mudança climática global está desbloqueando a Passagem do Noroeste – e criando um caminho marítimo que passa pelo centro do Ártico canadense. Nos 100 anos decorridos de 1906 a 2006, somente 69 navios, em sua maioria tripulados por exploradores e cientistas, aventuraram-se a fazer a viagem perigosa por essas águas repletas de gelo. Porém, somente no ano passado, o especialista em direito marítimo canadense Michael Byers contabilizou um total de 24 navios que navegaram por essa rota.
Projetos de novos navios para o gelo
Nos países que têm território no Círculo Ártico, uma nova frota de navios já está sendo criada, projetada para finalmente conquistar essa área e acrescentá-la às rotas globais de navegação. Entretanto, esses navios mercantes não serão capazes de dispensar completamente a proteção contra o gelo. "Mesmo durante os meses de verão, os navegadores esperam encontrar blocos isolados de gelo flutuante", explica o pesquisador do clima global Lawson Brigham, um ex-comandante de navio quebra-gelo e autor daquele que é provavelmente um dos mais abrangentes estudos sobre as novas rotas do Oceano Ártico.
Os russos são os mais ambiciosos. Em uma conferência sobre o Ártico realizada em Moscou na semana passada, eles anunciaram com orgulho planos para a construção de dois novos navios quebra-gelo nucleares dotados de reatores de 16 megawatts. Graças a um deslocamento ajustável, eles poderão ser utilizados também em águas rasas.
Ao mesmo tempo, os magnatas do setor de matérias-primas começaram a construir navios quebra-gelo para transportar petróleo, gás e minerais extraídos do Ártico:
- A Gazprom colocou em operação no campo petrolífero de Prirazlomnoye o primeiro dos seus dois navios cargueiros com cascos fortalecidos para enfrentar o gelo. Esta embarcação de 260 metros de comprimento é capaz de abrir caminho por uma camada de gelo de 1,5 metro de espessura.
- A companhia rival Lukoil construiu três navios similares para transportar petróleo do terminal de alto-mar Varandey, no Ártico, até Murmansk.
- Os cinco navios cargueiros da companhia de mineração de níquel Norilsk também podem se usados como quebra-gelos.
Até o momento, porém, as proas achatadas que esses navios usam para deslizar sobre a superfície do gelo e quebrá-lo mostrou ser ineficiente para a navegação em águas abertas. Isso fez com que a companhia de navegação Phoenix, em Leer, na Alemanha, projetasse um novo tipo de proa. O projeto vem sendo testado no canal de gelo da Hamburg Ship Model Basin (HSVA). "A eficiência desse modelo é impressionante", afirma Joachim Schwarz.
Schwarz, um ex-diretor da HSVA de grande experiência, pretende colaborar com institutos de pesquisa russos para possibilitar que os comandantes de navios naveguem pelo Oceano Ártico. “Com base em dados obtidos por satélites, haverá previsões constantes dos melhores canais para a navegação”, explica Schwarz. Isso é especialmente interessante na primavera e no outono, quando o frio e o vento criam barreiras de gelo com rapidez surpreendente.
As rotas continuam sendo perigosas
É precisamente devido a essa imprevisibilidade que especialistas como Brigham fazem advertências contra o excesso de euforia. Ele não acredita que no futuro uma grande quantidade de navios viajará de Roterdã a Tóquio por essas rotas setentrionais. “O que realmente vai aumentar é a remoção de quantidades enormes de matéria-prima do Ártico”, prevê Schwarz. Isso significa que haverá uma necessidade urgente de embarcações de resgate e abastecimento de combustível para ajudar rapidamente navios cargueiros em apuros.
A natureza potencialmente grave de tais incidentes ficou demonstrada em julho último, em um fato ocorrido ao largo da costa das Ilhas da Nova Sibéria. Dois cargueiros, navegando juntamente com um quebra-gelo, chocaram-se quando a embarcação que seguia na frente diminuiu de velocidade devido ao surgimento de uma grande quantidade de gelo.
Cada um dos navios estava carregado com 13,3 mil toneladas de óleo diesel. Mas a Companhia de Navegação Murmansk, a proprietária da embarcação, minimizou o acidente, afirmando que ele só provocou “alguns pequenos amassados e arranhões”. Segundo a companhia, o acidente não se constituiu em uma emergência mas sim em “uma situação operacional perfeitamente normal”.
Tradução: UOL

Lula se orgulha de antigo radicalismo

Lula se orgulha de antigo radicalismo
Leila Suwwan e Tatiana Farah - O GLOBO
Presidente diz que aprendeu com o passado de sindicalista: Marina sobe tom dos ataques
Em comício com Dilma Rousseff, o presidente Lula afirmou que a petista não deve se preocupar com as críticas ao seu passado de militante de esquerda. "Podem dizer que me prenderam, que eu era grevista, radical. Nada disso me envergonha. Tenho orgulho de ter aprendido com o radicalismo dos anos 70, 80, 90, para virar o dirigente político maduro que nós viramos", afirmou Lula. No palanque, Dilma dançou com o candidato do PT ao governo de SP, Aloizio Mercadante. E disse não temer ataques de Marina Silva (PV), que subiu o tom das críticas na tentativa de forçar o segundo turno. A candidata verde também criticou José Serra e o comparou a Lula pelos ataques a imprensa. Para Marina, Serra "intimida jornalistas": "Há duas formas de tentar intimidar a imprensa: aquela em que vem a público e coloca, de forma infeliz, uma série de críticas, e outra são aqueles que, de forma velada, tentam agredir jornalistas, pedir cabeça de jornalista."
Lula: "Temos orgulho do nosso passado"
Petista diz que, de radical, virou político maduro. E apela: "Não se esqueçam, pelo amor de Deus, de levar documento com foto"
SÃO PAULO. Na reta final da campanha, o PT saiu da defensiva sobre o passado de militante de esquerda da candidata Dilma Rousseff e partiu para o ataque.
Em comício ontem no Sambódromo de São Paulo, o presidente Lula afirmou que Dilma não deve se preocupar com as críticas ao passado e afirmou ter orgulho de seu próprio radicalismo como sindicalista: Se tem uma coisa de que temos orgulho, é do nosso passado.
Podem dizer que me prenderam, podem dizer que eu era grevista, que eu era radical. Nada disso me envergonha. Eu tenho orgulho de ter aprendido com o radicalismo dos anos 70, anos 80, 90 para virar o dirigente político maduro que nós viramos.
Além de festejar o passado de Dilma, Lula afirmou que sua eventual vitória seria uma conquista dos que morreram sob o regime militar: Não é apenas eleger uma mulher, é eleger uma companheira que tem uma história.
Que sabe os dissabores e os amargores de ter lutado contra o regime autoritário para poder garantir o dia de hoje. É verdade que essa moça aos 20 anos de idade foi para a luta tentar conquistar a democracia nos anos 70. A luta deles, daqueles que morreram lutando por democracia, será consagrada dia 3, com a eleição de Dilma presidente.
Dilma: O amor vai derrotar o medo e o ódio Antes de Lula, o senador Aloizio Mercadante, candidato do PT ao governo de São Paulo que chegou a dançar com Dilma no palco , já havia começado o comício mencionando as críticas ao passado da ex-ministra, que foi da VAR Palmares e do Colina, ficando mais de dois anos presa. Candidato a senador pelo PCdoB, o vereador e cantor Netinho de Paula, que chama o presidente de Mano Lula, criticou os adversários: Enquanto eles ficam raivosos, a nossa Dilma vai subindo.
Prometendo erradicar a miséria, Dilma voltou a comparar a eleição de 2010 com a de 2002, quando o slogan do PT foi A esperança vai vencer o medo: Sabemos do medo que tentaram implantar lá em 2002.
Agora temos nas mãos não só a esperança, mas a prova do amor do presidente Lula e do nosso governo pelo Brasil. Esse amor que vai derrotar o medo e o ódio que tentam fazer como a característica principal desta eleição.
Sob forte chuva, os militantes petistas ocuparam a arquibancada central e os camarotes do Sambódromo. Apesar da euforia com as pesquisas que apontam para possível vitória da ex-ministra no primeiro turno, Lula não se deixou levar pelo clima de já ganhou. Tratou de pedir, pelo amor de Deus, que os eleitores não esquecessem o documento de identidade para votar.
Esta é uma nova regra eleitoral.
A preocupação dos petistas é com a desinformação sobre a novidade por parte das camadas mais pobres do país, que fazem a base eleitoral da petista.
Não se esqueçam, pelo amor de Deus, de levar um documento com fotografia para votar alertou Lula.
Em entrevista coletiva, Dilma criticou a nova regra: Quando criam certas regras, isso pode prejudicar parcelas da população, como por exemplo o indígena, que pode ter esse problema de levar a (cédula) identidade disse Dilma, para quem quanto menos barreira tiver, melhor.
No discurso, Lula se pautou pela capitalização da Petrobras, afirmando que foi a maior capitalização do capitalismo. Seu bordão nunca antes na História do Brasil ganhou dimensões planetárias: A maior capitalização que a Humanidade tem conhecimento, nunca feita antes na História do planeta, aconteceu no Brasil.
Lula admitiu que está ficando com o ego inflado, mas, ao ver uma imensa faixa de agradecimento ao seu governo, afirmou: Estou um pouco me sentindo, o ego está crescendo

Flor Amorosa com Jacob do Bandolin(choro)

Pelicano, para o Bom Dia (SP)


Observando os átomos em ação

Observando os átomos em ação
Vencedor do Prêmio Nobel, Ahmed Zewail apresenta no Rio microscópios em 4D
Cesar Baima – O Globo – 28/09/2010
Ahmed Zewail
Imagine não apenas conseguir ver um átomo, mas acompanhálo em ação enquanto participa de reações químicas ou faz parte do mecanismo de uma nanomáquina.
É neste estágio que se encontra atualmente o limite da observação humana do universo do muito pequeno, conta Ahmed Zewail, vencedor do Prêmio Nobel de Química de 1999 que fez uma das principais palestras do 17o Congresso Internacional de Microscopia, no Rio de Janeiro. A microscopia eletrônica em quatro dimensões já é uma realidade que vai permitir um novo salto na nanotecnologia, além de avanços em áreas tão diversas quanto as indústrias farmacêutica, biomédica e a pesquisa de novos materiais, acredita.
— Todo fenômeno acontece em três dimensões de espaço e uma de tempo. Antes, tínhamos a habilidade de ver as células e até os átomos, mas ainda não tínhamos o elemento tempo — conta. — Agora, podemos ver as reações de forma dinâmica, numa escala de um milionésimo de bilionésimo de segundo, que é a escala de tempo que os átomos reagem.
A sintonia fina das reações químicas
Durante séculos, os cientistas acreditavam que seria impossível visualizar o ultrarrápido movimento das reações químicas. Zewail, no entanto, encarou o desafio e, desde os anos 1980 realiza experiências na área, sendo considerado um dos fundadores da “femtoquímica”, referência ao “femtosegundo”, ou quadrilionésimo de segundo, a unidade de tempo das reações no nível atômico. Para se ter uma ideia de quão curto ele é, um femtosegundo está para um segundo assim como um segundo está para 32 milhões de anos. Segundo Zewail, a nanotecnologia é um dos setores que mais deverá se beneficiar com a nova técnica, pois poderia ser feita uma sintonia fina das reações químicas.
— Com a microscopia eletrônica em 4D podemos ver os processos enquanto eles acontecem. Assim, se compreendermos o comportamento dos átomos em uma reação, podemos também controlá-la — explica.

— Ela é a chave para novas descobertas.
Ver é crer e, se não vemos um objeto no espaço e no tempo, temos dificuldades em entender o que ele é ou faz. Basta lembrar que, ainda no século XIX, as pessoas sabiam que existiam moléculas, mas não podiam vêlas.
Foi só com o avanço da microscopia que atingimos este mundo.
Para Zewail, seu trabalho é uma mostra de que a pesquisa em ciência básica não tem que ser separada ou receber menos atenção e investimentos que a pesquisa aplicada. De acordo com ele, apenas quando as duas caminham juntas é que verdadeiras revoluções acontecem.
— É uma ficção erguer uma fronteira entre a pesquisa básica e a aplicada.
No processo da descoberta e da inovação, não é isso o que acontece.
É a pesquisa básica que guia a aplicada e o surgimento de novas tecnologias — argumenta.
Egípcio naturalizado americano, Zewail defende que mesmo países pobres ou em desenvolvimento devem investir na ciência básica, que considera um importante caminho para escapar destas condições.
— Acredito que quando um país tem uma base fraca na pesquisa básica, ele sempre será uma nação em desenvolvimento, pois nunca está criando conhecimento, apenas comprando — avalia. — A falta de recursos é sempre uma desculpa, mas não é preciso fazer tudo. Se o processo de fomento for estruturado de forma séria, podem-se escolher áreas específicas e atingir a excelência nelas. O Brasil, por exemplo, está indo muito bem nesta direção. Estou impressionado com o crescimento da importância do país em várias áreas e justamente esta é a hora de investir mais em pesquisa básica — aconselha.
De acordo com Zewail, é apenas com o avanço do conhecimento que será possível enfrentar os grandes dilemas deste século, como o terrorismo e o crescente esgotamento dos recursos naturais: — O conhecimento é uma força contra a ignorância. Precisamos introduzi-lo como forma de nos entendermos melhor uns aos outros.

Peso para a saúde

OPINIÃO
Peso para a saúde
GILBERTO URURAHY – O Globo - Publicada em 28/09/2010 às 18h05m
O Brasil vive o momento das eleições. Espera-se que os nossos políticos, em plena campanha eleitoral, sensibilizem-se para o problema da obesidade, que deve ser encarado como uma questão de saúde pública. Há de surgir entre os postulantes a cargos eletivos algum nome que incorpore esta bandeira social de alta relevância e que faça uso de sua condição de parlamentar para propor políticas de erradicação da obesidade e de estímulos a dietas equilibradas e prática de exercícios físicos.
Os dados do IBGE só confirmam o que já havia sido detectado pelos nossos estudos, feitos ao longo das duas últimas décadas, com base em 50 mil check-ups médicos em executivos. Eles revelam, e não é coincidência, que praticamente metade da população examinada, todos situados no ápice da pirâmide social, está acima do peso e registra alto teor de gordura no sangue (colesterol e triglicerídeos), com incidência de obesidade da ordem de 8%.
O IBGE não pesquisou as causas da obesidade do brasileiro, mas elas são conhecidas e, através dos nossos estudos, baseiam-se no fato de que 50% dos homens e 55% das mulheres executivas cultivam uma vida sedentária e 60% têm alimentação desequilibrada. Estudos da Sociedade Americana de Oncologia mostram que a incidência de câncer intestinal e de próstata é 30% maior em homens obesos e o câncer de endométrio, colo de útero e mama é 55% maior em mulheres obesas.
O excesso de peso do brasileiro é má notícia. Ele nos aproxima perigosamente de parâmetros americanos, em que um em cada quatro indivíduos é obeso. Nas sociedades industrializadas a obesidade torna-se epidêmica, mesmo entre as populações carentes. Por trás desse quadro estão a dieta baseada em alimentos altamente calóricos, o sedentarismo e o estresse crônico.
A falta de tempo para se alimentar corretamente, aliada à desinformação e à publicidade, leva ao consumo de fast-food. Um almoço com sanduíche, batata frita, refrigerante e torta ultrapassa a necessidade média de 1.500 calorias diárias de que, por exemplo, um homem de cerca de 70 quilos necessita para desempenhar atividades burocráticas.
Some-se a isso que, antes da automação da sociedade, a atividade física era uma prática comum entre as pessoas, que andavam mais a pé ou iam de bicicleta para o trabalho. Hoje, as facilidades da vida moderna, como elevadores, carros automáticos com vidros elétricos, controle remoto, escadas rolantes etc., estimulam a inércia corporal.
A interação do cortisol com a insulina, provocada pelo estresse crônico, facilita o depósito de gordura nas paredes das artérias. O sangue transporta para o corpo, entre outros, oxigênio, células de defesa, hormônios e energia sob forma de açúcar (glicose). O papel da insulina é retirar o açúcar do sangue e levá-lo para dentro das células dos tecidos do cérebro, músculos, órgãos etc. Essa energia, que não consegue ser metabolizada nas células, acaba sendo transformada em gordura.
Este círculo vicioso faz com que as pessoas morram mais cedo. No Brasil, onde essa doença mata 75 mil pessoas por ano, há mais obesos do que desnutridos. Dos 95,5 milhões de brasileiros com 20 anos ou mais apenas 4% têm déficit de peso. Já os que estão acima do peso somam 38,5 milhões, representando 40,6% da população de adultos: destes, 10,5 milhões ou o equivalente a 11% são obesos.
A boa notícia é que a obesidade pode ser atacada com condutas naturais, acessíveis à maioria da população. A prática regular de atividade física, aliada a uma alimentação equilibrada, renova os tecidos, retarda o envelhecimento, diminui a taxa de gordura circulante, melhora a coagulação e a troca de gases nos pulmões. Mais ainda, facilita a mineralização dos ossos e libera endorfina, neurotransmissor que aumenta a sensação de bem-estar e combate a ação da adrenalina gerada pelo estresse cotidiano. Exercitar-se aumenta as defesas do organismo, ajuda no controle do peso corporal, melhora o desempenho do sistema cardiorrespiratório e o desejo sexual.
Estudos realizados nos EUA com homens entre 40 e 70 anos mostram que quem pratica exercícios regularmente tem menos chances de ser vítima de distúrbios de ereção e câncer. Outras pesquisas comprovam que pessoas fisicamente ativas vivem mais, têm maior capacidade de trabalho e de concentração. É a porta de entrada para uma vida mais longa com autonomia.
GILBERTO URURAHY é médico. E-mail: gururahy@medriocheck-up.com.br

AROEIRA


Lula e Dilma em dueto pela liberdade da imprensa

Lula e Dilma em dueto pela liberdade da imprensa
Villas-Bôas Corrêa *, Jornal do Brasil - 28/09/2010 13h42
A medíocre campanha eleitoral, com o resultado antecipado pela folgada liderança em todas as pesquisas da candidata Dilma Rousseff, lançada pelo presidente Lula e apresentada ao distinto eleitorado como a garantia da continuidade dos seus oito anos de dois mandatos, guardou para véspera do primeiro turno, em 3 de outubro, o espetáculo do bom senso que abafou a troca de farpas, insinuações e denúncias de velhacaria trocadas entre o candidato tucano de oposição, José Serra, e a tropa de choque oficial, com a vanguarda do PT (Partido dos Trabalhadores).
 De um dia para o outro, de ontem para hoje, as acusações no figurino de todas as ditaduras, em especial da dos 20 anos da ditadura militar dos cinco generais presidentes, que cassou 103 mandatos parlamentares, numa bofetada no rosto do eleitor que votou e foi arrastado ao ridículo, deram uma cambalhota no picadeiro e caíram em si – o pior dos tombos. A pregação golpista da censura à imprensa – que é um golpe mortal na democracia, que não existe sem ela – cancelou a patuscada da marcha, com o apoio de jornalistas e até de líderes sindicais para a pregação da liberdade de imprensa, com destaque para a dupla inseparável formada por Lula e Dilma.
 E foi na tribuna de um comício em Porto Alegre que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva,  depois de duas semanas de críticas e ataques à imprensa, empunhou a bandeira branca da reconciliação.
E não fez por menos, foi categórico na defesa da liberdade de imprensa: “Numa democracia, cada um fala e escreve o que quiser, cabendo ao povo o julgamento final”. E na mesma purgação do pecado: “A imprensa é muito importante para a democracia”. Era pouco, foi adiante: “A gente fica zangado quando falam mal da gente, e feliz quando falam bem.  A gente ter humildade e não ficar zangado quando fala mal ou só feliz quando fala bem”.
  A candidata Dilma, pelo visto, não estava informada da virada do presidente Lula. Dos jornalistas que se entusiasmaram com o controle da imprensa não há notícia de um arrependimento. Mas, jornalista que defende a censura à imprensa, pode ficar calado. É melhor do que imitar o presidente.
* repórter político do JB

Newton Silva, para O Jangadeiro Online


Segurança e eleições presidenciais

OPINIÃO
Segurança e eleições presidenciais
JORGE ANTONIO BARROS – O Globo - Publicada em 28/09/2010 às 18h09m
A taxa de homicídios no Brasil passou de 19,2 em 1992 para 25,4 em 2007, um crescimento de 32% em 15 anos. Desse total, cinco anos se passaram sob a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Até maio, o Brasil ocupava o 9º lugar no ranking mundial.
Não é novidade que a segurança pública tem sido um tema desprezado pelos partidos e seus candidatos à Presidência, segundo seus programas de governo, desde as eleições de 1989. A cada episódio violento de repercussão nacional, governos e candidatos abordam o tema, como se ele fosse novo, ou garantem que vão incluí-lo na agenda política. Passa o tempo e, mais uma vez, o assunto morre, exatamente como as 50 mil pessoas assassinadas por ano no país.
A segunda campanha de Fernando Henrique foi uma das primeiras a incluir o tema da segurança com mais destaque, mas a maioria dos planos ficou no papel. Assim ocorreu também no primeiro mandato do presidente Lula. Só em seu segundo governo, a segurança pública ganhou boa visibilidade, com o aumento da parceria entre a Secretaria Nacional de Segurança Pública, do Ministério da Justiça, e os governos estaduais e municipais.
A propaganda eleitoral gratuita se aproxima do fim sem que o tema da segurança tenha conquistado a visibilidade necessária para mobilizar a sociedade. Os três candidatos à Presidência à frente nas pesquisas afirmam que a segurança é prioridade. Mas pelo que propagam em seus sites não é bem assim. A segurança ainda é tratada com menos importância porque a grande maioria das vítimas de homicídios continua sendo pobre, preta e residente nas periferias das grandes cidades.
Marina Silva (PV) é a única que dá destaque ao tema logo na capa do site, mas seu projeto é tão amplo quanto o que diz a Constituição sobre o assunto. O site da candidata Dilma Rousseff (PT) apresenta apenas o item da segurança no link para o programa de governo, sem no entanto mostrar qual é sua proposta. Sabe-se que a mãe do PAC vai ser também a madrinha da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), sem levar em conta a realidade de cada estado.
O site oficial do candidato José Serra (PSDB) não permite que se conheça seu programa de governo, a menos que você informe seus dados, se cadastre, crie uma senha e dê seu número de celular.
Decidir pelo candidato presidencial apenas levando-se em conta o tema da segurança será, portanto, tarefa muito difícil para o eleitor.
JORGE ANTONIO BARROS é jornalista e autor do blog Repórter de Crime.

Últimas semanas

Últimas semanas
Por Wilson Figueiredo – JORNAL DO BRASIL - 28/09/2010 - 13:40
Ao fim de uma semana em que os fatos prevaleceram sobre as versões oficiais e ameaçaram deixá-lo em posição insustentável diante do escândalo na edícula em que se transformou sua Casa Civil, o presidente Lula, enfim, se deu conta da conveniência de melhorar a situação criada com os jornais. Não demora, a contagem regressiva estará nos seus calcanhares. Dispõe de três meses para fazer as malas e desfazer situações que não pode deixar como estão. Não quer, ao pôr os pés fora do governo, que o tempo possa piorar, e ele tenha esquecido o guarda-chuva em casa.
No dia seguinte à passagem do poder a outras mãos, o presidente não escapará de experimentar a sensação desagradável de que a famosa roda da história passou a girar ao contrário. Nem sentir o chão fugir-lhe dos pés antes de fazer uma revisão geral da engrenagem que o levou ao poder sem lhe garantir o terceiro mandato. As incógnitas pela frente precisam ser resolvidas.
O primeiro tranco, dado pelo mensalão na Casa Civil, não foi assimilado em toda a extensão. Pela mão de denúncias terceirizadas, o presidente precisou de novo vir a público, no segundo mandato, para se declarar, uma semana depois, enganado pela ex-ministra Erenice Guerra. Já deve ter percebido que perdeu uma das melhores oportunidades de ficar calado quando disse cobras e lagartos dos jornais, sem considerar a precedência histórica do jornalismo, que já existia muito antes dos jornais. Põe tempo na distância. Jornais não existem para louvar governos e muito menos para poupá-los. A prova é que o próprio PT não quis se valer de jornais petistas para servir aos governos com que operou. O cemitério de jornais não tem espaço para mais nenhum periódico que venha a morrer de governismo anacrônico. A Última Hora inovou no jeito de servir ao governo de Getulio Vargas, que foi seu padrinho: Samuel Weiner criou o modelo de expor os ministros e distanciar de fatos desabonadores o presidente. Nem assim. O jornalismo oficial não tinha vacina para imunizá-lo contra o vírus da notícia a favor. Entende-se perfeitamente a razão pela qual, não tendo disposição de investir em jornal próprio, o PT tente cercear a liberdade de informação e as demais dela decorrentes. Freud sempre explica.
Na Casa Civil, na opinião presidencial, “se alguém acha que (...) pode se servir, cai do cavalo”. Evidente que Lula estava falando metaforicamente, pois ali ainda não existem cocheiras, cavalos ou cavaleiros. Quem trabalha com ele sabe que “a pessoa pode me enganar um dia, mas não engana todo mundo todo dia”. Ele pode. Mas omitiu o autor da frase e não citou o pensamento completo do presidente Lincoln, que não quis enganar ninguém nem depois de morto.
Mas o que importa mesmo, além da exportação, é que Lula fala cada vez mais: “Não foi a oposição que derrubou Erenice, mas os indícios de que ela tinha errado no cargo”. Aquele “ela tinha” deixou mal tanto um quanto a outra. A oposição acabou bem. O presidente estava certo quando ressalvou que não foi a oposição que passou o pente-fino na Casa Civil, mas injusto com os jornais, por não reconhecer, nas denúncias, contribuição dos empresários à moralidade pública. Aquela pequena história do rapaz que, no segundo dia de trabalho, encontrou sobre a mesa um pacote com 200 mil reais e cometeu a imprudência de perguntar a razão do presente adiantado, é das arábias.
E, insatisfeito com o que diz, Lula propôs outra obrigação ao jornalismo: “Os meios de comunicação devem anunciar seus candidatos e partidos”. Alguém por perto poderia tê-lo prevenido de que a maneira indireta e elegante por parte dos jornais é, tanto quanto possível, repartir com equidade o espaço do noticiário de campanhas eleitorais. A preferência fica implícita. Alguns já adotam o modelo dos grandes jornais internacionais e, na véspera da eleição, comunicam em editorial as razões pelas quais recomendam um dos candidatos. Em respeito aos eleitores, o Jornal do Brasil adotou (e se deu bem) o método de apresentar as razões de contribuir para atender à diversidade de opiniões em proveito da democracia.

Waldez, no Amazônia Jornal


Sinais de fumaça e planos para segunda-feira

Sinais de fumaça e planos para segunda-feira
Raymundo Costa - VALOR ECONÔMICO
Enquanto a campanha de Dilma Rousseff (PT) já dispõe de um roteiro para seguir a partir de segunda-feira, no PSDB a visão do dia seguinte às eleições oscila entre o racional e a fé. Analisando as pesquisas, os tucanos julgam ver sinais de que a decisão pode ficar para o segundo turno, hipótese em que alguns fatores poderiam se tornar mais favoráveis a José Serra que atualmente e quem sabe levá-lo a reverter, numa disputa polarizada, o atual favoritismo da candidata petista.
Ao contrário do que se costumava dizer em eleições passadas, o PSDB agora não acha que o segundo turno é uma nova eleição. Nada disso. É a continuação do primeiro. Seria, portanto, a comprovação do acerto da estratégia seguida até agora. Estratégia essa que é reprovada pelos políticos e sustentada pelo pessoal do marketing. O que mudaria para Serra seria a expectativa de arrecadação, que no momento justifica uma campanha acanhada e de pouca visibilidade nas ruas, e a possibilidade do debate direto com Dilma e tempos iguais na propaganda de rádio e televisão.
Os tucanos ficaram bem impressionados com o desempenho de José Serra no debate do último domingo, na TV Record. Se não houve um vencedor declarado, pelo menos desta vez, atacado pelos demais, ele teve a oportunidade de falar mais detalhadamente sobre sua biografia política, o que já fez e o que pretende fazer na vida pública. Isso reforçou no PSDB a crença da superioridade presumida de Serra sobre Dilma nos debates, como afirmavam os tucanos quando seu candidato ainda ocupava o primeiro lugar nas pesquisas.
O debate da Record, ainda entre os tucanos, também foi considerado positivo para Serra porque Dilma teve de falar sobre corrupção durante boa parte de suas intervenções. Respondendo a Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL). Serra não iria fazer perguntas a Dilma, mas devido as regras do debate teve de questionar obrigatoriamente a candidata do PT. Uma vez. A pergunta que tinha preparado era justamente sobre as denúncias de tráfico de influência na Casa Civil, mas o assunto já fora abordado antes e o tucano preferiu falar sobre outro de seus temas preferidos, as agências reguladoras.
Esses são alguns dos sinais que os tucanos veem indicando fogo ou querem ver nos astros, nem tão distraídos quanto posam. Mas também é fato que há fumaça nas pesquisas. Sondagens de candidatos feitas ontem em Salvador (BA), uma espécie de capital do lulismo do Nordeste, registraram que Marina pode alcançar os 25% dos votos da capital baiana, já bem à frente de Serra - mas a soma dos dois ainda não basta para superar Dilma. O significativo é o provável bom desempenho da candidata verde numa capital lulista por excelência.
Há sinais favoráveis ao PSDB e ao PV no Sul e no Norte, a petista continua bem na região Centro-Oeste e o Nordeste se mantém como a grande fortaleza petista, apesar do registro também de uma pequena oscilação negativa da candidata. Mas o mapa político que começa a ser desenhado é o de um Brasil mais multifacetado, diferente da divisão bicolor de 2006, quando o Sul e o Sudeste, na eleição presidencial, foram coloridos de azul e a outra banda do pais, de vermelho.
No campanha de Dilma e no Palácio do Planalto as oscilações são acompanhadas também com atenção. Ninguém esquece o que ocorreu na campanha da reeleição de Lula, em 2006 - as projeções, com base nas pesquisas, indicavam uma vitória de Lula, no primeiro turno, com uma diferença de praticamente 14 milhões de votos. Abertas as urnas, ela foi de cerca de 6,7 milhões de votos, mais ou menos a metade do que estava previsto. O presidente teve de disputar um segundo turno.
Ganhou fácil, assim como ganhou de José Serra na eleição de 2002. A rigor, a campanha de Dilma Rousseff avalia que a oscilação ocorre dentro da margem de erro, e que no segmento formado por eleitores que ganham até dois salários mínimos (o forte da candidata) não ocorreu mudança alguma. Todo o cuidado é para levar a campanha até domingo sem erros. O crescimento de Marina Silva é acompanhado, mas não é visto como um risco à vitória de Dilma Rousseff. Ela já poderia se considerar a primeira mulher presidente (ou presidenta, como diz a própria candidata) da República Federativa do Brasil.
Na realidade, até os próximos passos de Dilma, a partir do dia 3, já estão sendo planejados pelo comitê eleitoral da candidata. De saída, ela pretende descansar alguns dias. A reta final da campanha tem sido cansativa para a ex-ministra de Lula, como era visível no debate da Record, no domingo.
Descansada, a candidata deve participar do segundo turno das eleições nos Estados, para apoiar candidatos do PT e de partidos aliados que ainda estiverem na disputa. Uma lista a ser selecionada a dedo, depois de apurados os votos para governador.
Os petistas consideram que a transição de governo pode ser feita com mais calma, uma vez que se tratará da montagem de um governo de continuidade. Além disso, já existe um grupo trabalhando para a transição, independentemente de quem for o candidato vencedor no domingo. Ou seja, haveria mais tempo para Dilma pensar na escalação do ministério com menos atropelos do que o presidente Lula teve em 2002.
Na época, como se recorda, o PMDB chegou a ser convidado a participar do governo; ficou de fora à última hora. Hoje, o PMDB faz parte da chapa vencedora, tem o candidato a vice-presidente da República e terá peças importantes no próximo governo, se Dilma efetivamente for eleita. Talvez não tão importantes quanto imagina, porque antes mesmo de ganhar a eleição o PT já discute se os pemedebistas devem permanecer com os mesmos ministérios que detêm atualmente.
Raymundo Costa é repórter especial de Política, em Brasília. Escreve às terças-feiras

Constitucionalidade da Ficha Limpa

Constitucionalidade da Ficha Limpa
Dalmo Dallari *, Jornal do Brasil
O Supremo Tribunal Federal acaba de proferir julgamento de recurso que tinha como base a alegação de inconstitucionalidade da Lei da Ficha Limpa, questionando, inclusive, a constitucionalidade de sua aplicação às eleições deste ano. O Brasil inteiro pode acompanhar a sessão de julgamento, que foi transmitida pela televisão, verificando-se que o tema foi amplamente debatido pelos dez Ministros, que deram os fundamentos de suas convicções e, depois disso, proferiram os seus votos. No final, registrou-se que cinco membros do Tribunal votaram contra a alegação de inconstitucionalidade e cinco votaram a favor. Houve, portanto, em números absolutos, um empate na votação, o que tem levado à interpretação, juridicamente equivocada, de que o julgamento terminou num impasse, não tendo havido decisão.
 Na realidade, em termos jurídicos não ocorreu o impasse e houve, sim, uma decisão do Tribunal, rejeitando a alegação de inconstitucionalidade. Com efeito, nos termos expressos do artigo 97 da Constituição, para declarar a inconstitucionalidade de uma lei é necessária a manifestação favorável de, pelo menos, a maioria absoluta dos membros do Tribunal. Neste momento, o Supremo Tribunal tem dez membros, havendo uma vaga, resultante da aposentadoria do Ministro Eros Grau. Ora, para se atingir a maioria absoluta dos dez membros seriam necessários seis votos e somente cinco Ministros votaram acolhendo a alegação de inconstitucionalidade, o que significa que tal alegação foi rejeitada.
 Assinale-se, desde logo, que é juridicamente errada a interpretação segundo a qual o julgamento terminou num impasse, por ter havido empate na votação. De fato, todos os Ministros que atualmente compõem o Tribunal proferiram o seu voto e assim o julgamento foi concluído, não restando qualquer dúvida quanto à posição de cada Ministro e o resultado final da votação. A alegação de inconstitucionalidade da Lei da Ficha Limpa não foi acolhida por Ministros representando a maioria absoluta dos membros do Tribunal, o que significa que tal alegação foi rejeitada, concluindo-se desse modo a votação, sem que tenha havido impasse. Isso ocorreu com ampla publicidade e o Brasil inteiro conhece o resultado da votação.
 Terminada a votação cabia ao Presidente do Tribunal proclamar o resultado da votação, o que não foi feito, gerando a impressão de que o julgamento não estava concluído. De fato, colhidos os votos de todos os participantes do julgamento, que eram a totalidade dos atuais integrantes do Tribunal, só restava a proclamação formal do resultado da votação, que deveria ter sido feita pelo Presidente. Isso não foi feito, provavelmente porque, em vista das repercussões políticas e do grande interesse público, o Presidente preferiu redigir a proclamação com maior cuidado, mas, evidentemente, ele não poderá, na proclamação formal, alterar o resultado da votação, que foi pública e clara, rejeitando a alegação de inconstitucionalidade. Com esse resultado, os casos pendentes nos Tribunais questionando a constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa poderão, eventualmente, dar ensejo a novo julgamento pelo Supremo Tribunal, mas enquanto isso não ocorrer a lei está em pleno vigor, devendo ser aplicada sem qualquer restrição sempre que ocorrer uma das hipóteses de inelegibilidade previstas na Lei da Ficha Limpa.
* professor e jurista – Publicado em 27/09/2010

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