sexta-feira, maio 21, 2010

CNJ vai apurar fraude eletrônica no TJ-RJ

CNJ vai apurar fraude eletrônica no TJ-RJ
Investigação pode resultar na condenação administrativa do desembargador Roberto Wider, envolvido no caso

BRASÍLIA. A Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) vai investigar a transmissão de mensagens eletrônicas falsas para os desembargadores do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro em nome de um repórter do GLOBO. A corregedoria, comandada pelo ministro Gilson Dipp, também vai verificar a segurança do sistema
de transmissão de dados do tribunal. A investigação pode resultar na condenação administrativa do desembargador Roberto Wider, corregedor-geral de Justiça afastado do cargo em janeiro, suspeito de estar por trás da fraude. As punições variam de uma simples advertência até a aposentadoria compulsória - ou seja, ele
poderá ser impedido de trabalhar, mas receberá salário proporcional ao tempo de serviço.

O mesmo caso também é alvo de uma investigação iniciada pela polícia do Rio. A Justiça Criminal do Rio enviou o inquérito ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) – o foro indicado para investigar e julgar desembargadores. Se for condenado pelo STJ, Wider, que nega qualquer envolvimento, poderá ser obrigado a abandonar a toga de forma definitiva.

 Denúncia veio à tona depois de confissão de técnico A fraude veio à tona depois que o técnico de informática Thiago da Silva, funcionário de uma empresa que presta serviços ao tribunal, confessou à polícia ter enviado as mensagens a pedido de Wider, com o objetivo de afetar a credibilidade do jornalista. As mensagens falsas pediam aos desembargadores contribuição com denúncias de eventual mau comportamento do presidente do tribunal, desembargador Luiz Zveiter. Wider já é alvo de um processo administrativo disciplinar, aberto pelo CNJ a partir de reportagens do GLOBO que ligavam o desembargador ao lobista Eduardo Raschkovsky. O lobista é apontado como suspeito de vender sentenças judiciais. Em depoimento à polícia, o técnico Thiago da Silva contou que também fora instruído por Wider a levar um envelope, contendo denúncias contra Luiz Zveiter, ao Ministério Público do Rio de Janeiro.
O e-mail falso, enviado em nome de Chico Otavio, um dos autores das reportagens, conclamava os desembargadores do TJ, com a "garantia do sigilo de fonte", a contribuir para uma suposta série do jornal que teria como alvo o desembargador Luiz Zveiter. Para a delegada Helen Sardenberg, responsável pela investigação, a intenção da fraude era exibir um suposto apetite denuncista do repórter e indispô-lo com a magistratura.

Investigação quebrou sigilo eletrônico do e-mail falso A investigação policial, iniciada logo após a difusão do e-mail falso, levou pouco mais de um mês - com três quebras de sigilo eletrônico e uma autorização para interceptação telefônica - para chegar a Thiago da Silva, de 24 anos, funcionário há quatro anos da empresa Stefanini it Solution, que presta assessoria técnica ao TJ. O Google, porém, se recusou a fornecer dados sobre a caixa de correio do falsário. Wider considerou mentirosa a afirmação do técnico que apontou seu envolvimento
com a falsificação do email. Ele disse que Thiago da Silva, acusado de cometer a fraude a seu pedido, iria esclarecer o caso à Corregedoria ou à Ouvidoria de Polícia, na companhia de um advogado, o que não aconteceu: - Não existe nada de real nisso. Vai ter um desmentido dele - dissera Wider.
A delegada Helen Sardenberg disse que as declarações do técnico foram dadas espontaneamente. Ela divulgou imagens do início do depoimento de Thiago da Silva para provar que não houve coação: - Thiago estava se sentindo à vontade para prestar as declarações. Com isso, ele demonstrou que estava seguro com o trabalho da polícia.

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