sexta-feira, maio 21, 2010

O que é felicidade?

O que é felicidade?
Crônica - Manoel Carlos - 10/02/2010 – Veja Rio
Andei pensando nisso ultimamente. Quem me diz? Quem me explica? Quem me define com precisão qual a identidade verdadeira dessa misteriosa e maravilhosa sensação que sentimos, que nos leva a afirmar: sou feliz? Ou, pelo menos: estou feliz? No dicionário está muito claro: felicidade é satisfação. A qualidade de estar e/ou ser feliz.
Os poetas falam muito nesse estado, mais para dizer que o desejam, que o procuram e que não o encontram. Vicente de Carvalho garante que a felicidade...
Existe, sim: mas nós não a alcançamos
Porque está sempre apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde nós estamos.
E há também os que a encontram, mas não sabem. Ou que só ficam sabendo quando já é tarde, quando a perderam, quando a deixaram passar. Na mesma hora me vem à memória o verso de Miraí, um lindo samba de Ataulfo Alves, que, ao lembrar-se dos tempos de criança, exclama, emocionado: "Eu era feliz e não sabia!".
Lembro-me também da frase de Dorian Gray no romance de Oscar Wilde, mais ou menos assim: "Não procuro a felicidade, procuro o prazer". Mas sentir prazer não é sentir-se feliz. E estar feliz não é estar repleto de prazer? Mas também sabemos que a satisfação de Dorian Gray era extraída da dor de viver. E, principalmente, da dor que nos causa o tempo, o passar dos anos, o envelhecimento. Por isso, para ele, felicidade era ser eternamente jovem e belo.
Para os poetas e para a poesia, ser infeliz é mais inspirador do que ser feliz. Queixar-se da vida é mais comum do que louvá-la. Até nas novelas. Se o personagem vive sorrindo, logo alguém diz que ele é chato, cansativo, artificial.
Meu amigo Reynaldo é radical:
– Ninguém gosta de pessoa muito feliz. Dessas que exalam euforia e contentamento. Parece um acinte, uma afronta. Como se pode viver sem conflitos? Ser infeliz é que é o normal, porque é mais duradouro.
E Vinicius de Moraes concorda, ao afirmar:
Tristeza não tem fim Felicidade sim.
Ah, os poetas! Alguns, como o nosso Manuel Bandeira, louvam a morte num poema precisamente com o nome "Felicidade":
Oh, ter vontade de se matar,
bem sei é coisa que não se diz.
Que mais a vida me pode dar?
Sou tão feliz!
Mas por que estou eu a gastar tinta, como se dizia antigamente, no tempo em que se escrevia a mão, com essa palavra tão usada e ao mesmo tempo tão obscura, que todo mundo conhece, mas que ninguém define com precisão, e que os dicionários registram, sem ênfase, em duas ou três linhas? Conto a vocês. É que lendo Um Ensaio Autobiográfico, de Jorge Luis Borges, livro que nasceu de alguns encontros que o admirável escritor argentino manteve com o americano Norman Thomas di Giovanni, seu amigo e principal interlocutor, deparei com esta declaração que Borges faz no fechamento do livro e que, pedindo licença à editora e aos tradutores Maria Carolina de Araújo e Jorge Schwartz, reproduzo aqui, de presente aos meus queridos leitores:
"Suponho que já escrevi meus melhores livros. Isso me dá uma espécie de tranquila satisfação e serenidade. No entanto, não acho que tenha escrito tudo. De algum modo, sinto a juventude mais próxima de mim hoje do que quando era um homem jovem. Não considero mais a felicidade inatingível, como eu acreditava tempos atrás. Agora sei que pode acontecer a qualquer momento, mas nunca se deve procurá-la. Quanto ao fracasso e à fama, parecem-me totalmente irrelevantes e não me preocupam. Agora o que eu procuro é a paz, o prazer do pensamento e da amizade. E, ainda que pareça demasiado ambicioso, a sensação de amar e ser amado".
Jorge Luis Borges nasceu em 1899 e morreu em 1986, aos 87 anos. O ensaio foi escrito em 1970, quando ele tinha 71 anos.

Arthur Schopenhauer

"A nossa felicidade depende mais do que temos nas nossas cabeças,
do que nos nossos bolsos."

Arthur Schopenhauer

Brasil em Preto e Branco - Reflexão!

Claude Monet - Il ponte di Argenteuil

Bullying: 70% dos alunos já presenciaram maus-tratos de colegas

Bullying: 70% dos alunos já presenciaram maus-tratos de colegas

Uma pesquisa nacional sobre o bullying – agressões físicas ou verbais recorrentes nas escolas – mostrou que cerca de 70% dos alunos do país já viram algum colega ser maltratado pelo menos uma vez na escola. Na Região Sudeste, o índice chega a 81%, revela estudo feito pelo Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor (Ceats), a pedido da organização não governamental (ONG) Plan.
O levantamento ouviu 5.168 estudantes do ensino fundamental de todas as regiões do país, de escola públicas e particulares. A pesquisa aponta que 28% dos alunos afirmam já ter sofrido maus-tratos na escola praticados por colegas e cerca de 10% são considerados vítimas de bullying.
Os estudantes entrevistados apontam diversos motivos para a violência escolar, entre eles a omissão da escola, influência de comportamentos familiares agressivos, busca por popularidade, o status e a aceitação em um grupo. Segundo a consultora da pesquisa, Cléo Fante, especialista em bullying, os atos violentos estão relacionados ao preconceito. “Muitas vezes, o bullying é resultado da intolerância à diferença, é preconceito puro.”
As agressões no âmbito escolar podem trazer graves consequências para a vida acadêmica e pessoal do estudante. “Quem sofre bullying costuma perder o entusiasmo pelo ensino e a concentração, o que atrapalha a aprendizagem”, afirma Cléo Fante. Segundo a psicóloga Maria Tereza Maldonado, que publicou o livro de ficção A Face Oculta – Uma História de Bullying e Cyberbullying, em alguns casos os alunos acabam desenvolvendo depressão e síndrome do pânico, além das sequelas físicas.
A pesquisa ainda revela um despreparo das instituições de ensino e dos professores diante dessa violência. “As escolas mostraram uma postura passiva para uma violência que acontece no ambiente escolar”, afirmou Gisella Lorenzi, coordenadora da pesquisa.
O alto índice de violência nas escolas é uma preocupação do Ministério da Educação (MEC) que, em parceria com o Ministério Público, promoverá um encontro, 21 de maio, no Rio de Janeiro, para discutir a violência. Também serão discutidos iniciativas que beneficiam a educação, como o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e o programa de transporte escolar. O evento reunirá gestores dos programas do MEC, especialistas e promotores de todo o país.
Edição: Juliana Andrade - Fonte: Agência Brasil

Sujou a ficha

Sujou a ficha
Merval Pereira

Está mais uma vez nas mãos do Judiciário o aperfeiçoamento de nosso sistema eleitoral, e desta vez a "judicialização" da política se dará por culpa expressa do corporativismo dos congressistas, que deturparam o projeto de lei da Ficha Limpa o mais que puderam, até o último minuto de votação no Senado. O "aperfeiçoamento" final ocorreu apenas no texto, a chamada emenda de redação, segundo a explicação oficial, mas na verdade representa uma tentativa derradeira de distorcer o espírito da lei.
Em busca de "harmonia estilística", o senador Francisco Dornelles alterou os tempos verbais em alguns artigos da lei, de maneira que as novas regras, que seriam aplicadas aos políticos que "tenham sido condenados", ficaram valendo apenas para aqueles "que forem condenados". Seria muita ingenuidade imaginar que o senador Dornelles, uma das últimas raposas políticas em atuação no Congresso, estivesse preocupado com o estilo legislativo do projeto. A partir dessas mudanças verbais, abriu-se uma grande discussão jurídica que pode retardar a entrada em vigor da nova lei e, mais que isso, liberar os poucos "fichas sujas" que eram alcançados por ela da maneira como foi aprovada na Câmara.
Segundo pesquisa da ONG Voto Consciente, apenas cerca de 10% dos atuais parlamentares estariam inelegíveis com a mudança do alcance da lei, de primeira para a segunda instância (condenação por colegiado).
Mesmo assim, já era considerada um avanço da cidadania em relação às disposições em vigor, que exigem condenação em última instância, o chamado "trânsito em julgado", para tornar inelegível um candidato. A repercussão da lei nos estados e municípios também seria outro benefício conseguido, com o impedimento de vários deputados, vereadores e prefeitos de disputar a reeleição, além de antigos políticos, que não poderiam retornar à vida pública.
A questão é mais grave por que, apesar da modificação no Senado, a lei não retornou à Câmara e foi diretamente para a sanção presidencial. Esse procedimento, na visão do senador Demóstenes Torres, relator do projeto e favorável a ele, demonstra que não houve alteração de conteúdo no projeto que saiu da Câmara e, portanto, continuam inelegíveis todos aqueles que já estão condenados.
A questão é que essa interpretação jurídica do espírito da lei não resiste à "interpretação gramatical", como já advertiu o presidente do TSE, ministro do Supremo Ricardo Lewandowski, para quem, pela simples leitura do projeto aprovado no Senado, as restrições só atingem os que forem condenados a partir da vigência da lei.
Essa é uma diferença que vale, por exemplo, a elegibilidade de um Paulo Maluf, para pegarmos um efeito simbólico da nova legislação. Já há deputados, entre eles o líder do PSOL, Chico Alencar, que defendem que a Mesa da Câmara deve definir como nula a mudança realizada no Senado, fazendo retornar a redação original.
Mesmo aqueles políticos que admitem que a alteração na redação modificou também o sentido da legislação defendem que a lei não pode retroagir para prejudicar ninguém. Além da interpretação de que a mudança prejudica, sim, a sociedade como um todo para defender a corporação política, existe um fato: o que se aprovou não é uma mudança na legislação atual, mas novas exigências para o acesso à legenda partidária para concorrer às eleições. O que leva a outra questão em debate, sobre a vigência da lei. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, defende a imediata validade da legislação, já para esta eleição, embora o artigo 16 da Constituição diga que qualquer alteração nas regras do processo eleitoral tem que ser aprovada um ano antes do pleito.
Caberá ao TSE definir quando começa o "processo eleitoral". Até hoje, toda legislação eleitoral tinha que ser aprovada até setembro do ano anterior à eleição, mas o Tribunal pode definir que o "processo eleitoral" só começa após o registro dos candidatos, cujo prazo final é o começo de julho. Há também a possibilidade de a nova lei ser interpretada não como parte do processo eleitoral, mas uma "norma material", o que permitiria sua aplicação ainda este ano, e não apenas a partir da eleição municipal de 2012, como querem muitos. Todas essas manobras protelatórias só fazem tornar mais verdadeira a frase do deputado Edmar Moreira, hoje PR, que ficou conhecido como o "homem do castelo", que tinha certeza de que seria absolvido por seus pares, como realmente foi, porque "o Parlamento sofre do vício insanável da amizade". Impossível não lembrar Tancredi em Il Gattopardo de Tomaso di Lampedusa: "É preciso mudar, para tudo continuar como está". O clima de vale-tudo está tomando conta da chamada pré-campanha eleitoral, e está se refletindo na propaganda gratuita de televisão dos partidos políticos. Ontem foi a campanha do DEM que foi retirada do ar por fazer propaganda da candidatura do tucano José Serra, o que prenuncia novos atritos com as campanhas do PSDB e do PPS nos próximos dias, a exemplo do que aconteceu com a propaganda partidária do PT, punida pela Justiça Eleitoral.
A propaganda antecipada da candidata Dilma Rousseff também foi alvo de parecer da vice-procuradora- eleitoral Sandra Cureau, que está pedindo uma multa maior para o presidente Lula, para a candidata oficial e para vários dirigentes sindicais por terem feito propaganda eleitoral proibida em ato do sindicato de São Bernardo do Campo.
O jogo eleitoral está parecendo aquelas partidas de futebol em que o juiz não se impõe no início do jogo, deixando faltas sérias se sucederem, e depois não consegue mais controlar os jogadores. Nesses casos, alguns juízes tentam organizar a bagunça expulsando jogadores.

Atores e seus papéis

Atores e seus papéis
Janio de Freitas – Folha de São Paulo

Dilma e Serra pretendem tomar Lula como modelo; cada qual, um dos Lulas, o da campanha e o do governo

AS BRIGAS DE Dilma Rousseff e de José Serra com os papéis que devem representar, segundo o script de sua marquetagem, remetem menos à representação do Lulinha Paz e Amor de 2002 que à do super-Collor de 1989.
Ambas bem sucedidas, a de Lula foi convincente como a de um bom ator, e se tornou um dos dois fatores decisivos de sua vitória; a de Collor foi a de um canastrão, que precisou despejar fortunas no eleitorado e contar com truques sórdidos de mídia para fazer a sua efêmera vitória. Nesta campanha ostensiva que é ostensiva, mas não é campanha, José Serra começou por revelar capacidade, incipiente embora, de fazer-se simpático,
sorridente até, e acessível sem esforço aparente. Ocorrido o primeiro deslize fora do script, Serrinha Paz e Amor deu para escapulir, com frequência crescente, do personagem para a pessoa irritada, veloz na rispidez. Ah, sim, e "perseguida" por todos e por tudo.
Já mandou repórter ir fazer pergunta a seu chefe, já viu em pergunta o propósito de difundir mentira, já exigiu a revelação de fonte de informação contestada. Para Serrinha Paz e Amor, o clima onde haja repórter, e há repórter onde quer que Serrinha esteja, já se torna tenso e típico de Serra. É reação de Serra a situações perversas ou embaraçosas? Podem ser perguntas apimentadas, irônicas, em busca de um escorregão que será mais notícia do que a resposta preparada. Mas sem dificuldade para a resposta neutralizante e tranquila. Serrinha, porém, aceita o escorregão. Briga com o seu papel, deixa mal o personagem. Serrinha já vira Serra até por pergunta de humorista. Diz-se que a Dilma Rousseff é que falta a tarimba eleitoral. Só a ela? Sua capacidade de tropeçar em perguntas, e em suas próprias falas, impressiona pelo teor e pela frequência. Mas não pelos motivos de José Serra, ainda que ambos enfrentem os mesmos tipos de perguntas, com as mesmas primeiras e segundas intenções, e circunstâncias muito semelhantes. Os escorregões de Dilma parecem resultar de ansiedade. Também não de salto alto, mas em termos, porque a briga de Dilma com o seu papel é, digamos, a parte de figurinos no scritp de sua marquetagem.
Ao começar a campanha que não é campanha, a marquetagem vestiu Dilma Rousseff como se -já dito aqui- a toda hora fosse para um casamento ricaço em São Paulo. Não é muito certo que apenas tangenciasse o ridículo. Deu uma simplificada. Agora, para contatos públicos, parece apenas que vai jantar em restaurante caro.
Da São Paulo de novos ricos, claro. Mas a pretendida candidata dos eleitores movidos a trocados do Bolsa Família, candidata do presidente-"operário", que está aprendendo a trocar o tecnocratês pelo português, deve mesmo chamar a Brasília cabeleireiro de dondoca, para fazer corte estilo sei quê? E cobrir-se de maquiagens óbvias como se trabalhasse na Globo?
Cada qual com suas razões, Dilma Rousseff e José Serra são candidatos que pretendem tomar Lula como modelo. Cada qual, um dos Lulas, o da campanha e o do governo. Nenhum dos dois está bem no seu papel.

Renato, para A Cidade (Rio Preto)



Dilma, vida e obra

Dilma, vida e obra

RUY CASTRO - Folha de São Paulo

RIO DE JANEIRO - Quando se trata de escrever uma biografia, há duas maneiras de fazer o serviço: deixar que a vida ilumine a obra do sujeito ou vice-versa. Na verdade, só os livros que se baseiam na vida de uma pessoa podem ser chamados de biografias. Os que privilegiam a obra como um meio de se chegar à vida são, mais precisamente, ensaios biográficos. Só acredito na primeira opção - entre outras coisas, porque nem sempre a obra reflete a vida de alguém. Já um mergulho na vida desta pessoa poderá revelar inclusive a possibilidade de ela estar tentando se esconder em sua obra. Uma bela caixa com oito CDs, "Os Anos Dourados de Dolores Duran", organizada por Rodrigo Faour e recém-lançada, prova isso. A suave melancolia que atravessa a obra de Dolores como cantora e compositora fez com que os pósteros a vissem como uma mulher triste e solitária na vida real. Pois nada menos verdadeiro. Ela era alegre e vivaz, cheia de amigos e namorados. Morreu em 1959, aos 29 anos, porque tinha um problema congênito no coração - para o qual não dava bola. O mesmo para quem se propõe a descrever escritores como Lucio Cardoso e Otto Lara Resende a partir de seus romances. O Lucio boêmio, festeiro e gregário não se confundia com seus personagens sexualmente atormentados, assim como Otto, pragmático, cético e frasista, também não parecia corroído por dúvidas religiosas mortais. Tudo isso é para advertir os biógrafos de Dilma Rousseff, que não demorarão a pulular. Em sua obra pré-eleitoral, ela às vezes é Norma Bengell; em outras, Nelson Mandela. De manhã, é católica; à tarde, evangélica; à noite, macumbeira. Seu currículo inclui diplomas e créditos de faculdades que não frequentou. Tudo que diz lhe é soprado ao ouvido. Qual é a vida, qual é a obra? Hoje nem Dilma deve saber.

Brasil e Estados Unidos iniciam reunião sobre igualdade racial em busca de ações concretas

Brasil e Estados Unidos iniciam reunião sobre igualdade racial em busca de ações concretas

Uma chamada à participação ativa é o tema da 4ª Reunião do Plano de Ação Conjunta entre Brasil e Estados Unidos para Eliminação da Discriminação Etnorracial e Promoção da Igualdade. Representantes dos governos, da sociedade civil, de universidades e empresas dos dois países estão na cidade norte-americana de Atlanta para avaliar as ações já desenvolvidas e estabelecer parcerias.
O ministro da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Eloi Ferreira Araújo, acredita que o plano de ação conjunta está prestes a entrar no melhor momento. Firmado em 2008, na transição do governo Bush para o Obama, o acordo permaneceu no âmbito das intenções e só agora começa a sair do papel. Nessa semana do dia 13 de maio, organizamos um seminário com recorte na formação dos agentes de segurança. Dirigentes das polícias brasileira e norte-americana participaram desse encontro e puderam trocar experiências”, destaca o ministro da Seppir.
“Com esse grupo de trabalho desta semana, vamos definir um formato para o plano sair mais do papel e oferecer vantagens mútuas, como a troca de experiências e boas práticas em áreas como saúde, educação e de inclusão etnorracial. O momento é extraordinário.” A escritora e pesquisadora norte-americana Sheila Walker, especialista em educação e cultura brasileiras, espera que sejam estabelecidos projetos na área de aprendizagem dos idiomas e na valorização da história africana. “Para nós, seria maravilhoso falar o primeiro idioma da diáspora África”, afirma Sheila, que se declara uma admiradora da Lei 10.639, que desde 2003 tornou obrigatório o ensino da história e da cultura afro nas escolas brasileiras. Nos Estados Unidos, a educação não é uma política pública federal, o que impede a aprovação de uma lei nacional nesse sentido. “Espero que tenhamos a possibilidade de ver como podemos trabalhar juntos visando ao futuro. Temos pressa. Precisamos encontrar os mecanismos de implementação do plano e não sei se isso ocorrerá por meio dos governos, que são estruturas muito burocráticas. A sociedade civil precisa se apropriar do plano para que ele siga em frente.”
Representante da Central Única de Favelas (Cufa), Flávia Caetano veio aos Estados Unidos conhecer projetos de mobilização de comunidades negras. Ela participa de um programa específico de troca de experiência sobre grandes eventos esportivos, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. “Pudemos conhecer a experiência de Atlanta e entender como as minorias podem ser inseridas nos Jogos Olímpicos. São ações que vão servir de exemplo para a nossa atuação no Brasil.”
Na área de educação, existem projetos de intercâmbio em curso, principalmente entre instituições não governamentais brasileiras e universidades voltadas para a comunidade negra norte-americana. Rogério de Jesus Caldas acaba de completar o curso de economia na Morehouse College, em Atlanta, e já foi aprovado no mestrado em administração pública de uma universidade de Nova York. Ele foi selecionado pelo Instituto Steve Biko, em Salvador, que mantém um acordo de intercâmbio com a Morehouse College. Os estudantes selecionados recebem bolsas de estudo e não é exigido deles certificado de fluência em inglês. “Essa experiência é muito interessante porque dá oportunidade de fazer uma interação. Os negros americanos precisam aprender como os negros brasileiros conseguiram preservar a cultura negra muito bem e, ao mesmo tempo, os negros americanos podem levar um pouco da experiência para os negros brasileiros para tentar sair desse sistema de opressão velada.”
A 4ª Reunião do Plano de Ação Conjunta entre Brasil e Estados Unidos para Eliminação da Discriminação Etnorracial e Promoção da Igualdade ocorrerá hoje (20) e amanhã. Grupos de trabalhos vão definir ações conjuntas em áreas como saúde, educação, cultura, comunicação e segurança pública. A expectativa é que essas ações comecem a ser implementadas ainda este ano.
*A repórter viajou a convite da Embaixada dos Estados Unidos
Autor: Juliana Cézar Nunes* Edição: Juliana Andrade Fonte: Agencia Brasil

Brasil aprova resolução em defesa dos genéricos em assembleia da ONU

Brasil aprova resolução em defesa dos genéricos em assembleia da ONU

Daniella Jinkings - Repórter da Agência Brasil - Edição: Lílian Beraldo - 21/05/2010
BRASÍLIA - O Brasil conseguiu aprovar uma resolução em defesa dos medicamentos genéricos na 63ª Assembleia Mundial de Saúde, realizada em Genebra, na Suíça. A decisão determina que os países membros da Organização Mundial de Saúde (OMS) formem um grupo de trabalho para discutir os mecanismos que protegerão a circulação de genéricos no mundo.
Essa nova determinação deve reverter o processo iniciado na OMS de misturar discussões sobre medicamentos genéricos com remédios contrafeitos, que desrespeitam o direito de marca, e falsificados, que são produzidos sem obediência às regras sanitárias.
De acordo com o Ministério da Saúde, se a discussão evoluísse nesses moldes, os genéricos poderiam ter a sua circulação inibida.
Segundo dados do ministério, o mercado de genéricos triplicou no país entre 2002 e 2009. Os remédios genéricos eram responsáveis por 5,8% da comercialização de medicamentos e passaram a ser 19,2%. O total de vendas passou de R$ 588 milhões para R$ 4,8 bilhões, no período.
Os genéricos são medicamentos que tem patente vencida ou nunca tiveram uma patente reconhecida. Eles possuem a mesma dose e forma farmacêutica que o medicamento de referência.

AROEIRA



Fotografias - Beleza


OS VENTOS DO DESTINO


OS VENTOS DO DESTINO
Ella Wheeler Wilcox

Um barco sai para o leste e o outro para o oeste
Levados pelo mesmos ventos que sopra:
É a posição das velas,
E não os temporais,
Que lhes dita o curso a seguir.
Como os ventos do mar são os ventos do destino
Quando navegamos ao longo da vida:
É a posição da alma
que determina a meta,
e não a calmaria ou a borrasca.

Tradução de Israel Belo de Azevedo

Ella Wheeler Wilcox (WisconsinEUA5 de novembro de 1850 - 30 de outubro de 1919), escritora e poeta estadunidense.

Claude Monet - Viale Del Giardino


Olhos nos Olhos - Chico Buarque

Sem controle de ponto

Sem controle de ponto

Funcionárias fantasmas e a suposta servidora envolvida não registravam a presença no Senado. Corregedoria pede a ajuda da Polícia Federal nas investigações
Igor Silveira - Josie Jerônimo – Correio Braziliense

O ponto eletrônico implantado no Senado no início deste ano não acabou com as fraudes envolvendo servidores fantasmas. No centro de mais um escândalo envolvendo a Casa, os registros de movimentação de servidores mostram que o senador Efraim Morais (DEM-PB) tentou transferir para a Primeira Secretaria do Senado a bacharel em direito Mônica da Conceição Bicalho, comissionada que teria confessado esquema de recebimento do salário de duas funcionárias fantasmas lotadas no gabinete do parlamentar. Ato de 29 de setembro de 2009 revela que Mônica foi transferida do gabinete de Efraim para a Primeira Secretaria, cargo da Mesa Diretora exercido pelo senador Heráclito Fortes (DEM-PI). Ontem, o senador piauiense mostrou atos de exoneração da suposta advogada e das funcionárias fantasmas — as irmãs Kelly Janaína do Nascimento, 28 anos, e Kelriany Nascimento da Silva, 32 — datados de terça-feira, dia em que as estudantes procuraram a 13ª DP (Sobradinho) para denunciar a fraude. Heráclito afirmou que Mônica foi nomeada para a Primeira Secretaria a pedido de Efraim, e que após constatar que a funcionária não aparecia para trabalhar mandou “devolver a servidora para o local de origem. “Ela foi para lá a pedido de Efraim. Ela não marcava ponto e mandaram para a origem. Instalamos uma sindicância para apurar as denúncias.”
Na terça-feira, Mônica assinou uma nota afirmando que Efraim não tinha “conhecimento” da irregularidade das contrações e passou a colocar em dúvida as acusações feitas por Kelly e Kelriany, que também não marcavam o ponto. As duas devem prestar depoimento hoje à Corregedoria do Senado, que pediu a ajuda da Polícia Federal nas investigações.
Ontem, por meio da assessoria de imprensa, Efraim citou regras internas que obrigam funcionários comissionados a realizarem exame médico antes da admissão para argumentar que as supostas funcionárias fantasmas sabiam que estavam lotadas no gabinete. “Todos os servidores contratados no Senado tomam posse com assinatura própria em diversos formulários e realizam exames médicos personalíssimos de aptidão”, dizia a nota.
Para ser contratado, o funcionário também precisa apresentar identidade, CPF, declaração de bens e renda, PIS/Pasep, título de eleitor, comprovante de votação, laudo médico, duas fotos e a procuração para nomear representante para fazer a contratação. As mesmas normas internas também determinam que “apenas o titular
do gabinete”, ou seja, o senador Efraim, pode assinar as nomeações.

“Respostas para tudo” Além de Mônica, outras duas pessoas da família Bicalho estariam lotadas no gabinete de Efraim. Nélia da Conceição Bicalho e Ricardo Luiz Bicalho, que seriam mãe e irmão da suposta advogada segundo o próprio gabinete do senador, constam na lista de funcionários do parlamentar, mas os servidores não souberam informar a função que eles exercem. Mônica garante que prestava assessoria jurídica para o senador, analisando a tramitação e elaboração dos projetos. No entanto, a formação da ex-assessora de Efraim não foi comprovada e desde 2008 ela e a irmã Kátia da Conceição Bicalho trabalham como apresentadoras de TV em programa Gospel, exibido às segundas-feiras pela internet. A estudante de gestão financeira Kelriany Nascimento da Silva afirma que descobriu a fraude quando foi contratada, no início dessa semana, para ser recepcionista no Ministério da Educação, por um salário de R$ 513. Ao tentar abrir uma conta para receber os vencimentos na agência do próprio ministério, ela recebeu a informação de que uma conta em seu nome já existia. Depois de verificar os extratos da tal conta, percebeu que existiam depósitos de salários feitos pelo Senado e transferências para Nélia da Conceição. “Tudo o que foi feito contra mim também se repetiu com a minha irmã. Nós caímos nessa armadilha porque conhecemos Mônica e Kátia há mais de 20 anos. Quando Mônica disse que trabalhava como coordenadora no setor de bolsas de estudo da Universidade de Brasília, acreditamos. Ela pediu nossos documentos e a procurações para abrir e movimentar as contas com a desculpa de que o processo seria acelarado. Mas sempre que cobrávamos os cartões do banco ela nos dizia que não havia feito o procedimento por falta de tempo”, revelou Kelriany. “Ela nos levou para fazer exames médicos no Prontonorte e no Hospital Regional da Asa Sul sob o pretexto de que era necessária uma comprovação de que éramos cobertas apenas pelo Sistema Único de Saúde. Elas sempre tinham respostas para tudo. Ao longo de um ano, pelo menos R$ 100 mil foram depositados nas duas contas sem o nosso conhecimento”, completou Kelly.

Obesidade é ligada a menor volume cerebral

Obesidade é ligada a menor volume cerebral
21 de maio de 2010 | 0h 00 - O Estado de S.Paulo -PSIQUIATRIA
A obesidade está vinculada a um menor volume do cérebro e o excesso de gordura abdominal aumenta o risco de demência na velhice, afirma estudo publicado na Annals of Neurology. As conclusões são de pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de Boston feita com 733 pessoas com idade média de 60 anos, que tiveram os cérebros escaneados e seus Índice de Massa Corporal (IMC), gordura abdominal e cintura medidos. Os resultados confirmaram estudo anterior, que havia sido feito com pouco menos de 300 pessoas. / AFP 

Lula não tem do que se arrepender

Lula não tem do que se arrepender
Villas-Bôas Corrêa REPÓRTER POLÍTICO DO JB

Com o modesto desconto da vaidade exibicionista de candidato ao Prêmio Nobel, desta vez o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tem do que se arrepender por ter lutado pela paz na articulação do acordo entre o Irã e a Turquia para o enriquecimento do urânio fora do território iraniano, boicotado pelos Estados Unidos com o apoio de outros quatro membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, para a aplicação de novas sanções ao regime iraniano.
Se este mundo pudesse ser levado a sério nas trampas dos interesses internacionais e dos privilégios dos países ricos e com o arsenal atômico para destruir o mundo, o vergonhoso papel do primeiro presidente negro dos Estados Unidos, Barack Obama, agrava o papelão do mais poderoso país do mundo. E na lameira do jogo sujo patinaram a Rússia e a China, que se equilibraram no trapézio da indecisão para aderir à ameaça do We can. O governo de Pequim pediu desculpas com a alegação de que as punições não podem atingir a população iraniana, e o seu verdadeiro objetivo é forçar o Irã encurralado a voltar à mesa de negociações.
Saindo da reta, a embaixadora do Brasil na ONU, Maria Luiza Viotti, declarou que o presidente Lula não discutirá sanções ao Irã. Não é bem assim: o Brasil e a China decidiram reagir à resolução das Nações Unidas, anunciada pela secretária de Estado americana, Hillary Clinton, prevendo sanções ao Irã. Antecipando-se, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, avisou que os governos do Brasil e da Turquia vão enviar uma carta a todos os membros do Conselho de Segurança da ONU, expondo e justificando o acordo firmado em Teerã e reclamando uma pausa para uma análise da decisão iraniana antes de qualquer decisão punitiva a sua política nuclear.
O rebate da crise iraniana na pré-campanha eleitoral vai depender da habilidade do presidente Lula nas conversas com a oposição e nas declarações à imprensa. Este não é um tema que envolve e interessa apenas ao governo, mas ao país. E a caça ao voto ainda não chegou à reta da chegada, depois das convenções partidárias e das pesquisas que antecipem as tendências do eleitorado, confirmando ou alterando os índices que apontam a candidata Dilma Rousseff, com seu novo e retocado visual, e o candidato da oposição, o tucano José Serra, ultrapassado pela candidata de Lula por pequena, mas significativa diferença.
Não pode ser ignorada a candidata do Partido Verde, a acreana Marina Silva, com excelente desempenho nas entrevistas e pronunciamentos e que não aspira ao milagre de uma cambalhota que derrube os dois candidatos para valer.
Por enquanto, a pré-campanha foge dos temas que forcem a definição, com alta margem de risco. A começar pela reforma política que reduza, já que é impossível a correção para valer, a crise moral, ética e administrativa de Brasília.
Até agora, nem uma palavra do PT ou do PMDB do garboso candidato à vice da candidata Dilma, o presidente da Câmara, deputado Michel Temer. Ao contrário, com a sua cortesia e prudência, logo ao ser oficializado o lançamento da sua indicação, antecipou que será um discreto vice, que não causará constrangimento à presidente Dilma.
Antes, a Copa do Mundo, na África, será o assunto de todas as conversas e discussões nos bares e nas rodas familiares. A euforia do hexacampeonato esticará a trégua pelo tempo das festas e celebrações. Dependemos do Dunga e da Seleção mais discutida das últimas Copas.

Skoob

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