quarta-feira, setembro 15, 2010

Entre fraldas e fraudes

Entre fraldas e fraudes
Roberto DaMatta - O Globo - 15/09/2010
Quando virei avô, um papel social para o qual eu contribuí apenas indiretamente, pois como sabe o óbvio mais ululante quem faz os netos são os nossos filhos, entendi a força daquilo que chamamos de “graça”.
A graça de ter uma filhinha e dois filhos que repetiam o lado mais humildemente humano do meu trajeto, correndo o risco de gerar filhos e, mais que isso, de honrá-los neste mundo; a graça de viver o papel de “pai com açúcar” ou de ser “pai duas vezes” porque os elos entre os avós e os netos têm aquela mesma obliquidade ou distância da dos tios: eles passam por uma outra pessoal, são sempre indiretos. Por isso permitem o resgate de uma igualdade insuspeita, marcada por uma liberdade graciosa e, às vezes, repleta de humor, que permite falar com os netos sobre coisas impossíveis de serem tocadas com os filhos. Outro dia, perg u n t e i a o m e u n e t o mais velho, Samuel, se ele estava amando muito.
Ouvi um bom e sonoro sim como resposta e, em seguida, a pergunta inesperada que só ocorre entre iguais: e você vovô, como vai de vida amorosa? Bill Cosby, um genial comediante americano negro, contava como, com 10 anos de idade, foi visitar o avô que, engravatado, lhe ofereceu uma cerveja, deu-lhe um charuto, sentou-o numa confortável cadeira de balanço e, em seguida, perguntou-lhe sobre o que ele achava da política do Partido Democrata.
Cosby discutia política nacional dando gostosas baforadas com o pai do seu pai, quando o genitor chegou e liquidou a farra de uma igualdade que só pode existir entre as gerações alternadas, como sabiam os antropólogos da minha tribo. Os laços entre pais e filhos contêm uma rígida autoridade que se alterna e compensa pelo trata mento chistoso e livre entre avós (ou tios) e netos (e sobrinhos), esses papéis que eram semelhantes em Roma e em muitos outros sistemas de família e parentesco
Podemos ser fraudes como genitores, mas é impossível fraudar o papel de avô. Num caso, exige-se muito; noutro, a fraude é substituída pelas fraldas.
Ora, fraudar é mais do que mentir: é criar ilusões, é inventar competências, é encobrir malfeitos com imagens e propaganda enganosa. Fraldar, porém, diz respeito a fazer o exato oposto. Trata-se de vestir o infante, dando-lhe aquela primeira tintura de um traço que temos como básico na nossa sociedade: a diferença essencial entre o sujo e o limpo.
Se as regras forem realmente honradas, as fraudes devem ser punidas; fraldas, entretanto, são jogadas fora. Mas tanto a fralda quanto a fraude implicam alguma “sujeira” no sentido popular do termo. Fraudes remetem a falcatruas e hipocrisias (por exemplo: eu falo que vou fazer isso ou aquilo só para ter votos); fraldas têm tudo a ver com mamadas e banhos que fazem crescer. Ademais, elas limpam e separam o sujo do limpo. Entendese, portanto, o ato falho auditivo da candidata Dilma quando, ao ser perguntada sobre “fraldas”, entendeu que era questionada sobre “fraudes”.
Essas mal traçadas sobre o que significa ser avó ou avô, esses papéis nos quais — dizem — o sexo e a sexualidade não têm mais importância, talvez ajudem a compreender a falha da audição de uma candidata tão preocupada em pretender ser o que obviamente não é; que a fralda da avó se confunde com a fraude tão comum na política do partido que ela representa.
Um dia eu escrevi um texto teorizando sobre o “voto amigo”, no qual justificava por que não ia votar motivado ideologicamente, mas por simpatia pessoal. A nota, que foi recebida furiosamente por uma esquerda que sempre espuma de ódio com os outros, mas vive debaixo de uma ética de condescendência consigo mesma, foi escrita com o intuito de politizar os elos pessoais. Os laços de amizade e reciprocidade que até hoje nos obrigam a escolher mais pessoas amigas do que representantes dos movimentos sociais como motivos para o voto. Se tudo — inclusive e, sobretudo, o sexo — é política, como me ensinava um professor ativista nos idos de 1960, então por que os amigos não são também “politizáveis” e, assim assumidos, transformados em figuras capazes de trazer a nossa consciência que se quer transformadora, as eventuais desarmonias entre partidos e ideologias; entre as incoerências dos hábitos praticados sem pensar e das instituições desenhadas para transformar o mundo? Afinal de contas, eis o que eu dizia, se exigimos uma politização do mundo, como deixar de fora os amigos, a casa, os parentes e os compadres? Se a coerência é impossível, não seria o caso de discuti-la e, assim, politizá-la no sentido mais produtivo desta palavra? Fiquei muito feliz descobrindo que muitos brasileiros geniais, ilustres e sábios, como Caetano Veloso e Oscar Niemeyer, vão votar em amigos. O arquiteto vai votar em Marco Maciel — um neoliberal que, para muitos, deveria queimar no inferno — porque, diz Niemeyer, “eu o conheço há tempo honestíssimo” — enfatiza.
Haveria algum problema entre o desejo de mudar, permanecendo leal àqueles que “eu conheço”? A amizade suspende todos os juízos, leis e normas? Afinal pelos amigos podemos fazer tudo. E se Judas, Stalin, Fidel, Chávez ou Hitler fossem meus amigos?
Eu acho que é preciso distinguir fraudes e fraldas. E essa distinção é o projeto mais básico no nosso momento político-eleitoral.

J. Bosco para O Liberal


Até onde vão as reservas?

Até onde vão as reservas?
Celso Ming - O Estado de S. Paulo - 15/09/2010
O Banco Central não consegue apresentar uma justificativa consistente para a atual política de compra de dólares e formação de reservas.
Argumenta, com razão, que o alto volume de reservas foi um dos principais motivos pelos quais o Brasil passou com sobras pela maior crise do capitalismo global desde os anos 30. Foi a exibição dessa musculatura que desencorajou eventuais evasões de moeda estrangeira.
No entanto, se reservas de US$ 200 bilhões foram mais do que suficientes para que a crise não passasse de simples marolinha, boa pergunta consiste em saber por que, então, é preciso mais. Por que continuar amontoando reservas se uma eventual recaída na crise não vai exigir blindagem maior do que a que foi necessária para enfrentar o tsunami de 2008-09? As reservas estão hoje a US$ 263 bilhões (veja gráfico) e poderão saltar para perto dos US$ 300 bilhões até o final do ano, apenas levando em conta a entrada programada de moeda estrangeira nas próximas semanas.
Se a formação de reservas não tivesse um alto custo para o País, não haveria contraindicação. A maior parte das reservas do Brasil é aplicada em títulos de dívida de países ricos, especialmente dos Estados Unidos, e rendem alguma coisa em torno dos 2% ao ano. Mas essas compras de moeda estrangeira exigem uma operação de esterilização dos reais usados pelo Banco Central para pagamento dessas compras. Ou seja, exigem retirada desses reais do mercado por meio da venda de títulos do Tesouro do Brasil. E, no entanto, esses títulos pagam juros equivalentes aos da Selic, hoje de 10,75% ao ano. Isso significa que, numa conta rápida, reservas de US$ 263 bilhões custam em torno de US$ 18 bilhões ao ano para os cofres públicos.
Mais do que isso, quanto maior a pilha de reservas em exibição, mais o Brasil tende a atrair dólares. Por isso, se o objetivo do momento é evitar essa inundação verde, melhor seria parar por aqui.
Os dirigentes do Banco Central seriam mais sinceros se admitissem que não compram moeda estrangeira apenas para evitar grande volatilidade no câmbio interno ou, então, para formar reservas que hoje não são mais necessárias para defender a economia contra as crises. O Banco Central continua comprando dólares porque pretende evitar uma excessiva valorização do real (queda do dólar no câmbio interno).
Não há nada de errado em que se aprofunde a intervenção do Banco Central no câmbio para essa finalidade. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, por exemplo, não esconde que pretende uma boa desvalorização do real diante do dólar. Para isso, não só avisa que apoiaria a atuação do Banco Central no mercado de derivativos com esse objetivo, como também anuncia que está preparando pacote destinado a criar condições para uma recuperação das cotações do câmbio.
Ainda assim, quando avisa que está estudando intervenção no mercado de derivativos (mercado futuro), o Banco Central acena com outro objetivo: o de evitar a derrubada das cotações no mercado à vista provocada pela forte venda no câmbio futuro.
Mas, nessas condições, estaria admitindo que tem em mente um piso para a cotação da moeda estrangeira.
CONFIRA
O dia do pânico Dois anos após a quebra do Lehman Brothers e do terror avassalador que a ele se seguiu, ainda se pergunta por aí se não teria saído mais barato para as autoridades americanas resgatar de uma vez o banco e, assim, ter evitado que o Fed despejasse US$ 2 trilhões, para segurar o mercado, e o Tesouro americano outros US$ 700 bilhões.
Prejuízo incalculável O Lehman era apenas o quarto banco de investimentos dos Estados Unidos e, no entanto, quando afundou produziu o estrago conhecido.
A chantagem dos bancos Se o Lehman não tivesse quebrado, talvez não tivesse sido recuperada a noção de risco nem a de que os bancos estão, sim, sujeitos a desaparecer, tanto eles como o dinheiro dos aplicadores. Em compensação, foi tamanho o pânico produzido que os grandes bancos passaram a chantagear as autoridades, na base de ou vocês nos socorrem ou vamos todos para o buraco. A resposta à pergunta continua difícil e controversa.

Inversão de valores

Inversão de valores
Merval Pereira - O Globo - 15/09/2010
O mais grave que está acontecendo no país não é nem mesmo o inacreditável vale-tudo em que se transformou a campanha presidencial, mas a banalização das atitudes mais perniciosas do governo nesses últimos anos, especialmente após o episódio do mensalão em 2005, e de maneira mais acentuada no segundo mandato do presidente Lula.
São praticamente oito anos solapando as instituições do país, provocando ao final um anestesiamento na sociedade brasileira, que tudo justifica porque parte de um governo popular, aprovado por mais de 80% da população.
Como se a popularidade desse a qualquer governo o direito de ignorar leis, ou mesmo que as consequências benéficas desta ou daquela política social justificassem abusos de poder, ou os atenuassem.
O governo Lula está conseguindo transformar críticas em atitudes mesquinhas e antipatrióticas, e, assim como mistura o público com o privado, confunde o líder partidário com o poder do cargo de presidente da República, sem que a sociedade se indigne.
E quem critica esse abuso de poder político nunca antes visto neste país corre o risco de ser considerado um sujeito “do contra”, que não reconhece os avanços havidos.
Cada vez fica mais restrito o campo para as divergências, ao mesmo tempo em que se alargam os caminhos para o autoritarismo e a truculência do Estado.
Não foi por acaso que ontem mesmo o ex-ministro e deputado cassado José Dirceu, novamente no papel de eminência parda, desta vez do eventual governo Dilma, criticou o “abuso do poder de informar” da imprensa.
O presidente Lula começou essa escalada autoritária depois que conseguiu escapar da crise do mensalão.
Entre o momento em que ele próprio disse que havia sido traído dentro do governo, até quando os petistas foram à tribuna do Congresso chorar literalmente de vergonha pelo que estava sendo exposto, houve no país uma indignação que poderia fazer a política andar para a frente, com reformas estruturantes e punição dos responsáveis pelo maior prejuízo institucional que o país já sofreu na História democrática recente.
Mas o presidente Lula, impossibilitado de enfrentar a crise que estava arraigada no seu partido e no seu governo, assumiu em entrevista dada em Paris a versão de que o mensalão não passava de caixa dois, prática normal na política brasileira.
A partir daí, a prometida apuração rigorosa passou a ser uma proteção desabrida de todos os envolvidos, e a promessa implícita de que ninguém sofreria prejuízos se todos se unissem num pacto de silêncio.
O presidente sistematicamente passou a mão sobre a cabeça dos aliados, fossem eles quem fossem, tivessem cometido qualquer tipo de crime.
Essa se tornou a regra do governo, como nas máfias, e acelerou-se no segundo governo Lula a montagem da máquina governamental a serviço dos “companheiros”.
A defesa intransigente de qualquer malfeito de aliados é a contrapartida do apoio cego, acrítico.
Lula não teme nenhum limite legal, desmoraliza o Judiciário como fez agora nesta campanha com o TSE, e se jacta de que pode ir para as ruas quando quiser para combater seus adversários.
Foi à televisão na condição de presidente da República para exercer o papel de cabo eleitoral de sua candidata, colocando o principal adversário como um antipatriota que não pensa no bem do país.
Repetiu na segunda à noite em Santa Catarina, quando, misturando mais uma vez o cargo que ocupa com seus interesses partidários, alegou que “em nome da minha honra e da honra do meu país” não perderá as eleições.
E acrescentou que estava fazendo hoje o que fez em 2005: “Vou às ruas para derrotá-los”.
Na verdade, essa ameaça de levar os movimentos sociais para as ruas para reagir ao possível pedido de impeachment nunca se concretizou, e Lula chegou mesmo a autorizar uma negociação para não se candidatar à reeleição em troca de poder terminar seu mandato.
Com a recuperação de seu prestígio graças aos bons ventos da economia mundial, Lula voltou a ser aquele líder dado a “bravatas”, como ele mesmo confessou que fazia quando esteve na oposição.
Inebriado com seu próprio sucesso, Lula foi adiante e, ao lado da sua candidata Dilma Rousseff, afirmou que o “DEM precisa ser extirpado” da política brasileira.
Seu rancor data ainda de 2005, quando, segundo acusou, a família Bornhausen tentou derrubá-lo do poder.
A gravidade desse episódio, além do fato de um presidente da República defender em público o extermínio de um adversário político, é que, anos antes, o então senador Jorge Bornhausen havia provocado em Lula e nos petistas um aparente sentimento de estupor quando disse que na eleição de 2006 o país precisava “se ver livre dessa raça por 30 anos”.
Foi chamado de tudo: “fascista”, “direitista”, “adepto das ditaduras militares”, “explorador e assassino de trabalhadores”.
Assim como na segundafeira, foi acusado de representar a “direita raivosa”. Bornhausen alegou na ocasião que usou “esta raça” com o sentido de grupo de indivíduos da mesma categoria, uma das definições de raça dos dicionários. Processou e ganhou quem o acusou.
Vem agora o próprio presidente Lula repetir o que condenara enfaticamente, com o agravante da posição que ocupa, e passa a se utilizar de palavreado e ameaças fascistas contra adversários políticos.
A truculência política do governo é tamanha que transforma as vítimas do aparelhamento do Estado, com a quebra de sigilos fiscais em série da família do candidato oposicionista, em exploradores com fins eleitorais.
E, montando uma farsesca investigação, permite que uma ministra acusada de tráfico de influência continue no cargo, utilizandose dele para atacar a oposição e proteger sua família.
Uma inversão total de valores republicanos que sinaliza para um futuro democrático incerto.

Nana Mouskouri - Song for Liberty

Erasmo, para o Jornal de Piracicaba


Crescimento no Nordeste faz faltar mão de obra em SP

Crescimento no Nordeste faz faltar mão de obra em SP
Região concentrou mais de 34% das vagas criadas na construção nos últimos 12 meses
R7 Notícias
Ao mesmo tempo em que os investimentos da construção civil e do varejo no Nordeste estão proporcionando à região taxas de crescimento do emprego com carteira assinada acima da média brasileira, também acabam contribuindo para a escassez de mão de obra em São Paulo. Os Estados nordestinos concentraram mais de 34% das vagas criadas pelo setor da construção no país nos últimos 12 meses. Já as redes varejistas aceleram o ritmo de expansão na região, aproveitando a evolução do consumo das classes C e D, mais sensíveis aos ganhos do salário mínimo e dos programas de distribuição de renda.
Segundo levantamento da LCA Consultores, feito a pedido da Agência Estado, das cerca de 333 mil vagas formais criadas entre julho de 2009 e 2010, mais de 114 mil foram geradas nos Estados nordestinos, representando mais de um terço dos postos.
O economista da LCA, Fábio Romão, disse que os ganhos reais do salário mínimo e o crescimento do Nordeste "têm aumentado o dinamismo da economia local, reduzindo o fluxo de trabalhadores para outras regiões, aumentando os investimentos e ampliando a gama de oportunidades". No Brasil, enquanto o setor ampliou no período em 16,6% as vagas formais, no Nordeste o crescimento atinge 30,5%.
Com os investimentos dos últimos anos se ampliando no Nordeste, organizações dos setores da construção civil e dos supermercados vêm observando uma falta cada vez maior de mão de obra, sobretudo em São Paulo. Parte é creditada à redução do fluxo migratório. O presidente da Apas (Associação Paulista de Supermercados), João Galassi, disse que o setor enfrenta dificuldades para preencher o aumento de 20% a 30% previsto para as vagas do fim do ano.
Ele relata casos em que supermercadistas estão abrindo mão de contratar trabalhadores com ensino médio e ocupando as vagas com pessoas com apenas o ensino fundamental.
No caso da construção civil, o cenário é parecido com o do varejo e os representantes do setor defendem uma ação conjunta das empresas com o governo para investir em qualificação dos trabalhadores. O vice-presidente do Secovi-SP (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo), Claudio Bernardes, destacou que o Bolsa-Família é outro fator que tem impacto nesse cenário.
- Muita gente tem optado por não aceitar o emprego com carteira assinada quando o salário ultrapassa o limite de renda por pessoa, porque perderia o benefício.
Ele acrescenta que os programas de distribuição de renda também contribuem para que os nordestinos não deixem a região.
Migração
Para o professor do instituto de economia da Unicamp Claudio Dedecca, as transformações econômicas observadas nos Estados nordestinos nos últimos anos estão reduzindo a "pressão pela migração" para outras regiões do País.
- O crescimento da renda dessa população abriu novas perspectivas para investimentos e retomada de projetos estratégicos. Pela primeira vez, as empresas estão esbarrando na falta de profissionais.
Romão, da LCA, ressalta que os ganhos reais do salário mínimo produzem um efeito maior sobre o consumo na Região Nordeste, porque quase metade da população recebe um salário mínimo por mês. Em todo o Brasil, essa média é de 29%, conforme os últimos dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).
Ele destaca que, especialmente, a construção civil tem apresentado uma forte evolução na formalização de postos de emprego.
-  aumento do crédito e da distribuição de renda tem um impacto muito positivo no Nordeste.

Equipe da ISS registra imagem de furacão no Oceano Atlântico

Equipe da ISS registra imagem de furacão no Oceano Atlântico
Doug Wheelock, a bordo da Estação Espacial, fez a foto.
'Igor' possui ventos sustentados de até 70 km/h.
Do G1, em São Paulo
Furacão Igor, com ventos sustentados de até 70 km/h, é fotografado por astronauta da Estação Espacial Internacional. Doug Wheelock registrou o movimento do fenômeno natural na direção noroeste, no Oceano Atlântico. México, Porto Rico e Ilhas Virgens estão em estado de alerta.(Foto: AP Photo/NASA/Doug Wheelock)

Trechos do que disse Dirceu

Trechos do que disse Dirceu
O GLOBO – 15/09/2010
“A eleição da Dilma é mais importante do que a eleição do Lula, porque é a eleição do projeto político, porque a Dilma nos representa.
A Dilma não era uma liderança que tinha uma grande expressão popular, eleitoral, uma raiz histórica no país, como o Lula foi criando, como outros tiveram, como o Brizola, como o Arraes e tantos outros. A direita teve aqui mesmo uma liderança que foi o próprio ACM, independente do fisiologismo, do abuso de poder, contudo era uma liderança popular, tanto é que era popular na Bahia.
Tinha força político-eleitoral.
Ela é a expressão do projeto político, da liderança do Lula e do nosso acúmulo desses 30 anos, porque acumulamos, demos continuidade ao movimento social.” “Falam na TV todos os analistas deles: (...) que nós queremos censurar a imprensa, que o problema no Brasil é a liberdade de imprensa? Gente do céu. Como alguém pode afirmar do Brasil é... bom.
Não existe excesso de liberdade.
Pra quem já viveu em ditadura...” “Nossa aliança é PC do B, PDT, PSB, PMDB, PT, PRB e PR. (...) Independente de termos essa coalizão, o PT é a base dela. A mídia começa a discutir nossa política, se vai fazer ajuste, se não; se vai estatizar ou não; fazer concessão ou não. Aquilo que temos de maior qualidade, o Lula, querem apresentar como negativo, porque o Lula é maior que o PT. Eles é que não têm ninguém maior que o partido deles. Ainda bem que temos o Lula, que é duas vezes maior que o PT.” “Quando pusemos o Alencar como vice do Lula, ganhamos a eleição. Como ganhamos essa eleição quando o PMDB não ficou com o PSDB.
Aquele movimento anti-Renan Calheiros, anti-Sarney... vocês não vão acreditar que eles são éticos, né? Eles, evidentemente, queriam era romper a aliança nossa com o PMDB. Um mês depois, Serra estava fazendo aliança com o PMDB. O presidente estava indicando o vice, porque em 2002 a Rita Camata foi vice dele. Criamos uma distensão no PMDB.” “Dizem que queremos censurar a imprensa. Diz que o problema é a liberdade de imprensa. O problema do Brasil é excesso, bom, é que não existe excesso de liberdade.
Mas, na verdade, o abuso do poder de informar, o monopólio e a negação do direito de resposta e do direito da imagem. ” “Os tribunais brasileiros estão formando jurisprudência, se vocês lerem os discursos do Carlos Ayres Britto, que aquilo não é voto, é discurso político, a liberdade de imprensa está ameaçada no Brasil, que é um escândalo. Mas eles estão preparando a agenda deles para o primeiro ano de governo.
Como a imprensa já está pressionando pela constituição do governo, já está disputando a constituição do governo.” “O governo sempre é disputado.
E nessa disputa, as forças políticas de oposição pesam também.

Porque com o apoio da imprensa, eles tentam formar a opinião pública forçando determinadas definições ou tentar impedir que nós apliquemos determinadas políticas. Ou paralisando no Congresso ou criando um clima na sociedade contrário, basta ver a ação já que estamos aqui numa casa das estatais, participação ampla dos petroleiros.” “Toda a mídia se posicionou contra a nova regularização do pré-sal. O Fundo, a empresa, a apropriação da receita do petróleo, da forma que vamos fazer, por partilha e não concessão.” “Tem uma disputa contra nós na comunicação. Vejam a campanha que fizeram esses anos todos contra o Bolsa Família. Não combatiam a política externa do presidente.
Porque eles não tinham ideia do peso dela, da integração sul-americana a ferro e fogo.” “Temos que nos preparar para disputa dessa fixação da mídia comigo.
Primeiro é que eu disputo, enfrento. Não deixo nada sem resposta.
Faço a disputa política na sociedade, no meu blog, no PT.
Continuei participando da vida política do país, da vida do PT.
Querem que eu seja condenado, querem me banir da vida política do país. Eles tentaram me impedir de exercer minha profissão. Eles me cassaram, saí do governo, fiquei inelegível, depois começaram uma campanha contra minhas atividade de advogado e consultor.
Fizeram durante esses cinco anos, e no ano de 2008 quatro vezes em conluio com a PF, MP e Poder Judiciário tentaram me prender. Não há nada contra mim. Faz parte da disputa política.
Como eu representava o PT, fui alvo. Quem tem que provar é o MP, que não conseguiu provar nada. O processo já terminou. Só falta ser julgado.”

Frank, hoje na Notícia (SC)


O PT de Dirceu que Dilma esconde

O PT de Dirceu que Dilma esconde
Eliane Cantanhêde – Folha de São Paulo - 15/09/2010 - 11h26
A declaração de que o PT terá mais poder com Dilma do que com Lula, feita pelo ex-ministro José Dirceu, eterno presidente de fato do partido, é motivo para reflexões, avaliações e projeções muito sérias. Até porque - ou principalmente porque - o PT tem sido um ausente do discurso de Dilma na campanha.
A equação não fecha: Dilma disfarça o partido, mas o partido vai ter ainda mais poder no governo dela?
No debate Rede TV!/Folha, no domingo à noite, Dilma relegou mais uma vez o PT ao segundo plano, referindo-se ao 'presidente Lula' e ao 'nosso governo' como os seus verdadeiros partidos. Mas Dirceu entregou o jogo: o PT é que vai dar as cartas no governo Dilma - que, não custa lembrar, era do PDT até outro dia.
A julgar pelas pesquisas, o PT vem numericamente forte por aí. Vai fazer uma bancada grande e experiente no Senado (calcanhar-de-Aquiles de Lula) e tende a ultrapassar o PMDB como maior bancada na Câmara. (Aliás, desbancando a candidatura do peemedebista Henrique Eduardo Alves para a presidência da Casa.)
O PT, então, será o líder no Congresso de uma imensa tropa formada desde o PCdo B ao PP de Maluf, depois de já ter transformado a CUT, o MST e a UNE em agências do governo, financiadas com recursos públicos; já ter aparelhado o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, a Petrobras, o BNDES; e estar em vias de 'extirpar' a oposição, como disse Lula sobre o DEM, enquanto ataca pessoalmente os tucanos Tasso Jereissatti no Ceará e Arthur Virgílio no Amazonas.
E aí entra a fala de Dirceu: 'A eleição de Dilma é mais importante do que a do Lula, porque é a eleição do projeto político'. Leia-se: Lula foi um meio para se chegar a um fim, ao tal 'projeto político'. Agora, falta explicar exatamente do que se trata, antes que o governo e o projeto se instalem. Dilma entregou um programa 'hard' de manhã ao TSE e, de tarde, retirou e entregou outro 'light'. Até agora, não se sabe ao certo qual é para valer.
Um dos laboratórios do 'projeto político' de Dirceu foi a liderança do PT na Câmara antes da eleição de Lula, que atuava e respirava conforme Dirceu mandava. Era ali o foco dos dossiês, das CPIs, das denúncias de todo tipo contra Collor, contra Itamar, contra Fernando Henrique, contra tudo e contra todos os demais.
E não é que foi dali que saíram Erenice Guerra, José Dias Toffoli, Márcio Silva? Saíram direto da central de dossiês contra adversários para o comando do país.
Erenice surgiu meio do nada e virou ministra da Casa Civil, principal cargo do governo. Toffoli é um ótimo sujeito, mas tinha todas as desvantagens e nenhum dos atributos para ser ministro, nada mais nada menos, do Supremo Tribunal Federal. E o tal do Márcio Silva é advogado da campanha de Dilma e dono de um escritório meteórico que, como diz o Painel da Folha de hoje (15/09/10), 'é assunto de advogados há muito estabelecidos em Brasília'.
Dilma teve a consideração de indicar a amiga e braço-direito Erenice Guerra como sua sucessora na Casa Civil. Mas, agora que a Casa Civil caiu (de novo) sob o peso da parentada toda dele, teve a desconsideração de rebaixá-la à condição de 'mera assessora'.
Deve estar aí a chave da questão: tem hora de esconder e tem hora de mostrar. É o PT das Erenices dos dossiês, do aparelhamento e do patrimonialismo que vai tocar o 'projeto político' em curso no país?
E com o inestimável apoio do PMDB, evidentemente.

Skoob

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