sexta-feira, maio 21, 2010

Lula não tem do que se arrepender

Lula não tem do que se arrepender
Villas-Bôas Corrêa REPÓRTER POLÍTICO DO JB

Com o modesto desconto da vaidade exibicionista de candidato ao Prêmio Nobel, desta vez o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tem do que se arrepender por ter lutado pela paz na articulação do acordo entre o Irã e a Turquia para o enriquecimento do urânio fora do território iraniano, boicotado pelos Estados Unidos com o apoio de outros quatro membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, para a aplicação de novas sanções ao regime iraniano.
Se este mundo pudesse ser levado a sério nas trampas dos interesses internacionais e dos privilégios dos países ricos e com o arsenal atômico para destruir o mundo, o vergonhoso papel do primeiro presidente negro dos Estados Unidos, Barack Obama, agrava o papelão do mais poderoso país do mundo. E na lameira do jogo sujo patinaram a Rússia e a China, que se equilibraram no trapézio da indecisão para aderir à ameaça do We can. O governo de Pequim pediu desculpas com a alegação de que as punições não podem atingir a população iraniana, e o seu verdadeiro objetivo é forçar o Irã encurralado a voltar à mesa de negociações.
Saindo da reta, a embaixadora do Brasil na ONU, Maria Luiza Viotti, declarou que o presidente Lula não discutirá sanções ao Irã. Não é bem assim: o Brasil e a China decidiram reagir à resolução das Nações Unidas, anunciada pela secretária de Estado americana, Hillary Clinton, prevendo sanções ao Irã. Antecipando-se, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, avisou que os governos do Brasil e da Turquia vão enviar uma carta a todos os membros do Conselho de Segurança da ONU, expondo e justificando o acordo firmado em Teerã e reclamando uma pausa para uma análise da decisão iraniana antes de qualquer decisão punitiva a sua política nuclear.
O rebate da crise iraniana na pré-campanha eleitoral vai depender da habilidade do presidente Lula nas conversas com a oposição e nas declarações à imprensa. Este não é um tema que envolve e interessa apenas ao governo, mas ao país. E a caça ao voto ainda não chegou à reta da chegada, depois das convenções partidárias e das pesquisas que antecipem as tendências do eleitorado, confirmando ou alterando os índices que apontam a candidata Dilma Rousseff, com seu novo e retocado visual, e o candidato da oposição, o tucano José Serra, ultrapassado pela candidata de Lula por pequena, mas significativa diferença.
Não pode ser ignorada a candidata do Partido Verde, a acreana Marina Silva, com excelente desempenho nas entrevistas e pronunciamentos e que não aspira ao milagre de uma cambalhota que derrube os dois candidatos para valer.
Por enquanto, a pré-campanha foge dos temas que forcem a definição, com alta margem de risco. A começar pela reforma política que reduza, já que é impossível a correção para valer, a crise moral, ética e administrativa de Brasília.
Até agora, nem uma palavra do PT ou do PMDB do garboso candidato à vice da candidata Dilma, o presidente da Câmara, deputado Michel Temer. Ao contrário, com a sua cortesia e prudência, logo ao ser oficializado o lançamento da sua indicação, antecipou que será um discreto vice, que não causará constrangimento à presidente Dilma.
Antes, a Copa do Mundo, na África, será o assunto de todas as conversas e discussões nos bares e nas rodas familiares. A euforia do hexacampeonato esticará a trégua pelo tempo das festas e celebrações. Dependemos do Dunga e da Seleção mais discutida das últimas Copas.

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