sábado, maio 29, 2010

Isso já é demais!

Após assaltos, comerciante bota placa para ladrões

Lucidez!

"Uma sociedade que não se mobiliza, 
uma sociedade que terceiriza seu destino nas mãos de um messias, 
de um salvador da pátria,
 não é uma sociedade politicamente sustentável"

Marina Silva

Assunto seriíssimo! Artigo brilhante!

Atos perversos
Betty Milan – Revista VEJA - 17 de março de 2010
"Entre os tantos abusos dos adultos, estão os que eles praticam com as palavras, maldizendo a sexualidade - e, mais que isso, emporcalhando-a. Uma só frase e o outro poderá ficar marcado para sempre"
Quem faz um consultório sentimental, como o meu em VEJA.com, confronta-se repetidamente com a irresponsabilidade de adultos em relação ao corpo da criança. Toda delicadeza é pouca, e qualquer aproximação que não seja dessexualizada é abusiva. Manipular o pênis do menino ou tocar, com segundas intenções, o sexo da menina são atos que podem dar origem a uma fantasia contrária ao desenvolvimento normal, ora precipitando na infância um comportamento sexual próprio do adulto, ora comprometendo a sexualidade do sujeito para o resto da vida, tornando-a inclusive impossível.
Não é preciso tocar para abusar da criança. Um olhar voyeurista é suficiente para induzir ao exibicionismo na infância ou depois. A exibição do sexo pelo adulto basta para induzir ao voyeurismo, o que não significa que a nudez deva ser proibida. Uma coisa é o exibicionismo e outra é a nudez.
Entre os tantos abusos dos adultos, estão os que eles praticam com as palavras, maldizendo a sexualidade - e, mais que isso, emporcalhando-a. Uma só frase e o outro poderá ficar marcado para sempre. Em geral, os atos perversos permanecem impunes. Quem tiver uma suspeita fundada e ficar em silêncio deve ser responsabilizado por deixar o adulto infrator livre para exercer a sua violência contra a criança e o jovem. Denunciar o comportamento perverso é a forma de impedir que ele se reproduza.
Foi o que fez Kathryn Harrison no romance O Beijo, publicado originalmente nos Estados Unidos e traduzido no Brasil. Kathryn narra com detalhes como o pai, um pastor, a seduziu, alegando que obedecia à vontade de Deus. Ela foi cúmplice dele durante quatro anos, mas teve a coragem de revelar a verdade e mostrou, assim, os efeitos nefastos do incesto. Com isso, emergiu como escritora. Converteu um trauma num trunfo, protegendo possíveis vítimas.
Decerto, escreveu para superar o desespero. Mas o livro fez dela uma cidadã exemplar e um modelo a ser seguido. Porque soube dizer não ao pai usurpador. Aquele que desprezou a lei ao transformar o prazer na única lei do seu desejo.
OBS: A imagem que ilustra é de Sandra Speidel/Getty Images

Recordando uma crônica antiga...de 2003, publicada na revista Época

Clique na imagem e você lerá no tamanho original da página da revista.

Exemplo de criatividade para quem acha que já viu tudo na internet....

NÃO MAXIMIZE A TELA!!
 Importante: quando clicar no link abaixo, deixe a tela no tamanho em que abrir e veja o que acontecerá.  Exemplo de criatividade para quem acha que já viu tudo na internet....

Antonio Carlos Jobim - Borzeguim

Reflexão


Leandro, no Diário de Guarulhos


Caminhos cruzados no direito

Caminhos cruzados no direito

WALTER CENEVIVA – Folha de São Paulo
Há dois sistemas jurídicos mais difundidos: Common Law (usos e costumes) e Statute Law (leis escritas)

HÁ MUITOS sistemas jurídicos em nosso planeta. Quando me refiro a sistemas jurídicos não quero apenas mencionar leis em vigor. Mas a combinação ordenada de princípios e normas a comporem um todo metodicamente estruturado para regular as relações entre as pessoas, num território determinado.
A visão fica mais clara se lembrarmos que há dois sistemas mais difundidos, da "Common Law" (no Reino Unido, por exemplo) e da "Statute Law"" (no Brasil, como outro exemplo).
Não se assuste com o inglês. É o modo mais frequente de diferenciar países regidos sob a quase exclusiva jurisprudência dos tribunais, por usos e costumes (o primeiro tipo), ou países regidos predominantemente por leis escritas, sob Constituição também escrita (segundo tipo). Embora os dois sistemas continuem diferentes, vêm sendo mesclados nos últimos anos. Um absorvendo lições do outro. É assim com as leis (o Brasil acolhe súmulas judiciais vinculantes que fazem a lei) ou com as sentenças judiciais (o Parlamento inglês deve apreciar nos próximos meses mais de vinte projetos de leis novas, substituindo a jurisprudência).
A contar da segunda metade do século 20, ampliou-se a mistura, na tendência ininterrupta de aproveitar experiências trocadas. A devastação na Europa depois de 1945 ampliou o modo de ver o direito e sua aplicação em face da coletividade.Cabe um exemplo: no Brasil, na Constituição do regime militar (1964-1985) foi muito usada a arguição de relevância que autorizava o Supremo Tribunal Federal a resolver em reunião secreta, sem alegação de motivo, a acolhida ou a rejeição a seu julgamento de certos assuntos. Foi um período de exceção, fora dos sistemas democráticos.
No rumo oposto, os Estados Unidos são bom exemplo, pois sua Constituição tem pouquíssimas emendas, desde a aprovação na segunda metade do século 18. O número restrito de emendas se explica porque o sistema legal inglês continuou a ser aplicado depois da independência do país. Lá, onde o sistema da Common Law é predominante, aos poucos abriram-se claros da jurisprudência preenchidos com leis escritas, para questões civis, criminais, administrativas. Isso continua acontecendo. Entre nós, a carta de 1988 (duzentos anos mais nova) deverá chegar, em 2010, a cerca de 70 emendas. Neste ano, foram publicadas na esfera federal 57 novas leis, sendo que existem dezenas de projetos de leis em andamento.
Tanto em países democráticos quanto em ditaduras assinalou-se, no mesmo período, o maior poder do Executivo, com formas diretas e indiretas de controle do Judiciário e do Legislativo. Na pura ciência do direito é difícil compor explicação perfeita e sintética do que houve. Com um acréscimo: nem a Constituição, nem as leis têm tido tal harmonia em sua interpretação de modo a impedir distorções. Elas se repetem frequentemente, na União, nos Estados e nos municípios em cobranças, pelos credores, por débitos não pagos pelo Poder Público.
O leitor pode perguntar se as coisas, nesse campo, vão melhorar. Acho que sim. Estamos hoje no meio do turbilhão das mudanças em todos os níveis, dos países aos continentes. Os caminhos cruzados do direito talvez venham a gerar novas soluções, o mais tardar. Provavelmente no século 22.

Hoje na História - 1453: Constantinopla é tomada pelos turcos

Hoje na História - 1453: Constantinopla é tomada pelos turcos
29/05/2010 - 06:05 | Max Altman | São Paulo

Em 29 de maio de 1453, a cidade de Constantinopla, capital do Império Bizantino desde o ano de 395, cai nas mãos do sultão otomano Mehmet II, após um sítio de diversas semanas. Desde o século XIV, que os turcos otomanos haviam se apoderado de grande parte da península balcânica. Esta vitória corta o Ocidente de suas raízes greco-romanas e orientais. A cidade seria rebatizada de Istambul e atingiria seu apogeu sob o reinado de Solimão I, o Magníico (1520-1566).

Constantinopla era, até o momento de sua queda, uma das cidades mais importantes no mundo. Localizada no estreito do Bósforo entre o mar Negro e o mar de Mármara, funcionava como uma ponte para as rotas comerciais que ligavam a Europa à Ásia por terra. Também era o principal porto nas rotas que iam e vinham entre o mar Negro e o mar Mediterrâneo. Para explicar como uma cidade deste porte caiu em mãos estrangeiras, é preciso uma explicação histórica.

A partir do século III, o centro administrativo do Império Romano tendia a voltar-se mais para o Oriente, por múltiplas razões. Primeiro pela necessidade de defesa das fronteiras orientais; depois porque o oriente havia se tornado a parte econômica mais vital do domínio romano; por fim Roma era uma cidade rica de vestígios pagãos, o que era inconveniente num império cristão. Desse modo Constantino decretou a construção de uma nova capital, onde ficava a antiga fortaleza grega de Bizâncio, ponto de grande importância estratégica. A nova cidade recebeu o nome de Constantinopla, "cidade de Constantino" e foi concebida como uma "nova Roma". Rapidamente se tornou o centro político e econômico do Império. Sua criação teve repercussões também no plano eclesiástico: enquanto em Roma a Igreja Católica adquiriu mais autoridade, em Constantinopla o poder civil controlou a Igreja.

O declínio do Império Bizantino decorre principalmente da expansão dos turcos seljúcidas e dos conflitos com os húngaros. Porém, a primeira vez que Constantinopla foi saqueada o foi pelos cristãos ocidentais, e não por seus inimigos tradicionais. A capital do Império Romano do Oriente foi tomada pela Quarta Cruzada em 1204. O ataque foi feito pelo mar, e a cidade foi saqueada e incendiada por três dias, e nem tesouros da Igreja Ortodoxa e supostas relíquias cristãs, riquezas acumuladas por quase 1000 anos, foram poupados.

Em 1190, a Terceira Cruzada, formada por contingentes das potências ocidentais, não recebera dos bizantinos o apoio esperado quando se dirigia à Terra Santa. Tal fato se deu porque os bizantinos, acreditando que o líder dos turcos, Saladino, principal inimigo dos cruzados instalados na Terra Santa, fosse invencível, preferiram manter a maior neutralidade possível. Outro fator era o cisma religioso existente, não aplacado pelos esforços da Igreja Católica Romana e da Igreja Católica Ortodoxa Grega. Também deve ser considerado o costume de se distribuir entre os generais e seus soldados o butim de guerra, formado pelos lendários tesouros e famosas relíquias.

Além disso, existia uma crise sucessória no trono bizantino, que facilitou a investida cruzada. Depois de uma revolta bizantina, em 1204 os cruzados novamente tomaram a cidade. Inaugurou-se assim o chamado Império Latino (1204-1261) com o reinado de Balduíno I (Balduíno IX, Conde da Flandres) . Parte dos territórios bizantinos foram divididos entre os chefes da cruzada, formando-se os reinos independentes católicos na região de Tessalônica, Trebizonda, Épiro e Nicéia. Os bizantinos reuniram forças, e em 1261 retomaram Constantinopla e restabeleceram seu domínio sobre a Península Balcânica. Mas agora governavam um império depauperado economicamente e sem o apoio da Igreja Católica, que perdurou até 1453.

Mesmo antes da Quarta Cruzada, o Império Bizantino vinha, havia muitos séculos, perdendo territórios para muçulmanos no Oriente Médio e na África. No início do século XI, uma tribo turca vinda da Ásia Central, os seljúcidas, começaram a atacar e ganhar territórios bizantinos na Anatólia. No final do século XIII, os seljúcidas já haviam tomado quase todas as cidades gregas da Anatólia. Nesta época, um clã semi-nômade turco teria migrado do norte da Pérsia para o oeste. O líder desse clã chamava-se Osman I ou Othman, daí porque esses turcos passaram a ser conhecidos como "otomanos".

A queda de Constantinopla teve grande impacto no Ocidente. Os cronistas da época confiavam na resistência das muralhas e achavam impossível que os turcos pudessem superá-las. Chegou-se a iniciar conversações para uma nova cruzada para liberar Constantinopla do jugo turco, mas nenhuma nação quis ceder tropas naquele momento. Para os historiadores em geral a Queda de Constantinopla marcou o fim da Idade Média.

Com Constantinopla sob domínio muçulmano, o comércio entre Europa e Ásia declinara subitamente. Nem por terra nem por mar os mercadores cristãos conseguiriam passagem para as rotas que levavam à Índia e à China, de onde provinham as especiarias e artigos de luxo.

As nações européias iniciaram projetos para o estabelecimento de rotas comerciais alternativas. Portugueses e espanhóis aproveitaram sua posição geográfica junto ao Oceano Atlântico e à África para tentar um caminho ao redor deste continente para chegar à Índia. Já Cristóvão Colombo via uma possibilidade de chegar à Ásia pelo oeste, através do Oceano. Com as Grandes Navegações, Portugal e Espanha, países outrora sem muita expressão, se tornaram no século XVI os mais poderosos do mundo, estabelecendo uma nova ordem mundial. 
*Com informações do site forumnow

Igreja do Bom Pastor Fotografia por Thomas Young,

Uma igreja de pedra velha senta-se entre as gramíneas plácidas do Sul da Nova Zelândia Island, uma terra conhecida por suas grandes extensões de terras virgens e grandes estabelecimentos agrícolas.

Mercedes Sosa - Gracias a La Vida

Velha história - Vinicius de Moraes

Velha história

Depois de atravessar muitos caminhos
Um homem chegou a uma estrada clara e extensa
Cheia de calma e luz.
O homem caminhou pela estrada afora
Ouvindo a voz dos pássaros e recebendo a luz forte do sol
Com o peito cheio de cantos e a boca farta de risos.
O homem caminhou dias e dias pela estrada longa
Que se perdia na planície uniforme.
Caminhou dias e dias…
Os únicos pássaros voaram
Só o sol ficava
O sol forte que lhe queimava a fronte pálida.
Depois de muito tempo ele se lembrou de procurar uma fonte
Mas o sol tinha secado todas as fontes.
Ele perscrutou o horizonte
E viu que a estrada ia além, muito além de todas as coisas.
Ele perscrutou o céu
E não viu nenhuma nuvem.
E o homem se lembrou dos outros caminhos.
Eram difíceis, mas a água cantava em todas as fontes
Eram íngremes, mas as flores embalsamavam o ar puro
Os pés sangravam na pedra, mas a árvore amiga velava o sono.
Lá havia tempestade e havia bonança
Havia sombra e havia luz.
O homem olhou por um momento a estrada clara e deserta
Olhou longamente para dentro de si
E voltou.
Vinicius de Moraes
(1913-1980)

Eleições: o dom de iludir

Eleições: o dom de iludir
FERNANDA TORRES

O candidato é um ator em eterno teste; uma condição vexatória e desconfortável
O QUE LEVA alguém a se candidatar à Presidência? A ser tão bisbilhotado, ofendido, pesquisado e aviltado? Que papel grandioso é esse cujo ensaio, estreia e temporada custam o fígado do próprio intérprete?
A política é um palco letal, o Coliseu romano da atualidade. Um lugar de ódios milenares, mágoas irreparáveis, conciliações imperdoáveis e, também, do temível ridículo. Eu seria incapaz de atuar sob tamanha pressão.
Não se trata apenas de dar conta de Rei Lear: tem que voar no jatinho, fazer a carreata, comer dobradinha, andar de mula e enfrentar a tempestade do Crato ao Pampa gritando "Uiva vento!" pelos palanques.Tem que ter sangue de barata, paciência de Jó, cara de pau e vontade de elefante.
Outro dia me mandaram um link na internet onde a Dilma Rousseff se embananava toda para responder a uma simples questão: "Que livro a senhora está lendo?" Qualquer um que cultive o prazer de ler sabe que um ser humano que está em plena campanha presidencial não tem cabeça nem tempo para se dedicar à leitura.
Talvez a "Arte da Guerra", de Sun Tzu, entre um programa do Ratinho e outro, seja o único exemplar que resista ao tranco, por seu conteúdo bélico de autoajuda milenar. Mas admitir que não está lendo porcaria nenhuma é encarar as manchetes do dia seguinte afirmando que fulano, ou fulana de tal, é um energúmeno, um(a) ignorante não afeito às letras. Por isso Dilma se contorce, tentando se lembrar do último livro que leu, o que só consegue com a ajuda dos assessores. A duras penas acerta o título e a mais duras ainda arrisca um resumo dele. A pergunta corriqueira, quem diria, a colocou em um mato sem cachorro. Se a tivessem arguido a respeito da política de juros, da dívida pública ou até mesmo de um espinhoso tema como o aborto, ela estaria apta a responder. Bastou uma perguntinha pessoal para que Dilma se afastasse brechtianamente da ciranda da candidata e caísse em si mesma, perdendo o fio do personagem.
O candidato é um ator em eterno teste. Uma condição vexatória e terrivelmente desconfortável. José Serra escolheu o perfil do conciliador boa-praça, se manteve bem no personagem até que perdeu a paciência na rádio CBN diante da prensa de Míriam Leitão. Míriam, aliás, tem sido dos ossos mais duros de roer para os que estão na corrida presidencial. Serra soltou um desabafo irritado a respeito do que pensava da relação entre a Presidência e o Banco Central. Depois, teve que remar forte para recuperar a imagem que passou semanas construindo, justificando de forma sincera que o horário matutino lhe havia puxado o tapete.
Qualquer razão idiota, como pular da cama cedo, pode colocar tudo a perder; da mesma forma que um celular que toca no meio de um espetáculo pode fazer Macbeth desencarnar de vez da alma de um ator.
A verdade e a franqueza são armas de destruição em massa na política, é necessário saber ocultá-las com desenvoltura e, muitíssimas vezes, mentir com convicção.
Marina Silva não titubeia, ela é a terceira via, pode dizer o que pensa. Apesar de ter sido ministra, ela não passa pelo comprometimento político dos dois outros adversários, pertencentes a partidos que já ocuparam o Planalto e fizeram alianças muitas vezes incompreensíveis para poder governar. Marina está dentro e fora do jogo, uma posição importante e confortável.
Glorinha Beautmüller, fonoaudióloga e preparadora vocal de inúmeros atores e políticos, é uma figura lendária, dona de intuição aguçada, métodos nada ortodoxos e técnica que visa ancorar a palavra ao corpo e aos sentidos do palestrante. Profissional ímpar, ela já botou de quatro modelos com ambições a atriz, para que perdessem a pose enquanto recitavam um texto, e aconselhou com veemência que Cláudia Jimenez falasse pela vagina na sua estreia no teatro profissional como uma das prostitutas de "A Ópera do Malandro". Ao que Claudia, com seu talento e humor de sempre, respondeu, aplicada: "Eu estou tentando, Glorinha, estou tentando!"
Uma vez, a maga foi chamada às pressas a Brasília para atender um político repentinamente afônico e necessitado de discursar. Segura, não pestanejou no diagnóstico: "Meu filho, você está rouco desse jeito porque você mente demais!"
Hoje, o político ideal deve reunir o carisma de Sílvio Santos, a classe de Paulo Autran, a astúcia de Alexandre, o Grande, a retórica de Ruy Barbosa, o empreendedorismo de Antônio Ermírio, a responsabilidade do doutor Paulo Niemeyer, o desapego de Buda, a razão de Confúcio, a bondade de Cristo e ainda sair vivo da arena quando soltarem os leões famintos atrás da sua carne. Essa pessoa não existe. O político, portanto, tem que ter o dom de iludir.

Israel denuncia"a hipocrisia" do acordo sobre não proliferação nuclear

Israel denuncia"a hipocrisia" do acordo sobre não proliferação nuclear

Agência AFP
JERUSALÉM - Israel, considerada a única potência nuclear do Oriente Médio, denunciou neste sábdo a 'hipocrisia' do acordo da conferência de acompanhamento do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), que assinalou explicitamente o Estado hebreu, mas não citou o Irã.
"Este acordo tem o selo da hipocrisia. Somente Israel é mencionado em um texto que não cita outros países como a Índia, Paquistão, Coreia do Norte, que têm armas nucleares, ou, mais grave ainda, o Irã, que quer dotar-se delas", afirmou à AFP um alto dirigente, que não quis ser identificado.
"O fato de que não tenha feito uma referência ao Irã é algo indignante, já que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) divulgou nesses últimos meses cada vez mais informações sobre a natureza militar dos projetos nucleares iranianos", acrescentou a fonte.
A conferência sobre o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) chegou na sexta-feira a um acordo - o primeiro em 10 anos - que inclui a criação de uma zona sem armas nucleares no Oriente Médio.
O Secretário-Geral da ONU "aprova particularmente o acordo sobre um processo que leve à implementação completa da resolução de 1995 que estabelece uma zona livre de armas de destruição em massa no Oriente Médio", disse Ban Ki-moon em um comunicado.
A conferência adotou por consenso um documento final que prevê quatro planos de ação sobre cada um dos três pilares do TNP - desarmamento, controle dos programas nucleares nacionais para garantir que são pacíficos e utilização pacífica da energia atômica -, além de um Oriente Médio sem armas atômicas.
No que diz respeito a esse último ponto, o documento planeja a organização, em 2012, de uma conferência internacional "na qual supõe-se que todos os Estados da região participem, com o objetivo de chegar à instauração" dessa zona sem armas nucleares, e onde é requerida a presença de Israel e do Irã.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, saudou o acordo, que "fortalece o regime de não proliferação mundial".
"Este acordo inclui passos equilibrados e práticos que farão avançar a não proliferação, o desarmamento nuclear e o uso pacífico da energia nuclear, que são as bases para o regime mundial de não proliferação", destacou Obama.
Os Estados Unidos comprometem-se a trabalhar para que esta conferência seja um sucesso, declarou a delegada americana Ellen Tauscher.
"Nos esforçaremos, com os países da região, para criar as condições de uma conferência de sucesso", disse Tauscher. Mas depois acrescentou: "Entretanto, afirmamos que nossa capacidade de realizá-la resulta seriamente diminuída pelo fato de que o documento final singulariza Israel em sua seção dedicada ao Oriente Médio, o que os Estados Unidos lamentam profundamente".
O texto também afirma que "é importante que Israel se junte ao tratado e ponha todas as suas instalações nucleares sob as garantias globais da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA)".
Entretanto, o texto não menciona especialmente o Irã, que os ocidentais querem ver sancionado por sua violação das resoluções da ONU, exigindo que Teerã suspenda suas polêmicas atividades nucleares e demonstre o caráter civil de seu programa nuclear.
Egito e Irã fizeram campanha para que Israel fosse especificamente convidado a juntar-se ao TNP, o que exigiria do Estado hebreu a renúncia ao seu arsenal nuclear.
O assessor de Obama para a não-proliferação, Gary Samore, expressou dúvidas quanto à conferência planejada para 2012: "Não sei se esta conferência ocorrerá", confessou em coletiva de imprensa.
Os Estados Unidos aceitaram co-promover a reunião e não querem que o evento seja um fracasso, prosseguiu Samore. Também disse que Washington co-organizaria a conferência apenas se "as condições estivessem reunidas".
É a primeira vez, em 10 anos, que a conferência quinquenal de acompanhamento do TNP chega a um acordo para revisar o tratado que, desde que entrou em vigor, em 1970, serviu como diretriz mundial para limitar a proliferação de armas nucleares.
09:33 - 29/05/2010

Vanessa da Mata -- Um dia, um adeus (set acústico) -- Vídeo oficial

Americanos agora assopram

Americanos agora assopram

CLÓVIS ROSSI – Folha de São Paulo
Departamento de Estado explica melhor sua reação, em nítida tentativa de diminuir tensão com Brasil

O DEPARTAMENTO de Estado tratou ontem de explicar melhor a reação dos EUA ao pacto Brasil/Turquia/Irã, em conferência telefônica que me deixou a nítida sensação de uma tentativa de diminuir a tensão que se arma entre Brasil e EUA. Desde a assinatura do acordo, as declarações saídas de Washington causavam em Brasília a impressão de que o Brasil estava sendo criminalizado por um acordo que seguia, no essencial, as linhas traçadas pelo presidente Barack Obama em carta a Lula do dia 20 de abril.
Ontem, ao contrário, funcionários do Departamento de Estado fizeram elogios aos esforços desempenhados por Brasil e Turquia e ainda deixaram claro que os dois países mostraram-se "seriamente interessados" em resolver o contencioso nuclear iraniano. O Irã, ao contrário, negociou com o interesse principal de quebrar o momento para a adoção de sanções pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. (Os nomes dos funcionários foram anunciados, mas o acordo é só mencioná-los como "funcionários graduados", uma praxe no relacionamento mídia/governo nos EUA.)
Um deles lembrou o óbvio: Brasil e EUA têm "forte e positiva relação bilateral", e ela vai continuar assim.
Boa parte das perguntas girou em torno da carta de Obama a Lula que esta Folha divulgou com exclusividade anteontem.
Como há notável coincidência entre os termos da carta e os termos do acordo de Teerã, houve até quem perguntasse se os EUA não estavam mudando as traves de lugar no meio do jogo, ao criticarem o acordo.
A explicação do pessoal do Departamento de Estado: a carta de fato não continha todos os pontos que Washington considera fundamentais no dossiê nuclear iraniano pela simples e boa razão de que Brasil e Turquia não negociavam em nome dos EUA.
Mas as autoridades brasileiras haviam sido informadas, previamente, de quais são esses pontos. O principal deles diz respeito ao enriquecimento de urânio: os EUA citam resoluções da ONU que obrigariam o Irã a suspender o enriquecimento até que estejam esclarecidas todas as dúvidas sobre a característica pacífica do seu programa nuclear.
Nem a carta de Obama nem o pacto de Teerã tratam disso. Aqui, Brasília, Ancara e Washington parecem ter percepção diferente dele.
O premiê Recep Tayyp Erdogan chegou a dizer em Madri, há 10 dias, que o acordo era só "o mapa do caminho". Nele, haveria várias paradas, durante as quais poderiam ser acrescentados os pontos necessários para desfazer as dúvidas.
Já para Washington, o documento de Teerã soou como fim do caminho. Inaceitável, portanto, por não eliminar dúvidas da comunidade internacional, de resto pertinentes.
A conversa de ontem serviu, portanto, para explicitar quais são as "discordâncias sérias" que a secretária Hillary Clinton disse haver entre EUA e Brasil. A sensação é de que não são sérias o suficiente para azedar a "relação forte e positiva".
No caso das sanções, por exemplo, os funcionários do Departamento de Estado reconheceram que o Brasil tem antiga objeção a elas, e não só no caso do Irã. Não haveria, portanto, motivo para criticar o país por recusar-se a endossar o pacote contra o Irã, como o vem fazendo.
Resta agora esperar para ver se o diálogo entre as duas partes volta a ser direto e é capaz de dissolver o desentendimento.

Fernandes, para Diário do ABC


Amorim diz que se for preciso subserviência abre mão da ONU

Amorim diz que se for preciso subserviência abre mão da ONU
Luís Bulcão Pinheiro, Portal Terra

RIO - O chanceler Celso Amorim afirmou nesta sexta-feira que se for preciso o Brasil ser subserviente para entrar no Conselho de Segurança da ONU, "nós abrimos mão", ao comentar as críticas feitas pela secretária de Estado americana, Hillary Clinton, sobre o acordo nuclear firmado com o Irã.
Hillary lançou questionamentos em relação à assinatura do acordo dizendo que o país islâmico quer ganhar tempo e torna o mundo mais perigoso com seu programa atômico. "Pensamos que fazer o Irã ganhar tempo, permitir que o Irã ignore a unanimidade internacional existente sobre seu programa nuclear, torna o mundo mais perigoso, e não menos", disse.
Sobre as declarações da americana, Amorim descartou problemas diplomáticos. "Seria infantil pensar que as relações ente Brasil e EUA estão ameaçadas, mas se for preciso ser subserviente para estar no Conselho de Segurança da ONU, nós abrimos mão disso", disse Amorim.
Amorim citou ainda o lobby político dos EUA e Reino Unido na guerra do Iraque. "Quando diziam que a comunidade internacional estava nervosa, eram apenas dois países", afirmou ele, ao responder se o acordo teria deixado comunidade internacional nervosa.
"Eles tem o poder de veto (se referindo ao Conselho de Segurança), mas não podem violentar a nossa consciência", afirmou.
"Nós não estamos nervosos, porque temos a certeza de que fizemos a coisa certa. Havia uma proposta de acordo para criar confiança na relação entre um certo número de países e o Irã", disse.

AROEIRA


EUA: Brasil sabia que acordo seria rejeitado

EUA: Brasil sabia que acordo seria rejeitado
Altos funcionários do governo alegam que carta de Obama não instruía Lula sobre negociação em Teerã
Fernando Eichenberg

WASHINGTON. Para o governo americano, Brasil e Turquia mediaram o acordo nuclear com o Irã já cientes de que o documento não seria aceito por Washington. Ontem, autoridades dos Estados Unidos garantiram que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e os líderes turcos tinham consciência de que permitir ao Irã enriquecer urânio a 20% em seu território - como viabiliza o Acordo de Teerã - era um violação da resolução do Conselho de Segurança da ONU e algo inaceitável para o presidente Barack Obama e aliados.
- Desde fevereiro, a secretária Hillary Clinton vem mantendo discussões detalhadas com o ministro Amorim sobre essa questão - afirmou um funcionário do governo.
Por que, então, essa exigência crucial não foi mencionada na carta enviada por Obama ao presidente Lula, datada de 20 abril, duas semanas antes da assinatura do acordo em Teerã, em 17 de maio?
- Não havia necessidade de colocar essas questões na carta. Brasil e Turquia sabiam muito bem da importância disso. Não podíamos instruí-los sobre como negociar - procurou explicar outra fonte do governo americano.
Os funcionários se recusaram a comentar, no entanto, sobre a real finalidade da correspondência remetida por Obama ao Palácio do Planalto, não alinhada com as enérgicas declarações da secretária de Estado, Hillary Clinton, contra a viagem de Lula a Teerã.

Irã teria duplicado seu estoque de urânio
A Casa Branca afirmou que não solicitou que Brasil e Turquia negociassem em seu nome e que só soube dos resultados do Acordo de Teerã quando foram divulgados publicamente. Diplomaticamente, o governo americano repetiu reconhecer o esforço turco-brasileiro para se chegar a uma solução, mas, "infelizmente", não vê no acordo assinado em Teerã garantias e respostas às principais preocupações da comunidade internacional.
Para Washington, o governo do presidente Mahmoud Ahmadinejad usou o acordo costurado por Brasil e Turquia para evitar a aplicação de novas sanções por parte do Conselho de Segurança da ONU.
Segundo a Casa Branca, os documentos que mostram as intenções bélicas nucleares do Irã foram encaminhados aos países envolvidos nas negociações.
- Brasil e Turquia receberam relatórios da inteligência americana e também da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) com dados suficientes para revelar as verdadeiras motivações do programa nuclear iraniano ? disse uma das fontes governamentais.
As autoridades alegam que, desde setembro último, o Irã praticamente duplicou seu estoque de urânio enriquecido, e se nada for feito para interromper esse processo, em curto prazo o país já terá condições de produzir uma bomba nuclear.
Os americanos sustentam que desde o início do governo Obama, negociações foram entabuladas com Teerã pela via diplomática, mas sem resultado.
- Nunca houve um volume tão grande de encontros e troca de cartas desde os últimos trinta anos, mas os iranianos sempre bloqueavam quando se chegava ao tema nuclear - justificou um funcionário.
Ontem, os EUA manifestaram sua determinação em prosseguir com a política de aplicação de novas sanções, a única chance, segundo as autoridades americanas, de fazer com que o Irã se sente à mesa "para negociar seriamente" com o grupo do P5+1 - os cinco países membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, mais a Alemanha.

Skoob

BBC Brasil Atualidades

Visitantes

free counters