quinta-feira, julho 08, 2010

Amorim


O clube dos ricos tem porta – e bem fechada

O clube dos ricos tem porta – e bem fechada
Paulo Rabello de Castro
A reunião do G20 no fim de junho, no Canadá, aponta para uma virada no jogo dos países ricos contra a crise financeira – um problema que não partilhamos. Essa virada abala as pretensões de Brasil, Índia e China de assumir um maior papel político global. O governo brasileiro havia vaticinado, no ano passado, a morte do G8 (o clube que reúne só os países mais ricos e a Rússia) e sua substituição pelo G20 (que inclui os grandes países em desenvolvimento). Não é bem isso que vemos.
O recado político dos ricos, disfarçado de documento técnico, veio do Banco Mundial. No seu último relatório bienal, publicado às vésperas da Cúpula de Toronto, o banco soltou uma estimativa de quanto se beneficiariam os países emergentes, até 2014, em virtude da possível adoção, pelo G8, de uma política de segurar gastos públicos e controlar seu enorme déficit fiscal. Essa é a conclusão de conto de fadas para o futuro distante. Para já, o recado é o oposto: o banco mostra que a chamada “consolidação fiscal”, novo nome bonito para a proposta em vigor de apertar os cintos no mundo rico, vai podar o ritmo da recuperação nas outras economias, inclusive o Brasil.
O que representaria essa mudança de vento lá fora para a nossa vida aqui e a conjuntura de lua de mel que temos vivido, com mais emprego, mais negócios e valorização de imóveis? A resposta é que, provavelmente, iremos na direção oposta à que sonhamos. Tudo leva a crer que a política da gastança fiscal generalizada, adotada pelo mundo como remédio de emergência contra os efeitos paralisantes da economia global em 2009, está com seus dias contados. Para adoçar a notícia, o Banco Mundial lembra no relatório que “é preferível ter uma consolidação (fiscal) rápida, mesmo com um impacto de curto prazo para as exportações dos países em desenvolvimento, se isso trouxer as taxas de juros de longo prazo para baixo e melhorar o clima dos investimentos nas economias emergentes”.
Essa tentativa de conclusão otimista é de Andrew Burns, chefe do setor de previsões macroeconômicas do Banco Mundial. Ele não nos revela um lado importante do recado dos mais ricos para os mais pobres. É que o tal impacto negativo sobre exportações, de curto prazo, envolveria uma repartição nada equitativa de sacrifícios. Como? No preço das matérias-primas exportadas por alguns dos emergentes, principalmente o Brasil. Temos de ficar muito atentos a esse novo movimento que, afinal, não controlamos.
Os EUA e a Europa querem comprar menos do Brasil. E não precisam nos consultar para decidir isso
Desde 2004, tem sido praticamente ininterrupta a subida de preços dos produtos minerais e agropecuários exportados pelo Brasil. A jornada política estelar do presidente Lula pode ser, em boa parte, creditada a essa imensa sorte histórica que nos ajudou a pagar as contas que andavam, havia duas décadas, penduradas nos bancos internacionais e no FMI. A crise financeira de 2008, apesar de sua virulência, em nada afetou a bolha de preços dessas matérias-primas brasileiras de exportação. Até agora. A mensagem dos ricos é que essa bolha pode estourar com o aperto de cintos que eles farão nos próximos três anos. Na média, os países emergentes podem até ganhar, mais adiante, com a austeridade fiscal global. Mas o peso do ajuste será transferido, antes disso, para quem é produtor de mercadorias básicas. A Austrália e o Canadá seriam pagantes ricos. Nós pagaríamos com o fim da nossa efervescência especulativa doméstica. A China, mais uma vez, ficaria bem, mesmo reduzindo o ritmo de suas vendas para os Estados Unidos e a Europa, por contar com a baixa de preços de insumos brasileiros para ajustar as margens de lucro de sua exportação industrial.
O Brasil, em geral desatento a sutilezas da política mundial, deveria colocar suas barbas de molho na euforia de previsões sobre seu ingresso no mundo dos ricos. O G8 pode passar a perna no G20 e, pior, chamando para o baile só alguns amigos e nos deixando do lado de fora, na chuva, como já aconteceu tantas vezes no passado. Esperto como é, Lula nem compareceu a Toronto para ouvir o recado que não queria. Mandou Mantega.
PAULO RABELLO DE CASTRO
é doutor em economia e palestrante, conselheiro de empresas, autor de livros como A grande bolha de Wall Street. Mantém o Blog da Bolha (blogdabolha.com.br) e escreve quinzenalmente em ÉPOCA

EUA e Israel firmam acordo nuclear, diz rádio israelense

EUA e Israel firmam acordo nuclear, diz rádio israelense

A Rádio do Exército de Israel informou nesta quarta-feira o país enviou documentos secretos aos Estados Unidos confirmando um acordo de cooperação nuclear entre as duas nações, divulga o jornal israelense Haaretz.
A rádio informou que, pelo acordo, os EUA se comprometem a vender a Israel materiais usados para produzir energia, assim como tecnologia nuclear e outros suprimentos. De acordo com o Haaretz, o pacto foi firmado apesar do fato de Israel não ser um país-signatário do Tratado de Não-Proliferação Nuclear.
Segundo o jornal, outros países se recusaram a cooperar com Israel no passado pelo fato do país não ser signatário do Tratado de Não-Proliferação Nuclear e existiria uma crescente pressão internacional para que o governo israelense seja mais transparente em relação ao seu arsenal nuclear.
Um especialista em diplomacia ouvido pela rádio afirmou que o acordo coloca Israel na mesma situação que a Índia, que também não assinou o tratado e possui armas nucleares, que assinou em 2008 um acordo com os EUA para importar material nuclear civil.
Em encontro realizado na Casa Branca na terça-feira, o presidente americano, Barack Obama, e o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, discutiram o desafio global da proliferação nuclear e necessidade de fortalecer o sistema de não-proliferação.

King Penguins


Fotografia por David Schultz    Notavelmente colorida, um pingüim rei adulto se destaca em um mar de garotas na Ilha South Georgia.

Obama venceu Wall Street?

Obama venceu Wall Street?
Os Estados Unidos chegam a um acordo para sua reforma financeira. O Brasil deve se beneficiar – mas isso não significa que a mudança lá será boa
Marcos Coronato - Época

Quem é o culpado? A pergunta foi feita no mundo inteiro, após a crise econômica de 2008. Uma resposta fácil tem sido “a ganância dos grandes bancos”. Infelizmente, ela não ajuda a evitar que novas crises ocorram. Houve diferentes graus de culpa, por ação e omissão, entre autoridades, especuladores, inclusive cidadãos da classe média, e, bem, a ganância dos bancos. Dessa combinação surgiu uma febre de empréstimos imobiliários a quem não podia ou não pretendia pagar e investimentos com muitas promessas, mas pouca transparência. Diante de tão grande lambança, pareceu necessário ao governo do presidente Barack Obama mudar profundamente as regras de empréstimos e investimentos nos Estados Unidos, na tentativa de deixá-los mais seguros. Seria uma grande reforma – tão grande que, em diversos momentos no último ano e meio, pareceu impossível de realizar. Graças a um grande acordo que deve ser aprovado neste mês, ela está perto de se tornar realidade. Ainda não trata de tudo que deveria, mas, se for aprovada e implementada, terá efeitos no mundo todo, incluindo o Brasil.
O governo Obama tentou aumentar ao máximo o poder de regulação e fiscalização do Estado sobre o mercado, com uma tese: a crise teria nascido da falta de leis e regras adequadas, e criá-las ajudaria a evitar crises futuras. “O intuito fundamental era reduzir a especulação”, diz José Roberto Savoia, professor de finanças da Fundação Instituto de Administração (FIA). Com o apoio da oposição, os bancos reagiram, a fim de preservar sua liberdade e seus lucros, com a tese oposta: a crise teria nascido da omissão do governo em aplicar as regras existentes, já boas o bastante, e tentar prever problemas futuros seria um esforço inútil e caro para a sociedade. No meio dessas duas forças, o Congresso americano mergulhou em 18 meses de debates. Ao longo do processo, morreram dois legisladores que defendiam mudanças mais radicais, os senadores Teddy Kennedy, irmão mais novo do presidente John Kennedy (em agosto de 2009), e Robert Byrd (no fim de junho, o que ajudou a atrasar a votação do tema em alguns dias). Os governistas abandonaram uma ideia de cobrar US$ 19 bilhões dos bancos como um imposto para crises futuras e prometeram apressar o encerramento do programa de ajuda pública a empresas com problemas. Assim, conseguiram um acordo.
As regras no Brasil são boas, mas têm de melhorar.  O país precisa de mais crédito, com segurança
O resultado se parece com uma pequena enciclopédia do setor financeiro americano, com 2.319 páginas. O texto é mais brando que o inicialmente planejado pelo governo Obama, mas ainda é atacado como estatista demais por parte da oposição. Os bancos, politicamente, evitam fazer críticas diretas. O texto tem pelo menos três grandes grupos de propostas: 1) ele cria novos departamentos no governo para avaliar os riscos de operações para o mercado e dentro das instituições financeiras. Além disso, dá mais poder às autoridades para intervir nas companhias e obrigá-las a se dividir em empresas menores e vender parte de seus negócios, a fim de reduzir riscos; 2) ele limita o investimento de dinheiro próprio dos bancos em alternativas arriscadas, como fundos de participação em empreendimentos e instrumentos que possam ser usados tanto para o “bem” (proteção financeira contra eventos adversos futuros) quanto para o “mal” (aposta pura e simples). Entram aí fundos de hedge, derivativos e swaps, três dos instrumentos financeiros mais complicados; 3) ele cria uma comissão de proteção aos consumidores de serviços financeiros, exige que recebam mais informação e sejam mais seriamente avaliados antes de receber crédito imobiliário.
Desde 1980, os serviços financeiros nos EUA quase dobraram sua participação no PIB, mas recuaram do papel de financiar empresas e empregos. Se a mudança der certo, vai canalizar novamente a força do setor financeiro para estimular o crescimento, com menos sustos. Se der errado, vai inibir a economia, sem evitar crises futuras. Antes de mostrar efeitos no longo prazo, porém, a reforma tem beneficiários imediatos. Um é Obama, que prova ser capaz de fazer reformas difíceis. Ele já havia vencido obstáculo semelhante em março, ao mudar o sistema de saúde. O outro beneficiário é o Brasil. As amarras do setor financeiro americano talvez façam mal à economia de lá, mas reduzem os riscos no mundo desenvolvido, o que tende a diminuir também os solavancos que sofremos com o mercado externo.
Por fim, a reforma americana envia ao Brasil um lembrete: nossas regras bancárias funcionaram bem na crise, mas precisam continuar melhorando. É preciso, por exemplo, aumentar o papel do Poder Judiciário e o uso da Lei de Falências no fechamento de bancos, afirma Aloísio Araújo, professor da Fundação Getulio Vargas e do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada. Expandir a oferta de crédito com segurança tem de ser outra meta. “O objetivo final é que os bancos emprestem de maneira eficiente”, diz o consultor Roberto Troster. 
FOTO: BOM DE BRIGA
Obama, após discursar sobre a reforma financeira. Depois de mudar o sistema de saúde, ele caminha para mudar os bancos

Paciente que teve útero perfurado em parto será indenizada em R$ 18 mil por hospital

NEGLIGÊNCIA NO ATENDIMENTO
Paciente que teve útero perfurado em parto será indenizada em R$ 18 mil por hospital
Da Redação - 07/07/2010 - 18h17 - Última Instãncia
A 3ª Câmara Cível do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) condenou a Associação Pro Matre a pagar indenização de R$ 18 mil, por danos morais, a paciente Simone Soares, que teve o útero perfurado durante o parto de sua filha, em março de 2007.
De acordo com informações do TJ, Simone relatou que foi internada no hospital no dia 14 de março de 2007, em trabalho de parto, onde deu à luz uma menina. Dois dias depois ela teve alta, porém começou a sentir os pés inchados, dor de cabeça e febre, sintomas que não cessavam apesar de estar devidamente medicada.
Com isso, a paciente decidiu retornar à Pro Matre após alguns dias, onde foi submetida a um novo procedimento. Conforme consta no processo, a perfuração só foi descoberta pela equipe médica do hospital nessa intervenção cirúrgica, realizada para a retirada de restos de placenta deixados no interior de seu corpo durante o parto.
No entendimento da desembargadora Helena Lisboa Gaede, relatora da ação, a ficha de atendimento médico e exames comprovam a ocorrência do dano e negligência no atendimento. “A autora [da ação] foi submetida à curetagem uterina por indicação médica e foi verificada a perfuração uterina, com diagnósticos de restos ovulares”, permanecendo internada por mais um mês depois da data do parto.
“Verifica-se nos autos que os prepostos do réu [hospital] não perceberam restos placentários no interior da autora, tendo em vista a concessão de alta prematura. Assim, a parte autora teve que se submeter a intervenção cirúrgica, com nova internação, voltando a ter alta somente sete dias após o procedimento inicial, provando, dentro de suas possibilidades, o fato constitutivo do direito”, explicou a desembargadora no acórdão.

Amarildo

O Bullying começa em casa

O Bullying começa em casa
No livro "Bullying - mentes perigosas nas escolas" (Rio de Janeiro: Editora Fontanar, 2010), a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva analisa o perfil dos bullies, ou seja, dos agressores que cometem Bullying. Na entrevista a seguir, concedida, por e-mail, à IHU On-Line, ela revê o início dos estudos acerca desse problema crescente no mundo todo e lembra que o marco se deu em 1982, quando “o norte da Noruega foi palco de um acontecimento dramático, onde três crianças com idade entre 10 e 14 anos se suicidaram por terem sofrido maus-tratos pelos seus colegas de escola”.
A médica explica que não é apenas no ambiente escolar que o agressor pode ser reconhecido. “No ambiente doméstico, mantém atitudes desafiadoras e agressivas com relação aos familiares. São arrogantes no agir, falar e se vestir, demonstrando superioridade. Manipulam pessoas para se safar das confusões em que se envolveram”, indica.
Ana Beatriz Barbosa Silva é médica com pós-graduação em Psiquiatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e com especialização em Medicina do Comportamento pela Universidade de Chicago (EUA). É professora nas Faculdades Metropolitanas Unidas (UniFMU) e membro da Academia de Ciências de Nova York.
Confira a entrevista.
IHU On-Line – Quando se começou a estudar o Bullying? Ana Beatriz Barbosa Silva O Bullying escolar ocorre desde que existe a instituição de ensino. Porém, a partir das décadas de 1970 e 1980, passou a ser objeto de estudos científicos nos países escandinavos, em função da violência existente entre estudantes e suas consequências no âmbito escolar. No final de 1982, o norte da Noruega foi palco de um acontecimento dramático, onde três crianças com idade entre 10 e 14 anos se suicidaram por terem sofrido maus-tratos pelos seus colegas de escola. Nesta época, Dan Olweus [1], pesquisador norueguês, iniciou um grande estudo, envolvendo alunos de vários níveis escolares, pais e professores.
IHU On-Line – Se o Bullying é algo que acontece há muito tempo, por que só agora tomou as dimensões que tem hoje? Ana Beatriz Barbosa Silva O individualismo, cultura dos tempos modernos, propiciou essa prática, onde o ter é muito mais valorizado que o ser, com distorções absurdas de valores éticos. Vivemos em tempos velozes, com grandes mudanças em todas as esferas sociais. Nesse contexto, a educação tanto no lar quanto na escola se tornou rapidamente ultrapassada, confusa, sem parâmetros ou limites. Os pais passaram a ser permissivos em excesso, e os filhos cada vez mais exigentes, egocêntricos. As crianças tendem a se comportar em sociedade de acordo com os modelos domésticos. Muitos deles não se preocupam com as regras sociais, não refletem sobre a necessidade delas no convívio coletivo e sequer se preocupam com as consequências dos seus atos transgressores. A instituição escolar é corresponsável nos casos de Bullying, pois é nela que os comportamentos agressivos e transgressores se evidenciam ou se agravam na maioria das vezes.
É ali que os alunos deveriam aprender a conviver em grupo, respeitar as diferenças, entender o verdadeiro sentido da tolerância em seus relacionamentos interpessoais, que os norteiam para uma vida ética e responsável. Infelizmente, a instituição escolar é o cenário principal dessa tragédia endêmica que, por omissão ou conivência, facilita a sua disseminação.
IHU On-Line – Qual é o perfil das “mentes perigosas” que existem nas escolas? Ana Beatriz Barbosa Silva Na escola, os agressores (ou bullies) fazem brincadeiras de mau gosto, gozações, colocam apelidos pejorativos, difamam, ameaçam, constrangem e menosprezam alguns alunos. Perturbam e intimidam, por meio de violência física ou psicológica. Furtam ou roubam dinheiro, lanches e pertences de outros estudantes. Costumam ser populares na escola e estão sempre enturmados. Divertem-se à custa do sofrimento alheio. Já no ambiente doméstico, mantém atitudes desafiadoras e agressivas com relação aos familiares. São arrogantes no agir, falar e se vestir, demonstrando superioridade. Manipulam pessoas para se safar das confusões em que se envolveram. Costumam voltar da escola com objetos ou dinheiro que não possuíam. Muitos agressores mentem, de forma convincente, e negam as reclamações da escola, dos irmãos ou dos empregados domésticos.
IHU On-Line - E geralmente qual é o perfil das vítimas? Ana Beatriz Barbosa Silva As vítimas típicas são os alunos que apresentam pouca habilidade de socialização. Em geral são tímidas ou reservadas, e não conseguem reagir aos comportamentos provocadores e agressivos dirigidos contra elas. Normalmente, são mais frágeis fisicamente ou apresentam algo que as destaca da maioria dos alunos: são gordinhas ou magras demais, altas ou baixas demais; usam óculos; são “caxias”, deficientes físicos; apresentam sardas ou manchas na pele, orelhas ou nariz um pouco mais destacados; usam roupas fora de moda; são de raça, credo, condição socioeconômica ou orientação sexual diferentes... Enfim, qualquer coisa que fuja ao padrão imposto por um determinado grupo pode deflagrar o processo de escolha da vítima do Bullying. Os motivos (sempre injustificáveis) são os mais banais possíveis. Normalmente, essas crianças ou adolescentes “estampam” facilmente as suas inseguranças na forma de extrema sensibilidade, passividade, submissão, falta de coordenação motora, baixa autoestima, ansiedade excessiva, dificuldades de se expressar. Por apresentarem dificuldades significativas de se impor ao grupo, tanto física quanto verbalmente, tornam-se alvos fáceis e comuns dos ofensores.
IHU On-Line - Você afirma que as escolas públicas sabem lidar melhor com o Bullying do que as instituições particulares. Por quê? Ana Beatriz Barbosa Silva Na verdade, o Bullying existe em todas as escolas, o grande diferencial entre elas é a postura que cada uma tomará frente aos casos de agressão. Por incrível que pareça, os estudos apontam para uma postura mais efetiva contra o Bullying entre as escolas públicas, que já contam com uma orientação mais padronizada perante os casos (acionamento dos Conselhos Tutelares, Secretaria de Educação etc.). Já nas escolas particulares, os casos tendem a ser abafados, uma vez que eles podem representar um “aspecto negativo” na boa imagem da instituição privada de ensino.
IHU On-Line - O que move uma criança a cometer Bullying? Ana Beatriz Barbosa Silva Primeiramente, precisamos identificar que tipo de agressor ele é, uma vez que existem causas diferenciadas. A maioria se comporta assim por nítida falta de limites em seus processos de educação. Por ausência de um modelo educacional que associe autorrealização pessoal com atitudes socialmente produtivas e solidárias. Este modelo faz com que os jovens busquem atitudes egoístas e maldosas, já que isso lhes confere poder e status. O agressor pode estar vivenciando momentos de dificuldades circunstanciais, como doenças na família, separação dos pais ou até mesmo por estar sofrendo Bullying também. Nesses casos, a violência praticada pelo jovem trata-se de um fato novo em seu modo de agir e de se relacionar com as pessoas que, geralmente, é passageiro. Uma minoria se comporta assim por apresentar a transgressão pessoal como base estrutural de sua personalidade. Neste caso, falta-lhe o sentimento essencial para o exercício do altruísmo: a empatia. Trata-se de jovens que apresentam transtorno da conduta e são perversos por natureza. Eles apresentam desde muito cedo tendências psicopáticas, e se divertem com o sofrimento do outro.
IHU On-Line - O problema do Bullying começa em casa? Ana Beatriz Barbosa Silva Sim, sem dúvida. Para que os filhos possam ser mais empáticos e agir com respeito ao próximo, é necessário primeiro rever o que ocorre dentro de casa. Os pais, muitas vezes, não questionam suas próprias condutas e valores, eximindo-se da responsabilidade de educadores. O exemplo dentro de casa é fundamental. O ensinamento de ética, solidariedade e altruísmo inicia ainda no berço e se estende para o âmbito escolar, onde as crianças e adolescentes passarão grande parte do seu tempo.
IHU On-Line - O "mundo virtual" é uma ferramenta do Bullying? Ana Beatriz Barbosa Silva O ciberbullying ou Bullying virtual é uma das formas mais agressivas de Bullying. Os ataques ocorrem através de ferramentas tecnológicas como celulares, filmadoras, máquinas fotográficas, Internet e seus recursos (e-mails, sites de relacionamentos, vídeos). Além da propagação das difamações serem praticamente instantâneas, o efeito multiplicador do sofrimento das vítimas é imensurável. O ciberbullying extrapola, em muito, os muros das escolas, e expõe a vítima ao escárnio público. Os praticantes dessa modalidade de perversidade também se valem do anonimato e, sem qualquer constrangimento, atingem a vítima da forma mais vil possível.
Notas:
[1] Dan Olweus é considerado o pioneiro em pesquisas sobre Bullying no mundo. Criou o Olweus Bullying Prevention Program, um programa de prevenção ao Bullying que é referência mundial.
Fonte: Unisinos

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