terça-feira, setembro 28, 2010
Segurança e eleições presidenciais
OPINIÃO
Segurança e eleições presidenciais
JORGE ANTONIO BARROS – O Globo - Publicada em 28/09/2010 às 18h09m
A taxa de homicídios no Brasil passou de 19,2 em 1992 para 25,4 em 2007, um crescimento de 32% em 15 anos. Desse total, cinco anos se passaram sob a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Até maio, o Brasil ocupava o 9º lugar no ranking mundial.
Não é novidade que a segurança pública tem sido um tema desprezado pelos partidos e seus candidatos à Presidência, segundo seus programas de governo, desde as eleições de 1989. A cada episódio violento de repercussão nacional, governos e candidatos abordam o tema, como se ele fosse novo, ou garantem que vão incluí-lo na agenda política. Passa o tempo e, mais uma vez, o assunto morre, exatamente como as 50 mil pessoas assassinadas por ano no país.
A segunda campanha de Fernando Henrique foi uma das primeiras a incluir o tema da segurança com mais destaque, mas a maioria dos planos ficou no papel. Assim ocorreu também no primeiro mandato do presidente Lula. Só em seu segundo governo, a segurança pública ganhou boa visibilidade, com o aumento da parceria entre a Secretaria Nacional de Segurança Pública, do Ministério da Justiça, e os governos estaduais e municipais.
A propaganda eleitoral gratuita se aproxima do fim sem que o tema da segurança tenha conquistado a visibilidade necessária para mobilizar a sociedade. Os três candidatos à Presidência à frente nas pesquisas afirmam que a segurança é prioridade. Mas pelo que propagam em seus sites não é bem assim. A segurança ainda é tratada com menos importância porque a grande maioria das vítimas de homicídios continua sendo pobre, preta e residente nas periferias das grandes cidades.
Marina Silva (PV) é a única que dá destaque ao tema logo na capa do site, mas seu projeto é tão amplo quanto o que diz a Constituição sobre o assunto. O site da candidata Dilma Rousseff (PT) apresenta apenas o item da segurança no link para o programa de governo, sem no entanto mostrar qual é sua proposta. Sabe-se que a mãe do PAC vai ser também a madrinha da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), sem levar em conta a realidade de cada estado.
O site oficial do candidato José Serra (PSDB) não permite que se conheça seu programa de governo, a menos que você informe seus dados, se cadastre, crie uma senha e dê seu número de celular.
Decidir pelo candidato presidencial apenas levando-se em conta o tema da segurança será, portanto, tarefa muito difícil para o eleitor.
JORGE ANTONIO BARROS é jornalista e autor do blog Repórter de Crime.
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