segunda-feira, maio 24, 2010

Uma exposição de fotografias recém-inaugurada na Espanha usa o humor para retratar as manias e mitos de mulheres da terceira idade.


Uma exposição de fotografias recém-inaugurada na Espanha usa o humor para retratar as manias e mitos de mulheres da terceira idade.
Anelise Infante - De Madri para a BBC Brasil

A mostra "Senhoras que..." reúne retratos de 20 espanholas com mais de 50 anos que aceitaram posar confessando seus hábitos sociais preferidos, como usar a calcinha favorita na consulta com o ginecologista, batalhar para conseguir algo grátis ou não perderem um programa de fofoca, por exemplo.
A ideia da exposição foi lançada inicialmente no site de relacionamentos Facebook, conquistando centenas de "fãs" e gerando várias sugestões de personagens.
"São histórias de mães, avós, amigas e vizinhas, que têm uma assombrosa capacidade de nos roubar um sorriso ou nos deixar boquiabertos", disse o fotógrafo Héctor Barnabéu, autor dos retratos.
A exposição ficará em cartaz na Casa de Cultura de Burjassot, no leste da Espanha, até 16 de maio.

Pontes de Madison County, uma das cenas favoritas.

Eugénio Outeiro

"este esvarar de areia sobre as costas
estes finos tremores no interior do braço
este formigueiro no peito feito de coração
este voar das borboletas na barriga
são as carícias que colho das ausências
é a minha forma de fazer o amor
mas na distância"
Eugénio Outeiro

Eugénio Outeiro Nasceu há 33 anos na Ilha de Arousa, mas logo se mudou com os seus pais para Ponte Vedra, com 7 anos, e foi lá que realizou os seus estudos primários e secundários.
Os seus pais educaram-no em castelhano, embora falassem galego entre eles. Por isso nom gosta de se considerar um neo-falante, mas um "falante recuperado", desde que com 17 anos decidisse mudar de língua em favor do galego.
Foi na universidade em Compostela que teve conhecimento da dimensão planetária da nossa língua por meio de um recém conhecido, que acabaria por se tornar bom amigo. Foi ele que o convenceu para adaptar uns poemas que tinha escrito, que acabariam por se publicar na revista Agália. Esta descoberta espantosa levou-o também a deixar os seus estudos de Filologia Hispânica e abraçar a titulaçom de Filologia Portuguesa, que acabaria por tirar seis anos depois.
Na universidade dedicou grande parte do seu tempo de estudo a organizar-se em diversos coletivos, como a Assembleia Reintegracionista Bonaval, A.N.E.L. ou o MDL. Esta deriva acabou por levá-lo a entrar, já acabados os estudos, na AGAL e, nela, na equipa do Portal Galego da Língua, onde ainda hoje é Diretor Técnico e responsável pelo site de Blogues.
Ganha a vida como professor de Português, circunstância que o levou a passar seis anos da sua vida no País Valenciano, na cidade de Alacant. Hoje em dia, já de volta na Galiza, dá aulas na Escola Oficial de Idiomas de Vila Garcia.
O seu gosto pelas artes e a literatura levou-o a escrever muitos poemas, alguns dos quais fizeram parte do livro que o Ateneu de Ponte Vedra lhe publicou em 2002: Às Vezes Vida. Outros poemas, no entanto, nunca viram os papel impresso, mas foram lidos seguramente por mais gente no seu blogue: Intra! (antes, Monólogos de Extramuros). Foi também no seu blogue que escreveu alguns artigos sobre o reintegracionismo, alguns dos quais chegaram a ser publicados também noPGL.
Blogue: http://extramuros.agal-gz.org
Correio-e: eugeniote [arroba] agal-gz.org

The real Frida Kahlo Video (1)


Frida Kalho nasceu em 1907 no México, mas gostava de declarar-se filha da revolução ao dizer que nascido em 1910. Sua vida sempre foi marcada por grandes tragédias; aos seis anos contraiu poliomielite, o que a deixou coxa. Já havia superado essa deficiência quando o ônibus em que passeava chocou-se contra um bonde. Ela sofreu múltiplas fraturas e uma barra de ferro atravessou-a entrando pela bacia e saindo pela vagina. Por causa deste último fez várias cirurgias e ficou muito tempo presa em uma cama. Começou a pintar durante a convalescença, quando a mãe pendurou um espelho em cima de sua cama. Frida sempre pintou a si mesma: "Eu pinto-me porque estou muitas vezes sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor". Suas angustias, suas vivências, seus medos e principalmente seu amor pelo marido Diego Rivera. A sua vida com o marido sempre foi bastante tumultuada. Diego tinha muitas amantes e Frida não ficava atrás, compensava as traições do marido com amantes de ambos os sexos. A maior dor de Frida foi a impossibilidade de ter filhos (embora tenha engravidado mais de uma vez, as sequelas do acidente a impossibilitaram de levar uma gestação até o final), o que ficou claro em muitos dos seus quadros. Os seus quadros refletiam o momento pelo qual passava e, embora fossem bastante "fortes", não eram surrealistas: "Pensaram que eu era surrealista, mas nunca fui. Nunca pintei sonhos, só pintei minha própria realidade". Frida contraiu uma pneumonia e morreu em 1954 de embolia pulmonar, mas no seu diário a última frase causa dúvidas: "Espero alegremente a saída - e espero nunca mais voltar - Frida". Talvez Frida não suportasse mais.

Duke, para O Tempo



Hubble identifica estrela que está 'engolindo' planeta

Hubble identifica estrela que está 'engolindo' planeta
BBC Brasil
O conceito de artista do exoplaneta WASP-12b.
Crédito: NASA / ESA / G. Bacon 
O Telescópio Espacial Hubble descobriu sinais de que uma estrela semelhante ao nosso Sol está lentamente "devorando" um planeta próximo, longe do Sistema Solar.
Astrônomos já haviam concluído que estrelas são capazes de engolir planetas que as orbitam, mas esta é a primeira vez que o fenômeno é constatado tão claramente.
Embora o planeta esteja longe demais para ser fotografado pelo telescópio, os cientistas criaram uma imagem dele baseada em análises das informações coletadas pelo Hubble.
A descoberta foi divulgada na publicação científica The Astrophysical Journal Letters.
Os pesquisadores dizem que o planeta, chamado Wasp-12b, pode ainda existir por mais dez milhões de anos antes de ser completamente engolido por seu sol, o Wasp-12.
O planeta está tão próximo da estrela que completa uma órbita em apenas 1,1 dia terrestre e tem temperaturas em torno dos 1.500º C.
Atmosfera ‘vazando’
A grande proximidade entre o Wasp-12b e a estrela levou a atmosfera do planeta a se expandir a um raio três vezes maior que a de Júpiter. Material proveniente dela está "vazando" para a estrela.
"Nós vimos uma nuvem imensa de material em torno do planeta que está escapando e será capturada pela estrela", disse a astrônoma Carole Haswell, da Open University, na Grã-Bretanha. Ela lidera a equipe de especialistas que identificaram o fenômeno.
A detecção da nuvem pelo Hubble permitiu que os cientistas tirassem conclusões sobre como ela foi gerada.
"Identificamos elementos químicos nunca vistos antes em planetas fora no nosso Sistema Solar."
A Wasp-12 é uma estrela-anã localizada na constelação de Auriga (também conhecida como Cocheiro), a 600 ano-luz da Terra. O Wasp-12b havia sido descoberto em 2008.

Sem obras, aeroportos já estarão saturados antes do mundial

Sem obras, aeroportos já estarão saturados antes do mundial
O Estado de São Paulo
Terminais mais críticos são Cumbica e JK, em Brasília, com gargalos em pátios e aviões e nos terminais de embarque

Se nada for feito para reverter o quadro atual, 15 dos 16 aeroportos das cidades-sede da Copa correm o risco de estar saturados em 2014. A maioria já tem limitações ou gargalos operacionais em pátios, pistas e/ou terminais de passageiros. O único que está (e continuará) livre de problemas é o Galeão, no Rio. O diagnóstico foi feito com base no estudo da consultoria McKinsey, contratada pelo BNDES para elaborar uma radiografia do setor.
A Copa deve trazer de 3% a 4% mais passageiros para os aeroportos do País, segundo a McKinsey. Isso sem contar o crescimento natural de um dos setores mais aquecidos da economia, que nos últimos anos registrou expansão de dois dígitos. Num cenário "pessimista", de crescimento econômico de 5% ao ano e manutenção do valor das passagens, a consultoria prevê que o mercado avance 36% até 2014. No quadro "otimista", com Produto Interno Bruto (PIB) de 7% ao ano e queda de 5% das tarifas, o crescimento da aviação nacional deve atingir 57%.
Gasto. Para conseguir dar conta dessa demanda, a Infraero estima que será necessário aumentar em 41% a capacidade dos 16 aeroportos brasileiros até 2014 ? dos atuais 114 milhões de passageiros por ano para 160,7 milhões. Nos próximos quatro anos, o investimento total na rede de aeroportos do País será de R$ 6,4 bilhões, dos quais R$ 3,9 bilhões virão de recursos próprios da Infraero e R$ 2,5 bilhões, de recursos da União.
Os dois terminais mais críticos hoje são Cumbica e Juscelino Kubitschek, em Brasília. Ambos apresentam gargalos em pátios e aeronaves e nos terminais de passageiros nos horários de pico. Os chamados Módulos Operacionais Provisórios (MOPs) são a principal aposta da Infraero para amenizar a superlotação dos terminais. O Juscelino Kubitschek deve inaugurar o primeiro dos dois MOPs planejados em agosto. A previsão é de que Cumbica disponha de uma estrutura similar em dezembro. As obras nos sistemas de pátio e pistas serão feitas pelo Exército.
O Santos Dumont, no Rio, e Congonhas, em São Paulo, vivem situações parecidas, uma vez que os dois têm operações limitadas. O aeroporto carioca leva uma ligeira vantagem, por apresentar um terminal de passageiros mais amplo do que o paulistano. A única reforma prevista para Congonhas até 2014 é a expansão da ala de check-in, o que deve elevar a capacidade do aeroporto em 3 milhões de passageiros/ano.
Aperto. O pacote de obras anunciado pela Infraero só deve surtir efeito significativo para os passageiros de aeroportos paulistas em 2012. É quando, segundo previsão da estatal, a capacidade instalada dos principais terminais (Guarulhos, Viracopos, Congonhas e São José dos Campos) deve superar a demanda. Daqui a dois anos, a procura projetada para os quatro aeroportos é de 43,1 milhões de passageiros por ano, ante uma capacidade prevista de 47,3 milhões. / B.T

Domínio nuclear reforça protagonismo do Brasil

Domínio nuclear reforça protagonismo do Brasil
Jornal do Brasil
O domínio do ciclo completo do urânio em escala industrial, que, segundo a Marinha, deve ser atingido ainda neste ano, eleva o patamar geopolítico do Brasil, com reflexos inclusive na pretensão do país a uma vaga permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). A avaliação é do professor de relações internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Alberto Montoya.
Para isso (conseguir uma vaga permanente no Conselho), é preciso que o país tenha capacidade militar para projetar o seu poder em escala internacional argumenta. De nada adianta você dizer que quer um assento permanente e não ter a capacidade de atuar no caso de uma responsabilidade internacional.
De acordo com Montoya, o domínio do ciclo completo do urânio em escala industrial impõe ao país não apenas maior poder, mas também novas responsabilidades.
Se um país de terceiro mundo diz que domina esse ciclo, isso acaba sendo percebido com desconfiança, porque é um fator geoestratégico para diminuir a dependência das grandes potências. Antes de impor respeito, impõe responsabilidade de que será para fins pacíficos e de que o seu uso será acompanhado de um programa muito específico de controle.
Soberania
Para o professor, a construção de um submarino nuclear, que deverá estar pronto por volta de 2020, é fator fundamental para garantir a soberania nos recursos marítimos. O submarino está relacionado à questão da Amazônia Azul, conceito que abrange a extensão territorial marítima do país, incluindo os campos petrolíferos do pré-sal.
O Brasil tem defendido que tenhamos direito de reconhecimento de uma área de 900 mil quilômetros quadrados, equivalente às áreas somadas dos estados do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Paraná e de São Paulo. Para fazer o monitoramento dessa área, um submarino de propulsão nuclear será realmente importante.
Montoya alertou, porém, que não pode haver descontinuidade no projeto, que começou nos anos 70 do século passado. Para ele, o desafio é que o programa nuclear seja visto como uma política de Estado, que pense a médio e longo prazos o papel que o Brasil vai exercer nas relações internacionais.

AROEIRA



Nada escapa do novo grampo da PF

Nada escapa do novo grampo da PF
Vasconcelo Quadros , Jornal do Brasil

BRASÍLIA - O terror dos corruptos está de volta. E evoluído. O grampo interceptação telefônica ou monitoramento eletrônico, como prefere a polícia ganhou uma nova versão, moderna, sob controle, mas mais eficaz que os tradicionais. Peritos da Polícia Federal construíram o novo Sistema de Interceptação de Sinais (SIS), que dispensa os serviços das operadoras de telefonia ou de qualquer empresa que atue em outros ramos de comunicação, como internet, rádio ou mecanismos que usem sinais via satélite.
  Espécie de big brother da Polícia Federal, o novo sistema é um conjunto de softwares, acoplado a equipamentos que funcionarão numa central operada pela polícia, sob o controle online do juiz que autoriza o grampo, Ministério Público e, especialmente, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) o maior parceiro da Polícia Federal na empreitada.
É auditável em tempo real diz o diretor da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa. Ele deu a notícia durante o Seminário Internacional sobre técnicas de investigação, encerrado na sexta-feira, onde autoridades brasileiras e de mais sete países (Inglaterra, França, Portugal, Nova Zelândia, Canadá, Estados Unidos e Colômbia) discutiram as mais variadas faces do grampo telefônico durante três dias. Nunca antes a ferramenta de investigação que mais assombra políticos foi tão discutida.

Satiagraha
O subproduto do debate foi a desmistificação do grampo, técnica que passou por um longo período de baixa depois que seu uso foi associado a espionagem política durante a Operação Satiagraha e depois das denúncias, nunca confirmadas, de que o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes teria sido grampeado por agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) ou pela própria PF, em 2008.
A ferramenta amargou descrédito, mas nunca deixou de ser usada. Em vez de abandoná-la, a Polícia Federal a aperfeiçoou e, dentro de seis meses, deve colocar o novo sistema em funcionamento definitivo em todo o país. O SIS já foi testado e aprovado pelo Ministério Público e Judiciário. Depois, será colocado à disposição das policiais estaduais.
Pelo novo sistema, a polícia precisa apenas instalar um software em cada uma das operadoras de telefonia. Não precisa mais apresentar à empresa a autorização judicial e nem requisitar o auxílio de um técnico em telefonia para operar o monitoramento. A operadora não tomará conhecimento do número da linha telefônica interceptada e nem saberá o nome de quem está sendo grampeado. Tudo será feito de uma central, sob o controle de toda a máquina do Judiciário: o analista, o delegado, o procurador, o juiz e, por último, o CNJ.
Estamos eliminando riscos e saindo da defensiva comemora Corrêa.

Arapongas
Embora as informações que resultem do monitoramento fiquem sob o controle da polícia, o atual sistema permite que um técnico da operadora, se tiver mal intencionado, vaze o nome da pessoa que está grampeada. O novo sistema elimina também a rede de arapongas que se esconde nos escritórios de detetives particulares e utiliza funcionários das empresas para grampear telefones. As empresas, a partir do SIS, não podem mais instalar grampo, atividade que passa a ser exclusivamente da polícia.
Uma nova legislação, que está sendo discutida com os parlamentares que participaram da CPI do Grampo, encerrada no ano passado, vai criminalizar a posse de equipamentos de interceptação. É a única forma de acabar com a revoada de arapongas que se utilizam da fragilidade da rede para vender serviços de espionagem.

O sequestro das liberdades

O sequestro das liberdades

DENIS LERRER ROSENFIELD

A liberdade é conquistada a duras penas. Sua perda pode ser relativamente rápida, mesmo imperceptível. Lutas políticas e civis se estruturam segundo suas diferentes acepções, que terminam por ser bandeiras que, com dificuldades, são levadas adiante. Frequentemente, essas diferentes acepções são objetos de disputas acirradas, podendo, inclusive, perverter a essência mesma do que seja a liberdade.
A liberdade é dita diferentemente, segundo os interlocutores, os contextos e as definições. A rigor, caberia falar de liberdades, onde entram em linha de consideração a liberdade de empreender, a liberdade de escolha, a liberdade de pensamento e expressão, a liberdade da pesquisa científica, a liberdade de ir e vir, a liberdade de organização sindical e política, a liberdade religiosa e a liberdade de escolha dos dirigentes e representantes políticos.
A questão, porém, reside em que pode ocorrer um sequestro progressivo de certas acepções, outras permanecendo aparentemente intactas, até que um outro sequestro reduza ainda mais o seu espectro. Tomemos a liberdade de imprensa e de expressão. O "Estadão", pasmem, continua sob censura, configurando uma situação "normal", como se essa "anormalidade" fosse minimamente aceitável. O governo recuou, diante da pressão dos meios de comunicação, das medidas mais liberticidas de seu Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) em relação à imprensa e à mídia. Para esse setor empresarial, as coisas aparentemente voltaram ao normal.
O problema, contudo, consiste em que se trata de uma simples aparência, pois sob a cobertura eufemística de "direitos humanos", outras medidas atentatórias às liberdades continuam constando de seus outros 500 itens e propostas. Pense-se, por exemplo, nos ditos "conselhos ambientais", que deveriam ser necessariamente consultados para a criação e a ampliação de uma empresa em geral, siderúrgica, de construção, de mineração, entre outras. Trata-se, sob a cobertura do politicamente correto, de propor a criação de "conselhos sindicais", "sovietes", para utilizar a linguagem russa, que passariam a ter ingerência na vida mesma das empresas, cerceando a liberdade de empreender.
A confusão de acepções chega a ser de tal monta que o próprio sentido da democracia é deturpado em função de um linguajar baseado numa doutrina "superior" dos direitos humanos. Assim, a democracia representativa se torna a bola da vez, com propostas de sua substituição progressiva pela democracia dita participativa. A linguagem utilizada é a da busca de uma sociedade mais justa e solidária. No entanto, quando vem à tona o significado dessas novas palavras, surgem as verdadeiras definições, como se a verdadeira sociedade justa e solidária fosse a que nasceria da destruição do capitalismo, definido como fonte de todos os males. Mais concretamente, a sociedade "justa e solidária" vem a ser identificada às propostas comunistas e socialistas dos irmãos Castro e de Hugo Chávez. Este último chegou, inclusive, a ser defendido por nossos governantes como um verdadeiro democrata. Liberticidas são apresentados como libertários.
Há, também, toda uma campanha em curso que defende uma maior ingerência do Estado na vida dos cidadãos, cerceando a sua liberdade de escolha. Aqui, o sequestro da liberdade é dito ser feito em nome da saúde do cidadão, como se esse fosse incapaz de discriminar por si mesmo aquilo que lhe convém ou não. O prazer, em particular, faz parte da escolha individual, não devendo o Estado ingerir em um domínio que deveria estar ao abrigo de qualquer intervenção externa. O ato de regular os direitos individuais a partir dos direitos dos outros não pode ser confundido com uma ação administrativa estatal que se apresenta como a representação da virtude. O que não cabe é o indivíduo simplesmente receber uma imposição, dita do "bem", do que deveria lhe convir. A própria noção de prazer, isto cada um sabe de sua própria experiência de vida, tem os mais diferentes significados, podendo estar associada também à dor. Já Freud tinha concebido a indissociabilidade entre as pulsões de vida e morte. Cada um tem o direito de escolha de seu próprio corpo, de suas formas de expressão e de satisfação.
A liberdade de expressão e de empreender é vista igualmente com desconfiança a propósito da publicidade, como se essa atividade devesse ser cada vez mais controlada, retirando de sua alçada uma série de produtos considerada como "nociva". Segundo essa concepção, é o Estado que determinaria aquilo que seria tido por nocivo ou não para os cidadãos. A questão é de monta por estar baseada na confusão entre "influenciar" e "determinar". A rigor, a publicidade "influencia" o cidadão, não retirando a este sua capacidade de livre escolha. Pelo contrário, a pressupõe. Posso comprar ou não um produto que me é apresentado publicitariamente. Daí não se segue que o cidadão seja completamente determinado, como se fosse um robô manipulável, desprovido de livre arbítrio.
Causa espanto também que propostas ditas inovadoras de um "Brasil do século XXI" estejam baseadas em posições retrógradas, avessas à liberdade de conhecimento e de pesquisa. Fala-se um pouco menos, nesse período eleitoral, dos enormes problemas enfrentados pela CTNBio a propósito da pesquisa com transgênicos e da liberalização de sua comercialização. Até ainda recentemente, o dito "princípio da precaução" era identificado ao "princípio do imobilismo", na verdade, ao princípio de restrição da própria pesquisa científica. A liberdade de pesquisa foi conquistada após longos esforços que perpassaram vários séculos, tornando as universidades lugares de realização das liberdades. Algumas ditas "novidades" são, agora, apresentadas como se estivéssemos diante de uma nova postura diante do mundo, quando são propostas de volta a um mundo anterior à conquista dessas liberdades.
DENIS LERRER ROSENFIELD é professor de filosofia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Fascismo de esquerda

Fascismo de esquerda

Pablo da Silveira, O Globo, 23/05/10
Uma das características do fascismo foi a sua capacidade de subverter os métodos tradicionais da esquerda. Benito Mussolini, que conhecia esses métodos porque era o líder do Partido Socialista italiano, foi capaz de usá-los para perseguir novas metas. O protesto de rua, que tinha sido um mecanismo de protesto nas mãos daqueles que não tinham poder político ou econômico, tornou-se uma arma de intimidação nas mãos de um regime político autoritário. A imprensa partidária, que tinha sido o veículo de expressão de quem acessou o aparelho do Estado, tornou-se um instrumento para intimidar e promover ataques a adversários do governo.
Nos últimos tempos, essas práticas infelizes foram transplantadas para vários países latino-americanos. Venezuela e Argentina são os exemplos mais notórios. Nesses países e em outros lugares, a ofensiva do “hooliganismo”, da torcida organizada, tornou-se prática cotidiana. Alguns dos sinais mais visíveis são manifestações supostamente espontâneas contra organismos ou figuras da oposição, com uso da mídia para difundir insultos e ameaças.
Até poucos dias, aqui no Uruguai pensávamos que nada semelhante poderia ocorrer. Mas essa certeza caiu por terra, recentemente, quando várias dezenas de estudantes invadiram a sala onde o reitor da Universidade da República se reunia com um grupo de empresários, sindicalistas e políticos, para insultar vários dos presentes. Isso ocorreu poucos dias após várias invasões na Feira do Livro de Buenos Aires, quando militantes governistas interromperam palestras e apresentações de livros. Essas práticas têm se tornado rotina na Universidade de Buenos Aires.
No melhor estilo do fascismo, os que cometem estes abusos estão minando um método justificado e legítimo protesto. União, mobilização e gritos de slogans sempre foi uma maneira de dar voz àqueles que não tinham. Mas, agora, passou a ser usada para intimidar e impedir que outras pessoas falem. Não se trata de liberdade de expressão, mas sim de impedir seu exercício. Em síntese, é fascismo de esquerda.
Será que estamos na presença de um evento que marca uma nova tendência? A forma como as coisas ocorreram simultaneamente, no Uruguai e na Argentina, fornece razões para ter esperança e desânimo. A esperança é encorajada pela reação das lideranças que imediatamente condenaram os incidentes. O desânimo é alimentado por atitudes como a do reitor uruguaio, que justificou a sua própria falta de reação dizendo que não queria atuar como árbitro da situação.
Impedir um ultraje, especialmente quando no alvo estão aqueles a quem convidamos para a nossa casa, nada tem a ver com estar obcecado pelos regulamentos. É apenas um gesto de civilização.
PABLO DA SILVEIRA é cientista político. © El País (Uruguai)

Aposentado reclama no CNJ de erro de juiz

RÁPIDO E ERRADO
Aposentado reclama no CNJ de erro de juiz

POR MARIANA GHIRELLO

A eficiência do bloqueio de contas bancárias online, pelo Bacen-Jud, ninguém discute. Mas, erros podem acontecer e prejudicar pessoas que não deveriam ter seu dinheiro bloqueado. Foi o que aconteceu com o embaixador aposentadoMárcio de Oliveira Dias que de uma hora para outra teve suas contas bloqueadas por um juiz do trabalho de São Paulo. “Eu fiquei quase dez dias sobrevivendo com a ajuda dos amigos e da família”, relata.
Em março deste ano, ao tentar sacar dinheiro, Oliveira Dias descobriu que suas contas haviam sido bloqueadas por determinação do juiz Lúcio Pereira de Souza, da 2ª Vara do Trabalho de São Paulo. Inconformado, Oliveira procurou o banco. Foi informado que o bloqueio fora feito pelo Bacen-Jud. Só conseguiu desbloquear a conta depois de contratar um advogado, que reverteu o erro na Justiça.
Oliveira Dias não sabe como o nome dele foi parar em um processo trabalhista da Dataprev, empresa pública federal que presidiu por três meses, em 2002. Além dos transtornos domésticos e pessoais, o equívoco lhe custou R$ 9 mil em custas judiciais e honorários pagos ao advogado. Oliveira reclama que nem sua conta-salário escapou do bloqueio. “Esse tipo de ferramenta não deveria ficar disponível desse jeito”, diz.
Inconformado com o ocorrido, Oliveira decidiu pedir providências ao Conselho Nacional de Justiça.
Para o CNJ, como o juiz constatou que Oliveira Dias não poderia ser polo passivo do processo e as contas já tinham sido desbloqueadas, não havia nenhuma providência a ser tomada.  "Não restou evidenciado indício da prática de infração disciplinar ou ilícito penal a ensejar a intervenção desta corregedoria", afirmou o juiz auxiliar da Corregedoria nacional de Justiça, Ricardo Cunha Chimenti, em seu despacho.
Oliveira Dias preferiu interpelar o juiz que o prejudicou no CNJ, que não tem competência para rever decisões judiciais, por entender que uma ação na Justiça não teria chances de prosperar. “É difícil, o corporativismo é grande”, lamenta.
O juiz do trabalho foi procurado pela reportagem da ConJur mas, através da Assessoria de Imprensa do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo informou que o caso está encerrado e que não se manifestaria.

Leia aqui a resposta do CNJ para o caso.

GREVES ELEIÇOEIRAS

GREVES ELEIÇOEIRAS

EDITORIAL - O ESTADO DE S. PAULO - 23/5/2010

Como ocorre em todos os anos eleitorais, algumas corporações do funcionalismo público tentam aproveitar a ocasião para obter aumentos salariais e vantagens funcionais. A estratégia é sempre a mesma - suspender serviços essenciais, criar situações de fato, converter a população em refém de interesses corporativos e constranger governantes para que acatem, sob pressão, reivindicações que podem até ser irrealistas ou absurdas.
Esse tipo de oportunismo pode ser visto tanto no Poder Executivo quanto no Poder Judiciário. Na última quarta-feira, por exemplo, escrivães, papiloscopistas e agentes da Polícia Federal (PF) - cujos salários vão de R$ 7.514,33 a R$ 11.879,08 - fizeram uma greve relâmpago de 24 horas e promoveram operações-padrão nos principais aeroportos do País. A justificativa foi pressionar o governo a promover uma "reestruturação da carreira" e o Congresso a aprovar uma lei orgânica para a PF. Os grevistas alegam que tiveram aumentos de "apenas" 83,3%, durante os dois mandatos do presidente Lula, enquanto outras carreiras do Poder Executivo foram agraciadas com reajustes salariais que variaram de 140% a 552,8%. 
Manifestações semelhantes também estão ocorrendo nas Justiças Federal e do Trabalho, o que obrigou as corregedorias judiciais a exigir que os grevistas mantenham em funcionamento a distribuição e o protocolo dos processos, as centrais de mandados para casos urgentes e os serviços de expedição de alvarás, desbloqueio de contas correntes, atendimento de liminares e tutela antecipada e de protocolo de petições urgentes e emissões de certidões.  Os corregedores lembram que, há três anos, o Supremo Tribunal Federal (STF) firmou jurisprudência reconhecendo o direito de greve dos servidores públicos, mas com a condição de que os chamados serviços de "cunho social" - como assistência médico-hospitalar, transporte coletivo, tratamento de esgoto e controle do tráfego aéreo - não sejam interrompidos. Na ocasião, a Corte também decidiu que, enquanto o Congresso não aprovar uma lei complementar que regulamente a greve na administração direta, como prevê o inciso VII do artigo 37 da Constituição, as paralisias do funcionalismo público serão regidas pela Lei n.º 7.783/89, que disciplina a greve na iniciativa privada. 
A ameaça de greve mais irresponsável, feita na semana passada, a menos de cinco meses das eleições para o preenchimento de cargos federais e estaduais, partiu dos servidores da Justiça Eleitoral. Além de reajustes salariais, eles reivindicam a imediata aprovação, pelo Legislativo, de um novo plano de carreiras no âmbito do Poder Judiciário. Os servidores da instituição alegam que os salários iniciais estão abaixo do vencimento básico de carreiras dos outros Poderes.  O projeto foi enviado para o Congresso há cinco meses e o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, já deixou claro que a União não dispõe de recursos para arcar com os aumentos salariais por ele previstos e que não cederá a pressões corporativas do funcionalismo dos Três Poderes. A ameaça de greve pegou de surpresa o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Ricardo Lewandowski, que assumiu o cargo há um mês. Segundo ele, a paralisia dos servidores judiciais seria flagrantemente ilegal e poderia comprometer a campanha eleitoral. "A Justiça eleitoral é um serviço essencialíssimo. Se houver greve, os grevistas vão punir a cidadania, não o Poder Judiciário", disse ele, depois de lembrar que não admitirá "nenhum prejuízo" às eleições de outubro. 
Algumas das categorias que estão tentando aproveitar as eleições para deflagrar greves são corporações de Estado. Ou seja, são servidores que, além de já receberem um tratamento salarial e funcional diferenciado, atuam em áreas estratégicas cujas atividades não podem ser suspensas sob qualquer pretexto. Isso foi lembrado de modo exemplar na semana passada pelo Superior Tribunal de Justiça, quando ordenou aos servidores do Ibama o imediato retorno ao trabalho, determinou o desconto dos dias parados e fixou uma multa de R$ 100 mil, caso descumprissem a decisão. 

Chhatrapati Shivaji da Estação de Comboios, Mumbai Fotografia por Lal Aji

Mumbai - Chhatrapati Shivaji estação de trem, anteriormente a Victoria Terminus, é notável por sua mistura de tradicional indiana e arquitetura vitoriana neogótico, possui torres, arcos pontiagudos e uma planta que se assemelha a um palácio indiano.

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