quinta-feira, junho 24, 2010

NANI


Rotas do tráfico de drogas, o maior desafio

Rotas do tráfico de drogas, o maior desafio
Relatório divulgado pela ONU indica que países como o Brasil se consolidaram como caminho de exportação
Fábio Fabrini

BRASÍLIA. A variedade de drogas à venda no mundo só cresce, a estrutura do tráfico se complexifica e, por onde estende seus tentáculos, alimenta conflitos. Relatório apresentado ontem pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) mostra que, apesar dos esforços do planeta, recentes mudanças na produção, no comércio e no perfil de consumo dos entorpecentes aumentaram os desafios dos governos na área.
Enquanto a cocaína perdeu espaço nos Estados Unidos - seu principal mercado -, na Europa o número de usuários dobrou. O pó já movimenta US$34 bilhões anuais no Velho Continente, ante US$37 bilhões nos EUA. Países da África e da América do Sul, como o Brasil, se consolidaram como rota de exportação para nações como Inglaterra, Itália e Espanha, o que tem impactado as suas estatísticas de violência. Em todo o mundo, é crescente a demanda por substâncias sintéticas, como as anfetaminas e o ecstasy, de mais difícil repressão.

Combate a cartéis favoreceu os Estados Unidos
Conforme o relatório, cada vez menos adultos americanos usam cocaína. Somente entre 2007 e 2008, o número caiu de 9,6 milhões para nove milhões. Na Europa, a quantidade sofreu um salto: eles eram dois milhões em 1998 e, em 2008, passaram para 4,1 milhões.
O combate aos cartéis de droga na Colômbia, maior produtor mundial, favoreceu a reviravolta nos EUA. Contudo, obrigou o tráfico a diversificar suas rotas. Se antes a exportação era praticamente direta, pelo Pacífico ou Golfo do México, agora os chamados "países de trânsito" ganharam importância estratégica. Antes de seguirem para os EUA, o pó e sua pasta base fazem escalas no Brasil ou Venezuela. A rota europeia inclui países do Sul e do Oeste africanos.
Segundo o relatório, 51% dos carregamentos de drogas enviados da América do Sul para Europa pelo mar partem da Venezuela. O Brasil responde por 10%. Esse fluxo tem efeitos perversos para os países. Na Venezuela, as estatísticas de homicídio explodiram. Para a ONU, é preocupante a atuação de organizações semelhantes às Farc no país de Hugo Chávez, como a Frente Bolivariana de Libertação.
"Esses grupos têm sido efetivamente cooptados pelo governo, mas mantêm células armadas, inclusive ao longo das fronteiras com a Colômbia, Equador e Brasil. O governo também começou a armar e a apoiar milícias civis (a reserva nacional). Esse tipo de movimento pode abastecer o crime organizado", diz o relatório.
No México, a onda recente de violência, acrescenta o estudo, está relacionada à disputa dos cartéis por um mercado que vivia de abastecer os EUA, mas vem encolhendo.

Fronteiras com o Brasil favorecem rotas
Na África, florestas têm sido desmatadas para dar lugar ao plantio de coca. Apesar disso, a área global do cultivo encolheu 5%. Para a Polícia Federal e a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), o fato de o Brasil fazer fronteira com os maiores produtores de coca do mundo - Colômbia, Peru e Bolívia - e sua extensão territorial favorecem a consolidação das rotas. Porém, o número de apreensões aumentou 21% de 2007 para 2008.
- É um dado positivo e vem ocorrendo na América do Sul como um todo. Indica que a repressão está funcionando - comenta Bo Mathiasen, representante do UNODC no país.

Tragédias no NE: negligência imperdoável

Tragédias no NE: negligência imperdoável

Roberto Freire

A desesperadora situação que os municípios atingidos pelas chuvas em Alagoas e Pernambuco estão vivendo tem um responsável: o governo, que, mesmo tendo o dinheiro previsto na rubrica “Prevenção e Preparação para desastres” não o utilizou em prol das populações de Santa Catarina ou do Nordeste.
Depois das tragédias ocorridas no país, não houve solidariedade expressiva do governo nem do presidente Lula. O Brasil foi mais solidário e acudiu, com repasses financeiros, mais apressadamente o Haiti e o Chile do que o nosso Nordeste, cuja população – a maia pobre, principalmente – está amargando tanto sofrimento.
Nada tenho contra a ajuda aos irmãos chilenos e haitianos. Mas a sofrida população do Nordeste não merecia o mesmo tratamento? Para os brasileiros, a ajuda é sempre insuficiente.
Existem municípios em Santa Catarina que até hoje não receberam recursos da compensação pelas enchentes do ano passado. Não tivemos terremotos, mas as imagens da tragédia das chuvas no Nordeste mostram cidades inteiras que viraram escombros.
Tanta gente vaga desesperada em busca de seus parentes… Seiscentas pessoas estão desaparecidas, 44 já morreram até hoje (23/06)! Centenas, milhares de pessoas perderam tudo.
Quantas vezes mais vamos ver essas tragédias se repetindo, sabendo que o dinheiro para preveni-las e socorrer as vítimas desviado, contingenciado, guardado para o superávit primário?
O dinheiro destinado à “Prevenção e Preparação para Desastres” diminui expressivamente todos os anos. Um levantamento na Secretaria de Defesa Civil do governo federal mostra que, neste ano, apenas R$ 99 milhões dessa rubrica, segundo dados do Siaf figuravam no Orçamento. Até o dia de hoje nenhum centavo havia sido gasto, conforme atestam dados do Siaf,
Em 2008, o Planalto submeteu ao Congresso Nacional um orçamento que previa gastos de R$ 722 milhões para intervenção, prevenção e preparação para desastres, flagelos, inundações, deslizamento de morros, queda de casas, etc. Apenas R$ 54 milhões desse total foram usados! O restante engordou o caixa do superávit primário.
Em 2009, estavam previstos repasses de R$ 369 milhões para situações de “desastres, flagelos, inundações”. Observem que a previsão de recursos despencou quase pela metade. Mas o pior é que menos de 6% (seis por cento) foram gastos!
Nunca ocorreram tantas catástrofes no país como nos últimos anos. Mesmo assim, o dinheiro diminui vertiginosamente, em vez de aumentar. É sabido que o governo vem trabalhando com “restos a pagar”, postergando a execução do Orçamento da União aprovado pelo Congresso.
Já ouvimos autoridades do governo federal insistir em que não há projeto dos municípios para usar o dinheiro de prevenção das tragédias. Não é verdade. Projetos existem, sim. O problema é que o governo não repassou recursos para a execução. Muito menos enviou o montante dos recursos que os municípios atingidos por tragédias solicitaram para atender às populações castigadas pelas tragédias.
As imagens do drama dos nordestinos falam por si e, certamente, tocam cada brasileiro que se imagina naquela situação desesperadora. As autoridades deste país precisam, mais do que enxergá-las, acordar para o fato de que é preciso investir para evitar que tanta gente morra, sofra, perca a família, a casa, os documentos e se veja abandonada em cenários de tamanha desolação.

Green Sea Turtle, Hawaii

Fotografia por Lorenzo Menendez

José Saramago: ideias claras, escrita clara

José Saramago: ideias claras, escrita clara

Faleceu nesta sexta-feira, 18 de junho de 2010, o escritor português vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 1998. Confira entrevista concedida à NOVA ESCOLA em 2003, na qual Saramago argumenta que a língua é uma ferramenta de comunicação e cabe à escola ensinar a usá-la

"...ler em voz alta. Não há maneira melhor de ganhar consciência do que se lê e do que se poderá vir a escrever."
José Saramago nasceu em 1922 em Azinhaga, aldeia próxima a Lisboa, Portugal, para onde se mudou com seus pais ainda pequeno. Por dificuldades econômicas, interrompeu os estudos ao concluir o liceu (equivalente ao Ensino Fundamental). Voltou a estudar mais tarde, em curso técnico. Foi serralheiro, mecânico, desenhista, funcionário público, editor e tradutor antes de consagrar-se como um dos mais destacados escritores contemporâneos. Em 1998 recebeu o Prêmio Nobel de Literatura. Em 2009, publicou seu último romance, Caim. Saramago faleceu no dia 18 de junho de 2010, aos 87 anos, em sua residência, nas Ilhas Canárias.
O Prêmio Nobel de Literatura José Saramago começou a ter contato com livros ao freqüentar o curso técnico de mecânica, estimulado pela disciplina de Literatura. Escreveu seu primeiro romance aos 25 anos, Terra do Pecado, e parou. Ficou duas décadas sem nada publicar. Em 1966 lançou coletâneas de poemas e ensaios escritos nas horas vagas. Sua carreira literária decolou mesmo quando ele estava com 57 anos, com Levantado do Chão. Dono de narrativa de estilo inconfundível, faz de seus romances verdadeiras reflexões sobre o ser humano, suas preocupações mais íntimas e aspectos da vida que o inquietam. Saramago esteve no Brasil em maio de 2003, lançando o romance, O Homem Duplicado,  quando nos concedeu esta entrevista por e-mail, contando um pouco de seu processo de criação e de sua visão do papel do professor e da escola na formação do aluno leitor e escritor. "Cabe à escola ensinar o aluno a escrever corretamente", afirma o autor, para quem a língua é a mais eficiente ferramenta de comunicação e, como tal, "precisa estar sempre limpa e em condições de uso". As ideias de Saramago põem em questão o papel da escola no desenvolvimento da criatividade. Ele provoca os educadores ao afirmar que para navegar sem regras é preciso ser um bom condutor, e este não se faz sem aprendê-las. Saramago não espera - e portanto não cobra - da escola a subversão da língua, e sim seu domínio.
O estilo de sua escrita muitas vezes subverte a estrutura da língua portuguesa, atitude raramente valorizada pelos professores quando manifestada pelos alunos. O senhor acredita que há pouca flexibilidade na forma de lecionar o português?   José Saramago A escola deveria ensinar a ouvir. Cabe a ela ensinar o aluno a escrever corretamente e também explicar por que as regras são assim, e não de outra maneira. Mas a escola não será o lugar onde se subverte e revoluciona a estrutura da língua. Essa tarefa pertence aos escritores, se estes consideram que têm motivos para o fazer.
A maneira como a língua é ensinada não influi no surgimento de novos estilos?   Saramago Os estilos saem do ovo da sua própria necessidade. Ensine-se a pensar claro e a escritura será clara. E, já agora, gostaria que houvesse uma luta implacável contra o erro de ortografia. A língua é uma ferramenta de comunicação de todas a mais perfeita , e as ferramentas (pergunte-se a um operário) têm de estar limpas e em condições de trabalhar eficazmente.
É difícil criar uma nova maneira de redigir quando existe toda uma norma culta que impõe regras a quem usa a língua?   Saramago Como eu disse, a escola não é o lugar em que se subverte a estrutura da língua porque ela não tem preparação própria suficiente para se arriscar nessa aventura. As regras são como os sinais de trânsito numa estrada. Estão ali para orientar e dar segurança ao condutor. Claro que é possível viajar por uma rodovia onde não haja sinais de trânsito, mas para isso é indispensável ser um bom condutor. Aí está a diferença.

Nas suas memórias de estudante, o que mais influenciou a sua carreira?   Saramago Nada me influenciou verdadeiramente, nem ninguém. Salvo a seleta escolar (a coletânea de textos literários que havia à disposição dos alunos), que para mim fez as vezes da biblioteca que não existia na minha casa. Depois descobri o caminho das bibliotecas públicas, e foi aí, sem que eu pudesse sequer imaginá-lo, que o escritor começou a nascer.

No início de sua carreira, a crítica literária muitas vezes foi negativa ao analisar suas obras, mas isso não o impediu de continuar...   Saramago Uma ou outra crítica reticente ou negativa que algum dia me tenha sido feita não mereceria que lhe pusessem ao pescoço um cartaz tão terrível. Salvo, evidentemente, se se trata de opiniões que não chegaram ao meu conhecimento. De qualquer modo, nem a crítica mais destrutiva me faria desviar do meu caminho.
O prazer que crianças e adolescentes sentem ao escrever corre o risco de ser minado por críticas negativas recebidas durante as aulas. Como seria a maneira mais adequada de analisar as redações dos alunos?   Saramago Penso que a análise deveria ser não de julgamento, mas orientadora. O mais fácil de tudo é dizer "isto está bem" ou "isto está mal". Os problemas começam quando se quer explicar o porquê e se chega à conclusão de que afinal o que determinou o juízo, positivo ou negativo, foi simplesmente o gosto pessoal e intransmissível do mestre.
De que maneira um professor de Língua Portuguesa incentiva e ajuda seus alunos a compor boas redações?   Saramago Pondo-os para ler em voz alta. Não há maneira melhor de ganhar consciência do que se lê, e, portanto, do que se poderá vir a escrever. O que os signos impressos mostram é o desenho da palavra "embalsamada". Só a leitura em voz alta a "ressuscita" completamente. Os docentes dirão que não há tempo para isso, mas depois não terão outro remédio que corrigir erros que poderiam ter sido evitados. Se é que verdadeiramente os corrigem. Porque corrigir não é traçar um risco vermelho debaixo da palavra. Corrigir é reconstruir a palavra na mente do aluno.
Como se dá o processo de criação de seus livros?   Saramago É quase impossível lhe dar essa resposta. Pode-se recordar como nasceu a idéia de um romance, pode-se reconstituir mais ou menos o que no seu percurso foi consciente, mas, tal como sucede com os icebergs, o mais importante não se vê. O que sustenta o visível está por baixo. Sabe-se aonde se quer chegar, mas, exceto alguns pontos de passagem, não conhecemos o itinerário. Como escreveu Antonio Machado, o grande poeta espanhol, é o andar que faz o caminho.

O senhor não planeja a obra que está iniciando?   Saramago No meu caso particular, o romance cresce como cresce uma árvore. Suponha que a árvore conhece a altura que terá, o aspecto geral da espécie a que pertence, mas sabe (imagino que sabe) que não será igual à sua vizinha. Os ramos podem nascer-lhe mais acima ou mais abaixo, apontar para um lado ou para outro. Se tem um plano de crescimento, é possível dizer que nesse plano há tanto de liberdade como de necessidade. Para mim, seria impensável estabelecer um plano rígido para o livro, com cada coisa no seu lugar e um lugar para cada coisa. As associações de idéias, processo mental que não controlamos, podem levar-nos por caminhos que não havíamos previsto. Também na escrita a liberdade vai de braço dado com a necessidade.
Depois de finalizar um romance, o senhor costuma modificar o que inicialmente escreveu, aumentar ou diminuir capítulos, inserir novos trechos?   Saramago Volto à comparação com a árvore. Podemos conceber uma árvore capaz de corrigir-se a si mesma? Não ignoro que há autores que trabalham longamente sobre o texto, que desenvolvem, encurtam, intercalam. Não é o meu caso. Avanço devagar, com a preocupação de não deixar pontas soltas, e isso permite-me manter sempre "esticado" o fio narrativo. De todo o modo, não devemos esquecer que o texto é inseparável do momento em que é escrito. Há muito de aleatório no que se escreve.
O que significa escrever para o senhor?  Saramago É ir descobrindo que tínhamos na cabeça mais coisas do que havíamos suposto antes.
Como o senhor escolhe os temas de seus romances?  Saramago Não "escolho" os assuntos dos meus romances. São eles que se apresentam de súbito, e às vezes nas situações mais prosaicas. O autor é "escolhido" pelo assunto, não o contrário. Quando parar de redigir, isso significará que os temas deixaram de considerar-me capaz de lidar com eles. Quanto à circunstância de que eles sejam o que são e não outros, isso explicar-se-á, talvez, por determinados estímulos exteriores encontrarem eco na minha mente mais facilmente que outros.
Há temas que o escolhem, então, com mais freqüência?   Saramago Há que levar em conta a natureza pessoal do autor. Não tenho nada contra a alegria, mas sou e sempre fui melancólico. E tenho a veleidade de pensar que o ser humano cresce mais com a tristeza que com a alegria. Começando pelas crianças. Se uma criança está triste, melancólica, pensativa, deixemo-la em paz porque está a crescer.
Quer saber mais?
A Caverna, José Saramago, 352 págs., Ed. Companhia das Letras, tel. (11) 3707-3500, 39,50 reais
A Concepção de Língua de Saramago: O Confronto Entre o Dito e o Escrito, Miriam Rodrigues Braga, 112 págs., Ed. Arte & Ciência, tel. (11) 3257-5871, 33 reais
A Maior Flor do Mundo, José Saramago, 32 págs., Ed. Companhia das Letrinhas, 22 reais
A Paixão Segundo José Saramago, Conceição Madruga, 150 págs., Ed. Campo das Letras (Portugal), tel. (11) 3673-8406 (Livraria Portugal) 96,50 reais
O Evangelho Segundo Jesus Cristo, José Saramago, 448 págs., Ed. Companhia das Letras, 43 reais
O Homem Duplicado, José Saramago, 320 págs., Ed. Companhia das Letras, 37 reais
Saramago Segundo Terceiros, Lilian Lopondo, 232 págs., Ed. Humanitas, tel. (11) 3091.2920, só consulta

Uma Reflexão necessária e urgente!


Diego Venâncio

Ao ver as notícias sobre as enchentes em Pernambuco e Alagoas me deparo com a carência de tudo. Um cidade inteira é destruída pelas águas. Sei que eu não posso resolver o problema de todo mundo, mas quem eu conheço lá estou procurando ajudar. Queria eu poder ter infindos recursos para poder ajudar com mais eficácia.
Agora me desculpe não concordar com quem tem essa vida, mas:
Não consigo entender um cristão que tenha um carro de R$60.000,00
Não entendo um pastor de uma igreja Evangélica ter um salário de R$12.000,00.
Não entendo um cristão querer morar no Panamby ou Higienópolis e ter isso como meta, sabendo o quanto se gasta em um imóvel naquela região.
Ahhhh, talvez você esteja pensando, o Diego diz isso porque é pobre, porque se fosse rico iria querer estar nesses locais...se você pensa isso, provavelmente não é meu amigo, mas mesmo assim digo que se fosse pra pensar assim, então agradeço a Deus demais e peço para que eu permaneça nessa situação atual.
Não entendo como igrejas evangélicas fazem reuniões para empresários, com o maior orgulho vendo inúmeras situações de miséria... me parece bastante conveniente atender e pregar o evangelho aos empresários, não é mesmo? Na minha concepção o empresário quando está bem sucedido, ela já está tão cego que o caminho dele não tem mais volta, ele compra sua própria consciência.
Não entendo uma vida tão regalada, que se gaste tanto para comer, beber, vestir e confortos mil, sem sequer se incomodar com os outros mendigos ou necessitados que estão aí ao redor. E ainda consegue achar todos esses vagabundos preguiçosos, que não aproveitaram as oportunidades e blá, blá, blá.
Não entendo um cristão que vive para gastar seu próprio dinheiro consigo mesmo, pensando que isso é justo, afinal é fruto do seu trabalho.
Que miséria de pensamento é esse? Na verdade eu sei de onde vem. A tempos atrás vi a propaganda de um carro que dizia: " Quem tem, fez por merecer". Isso é podre!! Quer dizer, se eu não tenho é porque não fiz por merecer???
Todos temos as mesmas condições?
Não entendo um chefe cristão explorar seus funcionários, não entendo um empresário "cristão" que quer obter tanto lucro quanto puder com sua empresa, acabando com o planeta e com a qualidade de vida dos seus funcionários.
Não entendo tamanha ganância, que os fazem pensar apenas em suas contas bancárias e não pensam em doar seus bens aos pobres e ajudar os outros.

Não entendo existir outro tipo de cristão, senão aquele que enxerga que seu mestre nasceu numa estrebaria, num curral emprestado, junto com os animais, pois não havia lugar para ele, e durante a sua vida não tinha onde reclinar a cabeça e morreu nu, pendurado numa cruz... O Rei do Universo, veio nascer num curral!!!!!!! Será que isso não quer dizer algo??? Estão todos cegos? Onde estão esses cristãos? O que mais vejo hoje é crente Mauricinho!!!
Os cristãos estão andando com carro de luxo e juntando alimentos não-perecíveis para os pobres, sendo que o que eles mais precisam é justamente dos perecíveis!!!!!!!
Não entendo ainda o cristão ter a cara de pau de ir na igreja com seu carrão saindo do seu bairro nobre para ouvir uma boa mensagem do bom pastor que ganha R$15.000,00 e no final da noite ficar feliz, porque a mensagem foi ótima, os cânticos foram belos... pra quê serve isso???????? Não é lá dentro que está nosso serviço!!!
Não entendo onde esse tipo de cristão quer chegar? Precisa de todo os domingos pra limpar a consciência?  Servir ao próximo é um baita culto ao Deus Altíssimo. O mundo está se acabando e todos nós estamos vendo isso pela TV e muitos estão indo para a igreja aos domingos achando que isso vai mudar alguma coisa...
Vamos orar, mas vamos fazer!
Acordem! nós temos que socorrê-los, nós precisamos fazer alguma coisa porque esse assunto é com a gente, não é com o vizinho.
Não entendo essa ganância, não entendo esse excesso de trabalho, pra nada, não entendo como é ver o vizinho passando apuros e estar com a conta cheia de dinheiro e dizer, infelizmente não posso ajudá-lo.
Não posso ajudá-lo porque estou com um carro de R$70.000,00 que está me dando muitas despesas, ou porque o meu condomínio é muito alto demais.
Se for pra ser esse cristão cujo estereótipo está se configurando, então, eu to fora... não serei mais nada que remeta a esse tipo de comportamento e vou começar a pregar o evangelho para eles.

Xalberto


Perder logo ou perder mais tarde?

Perder logo ou perder mais tarde?
Thomas L. Friedman

O desprezo do general Stanley McChrystal por seus colegas civis não foi profissional e lhe custou o cargo, um triste fim para uma boa carreira. Mas nenhum general é indispensável. O que é indispensável ao aumentar a participação americana na guerra é que o presidente Obama seja capaz de responder às mais simples questões: nossos interesses merecem tal escalada e temos aliados para alcançar a vitória?
Obama nunca teve boas respostas para essas perguntas, mas foi em frente. A verdade é que ninguém na Casa Branca desejava o aumento do número de tropas. A única razão para ir adiante foi porque ninguém sabia como sair de lá - ou tinha a coragem para puxar a tomada. Não é razão para mergulhar o país mais ainda numa guerra no terreno mais inóspito do planeta. Você sabe que está em apuros quando está numa guerra em que o único lado cujos objetivos são claros, cuja retórica é consistente e cujo desejo de lutar nunca parece diminuir é o do seu inimigo: o Talibã.
Obama não é um especialista em Afeganistão. Poucos são. Mas isso poderia ter sido a sua força. As três perguntas que ele precisava fazer são quase infantis em sua simplicidade. Ainda assim, Obama fracassou entre fazê-las ou seguir adiante, temeroso de que fosse chamado de fraco pelos republicanos se não o fizesse.
A primeira pergunta estava debaixo de seu nariz: por que temos que recrutar e treinar nossos aliados, o Exército afegão? É como se chegasse aqui alguém com um plano para recrutar e treinar jovens brasileiros para jogar futebol.
Se tem uma coisa que os afegãos não precisam é serem treinados. Isso deve ser a única coisa que todos devem saber fazer após 30 anos de guerra civil e séculos de resistência a potências estrangeiras. Afinal de contas, quem treina o Talibã?
O Oriente Médio só apresenta resultados positivos quando a iniciativa é deles. O acordo de paz de Camp David começou com israelenses e egípcios se reunindo em segredo - sem nós. Os acordos de Oslo começaram com israelenses e palestinos se reunindo em segredo - sem nós. Quando começa com eles, nosso apoio militar e diplomático pode ser um multiplicador. As pessoas vão lutar com paus e pedras e sem treinamento por um governo que sintam que lhes pertence. Mas quando nós queremos mais do que eles, nada se sustenta sozinho. Eu simplesmente não vejo "despertar" algum nas áreas sob controle talibã.
Isso leva à segunda pergunta: se a nossa estratégia é usar as tropas americanas para varrer o Talibã e ajudar os afegãos a instalarem um governo decente, como isso pode ser feito quando o presidente Hamid Karzai, nosso aliado, fraudou a eleição e nós fingimos não ter visto? A secretária de Estado, Hillary Clinton, e outros dizem para não nos preocuparmos: Karzai teria vencido de qualquer forma; é o melhor que temos; e ela sabe lidar com ele. Espero que sim, mas meu instinto me diz que quando não chamamos as coisas pelo seu nome, arrumamos problemas. Vamos construir um bom governo sobre a máfia de Cabul.
O que traz a terceira pergunta: o que ganhamos se vencermos? Pelo menos no Iraque, se no fim das contas produzirmos um governo decente e democrático, teremos mudado a política numa grande capital árabe no coração do mundo muçulmano. Isso pode ter ampla ressonância. Mude o Afeganistão a um custo enorme e você terá mudado o Afeganistão - ponto. O Afeganistão não ressoa.
Além disso, a al-Qaeda hoje está no Paquistão - ou pior, na alma de milhares de jovens muçulmanos de Bridgeport, Connecticut, a Londres, conectados pelo "Afeganistão Virtual": a internet.
O presidente pode trazer Ulysses S. Grant (general da Guerra de Secessão) dos mortos para comandar a guerra no Afeganistão. Mas quando não se pode responder a mais simples das questões, é sinal de que se está numa posição não desejada e que suas únicas opções reais são perder logo, perder mais tarde, perder muito ou perder pouco.
THOMAS L. FRIEDMAN é colunista do "New York Times"

Waldez, hoje no Amazônia Jornal


Nos abrigos para vítimas da enchente, impera a lei do mais forte

Chuvas no Nordeste
Nos abrigos para vítimas da enchente, impera a lei do mais forte

VEJA Online - 24 de junho de 2010 - Por Fernando Mello, de União dos Palmares

Quando as circunstâncias reúnem sob o mesmo teto estranho e sem conforto centenas de pessoas que têm, no mínimo, apenas a roupa do corpo e, no máximo, documentos e objetos pessoais como brincos e saias, a atmosfera que emerge desse encontro é uma mistura - inconstante - de desilusão, revolta, apatia, raiva e medo.
Essa mistura incômoda estava no ar na última terça-feira, quando centenas de famílias atingidas pelas chuvas em Alagoas foram deslocadas para a escola estadual Carlos Gomes, em União dos Palmares. Situada no alto de um morro, a escola tem largos portões de ferro, que se abrem para um caminho de pedra até que se chega a uma estreita entrada que leva a 18 salas de aulas, ocupadas por 287 pessoas, de 49 famílias diferentes. Uma chuva fina caía e o céu nublado deixava a noite mais escura.
A única luz do local era gerada por um caminhão, que iluminava a entrada da escola. Cedido por um comerciante local, dono de uma revendedora de telefones celulares que levou como voluntárias quatro funcionárias com camisetas da bandeira da marca que representa, o veículo permaneceu como luz por quase uma hora. Momento em que a porta da escola se tornou um ponto de distribuição de roupas e sanduíches.
Um grupo de cinco jovens se reuniu por ali, comandado por um adolescente apelidado de Bolinha. Os goles da cachaça destravaram qualquer inibição. Um senhor que escolheu um paletó foi chamado de pastor de igreja, enquanto Maria Madalena da Silva, 31 anos, procurava sem grande entusiasmo roupas para os dois filhos, Vitória (3 anos) e Alex (9).Grávida de sete meses, também queria algo para o próximo bebê, que ainda não tem nome. Maria Madalena saiu de casa no dia em que as chuvas castigaram sua cidade para fazer exame pré-natal. Como o marido a deixou faz três meses, resolveu levar os dois filhos. Não viu mais sua casa.
Em meio a pedidos de fraldas, ela afirma que quase deixou o filho mais velho em casa, "porque ele sabe se virar". O tom de voz melancólico só mudou quando resolveu aconselhar uma adolescente a sair dali, por conta dos gracejos de Bolinha e sua turma. Outra mãe emerge da escuridão da escola para a luz do caminhão e reclama com os voluntários da loja de telefones porque conseguiu apenas dois sanduíches para sete pessoas da família. Acusa ainda os mais jovens de pegar muito mais do que o necessário.
Os voluntários escutam, dizem que todos precisam cooperar, mas é hora de partir. As quatro funcionárias sobem na boléia do caminhão, que vai embora levando junto a única luz do local. Agora, o grupo de Bolinha fala mais alto. Na manhã seguinte, Maria Madalena reclamará da dor nas costas por dormir no chão, da falta de colchões, pegos por um grupo de apenas duas salas de aula transformadas em quartos. "Valeu a lei do mais forte", explica.
Para quem ficou apenas algumas horas na escuridão da escola Carlos Gomes, a sensação é de que ela tem razão. A partir do momento em que o caminhão foi embora, uma espécie de estado de natureza se instalou. Naquela noite, houve casos em que o homem foi lobo do homem, como asseverou Thomas Hobbes.
O grupo de jovens resolveu escolher e "trocar" algumas roupas com quem havia selecionado peças na distribuição organizada minutos antes pelos voluntários. Não quiseram o paletó de pastor. Na manhã seguinte, coube a Jéssica Laize Silva, estudante de 18 anos da escola, tentar organizar a convivência. Não sem antes tomar um susto. Com a chave da sala da diretoria, local em que estavam armazenadas roupas e comida, resolveu abrir a porta para entregar um casaco a um dos moradores provisiórios do local. Não conseguiu conter uma invasão, que acabou, mais uma vez, com o cada um por si em busca de roupas.
Jéssica resolveu levantar todas as pessoas alojadas na escola, catalogá-las por família e por idade. até o fim do dia, queria dividir as 18 salas segundo esses critérios.
Ginásio com luz - A luz esteve presente em outro local destinado a desabrigados de União dos Palmares, o ginásio municipal. Ali, a família de Cristina Felix da Silva (seu marido, quatro filhos, mãe e irmã) se reúnem em dois sofás para assistir a um filme de suspense. O aparelho de DVD teve seu visor queimado pela água, mas ainda funciona. O filme foi descoberto pelo marido de Cristina, Josué, em uma das ruas alagadas. Chama-se Dia dos Mortos. "Não quero nem ver. É filme de dar medo", diz, cobrindo os olhos com as mãos, Daniel, um dos filhos do casal.
Os cantos e as arquibancadas do ginásio são ocupados por famílias que perderam suas casas e, em alguns casos, familiares. Grávida de seis meses, Maria Zuleide, 42, prepara na lateral esquerda da quadra quatro miojos no fogão que conseguiu salvar depois que a água baixou. Seu marido, Luis Apolinário, 67, está deixado na cama que fica próxima ao círculo central da marcação de futebol de salão. "Ele é muito doente, quase não conseguiu sair de casa", diz Zuleide. Seus dois filhos, tentavam dormir no chão. A mais velha reclamou do barulho das pessoas e da luz na cara.

TRAGÉDIA: Cães farejadores utilizados no Haiti serão enviados a Pernambuco para localizar corpos das vítimas

TRAGÉDIA: Cães farejadores utilizados no Haiti serão enviados a Pernambuco para localizar corpos das vítimas
Saques, o novo temor nas cidades alagadas
Letícia Lins e Odilon Rios*

RECIFE e UNIÃO DOS PALMARES (AL). Os saques são o novo temor provocado pelas chuvas em Pernambuco, onde, além das mortes, foram destruídas 11.407 casas, 79 pontes e mais de mil pequenos açudes, e danificados 2.103 quilômetros de estradas asfaltadas e dez mil quilômetros de estradas vicinais. A população de cidades como Barreiros e Palmares reclama de ataques a lojas e mercados.
- Em Palmares, os comerciantes estão dormindo em suas lojas, no escuro e sem água, para tomar conta das mercadorias que restaram. Houve saques no mercado público, em mercadinhos, em lojas de sapatos e de eletrodomésticos - contou Maria Cláudia Oliveira da Silva, comerciante e dona de uma gráfica, acrescentando que foram saqueados um carregamento de de água mineral e uma carreta de frango congelado.
Em Barreiros, a 110 quilômetros da capital, moradores informaram que os comerciantes também estão dormindo nas lojas. A cidade permanece sem água, porque não há luz na estação de bombeamento. Nos dois municípios, que estão entre os nove em estado de calamidade pública no estado, mulheres tentaram ontem resgatar comida de supermercados que foram inundados. Na praça de Barreiros, até sacos de pipoca e bombons eram tirados da lama.
Em Barreiros, onde o hospital municipal foi derrubado, chegou ontem um hospital de campanha da Aeronáutica, com capacidade para 400 atendimentos diários. O governo federal prometeu enviar outro a Palmares, a 125 quilômetros da capital.
Ontem, os ministros da Integração Nacional e da Defesa, João Santana e Nelson Jobim, sobrevoaram a região atingida com o governador Eduardo Campos (PSB). Santana informou que cães farejadores que foram usados no Haiti serão enviados a Pernambuco para localizar corpos. Mas não havia ontem reclamações de desaparecidos no estado.

Governo de PE pede ajuda a transportadoras
Ontem à noite, o governo estadual fez um apelo para que empresas transportadoras cedam caminhões para levar alimentos até as vítimas da enchente. As doações estão chegando em grandes quantidades, mas não há transporte para levá-las. A Comissão de Defesa Civil de Pernambuco informou que já distribuiu mais de 266 toneladas de donativos para as cidades atingidas e que 15 caminhões estão saindo diariamente do Recife para o interior. Quase 191 toneladas de alimentos e 60 toneladas de água foram entregues.
Na tarde de ontem, em União dos Palmares, em Alagoas, moradores aguardavam o resultado do trabalho de uma máquina retroescavadeira que revolvia a terra atrás de corpos, a poucos metros do rio Mundaú. Ao lado do rio, em uma das cabeceiras da ponte, o dono de um mercadinho e o filho haviam tentado salvar as mercadorias para o primeiro andar do local, mas toda a estrutura fora arrastada pela força da água. O corpo do proprietário foi encontrado há dois dias, debaixo dos escombros de uma escola estadual; o do filho está desaparecido. A mãe está internada em um hospital de Maceió, sob efeito de sedativos.
Em União, a chuva destruiu ruas onde moravam três mil pessoas em 500 casas, segundo sobreviventes. Bombeiros reclamavam do cansaço nos trabalhos. José de Araújo Batista, de 69 anos, um dos 50 empregados de uma fábrica de leite destruída, não acreditava que voltaria a trabalhar.
- Acabou-se tudo, não posso ficar desempregado. O pessoal precisa trabalhar lá - disse.
Na estrada, máscaras contra o cheiro de decomposição
A estrada de asfalto às margens do rio Mundaú ligando o município a outra cidade atingida, Santana do Mundaú, tornou-se uma via de lama. Guardas de trânsito tentaram organizar o caos de carros. Pessoas andavam com máscaras no rosto por causa do cheiro de decomposição no ar.
Em Rio Largo, depois da enxurrada que contorceu os trilhos do trem e arrastou dormentes pesando 500 quilos, o dia era de sol e reconstrução. Em Branquinha, onde trilhos também foram retorcidos, a prefeita Ana Renata Freitas Lopes quer pedir ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que chega a Alagoas nesta quinta-feira, a mudança dos limites geográficos da cidade, completamente destruída. Ana Renata quer que Branquinha possa se afastar do rio Mundaú.
* Especial para O GLOBO

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