sábado, junho 05, 2010

O seu ciúme é sexual ou emocional?

O seu ciúme é sexual ou emocional?
Renner Cândido Reis
Diário da Manhã – GO - 04/06/2010

O que podemos observar regularmente é que os homens são mais predispostos a acreditar que as mulheres têm relações sexuais somente quando se apaixonam e que as mulheres acreditam que os homens têm relações sexuais, mesmo quando não estão apaixonados. As pesquisas têm documentado que a maioria dos homens se torna muito mais ciumentos nos casos de infidelidade sexual do que infidelidade emocional e que a maioria das mulheres vê a infidelidade emocional, pior do que a traição sexual. A verdade que se verifica em todo o mundo é que, em matéria de ciúme, as mulheres são o oposto dos homens. 
A teoria tradicional tem como base as origens evolucionárias: os homens aprenderam com o tempo a serem hiper-vigilantes sobre sexo, porque nunca tinham certeza absoluta de ser o pai de uma criança, enquanto as mulheres se mostravam muito mais preocupadas em ter um parceiro que tivesse comprometimento com a família.
Com a dinâmica do universo científico, novas pesquisas sugerem uma explicação complementar, ou melhor, contemporânea sobre o tema. Um novo estudo não questiona fundamentalmente a diferença entre os sexos sobre o fenômeno ciúme, ele sugere que a relevância está nas diferenças individuais da personalidade e não na diferença de gênero. Na Universidade Estadual da Pensilvânia, os cientistas do campo da psicologia, Kenneth Levy e Kristen Kelly, afirmaram que existe um conjunto notável de homens que se angustia mais diante da traição emocional do que da infidelidade sexual. Algumas pessoas - homens e mulheres - são mais seguras em seus relacionamentos enquanto outras tendem a ser mais necessitadas de uma estreita relação de apego. Psicólogos vêm esta busca de autossuficiência como uma estratégia defensiva - a proteção contra sentimentos profundos de vulnerabilidade. Para os pesquisadores, esses indivíduos tendem a se preocupar com os aspectos das relações sexuais, em vez de intimidade emocional.
Semelhante a estudos anteriores que examinaram as diferenças sexuais do ciúme, Levy e Kelly perguntaram a homens e mulheres o que seria mais angustiante - a infidelidade sexual ou a infidelidade emocional. Os resultados, publicados na revista da Association for Psychological Science, demonstraram que aquelas pessoas com um estilo de vinculação superficial se preocupavam mais com a infidelidade sexual do que a infidelidade emocional e aquelas bem presas nos relacionamentos – incluindo homens, firmemente agarrados – eram muito mais prováveis de receber a traição emocional de forma mais perturbadora. 
Os cientistas comemoraram o resultado do estudo enfatizando seu valor contributivo para adição de novos dados às pesquisas anteriores, sugerindo que a promoção da intimidade emocional pode ser um meio eficaz para a redução do ciúme sexual, um dos estimuladores da violência doméstica.

Renner Cândido Reis é psicólogo e psicoterapeuta,  especialista em Psicoterapia Psicanalítica

Os enigmas da adição

Os enigmas da adição

Lya Luft – Revista Veja

"Qualquer adição a drogas, para ser superada, exige
um esforço sobre-humano, às vezes pelo resto da vida"

Já escrevi sobre esse assunto. Escreverei mais vezes. Observadores, vítimas ou especialistas nesse humano drama, rodeiam na ponta dos pés o enigma de tanto sofrimento. Os viciados em qualquer droga (incluo aí a droga lícita chamada álcool), suas famílias, testemunhas da dor e decadência de pessoas amadas, as vítimas de violência no trânsito ou em casa, todos são matéria de reflexão e perplexidade. Livros, seminários, teses e teorias em abundância são elaborados em cima da primeira pergunta: por que nos drogamos? E a outra grande indagação: como nos salvamos – se nos salvamos – e por que isso é tão difícil?
Nem para uma questão nem para a outra há muita explicação ou lógica. Não é errado dizer que nos drogamos para anestesiar angústia, tristeza e frustração; por onipotência juvenil, do tipo "eu sei me cuidar"; por achar que ficamos mais fortes, mais falantes, mais interessantes. A droga cega para os fatos reais, pois bêbados ou impregnados de outra substância somos importunos, chatos, patéticos. Mas não é só isso: existe um componente imponderável, que chamo voz do vórtice sombrio embaixo dessa escada da vida que tantas vezes subimos pelo lado que desce – ele chama para a autodestruição sem freios. A razão de qualquer vício não está na superfície, não é visível. Muitas vezes mesmo para o mais dedicado terapeuta permanece um enigma, que nem o viciado entende.
Uma vez instalada a adição, o amor da família ou pela família, a ruína financeira, vergonha ou isolamento, pouco adiantam: foi-se o instinto de sobrevivência, último a nos abandonar. Algumas drogas, como o crack (objeto de excelentes campanhas), viciam quase imediatamente. Outras, como o álcool, gozam de criminosa tolerância numa cultura que acha graça dos seus efeitos, ignora seus males e considera natural a propaganda de bebidas, às vezes ligada a esporte ou esportistas. Drogas sintéticas, agora em voga, poriam fim ao poder do traficante, o que não creio. Somos uma geração medicada: remédio para animar, para acalmar, para transar, para sofrer menos, para não sofrer. Para não pensar, talvez: observem mulheres de qualquer classe e idade com aquele típico olhar vazio da "medicada".
Há quem veja no inocente ritual familiar uma das raízes da tragédia: todo mundo bebe, todo mundo brinda; vinho com água para crianças, champanhe na chupeta do que acaba de ser batizado. Não é tão simples assim. Para os mais ignorantes, o primeiro porre na adolescência é um passo iniciático; um pai divide o cigarrinho de maconha com o filho, achando-se liberal; a mãe finge ignorar os olhos injetados, o fracasso na escola. Nem todos entendem que adição, seja de que substância for, não é falta de vergonha ou caráter: é doença grave e sem cura, embora passível de controle. Isso provoca hostilidade, incompreensão e afastamento na família. Além do mais, a maioria dos que bebem ou usam drogas (exceto o crack, que cria dependência quase de imediato) não se vicia, o que torna a questão mais complexa ainda: por que uns sim e outros não?
E como nos salvamos? Qualquer adição, para ser superada, exige um esforço sobre-humano, às vezes pelo resto da existência. A família nem sempre consegue ajudar: o viciado torna-se um estranho, os envolvidos se afastam. Grupos de alcoólicos anônimos e outros são os mais bem-sucedidos, acompanhados de remédios, terapias, quando necessário um período de internação. O medo da morte pode despertar (nem sempre) para a crua realidade; algum novo relacionamento serve de alavanca, se deixar claro: com vício, nada feito.
Os casos de vitória sobre a adição são heroicos; inspiram respeito e admiração; provam que a vida pode superar a morte. Nessa tumultuada arena, a vontade de sair do inferno, o arcaico desejo de sobrevivência, de significado, respeito e reconstrução, às vezes vencem. Ilumina-se o que parecia uma noite definitiva: alguém com alguma ajuda conseguiu abrir a pesada porta para fora dessa prisão, sinal de que outros podem fazer o mesmo.

Baobás da Tanzânia Fotografia por Schwabel Tom

Vista serena do céu noturno em Tarangire National Park, na Tanzânia. Algumas espécies de árvores baobá podem viver por mil anos, possivelmente atingindo uma altura impressionante de 80 pés (25 metros) e um diâmetro de 40 pés (12 metros).

Lula, o futebol e suas penas

Lula, o futebol e suas penas
WALTER CENEVIVA
O presidente errou mesmo que a Justiça Eleitoral lhe dê razão, porque não pode ignorar a nobreza do cargo
O PRESIDENTE Luiz Inácio Lula da Silva, ao contrário de políticos que, para fazer média, juram amor por clubes populares de futebol, é um sincero corintiano. Por isso lembro o conselho que seu time favorito deu aos meninos do Santos: nunca debochem do adversário. O conselho vale para o presidente, pois tem debochado das multas que a Justiça Eleitoral lhe aplicou, rindo de quem as pagará. Ainda que Marcio Thomaz Bastos, seu advogado e verdadeiro Lucio da profissão, tenha bons argumentos, nem assim Lula estará certo em rir da condenação eleitoral.
Vendo a questão sob outra perspectiva, lembro que Lula ultrapassou com argúcia e coragem todos os limites da educação formal, mas a falta desta parece ser o único modo de explicar o tratamento desrespeitoso da Justiça Eleitoral, no qual tem insistido. O presidente da República deve recordar que a seu cargo corresponde o título de primeiro magistrado da nação. Que lhe cabem a administração federal, o início do processo legislativo, a sanção das leis. Que é do chefe do Poder Executivo o poder único de vetar projetos de lei, de exercer o comando supremo das Forças Armadas, de nomear, com a aprovação do Senado, ministros do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais superiores.Tais missões são algumas das que a Constituição lhe atribui prioritariamente no artigo 84. Embora Lula confesse que não gosta de ler e prefere a informação oral, deveria percorrer o referido artigo, para se inteirar do erro apontado.
Volto ao futebol. Foi unânime a crítica feita ao sr. Carlos Caetano Bledorn Verri, técnico da seleção brasileira, cujo apelido é Dunga (um dos anões de Walt Disney, na versão da "Branca de Neve" de 1937). Ao visitar o presidente da República, que o recebeu no Palácio do Planalto, Dunga o cumprimentou, mantendo a mão esquerda no bolso. Se o técnico tivesse educação formal, saberia que o presidente da República representa o país perante as nações do planeta. Para cada brasileiro ele é a mais alta autoridade do país. Nesse caso, a formalidade do tratamento é exigida não pela pessoa do presidente, mas pelo cargo que ocupa, no qual personifica a nação. O técnico da seleção mostrou ignorar a formalidade do cumprimento. Preferiu ser Dunga em vez de Carlos Caetano.
Tomado o mesmo exemplo às avessas, Lula errou mesmo que a Justiça Eleitoral lhe dê razão, porque o presidente da República não pode ignorar a nobreza do cargo. Pode criticar o Poder Judiciário enquanto cidadão, até para estar à altura das responsabilidades da Presidência. Pode criticar os titulares dos dois outros Poderes, que se têm manifestado, na história nacional, contra atos de presidentes da República.
A educação cívica e o próprio civismo são essenciais no exercício da autoridade. Os que aprofundaram estudos a respeito sabem que a autoridade exercente da função unitária de assegurar o respeito da Constituição e das leis não pode rir-se dos tribunais, aos quais cabe aplicar essas mesmas leis. Nisso, presidente e técnico erraram. Marcaram um gol contra. Com uma diferença: as ações de Lula, certas e erradas, serão lembradas sempre que sua Presidência for reavaliada, pelos séculos afora. É a pena não prescritível dos presidentes da República.

Guerra Fria

Guerra Fria
FERNANDO RODRIGUES
BRASÍLIA - Bastidores de campanhas políticas mimetizam em seu microcosmo o ambiente da Guerra Fria. A equipe de cada candidato acumula em silêncio munição contra os adversários. Usa-se quando necessário. Em geral, nunca. É um jogo de ameaças surdas. Quando passa o conflito, o arsenal bélico todo fica quase inutilizado. Quase.
Em eleições passadas aqui no Brasil, várias bombas foram acumuladas por tucanos e petistas. Assim como depois da Guerra Fria, algumas ogivas nucleares acabaram em mãos erradas. O mesmo ocorre em disputas políticas.
Quem empilhou dados explosivos em eleições anteriores às vezes não está mais no mesmo partido. O assessor ou detetive particular de dois anos atrás, hoje pode, quem sabe, ter trocado de lado. As campanhas presidenciais de José Serra (PSDB) e de Dilma Rousseff (PT) passam exatamente por uma situação dessa ordem. Há vasto material acumulado de parte a parte. Não está claro quando e se algo será detonado. O episódio recente do tal suposto dossiê antitucano demonstrou o alto grau de imprevisibilidade do cenário.
Dividido em facções desde sua criação, o PT protagonizou uma guerra interna de versões sobre quem teria -ou não- interesse em disparar um petardo na direção da campanha adversária. Mal comparando, o surgimento desse papelório se deu por um descontrole semelhante ao visto na Tchetchênia depois do esfacelamento da União Soviética. Como tratou-se de um dossiê que foi sem nunca ter sido -como a viúva Porcina de Dias Gomes-, o assunto produziu muita luz, pouco efeito externo e serviu à guerra interna de "aparatischks" petistas.
Resta saber se Dilma e Serra conseguirão manter sob controle as suas Tchetchênias.

AROEIRA


Proibido não ser perfeito

Proibido não ser perfeito

RUY CASTRO – Folha de São Paulo

RIO DE JANEIRO - No sábado último, em belo artigo, o Caderno 2 do "Estado" anunciou "A morte da voz humana". Nenhum exagero no título. O Auto-Tune -o software que "corrige" a afinação dos cantores- está criando padrões de perfeição inatingíveis para humanos, oferecendo a recompensa sem esforço e tornando dispensáveis a vocação, o talento e o mérito na música popular. "É como se Ronaldinho Gaúcho usasse uma chuteira que acertasse o gol por si. Treinar pra quê?", pergunta o autor.
O grito foi dado por quem tem toda autoridade para fazê-lo: João Marcello Bôscoli, 40 anos, músico, produtor e diretor de gravadora. Como se não bastasse, filho de Elis Regina e do compositor Ronaldo Bôscoli, um dos criadores da bossa nova, e que teve como padrasto o pianista César Camargo Mariano, com quem Elis se casou ao se separar de Bôscoli. Nunca houve gente mais exigente em música. Para João Marcello, pior até do que dar afinação a quem não tem, o Auto-Tune está fazendo com a voz o que o Photoshop fez com a pele humana. Assim como o Photoshop "gerou um padrão estético onde poros, rugas de expressão, pelos e outras características se tornaram defeitos", o Auto-Tune passa o rodo e "corrige" tudo o que considera imperfeito no cantor: afinação, respiração, pausas, volume, alcance - sem se importar se pertencem à sua expressão e emoção. Ele vai mais longe: "Hoje em dia tomamos remédio quando sentimos tristeza, comemos lixo pré-mastigado quando temos fome, dopamos as crianças quando estão agitadas, passamos horas no computador quando nossa vida parece desinteressante" etc. - e "usamos softwares de afinação quando temos um cantor desafinado".
O filho da cantora mais afinada do Brasil defende os desafinados no que eles têm de mais precioso: sua falível condição humana, essencial à obra de arte.

Márcio Baraldi


Esse Paulinho

Esse Paulinho

Fernando de Barros e Silva - FOLHA DE S. PAULO

SÃO PAULO - Discursando outro dia diante de sindicalistas, Paulo Pereira da Silva chamou José Serra de "esse sujeito". Repetiu o tratamento pelo menos três vezes. Apesar da sua naturalidade, tratava-se de uma grossura premeditada.

As pessoas que se incomodaram -e com razão- deveriam refletir por que talvez não sintam a mesma indignação quando Lula é tratado assim, como "esse sujeito" (ou variações), o que, aliás, é mais comum. Isso talvez nos ajude a entender certas encrencas brasileiras. Mas nosso assunto é Paulinho. Na divisão das tarefas da campanha de Dilma Rousseff, a ele parece ter sido reservado o que, com eufemismo, se chamaria de "serviço pesado". Pregando em público, Paulinho dizia que Serra -"esse sujeito que fica aí tentando ganhar a eleição"- quer "tirar o direito dos trabalhadores, mexer no fundo de garantia, nas férias, na licença-maternidade". Ou seja, Paulinho age como quem recebeu uma espécie de licença-malandragem para propagar inverdades sobre seu desafeto.

Coerência não é o seu forte. Em 1998, o líder da Força Sindical apoiou a reeleição de FHC; em 2002, foi vice de Ciro Gomes; em 2004, na eleição à prefeitura paulistana, deu seu voto a "esse sujeito" -sim, José Serra- contra Marta Suplicy. De lá para cá, vem se acomodando no colo macio do lulismo. Este é o lado edificante da trajetória deste representante do peleguismo de resultados que se aninhou no Estado. O outro lado, como se sabe, é assunto da PF. Lula passou a vida defendendo a liberdade sindical, falando contra a obrigatoriedade do imposto instituído pelo Estado Novo. No poder, não só preservou o traço autoritário da herança getulista como, não satisfeito, mudou a lei para repassar às centrais uma parte do bolo arrecadado. Paulinho faz parte da oligarquia sindical que se alimenta do imposto descontado compulsoriamente do trabalhador brasileiro. Lula pôs o sindicalismo no bolso. E Paulinho é o Lula paraguaio.

Lula lá e cá

Lula lá e cá

Villas-Bôas Corrêa - JORNAL DO BRASIL

Está passando em silêncio um dos mais intrigantes e confusos pronunciamentos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, equilibrado no trapézio da dubiedade e que merece ser reposto em circulação.

Como quem está conversando com o espelho, o presidente levantou a bola de várias hipóteses sobre o seu futuro, depois da eleição da sua sucessora, a candidata Dilma Rousseff ou de alguma surpresa das urnas. Lula afirmou a certeza de que, em qualquer hipótese, estará no governo. A menos que considere como favas contadas a eleição de Dilma, ignorando o candidato da oposição, o tucano ex-governador de São Paulo José Serra e seus índices nas pesquisas. O que exatamente o presidente quis dizer com a charada que se enrola em poucas e contraditórias hipóteses?

A mais provável é que seja um recado para a candidata Dilma: se eleita, não conte com a reeleição. Não faz sentido. A candidatura de Dilma foi tirada do chapéu pelo presidente, com o mais absoluto desprezo pelo PT, que não foi ouvido, nem cheirado e engoliu a pílula sem fazer careta. Ao contrário, com a docilidade dos que não têm alternativa, o Partido dos Trabalhadores entrou no corso para ganhar o pedaço do bolo com a reeleição ou a eleição de senadores, deputados federais e estaduais para um dos melhores empregos do mundo.Lula jogou a pedra no lago, na véspera do Campeonato do Mundo na África do Sul. E soprou a vuvuzela para alertar a candidata e o submisso PT de que o humor da população e dos eleitores será pautado pelo desempenho da Seleção de Dunga e da tão xingada bola que não quicava, leve como pluma. A conquista do hexacampeonato será uma festa que se prolongará por mais de um mês, com as homenagens aos craques em Brasília e na recepção nos estados de cada um dos titulares e reservas.

Mas, com a crise moral e ética que lambuza o pior Congresso de todos os tempos, a campanha eleitoral vai impor o debate da reforma política que o presidente Lula tanto prometeu como candidato e esqueceu durante os dois mandatos. Um desafio para os candidatos do majoritário bloco governista e da esquálida oposição a exigir cuidados com o voto. E, com as alianças patrocinadas por Lula para o apoio à candidata Dilma, os riscos de um tropeço eleitoral ameaçam muito mais a oposição do que o governo do presidente mais popular do mundo e que já avisou que uma das suas certezas é que estará no governo.

Entende-se. O presidente Lula e a candidata Dilma precisam de pelo menos mais quatro anos para terminar o pacote de obras inacabadas e consertar os estragos dos temporais que derrubaram casas, deixaram milhares ao desabrigo, além dos mortos e feridos.

Quatro anos é pouco. Mas, com quatro e mais quatro da reeleição, serão 16 anos do reinado de Lula e Dilma.

Planos de Saúde terão que cumprir novas regras a partir de segunda-feira

Planos de Saúde terão que cumprir novas regras a partir de segunda-feira

Correio do Brasil - Por Redação, com ABr - do Rio de Janeiro

Na próxima segunda-feira entram em vigor as novas regras para os planos de saúde, estabelecidas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Com a mudança, as operadoras serão obrigadas a incluir na cobertura básica 70 procedimentos e ampliar o limite de consultas em algumas especialidades.
A nova listagem beneficiará 44 milhões de usuário de planos. Os serviços deverão constar em todos os planos de saúde contratados a partir do dia 2 de janeiro de 1999. Segundo ANS, as mudanças não terão grande peso nos custos, mas essa elevação pode ser repassada principalmente no caso dos contratos de grupos.
Entre os novos procedimentos estão a cobertura obrigatória de transplante de medula óssea por parentes ou banco de medula, a inclusão de 16 procedimentos odontológicos, como colocação de coroas e blocos dentários, e o exame de imagem para identificação de câncer em estágio inicial e avançado, o PET-SCAN oncológico. Esse procedimento, que pode facilitar diagnósticos, é considerado caro pelos planos de saúde.
A ANS decidiu ainda ampliar o número mínimo de consultas para determinadas especialidades. As consultas com fonoaudiólogo passam de seis para até 24 vezes por ano, enquanto os nutricionistas, que só podiam ser consultados seis vezes, poderão ver os pacientes em 12 consultas. Terapias com psicólogos sobem de 12 até 40 consultas por ano, desde que sejam indicadas por um psiquiatra.
A Associação Brasileira de Medicina de Grupo, que representa os planos de saúde, informou que as novas regras irão gerar custos adicionais e que os primeiros a sentir devem ser os novos clientes.

Red Sea Reef Photograph by Nick Caloyianis - Fotos subaquáticas

A onda quebra sobre um recife de coral no Mar Vermelho. 

Ânsia por moralidade

Ânsia por moralidade

Merval Pereira

Mesmo antes da sanção pelo presidente Lula da lei do Ficha Limpa, anunciada ontem, ela já entrara na campanha eleitoral, numa clara manifestação de que deve vigorar já para esta próxima eleição. Caberá ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a definição de sua vigência e, sobretudo, a interpretação de seu alcance, depois que emenda de redação do Senado modificou a expressão “os que tenham sido condenados” para “os que forem condenados”, o que produziu interpretações de que só seriam inelegíveis aqueles que passassem à condição de réus depois da sanção da lei pelo presidente da República. Ao sancionar ontem a lei, o presidente tinha um parecer da Advocacia Geral da União que afirma que a mudança verbal não alterou o espírito da lei. Mas não é nem a AGU nem o Senado que definirão essa questão e, sim, o TSE, que certamente será chamado a se pronunciar. Não foi outra, aliás, a intenção da mudança dos tempos verbais, para criar a celeuma e atrasar a entrada em vigor da lei.
Caberá ao TSE fazer com que o previsível julgamento do caso não facilite a vida dos que têm ficha suja. O interesse do cidadão sobre o tema continua grande, refletindo o fato de que a lei foi originada de uma ação popular com mais de quatro milhões de assinaturas.
O leitor Rafael Augusto Valente Carvalho de Mendonça enviou análise que define bem o sentimento generalizado. Lembrando que “a Carta Magna visa acima de tudo ao bem comum”, o que está registrado em seu preâmbulo e no artigo 3º que menciona “promover o bem de todos...”, sendo tal cláusula pétrea, ele diz que a dúvida em favor da sociedade deveria ser usada na Justiça Eleitoral. “Na hora de o juiz aceitar uma denúncia e abrir o processo, ou de o Ministério Público denunciar ou não, há o princípio da dúvida pró sociedade, isto é, na dúvida denuncia, pois a sociedade merece que o crime seja esclarecido, ou verificar se o réu é um sujeito que prejudica a sociedade cometendo crimes”. O mesmo deveria ser feito em relação aos candidatos, diz ele: “Se há dúvidas pairando sobre a idoneidade do indivíduo, o mesmo deve ser rejeitado como candidato, pois seria muito ruim para sociedade no futuro descobrir que o candidato na verdade era um bandido”.
Ecoando esse sentimento dos eleitores, o ex-deputado Marcelo Cerqueira, candidato ao Senado pelo PPS, levou para suas aparições nos programas eleitorais de seu partido uma proposta mais arrojada do que a que foi aprovada no Congresso e sancionada pelo presidente Lula ontem. Para ele, a lei que foi sancionada “é um insignificante avanço”, embora considere que qualquer ato que modifique a questão eleitoral “como norma penal estrito senso é um avanço”. Cerqueira lembra que a presunção de inocência entrou no Direito Constitucional na Constituição Federal de 1988, o que implica dizer que as diversas constituições anteriores não a contemplaram. Mesmo concordando com a tese de que a “vontade do legislador” é para ser interpretada por psicólogos e não por juristas, comparando-a com “um pássaro que voa e se liberta do seu cativeiro”, Marcelo Cerqueira diz que tudo indica que “tal norma foi criada para proteger os inocentes do arbítrio judicial tão comum nos anos de chumbo”. Como a Constituição é um conjunto harmônico de normas, não pode ser interpretada em tiras, ressalta Cerqueira. “Assim, aquela norma deve corresponder, para ter eficácia plena, a outras da mesma Constituição e com o mesmo valor normativo”. Ele destaca o disposto no artigo 37 da Constituição Federal, que cuida da legalidade, da impessoalidade e da moralidade. “A Constituição, fácil de ver-se, não se quer refúgio de delinquentes. Para se habilitar a qualquer função pública, o candidato tem de apresentar folha corrida ‘limpa’. Por que na habilitação a cargo político de representação deveria ser diferente?”, questiona Cerqueira
A proposta que ele vem fazendo na sua propaganda eleitoral é que, condenado na 1ª instância, o eventual eleito teria sua posse sobrestada. Se absolvido no órgão colegiado (exclusive o Tribunal do Júri que é de 1ª instância, mas é colegiado), tomaria posse regularmente.
Marcelo Cerqueira diz que para tal medida entrar em vigor bastaria que se introduzisse tal norma na lei de inelegibilidades. Com a vantagem, diz ele, de que a defesa do condenado funcionaria ao contrário do que é hoje: em vez de alargar os prazos com recursos meramente protelatórios, diligenciaria para abreviar o processo e satisfazer o “eleito” com uma solução rápida, abrindo mão de “agravos”. Além da força punitiva da norma-conceito, diz Marcelo Cerqueira, sua simples enunciação bastaria para inibir aqueles que buscam um mandato como refúgio. “O custo-benefício afastaria os aventureiros do voto”.
O presidente Lula recebeu sua quinta multa por propaganda eleitoral antecipada ontem à noite. Demonstrando que a paciência do Tribunal Superior Eleitoral está esgotada, o ministro Henrique Neves aplicou multa pela atuação presidencial em solenidade da Central Única dos Trabalhadores (CUT), no Dia do Trabalho. Ao analisar o discurso de Lula, Neves considerou como propaganda antecipada o trecho em que o presidente diz: “é preciso mais tempo, é preciso que tenha sequenciamento. Ô Dilma, você viu o que eu falei? Sequenciamento”.

O que espanta é a sequência de multas ao presidente da República, que evidencia seu comportamento ilegal na campanha até o momento. Dizem que Lula está se contendo nos dias recentes depois que o ministro Marco Aurélio Mello assumiu seu posto no TSE e se pronunciou contra o atropelo da lei, alertando o presidente para as consequências dessas atitudes.
A conferir, como diz o Ancelmo.

É hora de união contra o flagelo das drogas

É hora de união contra o flagelo das drogas
Luiz Urjais, Marcelo Fernandes, Jornal do Brasil
RIO DE JANEIRO - Problema que acompanha a Humanidade desde a Antiguidade, as drogas não fazem distinção de classe, cor, raça ou credo quando viciam alguém. O Jornal do Brasil começa uma série de reportagens expondo os riscos que o uso abusivo de substâncias entorpecentes podem trazer aos dependentes.
Segundo o médico Jorge Jáber, pós-graduado no tratamento de dependência química na Universidade de Harvard e que trabalha na Câmara Comunitária, na Barra da Tijuca (Zona Oeste), atendendo gratuitamente viciados em reabilitação, o perigo de experimentar e os danos decorrentes são maiores entre a população de baixa renda.
– Uma pessoa pobre fatalmente irá se alimentar mal, não terá uma educação de qualidade, entre outros fatores – exemplificou.
O presidente da Comissão Anti-Drogas da Câmara municipal, o vereador Tio Carlos (DEM), que, assim como Jáber, elogiou a iniciativa do JB, lamenta a falta de estrutura da saúde e diz que o governo “fala muito e faz pouco”.
– A população de rua atualmente só usa crack, uma das drogas mais fortes existentes, e também uma das mais baratas. Esse tipo de entorpecente tem um efeito instantâneo, por isso a grande procura. Nada tem sido feito pelo poder público para suprir as necessidades dessas pessoas – ressalta Carlos, que critica o atendimento dispensado aos viciados. – O sistema de saúde não tem capacidade de suprir as necessidades do estado. Acaba que as famílias precisam recorrer a ações filantrópicas para serem encaminhadas a outros municípios, onde existem clínicas de reabilitação.
De acordo com o conselheiro em dependência química do centro de reabilitação de Vila Serena, Sérgio Couto, existem três fatores básicos para uma pessoa desenvolva um vício: curiosidade de experimentar; pressão de um determinado grupo social, e pressão do grupo familiar, que, desde cedo, influencia no uso de determinada substância.
– No primeiro caso, a pessoa quer saber qual o “barato” da droga; no segundo, quer se enturmar, e a droga é um veículo para isso; no último, um dos mais característicos, a imposição de um parente, que, desde cedo, influencia no uso de álcool, porta de entrada para a dependência química – salienta Couto.
O funcionário público Claudio Barata, 52, começou cedo sua dependência de álcool. Ele conta que ainda se considera em recuperação, e que, se não fosse o amor de sua mulher e filhos, não teria encontrado o caminho para se livrar do vício.
– Sempre fui muito tímido e achava que isso era defeito. – explica Barata. – Por causa disso, comecei a beber de forma demasiada, até perceber que minha vida estava arruinada. Hoje em dia, fico feliz em ouvir da minha filha mais nova que sou exemplo de vida para ela.
Barata disse que após três meses internado, frequentou ambulatórios periodicamente e, hoje, o grupo dos alcoólicos anônimos.
– Não posso reparar o passado, mas posso construir um novo futuro. E o mínimo que posso fazer pela minha família é permanecer em recuperação, até o fim da vida.
Adolescentes sofrem mais os danos no corpo
Os menores de 18 anos formam o grupo mais vulnerável aos danos causados pelos entorpecentes. O motivo é que nesta faixa o corpo ainda está em formação.
Com isso, adultos que se drogavam na juventude têm mais possibilidades de apresentar sequelas do que aqueles que começaram mais tarde.
– Menores de 18 anos não têm órgãos como o fígado ou o cérebro amadurecidos e estes são os mais afetados pelo uso de tóxicos – explica o médico Jorge Jáber, acrescentando que usuários atrasam sua vida escolar.
– Você percebe que os usuários têm o vocabulário muito pobre. Sem estudar, o jovem repete o ano e acaba se afundando mais nas drogas – afirma.
Segundo o conselheiro em dependência química, Sergio Couto, geralmente o vício se inicia aos 9 anos.
– É preciso que haja mais campanhas anti-drogas, conscientizando sobre os malefícios dos entorpecentes.
Couto aponta a epidemia de crack como exemplo da falta de informação e põe a culpa no governo.
– Infelizmente a dependência química é uma doença recente. É necessária a formação de políticas públicas, para seu combate.
“Deixei um carro na boca de fumo e fui parar no CTI”
Comecei a beber com 12 anos. Quinze anos depois, na companhia de uma namorada, cheirei minha primeira carreira de cocaína. Era o ano 2000. De imediato, foi amor à primeira vista. A droga me deu uma grande sensação de poder e, na mesma semana, já procurava por outra dose. Inicialmente, comprava com mototaxistas que pegavam nos morros, mas, com o tempo, fui conhecendo as bocas de fumo. Comprava e me isolava em hotéis durante dois, três dias. Caso acabasse, era só ligar para o Disque-Droga. Faltava ao trabalho, não via minha família, mentia para o meu filho, dizendo que logo estaria em casa e aparecia de madrugada, drogado. Com o tempo, comecei a perceber que perdia o controle. Cheguei a deixar um carro que valia R$ 5 mil na boca de fumo como garantia de pagamento de uma dívida com os bandidos. Também empenhei minha carteira de médico apenas para comprar mais drogas. Contraí diversas dívidas, fazia empréstimos, minha vida financeira começava a desmoronar. Eram nítidos os efeitos da cocaína em meu corpo: emagreci muito, e minha sinusite atacava com força. Cheguei a ser internado na CTI, com risco de lesão cerebral e problemas nos rins. Teria que fazer hemodiálise pelo resto da vida se o quadro se agravasse. Em junho de 2008, me internei pela primeira vez, mas não fiz o pós-tratamento e acabei tendo uma recaída. Acreditava que podia ficar abstinente e depois usar só um pouco, mas sempre disparava novamente a compulsão por mais. Eu ainda tentava argumentar com a droga naquela época, e negava minha impotência em relação a ela. Entrei em outra clínica para me tratar em novembro daquele ano, e passei 105 dias internado. A intenção da droga é dar prazer a quem usa, mas o sexual vai embora. Eu não conseguia ter uma ereção sob o efeito da cocaína, e isso é uma tônica muito comum entre aqueles que usam. Estou limpo desde a segunda internação, e admiti não ter controle sobre meu vício. Tem gente que é alérgica a camarão, eu sou às drogas. Atualmente, trabalho do outro lado, atendendo dependentes químicos em uma clínica na Barra da Tijuca. Converso com meus filhos sobre meu problema, e eles entendem perfeitamente. Minha recompensa é que hoje sou de novo pai, filho e marido
Alessandro Alves Teixeira
Médico, 37 anos
21:45 - 04/06/2010

Caravaggio - Um mestre!


Vazamento de Dossiê, por M. Jacobsen


Steve Jobs em Stanford - Legendado português - Emocionante!

Tiago Recchia, para Gazeta do Povo


Sindicato dos Ladrões - I Could Have Been A Contender


An excerpt from Elia Kazan's Award winning movie "On The Waterfront".

Uma boa dica para professores e alunos, nós todos! Rio de Janeiro, ocupação urbana!



Tezza: ‘Nossa literatura não existe fora do Brasil’

Por Sérgio Rodrigues - IG

Cristovão Tezza fez uma palestra na Austrália, no dia 03/03/2010, como convidado do Festival de Artes de Adelaide, onde foi parar a bordo do sucesso de seu romance “O filho eterno”. Na véspera, por email, entre uma Foster’s e outra, o escritor catarinense achou tempo para uma conversa sobre suas experiências nesta fronteira que, de tão pouco explorada, é quase selvagem: a da verdadeira projeção internacional de um livro brasileiro de “ficção literária”. Resumo de sua impressão geral: “A literatura brasileira não existe fora do Brasil. Ponto. Ninguém conhece absolutamente nada daqui, à exceção de meia dúzia de professores universitários”.


1. A que países “O filho eterno” já o levou e onde você sentiu maior receptividade?
– “O filho eterno” já me levou a Portugal, França, Espanha (Barcelona; a tradução foi em catalão!) e, agora, Austrália. O livro saiu também na Holanda e na Itália. Ainda não tenho uma idéia completa da recepção, mas o livro está indo muito bem na França, onde teve boa recepção crítica e ganhou o prêmio anual da Associação Francesa de Psiquiatria, que contempla obras literárias com temas que se relacionam com a área; e na Holanda, também com boa crítica e com boas vendas.

2. Paulo Coelho à parte, temos daqui a impressão de que o mundo não parece interessado na literatura brasileira, e até autores búlgaros gozam de mais boa vontade. Confere? O que os estrangeiros que você encontrou conhecem do que se faz aqui?
– Esse é um fato inescapável: a literatura brasileira não existe fora do Brasil. Ponto. Ninguém conhece absolutamente nada daqui, à exceção de meia dúzia de professores universitários envolvidos em departamentos de literatura brasileira e portuguesa, para consumo escolar e acadêmico, sempre mínimo. Aqui na Austrália levei um certo susto, porque sou praticamente o único autor do Festival de Adelaide (que, além de teatro, dança, música e outras artes inclui uma Semana do Escritor, para a qual fui convidado) de um país em que não se fala a língua inglesa. Conversando com John Coetzee, ele disse que ficou surpreendido com a total “autonomia” da arte brasileira em geral – o que eu entendi como um certo “autismo brasileiro”, uma arte que parece que não tem relação com nada.

3. E o próximo livro, como fica nessa roda-viva? Você é o tipo de escritor que consegue escrever em aeroportos e quartos de hotel?
– Essa é a primeira semana em que não sou mais professor da universidade. Pedi demissão. Quero viver uma vida tranquila agora, ler e escrever com prazer, fazer as coisas mais devagar. Jamais escrevi literatura em hotel – não consigo. Meu novo romance já está praticamente pronto; consegui tirar dois meses de férias, em dezembro e janeiro, para terminá-lo. Deve sair em outubro pela Record.

Skoob

BBC Brasil Atualidades

Visitantes

free counters