segunda-feira, maio 17, 2010

Reading, waiting for the rain.





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Carro danificado na garagem do prédio: quem se responsabiliza?

Carro danificado na garagem do prédio: quem se responsabiliza?
DULCE ROSELL - 17/05/2010

Se o seu carro foi danificado e as regras condominiais não preveem ressarcimento de danos causados a bens dos moradores, a despesa será sua.
Riscos na pintura, arrombamentos, roubo de estepes e aparelhos de som, pneus furados e cortados, carroceria amassada. Essas são apenas algumas das inúmeras reclamações recebidas pelo Sr. José Limeira, síndico de um prédio na zona oeste de São Paulo. Em um ano, ele recebeu cerca de dez queixas a respeito de danos em automóveis de condôminos, que, segundo os próprios, ocorreram na garagem do edifício.
A história do Sr. Limeira é mais comum do que se imagina. A relações públicas Daniella Corsi passou um sufoco por causa do seu carro em 2009. Um dia, ao sair para trabalhar, percebeu um risco branco em seu carro preto. No entanto, como não havia câmeras ou um vigia na garagem, o síndico não pôde fazer nada. "Gastei mais de R$ 200 reais com funilaria e pintura", conta. Depois disso, em assembleia, os moradores decidiram colocar câmeras para flagrar situações como essas.
Legislação
Até 2002, a Lei 6.491/64 era a única responsável por regular os direitos básicos dos condôminos, além da relação entre os vizinhos e a utilização de cada unidade autônoma do condomínio. "Entretanto, a lei apresentava somente linhas gerais com relação ao funcionamento do condomínio como um todo", conta a Emanuela Veneri, advogada especializada em mercado imobiliário.
A partir de janeiro de 2003, com a vigência do Novo Código Civil, alguns capítulos foram destinados a cuidar dos assuntos específicos de um condomínio. E o que diz a lei a respeito dos danos a automóveis?
Segundo o Daphnis Citti de Lauro, advogado especialista em imóveis e autor do livro "Condomínio: Conheça Seus Problemas", com a nova lei e segundo a jurisprudência estadual e federal, cada convenção condominial deve especificar em seu regulamento se o condomínio deve arcar ou não com avarias a bens de moradores, como um veículo. "Se a assembleia deixar claro que não se responsabiliza por tais danos, ela se isenta. Ou seja, se o seu carro foi danificado e as regras condominiais não preveem o seu caso, a despesa será sua", diz.
Segundo o Secovi-SP (Sindicato da Habitação de São Paulo), existem cerca de 40 mil condomínios no Estado de São Paulo. Desses, cerca 90% especificam em suas convenções a não obrigação pela cobertura de despesas com danos a automóveis, de acordo com dados do Sinconedi (Sindicato dos Condomínios e Edifícios, Residenciais, Comerciais, Mistos, Horizontais e Verticais do Município de São Paulo e Região).
Segurança
Fábio Kurbhi, vice-presidente da Aabic (Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo) explica que sem provas ou testemunhas fica difícil acusar e ser ressarcido por qualquer tipo de deterioração a um bem.
“Faz-se importante a vigilância das garagens por câmeras de segurança. Aliás, estas exercem papel importante na hora de provar, assim como testemunhas se demonstrar que a avaria, dano ou furto foram, de fato, na área comum do condomínio”, diz Kurbhi.
Segundo os especialistas, se um segurança for contratado para vigiar a garagem e um morador sofrer algum tipo de prejuízo em seu automóvel ali, a lei prevê que o condomínio deve arcar com a reparação. "É um ato de vandalismo", afirma Kurbhi. Ele explica que, se existe autor do crime e você paga pela segurança do prédio contratando um vigilante, ou até mesmo um manobrista, o assunto deve ser debatido dentro do condomínio, em assembleia.
Alguns conjuntos têm uma administradora por trás que organiza e cuida dos interesses dos condôminos. A gerente de marketing da Lello Condomínios Angélica Arbex afirma que o papel da empresa é o de promover o entendimento. “Não pode haver interferência direta em questões pontuais entre os condôminos que não as de ordem de orientação". O advogado Daphnis de Lauro concorda com a gerente. "A administradora não pode resolver esse assunto. A pessoa lesada pode entrar com ação contra a outra pessoa que causou o dano se houver como provar, mas a administradora não pode responsabilizar pelo assunto", diz.

Tirinhas - Segundas intenções...



Video Oficial da Copa do Mundo 2010 Waka waka Shakira feat_ Freshlyground -( OFFICIAL )

A senha

Painel  A senha
RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Mais do que qualquer outra, a expressão "abuso dos meios de comunicação", usada pelo ministro Marco Aurélio Mello no julgamento que multou o PT e Dilma Rousseff por realização de campanha eleitoral antecipada no programa partidário de dezembro, deixou aliados e adversários de orelha em pé. Para tal infração, a pena prevista na lei é clara: cassação do registro da candidatura. Ninguém espera que o TSE chegue a tanto, mas o comando petista sabe que se expôs ao risco com o programa de quinta passada, explicitamente dedicado à promoção da candidatura de Dilma pela voz de Lula. A oposição tenta calcular agora até onde poderá esticar a corda nos programas do DEM e do PSDB, que servirão de veículo para José Serra.

NANI


Esculturas Michelangelo

FLORBELA ESPANCA


Amar!

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui...além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente
Amar!Amar!E não amar ninguém!

Recordar?Esquecer?Indiferente!...
Prender ou desprender?É mal?É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei de ser pó,cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar...
Florbela Espanca

Esta imagem é de Poovar Beach no sul da Índia . Ao amanhecer os pescadores saem e largar as suas redes, e por volta das 07:00 começam a puxá-los. Existem de 30 a 50 homens trabalhando no presente e as capturas são distribuídos entre eles.

Fotografia por Basu Shubhankar

Uma pequena vitória

Uma pequena vitória
Quase 2 milhões de brasileiros exigiram, e os deputados não puderam ignorar: aprovaram o Ficha Limpa. Cabe agora ao Senado confirmar que ainda há esperança para o Congresso

Fotos Sérgio Lima/Folhapress e Cid Barbosa/Diário do Nordeste

Foi preciso uma lista popular com 1,6 milhão de assinaturas para os senhores da foto acima finalmente levantarem efusivamente os braços em comemoração a algo que favorece os brasileiros. Na terça-feira da semana passada, os deputados aprovaram o projeto conhecido como Ficha Limpa, que estabelece regras mais rígidas para os candidatos em busca de um cargo eletivo (veja o quadro na pág. ao lado). Encaminhou-se de imediato a proposta ao Senado. "Não é um projeto prioritário para o governo", afirmou de pronto o senador Romero Jucá, freguês do Supremo Tribunal Federal, querendo dizer, na verdade, que, como líder da bancada dos não muito limpos, fará de tudo para impedir a aprovação da proposta. Apesar do tufão de sujeiras, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado votará o projeto nesta quarta-feira. Para virar lei, o Ficha Limpa ainda terá de sobreviver aos previsíveis ataques no plenário da Casa – e, por fim, ser sancionado pelo presidente Lula, que, embora adore um companheiro sujinho, se disse favorável à proposta. Espera-se que as novas regras possam valer já nestas eleições, mas há ministros do Supremo que defendem sua validade apenas para o pleito de 2012. Sabe-se somente que a dúvida chegará aos tribunais superiores. Em face dos limites do projeto e de tantas dificuldades que ele ainda vai enfrentar, resta a pergunta: há de fato o que comemorar?
Sim, há motivos para celebrar. Pela primeira vez desde 1988, numa demonstração eloquente da consolidação dos valores democráticos no Brasil, a população mobilizou-se para forçar seus representantes a tomar uma atitude contra a corrupção endêmica do país. É o primeiro passo num caminho que, a depender da sociedade civil, levará à reforma do pútrido sistema político brasileiro. Diz o presidente da OAB, Ophir Cavalcante: "A população percebeu que tem força para demandar mudanças inadiáveis na nossa política". Não se pode esperar, porém, que o Ficha Limpa venha a curar males que vicejam há décadas no país – e que se sustentam na absoluta incapacidade do país em punir com eficiência quem comete crimes.
As benesses das possíveis novas normas podem vir a se revelar na punição eleitoral de delinquentes políticos, mas param por aí. Não conseguirão ferir o coração da impunidade, que pulsa nas brechas permissivas das leis brasileiras e, especialmente, na mentalidade conservadora de quem aplica essas leis. As brechas, todo transgressor conhece: recursos, recursos, recursos... Trata-se de medidas legítimas no papel, mas que acabam por se materializar em intermináveis chicanas, conduzindo os processos à prescrição e os criminosos à boa vida. Num país onde cerca de 20% dos parlamentares enfrentam processos no Supremo Tribunal Federal, sobram exemplos disso, como o deputado Paulo Maluf. O parlamentar já foi até preso, mas continua exercendo tranquilamente a nobre arte da política. Há outros tantos como ele.
Desde a redemocratização, o STF nunca havia condenado um congressista – até que, na quinta-feira da semana passada, os ministros concordaram que o deputado Zé Gerardo, do PMDB do Ceará, deveria ser punido por ter desviado dinheiro público quando era prefeito. Diante do histórico da corte, a decisão constitui um modesto avanço. Modesto por modesta ser a pena: o deputado terá de pagar multa de apenas 25000 reais. Uma condenação, observa-se, que comunga da mesma tibieza das decisões recentes do Tribunal Superior Eleitoral sobre os atos de campanha antecipada do PT, nas quais os ministros estabeleceram multas de 10 000 ou 20 000 reais (veja a reportagem na pág. 72). São valores minúsculos para os bolsos que se pretende atingir. Cabe ao juiz determinar um montante para a pena em dinheiro – e, nessas condições, percebe-se que os magistrados costumam vacilar. Diz o jurista Roberto Caldas: "Se a punição não machuca o bolso, como acontece nos Estados Unidos, a condenação perde o sentido, a eficácia e, por fim, não se faz justiça. Faz-se impunidade".

ESCOLAS VIOLENTAS

ESCOLAS VIOLENTAS
EDITORIAL - JORNAL DO COMMERCIO (PE) - 17/5/2010
Uma epidemia de violência parece dominar o ambiente escolar brasileiro. As notícias vêm de todos os Estados. Em Porto Alegre (RS), um vereador sugere que sejam colocadas urnas dentro das escolas, onde os estudantes possam fazer queixas e buscar proteção às ameaças. Em Jundiaí (SP), nove casos envolvendo brigas de estudantes foram parar nas delegacias em apenas um mês. Entre eles, o de um homem que foi espancado por tentar evitar a agressão de um estudante pelos colegas. Em São José do Rio Preto, também em São Paulo, as brigas constantes em um colégio resultaram no acerto de contas no meio da rua - por quatro meninas, das quais três terminaram detidas por desacato e resistência à prisão. E em Bauru, a mãe de uma garota de 12 anos sofreu ameaças depois que denunciou a agressão contra a filha. A secretaria de educação do Estado de SP acaba de criar a função de "professores mediadores", para tentar solucionar os conflitos que infestam as unidades de ensino. Mil professores serão destacados para a tarefa, que promete ser árdua. 
No Rio de Janeiro, a mãe de um adolescente de 12 anos, matriculado na rede pública municipal, foi autuada por injúria e desacato, após discutir com a diretora da unidade escolar. Motivo: o filho estava atirando pedras nas vidraças da escola. O caso foi bater na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e no Ministério Público. Na cidade de Londrina (PR), um juiz da infância e da juventude proibiu a comercialização, no município, das controversas "pulseiras da amizade" ou "pulseiras do sexo", em que as cores sugerem graus de permissão para interação sexual. A proibição foi tomada depois que uma adolescente de 13 anos foi estuprada por quatro rapazes - apenas um tem 18 anos. As pulseirinhas coloridas já foram objeto de polêmica quando chegaram ao Brasil, rapidamente se tornando moda e mote de problema nos colégios. 
No Recife, os desentendimentos intramuros também têm ganhado as ruas e as delegacias. Em dezembro, um adolescente de 14 anos foi vítima de trombose após ser espancado por dois colegas de uma escola particular no bairro de Afogados - em plena sala de aula. Este mês, por motivo nada edificante, a Escola Vidal de Negreiros foi parar nas manchetes do País, ao abrigar triste ocorrência: a agressão de uma menina de 15 anos, que teve o rosto marcado com estiletes e compassos, por colegas da escola, também vizinhas dela. Durante a agressão, outra aluna foi ferida na cabeça por uma carteira, que atravessou a sala para impedir a tentativa de socorro contra o ato coletivo e covarde. Quatro das agressoras serão transferidas para outro colégio, e duas permanecem, sob a condição de serem acompanhadas pelos pais e pelo Conselho Tutelar. 
Pesquisa de âmbito nacional divulgada em abril mostrou que 70% dos alunos das redes pública e privada de 5ª a 8ª séries já presenciaram agressões nas escolas. É inegável que o alastramento da violência em um meio que deveria estar imune a esse tipo de situação, afeta o desenvolvimento escolar e pessoal de crianças e adolescentes. Os episódios que se repetem ultrapassam a fronteira do constrangimento e da humilhação associados ao "bullying", descambando para a pura violência. Está na hora de governantes, políticos, pais, professores e burocratas de todos os escalões lutarem contra a passividade, e se unirem pela aplicação de medidas concretas de prevenção e punição para estancar o evidente crescimento do fenômeno das escolas violentas. Falta respeito básico aos mais velhos, e sobra condescendência com a agressão verbal que se manifesta, em seguida, como agressão física.
Por outro lado, a Gerência da Polícia da Criança e do Adolescente (GPCA) deve ser munida das melhores condições possíveis de cumprimento de seu trabalho, com o objetivo de agir de acordo com as expectativas da sociedade. Se a agressividade impera no cotidiano do lado de fora, é necessária a integração de políticas sociais e educacionais, para evitar que a sala de aula se transforme de vez na continuidade melancólica da degradação social, ao invés de se impor como solução a ela. 

Tirinhas - O macaco está certo?


Katia Guerreiro - Segredos

Ora, pois

Ora, pois
Manoel Carlos
Ó mar salgado, quanto do teu sal
são lágrimas de Portugal!

De Portugal sinto saudade até de lugares onde nunca estive e de pessoas que não conheci. Tenho pelo país, sua história e cultura, um grande amor, sentindo-me mesmo, muitas vezes, dividido na minha nacionalidade original. Tanto é assim que fiz questão de me tornar cidadão português como segunda opção. Hoje tenho cartão de identidade e passaporte de além-mar. Sou um luso-brasileiro com muita honra, e é esse o sangue que me corre nas veias, por parte dos meus avós paternos.

O trabalho para conseguir todos os documentos que me possibilitaram essa segunda cidadania coube à minha mulher, que fez duas viagens a Portugal exclusivamente para esse fim. Mas ela não se queixou, não. Voltar à boa terra e depois estender essa viagem a outros países europeus é sempre um deleite, principalmente para a Bety, que se sente em casa quando entra num Boeing. Costumo dizer que ela é como retirante, que dorme com a mala debaixo da cama, sempre pronto para os eventuais e ao mesmo tempo corriqueiros deslocamentos.
Uma das minhas maiores admirações pelos portugueses é o laço estreitíssimo que eles criam com a cultura e a história — em tudo o que fazem. Não abrem mão do que herdaram e sentem muito orgulho do rico passado de navegadores.
E ao imenso e possível oceano
ensinam estas Quinas, que aqui vês,
que o mar com fim será grego ou romano.
O mar sem fim é português.
E a ligação com a cultura aparece em tudo. Vejam um exemplo: tenho o passaporte português nas mãos. O que ilustra esse documento oficial, o mais importante de que um país dispõe, são desenhos que retratam dois ilustres patrícios: Camões e Fernando Pessoa. Fico pensando como seria gratificante para nós, brasileiros, termos em nosso passaporte ilustrações que mostrassem a efígie de Machado de Assis, por exemplo. Mas não temos essa preocupação com a cultura e o conhecimento. Talvez a burocracia brasileira não considere os romancistas e os poetas suficientemente sérios e responsáveis para figurar nos documentos oficiais. As cédulas atuais reproduzem sempre a mesma efígie, acompanhada de onças, cobras e pássaros da nossa fauna. Passei os olhos pelas novas notas que estão em gestação na Casa da Moeda: de 1 a 100 reais, nenhuma figura brasileira de realce. As ilustrações serão apenas de fortes militares, igrejas, as linhas curvas da arquitetura de Brasília e coisas do gênero. Não há um poeta, um pintor. Esse vazio de representações culturais é bem um sintoma da pobreza brasileira, que começa e acaba no dinheiro propriamente dito.
Leio que o Canecão foi retomado pela universidade, proprietária do terreno, ao que me parece. Assim que li a notícia, lembrei-me de Amália Rodrigues, a maior fadista portuguesa, que ali cantou na década de 70. Eu a ouvi pessoalmente mais de uma vez. Ela se casou com um brasileiro, veio muito ao nosso país e aqui, se não me engano, gravou seu primeiro disco. Amália era a cara de Portugal. Recordo-me dos versos do poeta José Régio, transformados por ela em um fado inesquecível:
O Fado nasceu um dia
quando o vento mal bulia
e o céu o mar prolongava
na amurada dum veleiro.
O Fado nasceu um dia
no peito dum marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava..
.
Bênção, vô!
e-mail: almaviva@uninet.com.br

Reflexões que perturbam os seres.

"Meus estudos que eram considerados respeitáveis, 
tinham o objetivo de me levar à distinção como advogado nas cortes de justiça, 
onde a reputação de um homem é tão alta quanto seu sucesso na arte de enganar as pessoas"
Santo Agostinho

AMARILDO


Banda gospel do Bope leva paz às comunidades

Banda gospel do Bope leva paz às comunidades

Tropa de Louvor é o grupo formado por membros do Batalhão de Operações Especiais, que realiza shows-cultos e se apresenta com a arma na cintura e a Bíblia na mão direita

POR CHRISTINA NASCIMENTO
Rio - 'Se queres a paz, prepara-te para guerra'. A frase estampada em latim na parte de trás da camisa preta é o aviso que os integrantes da Tropa de Louvor deixam por onde passam. A banda gospel é formada por membros dos Caveiras de Cristo, policiais evangélicos que integram o Batalhão de Operações Especiais (Bope). A Tropa realiza cultos-shows nas comunidades pacificadas e cria uma nova vertente de comportamento, por vezes contraditório, na unidade em que seus homens são treinados para matar. “Deus está neste lugar”, diz o sargento do Bope e pastor da Igreja Assembleia de Deus Carlos Mello, para um grupo de 200 pessoas, entre eles pastores e padres, no culto-show do Borel, no sábado à tarde. Com a tradicional farda do Bope, o emblema da caveira no braço esquerdo e a Bíblia na mão direita, ele conta seus testemunhos de conversão e convida os moradores para uma tarde de louvor: “Estamos aqui trazendo a palavra do Senhor”. O público, tímido no início, não demora a se acostumar com a cena do palco: um coral de homens de preto, com coldres e armas na cintura, cantando e orando. A quadra da Escola de Samba Unidos da Tijuca se transforma então numa espécie de templo evangélico dos Caveiras de Cristo.  No culto, animado pela Tropa de Louvor, a interação com os moradores é mantida o tempo inteiro. Além dos momentos de cura e libertação, a banda abre para o plateia um espaço para uma espécie de show de calouros evangélico. Neste momento vale tudo: alguns anunciam o CD que será lançado, outros cantam funk-gospel e ainda há os que aproveitam para prestar depoimentos como o de uma ex-alcoólatra.  “É a primeira vez que os vejo. Estou realmente surpresa. Desmistifica aquela imagem do Bope nos lugares com o Caveirão e para matar”, disse a auxiliar de creche, Andréia Cristiane de Albuquerque, 34 anos.
Público cresce a cada apresentação  A favela do Borel, na Tijuca, foi a quarta comunidade com Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) em que a Tropa de Louvor se apresentou — e a que atraiu o maior número de fiéis, cerca de 200. Na primeira tentativa de aproximação do grupo com moradores, no Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, apareceram 20 pessoas. No segundo culto, na Ladeira dos Tabajaras, foram 30 moradores. E no Morro da Providência, na Gamboa, eram apenas 10 pessoas. “Não soubemos convidar os moradores”, admitiu o sargento do Bope, Max Coelho. Prova de que o culto organizado pelo Bope é marcado pelo diferencial está na plateia: lado a lado padres e pastores rezam de mãos dadas. “Isso aqui traz esperança”, diz o padre da Paróquia São Camilo, na Tijuca, José Patrício de Souza, 63 anos. Para o bispo da Igreja Evangélica Pentecostal Salvação por Cristo, Antonio Ferreira, 75 anos, o culto não é para falar de religião: “Estamos aqui para unir pessoas”.

Justiça pune o assédio moral no trabalho

Justiça pune o assédio moral no trabalho

Carolina Tupinambá - Paula Tupinambá - exigireexistir@jb.com.br

É relativamente recente a preocupação social ilustrada em pesquisas focadas nos malefícios do estresse em geral e, especificamente, da violência moral ou psicológica no ambiente de trabalho. O assédio moral até que custou para chegar ao Brasil como instituto de conseqüências jurídicas. Europa e América do Norte há tempos já estão familiarizadas com o fenômeno. A tomada de consciência do problema, no Brasil, tem se refletido em decisões expressivas do Tribunal Superior do Trabalho. Empresas que submetem os empregados a uma espécie de terrorismo branco têm sido condenadas por danos morais. Autora que se destaca na reflexão do problema é MarieFrance Hirigoyen. Sua obra Le Harcelement moral: la violence perverse au quotidien causou furor na Europa. O livro, também traduzido para o português, foi o primeiro a tratar do tema a fundo e sugerir sua jurisdicização. Desde então, o número de sites na internet aumentou, assim como o número de associações de defesa das vítimas.
Em sua pesquisa para detectar o assédio moral, MarieFrance enviou centenas de questionários a pessoas que a procuraram para se queixar de humilhações no trabalho. As primeiras constatações foram as seguintes: Há mais vítimas mulheres do que homens, 70% contra 30%. Os setores mais atingidos são as administrações públicas (nas quais não se pode demitir facilmente), o comércio e o ensino. São áreas nas quais as tarefas não são bem definidas, e os erros podem ser atribuídos a qualquer um. Há menos assédio moral nos setores de produção, sobretudo se são exclusivamente técnicos. As áreas em que há mais assédio são gestão, contabilidade e funções administrativas (46% dos casos). Os métodos mais usados são manobras de isolamento e recusa de comunicação, que podem ser combinados com violência verbal, física ou sexual A duração do assédio, segundo a pesquisa, é de três anos, em média.
O assédio moral é um abuso emocional no local de trabalho, de forma maliciosa, não-sexual e não-racial, com o fim de afastar o empregado das relações profissionais, através de boatos, intimidações, humilhações, descrédito e isolamento. É um abuso do direito do empregador de exercer seu poder diretivo ou disciplinar. Assim, é sob o manto do exercício normal das prerrogativas patronais que o assédio se manifesta mais freqüentemente. Nessas hipóteses, as medidas empregadas têm por único objetivo deteriorar, intencionalmente, as condições em que o trabalhador desenvolve seu trabalho. Muito se especula sobre o motivo do recrudescimento do assédio moral nos últimos tempos. A hierarquização rígida nas empresas, onde o trabalhador da classe C não pode se dirigir diretamente ao da classe A sem passar pelo seu chefe imediato, pertencente à classe B, impede a comunicação e o diálogo franco.
Também a terceirização e a horizontalidade do processo produtivo, para aumento de competitividade, propiciariam o nascimento de compartimentos produtivos estanques, onde nem sempre quem manda é o mais competente. Esse terreno é fértil ao desenvolvimento de aberrações de comportamento, próprias do espírito humano. O assédio difere de uma simples discussão. Esta se deve a divergências de opinião. Eventuais choques são inerentes a todo trabalho coletivo. Uma agressão verbal pode simplesmente resultar de um estado de tensão momentâneo. Já o assédio é perfeitamente reconhecível pela duração, pelos meios utilizados e pelos seus efeitos na vítima.
O empregado que sofre assédio é objeto de condutas abusivas, manifestadas por comportamento, palavras, atos, gestos ou escritos repetidos, os quais podem agredir sua personalidade, sua dignidade ou sua integridade física ou moral, degradando o clima social. São condutas típicas de um assédio as seguintes: (a) desconsiderar a vítima; (b) isolá-la; (c) impedi-la de se exprimir; (d) desacreditá-la no seu trabalho; (e) acusá-la de paranóia se ela tenta se defender.
Atitudes tais como gozação sobre seu jeito de ser, jogos de subentendidos que todos compreendem, mas dos quais é quase impossível se defender, delegação de tarefas claramente superiores ou inferiores à sua capacidade etc. Os riscos que corre a vítima são variados e passam por uma certa destruição psicológica. O Regulamento de Benefícios da Previdência Social estabelece que algumas doenças podem ser ocasionadas por agentes etiológicos ou fatores de risco de natureza ocupacional. Assim é que, por exemplo, um transtorno mental ou um comportamento devido ao uso de álcool pode ter sido ocasionado por “condições difíceis de trabalho” ou por uma “circunstância relativa às condições de trabalho”.
No Brasil, a Consolidação das Leis do Trabalho ainda não contém dispositivos específicos para a prevenção do assédio moral. Isto não significa que inexistam meios jurídicos para a prática da prevenção. Uma Convenção Coletiva, por exemplo, poderia estabelecer para o empregador a obrigação de prevenção do assédio, inclusive com sanção do agressor. Caso você seja vítima de assédio moral ou tenha dúvidas a respeito, nos procure. Poderemos lhe ajudar, inclusive cobrando em juízo danos morais pelas circunstâncias. O prazo para a reclamação é de cinco anos durante o curso do contrato e até o limite de dois anos após o término da relação de emprego.
O Projeto Exigir & Existir está à sua disposição para esclarecer dúvidas, auxiliar no que diz respeito a seus direitos de consumidor e, até mesmo, tomar medidas judiciais cabíveis no caso de você ter sido lesado. Ligue ou mande sua carta ou e-mail 0800 8814000 Fax: (21) 3923-1020  www.jblog.com.br/exigireexistir.php

Eucanaã Ferraz


Acontecido 


Eucanaã Ferraz


Como querem se banhasse
no mesmo rio
de águas repetidas,
outra vez era setembro
e o amor tão novo.
Iguais, teu hálito mascavo,
a minha mão inquieta.
Novamente o quarto,
a praça vista da janela,
teu peito.
Depois eu era só - vê -
sob a chuva miúda daquele dia.

Eucanaã Ferraz nasceu no Rio de Janeiro, em 18 de maio de 1961. É professor de Literatura Brasileira na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Publicou os livros de poemas: Cinemateca em 2008, Rua do mundo 2004, este publicado em Portugal em 2006, Desassombro em 2002, livro que ganhou o prêmio Alphonsus de Guimaraens, da Fundação Biblioteca Nacional e também publicado em Portugal em 2001, também publicou Martelo em 1997. Esteve na antologia Esses poetas de Heloisa Buarque de Hollanda.

GAUGHIN - MULHERES

"Quando a tua mão direita estiver hábil, pinta com a esquerda; quando a esquerda ficar hábil, pinta com os pés." Essa frase só poderia ser de Gauguin, um dos principais pintores do pós-impressionismo, que exerceu profunda influência em toda a arte moderna voltada para o exótico e o primitivo. Paul Gauguin 7/6/1848, Paris, França - 9/5/1903, Ilhas Marquesas, Polinésia francesa. 

CINEMA PARADISO movie and music(Josh Groban)

O corpo da moda

O corpo da moda
Mirian Goldenberg – ANTROPÓLOGA – 16/05/2010

Já na década de 80, o antropólogo Gilberto Freyre, como sempre de forma pioneira e polêmica, buscou pensar o corpo e o comportamento da mulher brasileira.
No livro Modos de homem, modas de mulher, Freyre apontava a atriz Sônia Braga como modelo de beleza da brasileira: baixa, pele morena, cabelos negros, longos e crespos, cintura fina, bunda (“ancas”) grande, peitos pequenos.
Freyre dizia, com certo tom de crítica, que este modelo de brasileira estava sofrendo um “impacto norteeuropeizante ou albinizante”, ou ainda “ianque”, com o sucesso de belas mulheres como Vera Fischer: alta, alva, loira, cabelos lisos (“arianamente lisos”), com um corpo menos arredondado.
Este novo modelo de beleza para as brasileiras, já detectado por Freyre, ganhou muito mais força nas últimas décadas. Como ironizou uma matéria da revista Veja: “As brasileiras não ficam velhas, ficam loiras”, mostrando que a brasileira é uma das maiores consumidoras de tintura de cabelo em todo o mundo. Além de Vera Fischer, que permanece um ideal de beleza, as apresentadoras de programas infantis e, posteriormente, Gisele Bündchen tornaram-se modelos a serem imitados pelas brasileiras, ícones “norteeuropeizantes”, diria Freyre.
Gilberto Freyre enaltecia o corpo da mulher brasileira, miscigenado, um “corpo equilibrado de contrastes” e propunha uma consciência brasileira, dizendo que a mulher brasileira deveria seguir modas adaptadas ao clima tropical, em vez de “seguir passivamente e, por vezes, grotescamente, modas de todo europeias ou norteamericanas”: na roupa, no sapato, no adorno, no penteado, no perfume, no andar, no sorrir, no beijar, no comportamento, no modo de ser mulher. Eu ainda acrescentaria, no corpo.
Freyre sugeria que as modas e os modismos não diziam respeito apenas às roupas ou penteados, mas também poderiam se tornar modas de pensar, de sentir, de crer, de imaginar, e assim, subjetivas, influírem sobre as demais modas. Ele apontou os excessos cometidos pelas mulheres mais inclinadas a seguir as modas, especialmente “as menos jovens, para as quais, modas sempre novas surgiriam como suas aliadas contra o envelhecimento”.
Gilberto Freyre, mais de duas décadas atrás, admitiu que várias novidades no setor de modas de mulher tendiam a corresponder a “esse desejo da parte das senhoras menos jovens: o de rejuvenescerem”. E a verdade, dizia ele, é que há modas novas que concorrem para o rejuvenescimento de tais aparências, favorecido notavelmente por cosméticos, tinturas e cirurgias plásticas.
As mulheres europeias, em geral, procuram se produzir com roupas cujas cores, estampas e formas reestruturam artificialmente seus corpos, disfarçando algumas formas (particularmente as nádegas e a barriga) graças ao seu formato; as brasileiras, ao contrário, expõem o corpo e frequentemente reduzem a roupa a um simples instrumento de sua valorização, em uma espécie de ornamento. Dentro dessa lógica, a tendência das adolescentes europeias é a de se vestirem como suas mães, enquanto no Brasil a tendência é a da mãe se vestir como a filha para parecer mais jovem.
Em algumas famílias que pesquisei na cidade do Rio de Janeiro, mães, filhas (e algumas vezes as avós) usavam a mesma roupa e os mesmos acessórios. Em uma delas, a mãe e a avó roubavam as roupas do guarda-roupa da adolescente. O que confirma a ideia de Gilberto Freyre de que as modas surgem visando uma preocupação central da mulher brasileira: permanecer jovem.
Mirian Goldenberg, além de antropóloga, é professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, autora de ‘O corpo como capital’ (Estação das Letras e Cores).  - www.miriangoldenberg.com.br

A vida.

Serra da Leba, Angola Fotografia por Luchansky Kostadin


Dalcio



Guimarães Rosa


"Eu quase que nada sei. Mas desconfio de muita coisa"
Guimarães Rosa

João Guimarães Rosa nasceu em Cordisburgo (MG) a 27 de junho de 1908. Joãozito, como era chamado, com menos de sete anos começou a estudar francês sozinho, por conta própria. Somente com a chegada do Frei Canísio Zoetmulder, frade franciscano holandês, em março de 1917, pode iniciar-se no holandês e prosseguir os estudos de francês, agora sob a supervisão daquele frade. Terminou o curso primário no Grupo Escolar Afonso Pena; em Belo Horizonte, para onde se mudara, antes dos 9 anos, para morar com os avós. Em Cordisburgo fora aluno da Escola Mestre Candinho. Iniciou o curso secundário no Colégio Santo Antônio, em São João Del Rei, onde permaneceu por pouco tempo, em regime de internato, visto não ter conseguido adaptar-se — não suportava a comida. De volta a Belo Horizonte matricula-se no Colégio Arnaldo, de padres alemães e, imediatamente, iniciou o estudo do alemão, que aprendeu em pouco tempo. Era um poliglota, conforme um dia disse a uma prima, estudante, que fora entrevistá-lo: Falo: português, alemão, francês, inglês, espanhol, italiano, esperanto, um pouco de russo; leio: sueco, holandês, latim e grego (mas com o dicionário agarrado); entendo alguns dialetos alemães; estudei a gramática: do húngaro, do árabe, do sânscrito, do lituânio, do polonês, do tupi, do hebraico, do japonês, do tcheco, do finlandês, do dinamarquês; bisbilhotei um pouco a respeito de outras. Mas tudo mal. E acho que estudar o espírito e o mecanismo de outras línguas ajuda muito à compreensão mais profunda do idioma nacional. Principalmente, porém, estudando-se por divertimento, gosto e distração. Em 1925, matricula-se na então denominada Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais, com apenas 16 anos. Segundo um colega de turma, Dr. Ismael de Faria, no velório de um estudante vitimado pela febre amarela, em 1926, teria Guimarães Rosa dito a famosa frase: "As pessoas não morrem, ficam encantadas", que seria repetida 41 anos depois por ocasião de sua posse na Academia Brasileira de Letras (...). Em 1967, João Guimarães Rosa seria indicado para o prêmio Nobel de Literatura. A indicação, iniciativa dos seus editores alemães, franceses e italianos, foi barrada pela morte do escritor. A obra do brasileiro havia alcançado esferas talvez até hoje desconhecidas. Quando morreu tinha 59 anos. Tinha-se dedicado à medicina, à diplomacia, e, fundamentalmente às suas crenças, descritas em sua obra literária. Fenômeno da literatura brasileira, Rosa começou a publicar aos 38 anos. O autor, com seus experimentos lingüísticos, sua técnica, seu mundo ficcional, renovou o romance brasileiro, concedendo-lhe caminhos até então inéditos. Sua obra se impôs não apenas no Brasil, mas alcançou o mundo.

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